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13 outubro 2014

A falácia do PIB

Todos falam que é preciso "crescer mais", aumentar o PIB (produto interno bruto).
Afinal, o que é realmente o PIB?
O que realmente conta na vida não é mensurável, por isso vivemos uma “falência da felicidade quantificável”. Por outro lado, “um crescimento infinito é incompatível com um mundo finito. Quem acredita nisso ou é louco ou é economista”. (leia mais aqui: http://goncalodecarvalho.blogspot.com.br/2011/11/decrescimento.html)

O aumento do PIB realmente acaba com a miséria?
''É preciso deseconomizar o imaginário''
Trecho de uma das últimas palestras do ecologista José Lutzenberger em 2002, desmistificando essa falácia do pensamento econômico atual.
"Se um avião cai e é montada uma grande operação para resgatar destroços e corpos, isso aumenta o PIB. Se um país monta uma grande operação de guerra, aumenta a produção de armas, isso movimenta a economia do país, logo aumenta seu PIB. Isso é bom para a humanidade?"

22 dezembro 2013

25 anos do assassinato de Chico Mendes

No dia 22 de dezembro de 1988 assassinaram Chico Mendes

Em 22 de dezembro de 1988, exatamente uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado com tiros de escopeta no peito, na porta dos fundos de sua casa, quando saía de casa para tomar banho. Chico anunciou que seria morto em função de sua intensa luta pela preservação da Amazônia, e buscou proteção, mas as autoridades e a imprensa não deram atenção.

"No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras,
depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica.
Agora, percebo que estou lutando pela humanidade." (Chico Mendes)


Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, tinha completado 44 anos no dia 15 de dezembro de 1988, uma semana antes de ter sido assassinado. Acreano, nascido no seringal Porto Rico, em Xapurí, se tornou seringueiro ainda criança, acompanhando seu pai.

Sua vida de líder sindical inicia com a fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, em 1975, quando é escolhido para ser secretário geral. Em 1976, participa ativamente das lutas dos seringueiros para impedir desmatamentos através dos "empates". Organiza também várias ações em defesa da posse da terra. Em 1977, participa da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, além de ter sido eleito vereador pelo MDB à Câmara Municipal local. Neste mesmo ano, Chico Mendes sofre as primeiras ameaças de morte por parte dos fazendeiros, ao mesmo tempo que começa a enfrentar vários problemas cem seu próprio partido, o MDB, que não era solidário às suas lutas.

Em 1979, Chico Mendes transforma a Câmara Municipal num grande foro de debates entre lideranças sindicais, populares e religiosas, sendo por isso acusado de subversão e submetido a duros interrogatórios. Em dezembro, do mesmo ano Chico é torturado secretamente. Sem ter apoio, não tem condições de denunciar o fato.

Com o surgimento do Partido dos Trabalhadores, Chico transforma-se num de seus fundadores e dirigentes no Acre, participando de comícios na região juntamente com Lula. Ainda em 1980, Chico Mendes é enquadrado na Lei de Segurança Nacional, a pedido dos fazendeiros da região que procuravam envolvê-lo com o assassinato de um capataz de fazenda que poderia estar envolvido no assassinato de Wilson Pinheiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Brasiléia.

No ano seguinte, Chico Mendes assume a direção do Sindicato de Xapuri, do qual foi presidente até o momento de sua morte. Nesse mesmo ano, Chico é acusado de incitar posseiros à violência. Sendo julgado no Tribunal Militar de Manaus, consegue livrar-se da prisão preventiva.


A casa de Chico Mendes

Nas eleições de novembro de 1982, Chico Mendes candidata-se a deputado estadual pelo PT não conseguindo eleger-se. Dois anos mais tarde é levado novamente a julgamento, sendo absolvido por falta de provas.

Em outubro de 1985, lidera o 1o Encontro Nacional dos Seringueiros, quando é criado o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), do qual torna-se a principal referência. A partir de então, a luta dos seringueiros, sob a liderança de Chico Mendes, começa a ganhar repercussão nacional e internacional, principalmente com o surgimento da proposta de "União dos Povos da Floresta", que busca unir os interesses de índios e seringueiros em defesa da floresta amazônica propondo ainda a criação de reservas extrativistas que preservam as áreas indígenas, a própria floresta, ao mesmo tempo em que garantem a reforma agrária desejada pelos seringueiros. A partir do 2o Encontro Nacional dos Seringueiros, marcado para março de 1989, Chico deveria assumir a presidência do CNS.

Em 1987, Chico Mendes recebe a visita de alguns membros da ONU, em Xapuri, onde puderam ver de perto a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros causadas por projetos financiados por bancos internacionais. Dois meses depois, Chico Mendes levava estas denúncias ao Senado norte-americano e à reunião de um banco financiador, o BID. Trinta dias depois, os financiamentos aos projetos devastadores são suspensos e Chico é acusado por fazendeiros e políticos de prejudicar o "progresso" do Estado do Acre. Meses depois, Chico Mendes começa a receber vários prêmios e reconhecimentos, nacionais e internacionais, como uma das pessoas que mais se destacaram naquele ano em defesa da ecologia, como por exemplo o prêmio "Global 500", oferecido pela própria ONU.

Durante o ano de 1988, Chico Mendes, cada vez mais ameaçado e perseguido, principalmente por ações organizadas após a instalação da UDR no Acre, continua sua luta percorrendo várias regiões do Brasil, participando de seminários, palestras e congressos, com o objetivo de denunciar a ação predatória contra a floresta e as ações violentas dos fazendeiros da região contra os trabalhadores de Xapuri. Por outro lado, Chico participa da realização de um grande sonho: a implantação das primeiras reservas extrativistas criadas no Estado do Acre, além de conseguir a desapropriação do Seringal Cachoeira, de Darly Alves da Silva, em Xapuri.

A partir daí, agravam-se as ameaças de morte, como o próprio Chico chegou a denunciar várias vezes, ao mesmo tempo em que deixava claro para as autoridades policiais e governamentais que corria risco de vida e que necessitava de garantias, chegando inclusive a apontar os nomes de seus prováveis assassinos.

No 3o Congresso Nacional da CUT, Chico Mendes volta a denunciar esta situação, juntamente com a de vários outros trabalhadores rurais de todas a partes do país. A situação é a mesma, a violência criminosa tem a mão da UDR de norte a sul do Brasil. No mesmo Concut, Chico Mendes defende a tese apresentada pelo Sindicato de Xapuri, "Em Defesa dos Povos da Floresta", aprovada por aclamação por cerca de 6 mil delegados presentes. Ao final do Congresso, ele é eleito suplente da direção nacional da CUT.

Em 22 de dezembro de 1988, Chico Mendes é assassinado na porta de sua casa. Chico era casado com lIzamar Mendes e deixa dois filhos, Sandino, de 2 anos, e Elenira, 4.

*Publicado na Revista "Chico Mendes" pelo STR de Xapuri, CNS e CUT em janeiro de 1989


Leia mais sobre Chico Mendes aqui:
http://www.chicomendes.org

Documentário em inglês sobre Chico Mendes - Voice of the Amazon:
Chico Mendes was a brave and persistent rubber tapper who challenged the people and the institutions responsible for destroying the Amazon rainforest. Though he won international renown, his enemies made many attempts on his life and Chico was assassinated in December of 1988. This unique documentary contains Chico's last interview, filmed only three weeks before his death.

05 novembro 2013

Transgênicos, a coexistência impossível

Os transgênicos, sem fazer muito barulho, estão cada vez mais presentes em nossas vidas, desde a lavoura dos produtores até ao prato dos consumidores.
Lavouras convencionais e mesmo as ecológicas, estão sendo contaminadas pelos transgênicos!
Produtores ecológicos não apenas perdem dinheiro por não poderem comercializar produtos contaminados como ainda correm o risco de serem cobrados pelas grandes transnacionais que são as "proprietárias" das sementes transgênicas.
Muito bom o documentário (em catalão, legendado em espanhol) sobre os conflitos causados pelos Organismos Geneticamente Modificados.

Los transgénicos, sin hacer mucho ruido, están cada vez más presentes en nuestras vidas; desde el campo del productor al plato de los consumidores. Basado en la experiencia local de Cataluña y Aragón, este documental explora los distintos nodos de acción de los transgénicos (el consumo, la salud, el conocimiento, el sistema productivo, el entorno) y expone el conflicto que se desata cuando esta nueva biotecnología impide el desarrollo del modelo ecológico alternativo de producción y consumo. 

Producido y dirigido por: Colectivo Serindípia

28 janeiro 2013

A revoltante tragédia de Santa Maria

Helicópteros do Força Aérea realizam uma verdadeira "ponte aérea"
entre Santa Maria e Porto Alegre para trazer vítimas em estado grave
aos hospitais da capital gaúcha. Foto: Cesar Cardia
Neste dia 27 de janeiro muito foi mostrado e dito sobre a tragédia na cidade de Santa Maria, que tirou a vida de mais de duas centenas de jovens em uma boate.
Mas talvez esse texto do escritor e jornalista Flávio Tavares seja o que melhor expressa nossa revolta:

Flávio Tavares: Brutal, revoltante
Além do pranto e da solidariedade, resta agora o caminho mais árduo: encontrar os assassinos diretos e indiretos, afirma articulista de Zero Hora

Consumada a tragédia, além do pranto e da solidariedade, resta agora o caminho mais árduo: encontrar os assassinos diretos e indiretos. Sim, pois na tragédia de Santa Maria os culpados transformam-se em assassinos, em autores de um homicídio coletivo.

Não se equivocaram ou cometeram um simples erro, enchendo os salões além da lotação máxima habitual. Sabiam que não havia saídas e nunca se interessaram em resolver o problema. Programaram a atração de um fogaréu nos salões para atrair mais gente, mesmo sabendo que fogo se propaga. Tudo foi feito como se fosse premeditado.

Armaram o cenário da morte, mesmo dizendo (ou pensando) que queriam divertir. Os fiscais municipais "deixaram por isto", pois a burocracia só cuida dos papéis e, nos papéis, tudo se contorna com propina. "As licenças estavam em ordem", dirá, certamente, a prefeitura ou quem de direito. E daí?

Onde estava, porém, a responsabilidade empresarial? O correto empresário não vende água como se fosse leite, à espera de que o poder público, ao fiscalizar, alerte que água não é leite... Em Santa Maria, agora, tudo se juntou — sanha de lucro fácil, desídia e irresponsabilidade dos donos da boate além da fiscalização municipal carcomida pelo desleixo ou pelo suborno.

A tragédia exige pensar a fundo e indagar sobre a sociedade de consumo e seu hedonismo, que transforma tudo em mercadoria de venda fácil. Até a vida de mais de duas centenas de jovens que buscavam relaxar e e divertir-se. Esta tragédia não é apenas dramática e brutal, é revoltante.

Flávio Tavares
Escritor e jornalista

11 janeiro 2013

11 de janeiro de 2013 - Dia do Controle à Poluição por Agrotóxicos


“Se soubesse que o mundo acabaria amanhã, assim mesmo, ainda hoje, plantaria uma árvore” (Martin Luther King Jr.)


”Não há motivos para a comemoração do controle da poluição por venenos agrícolas, mas sim para refletirmos sobre benefício que ele traz compensa os impactos negativos que causa”.

No RS, o campeão de contaminação em 2012 foi o pêssego

O despertar da cidadania é um dos mais libertários momentos da vida de crianças, jovens e adultos. É quando a noção de direitos e deveres transcende meros interesses individuais para traduzir uma nova visão de mundo, que reflete a responsabilidade de cada pessoa na construção de valores coletivos plenos, plurais e democráticos que assegurem o bem-estar humano e o respeito a todas as formas de vida em suas mais variadas manifestações.

Entre esses valores coletivos se consagram o direito que todos temos a um meio ambiente saudável e igualmente o dever ético, moral e político de preservá-lo para às presentes e futuras gerações. A consolidação desse princípio como ato de cidadania, condição essencial para construirmos uma sociedade sustentável em nosso país, impõe uma tarefa educacional, inadiável e primordial, que aproxime às informações da população, desde a sua mais tenra idade, estimulando-o a se manifestar como força capaz de liderar mudanças, que se fazem urgentes e necessárias, nos padrões de desenvolvimento do país. Infelizmente, ainda sobrevive entre nós o mito da abundância e da inesgotabilidade dos recursos naturais. É forçoso reconhecer que o consumismo adquiriu uma perigosa e equivocada condição de valor social, cuja dimensão assumiu contornos preocupantes em uma sociedade que ainda não aprendeu a relacionar as suas atitudes individuais ou coletivas de consumo à produção, à degradação ambiental e à consequente qualidade de vida das pessoas.

Dessa forma, o Desenvolvimento Sustentável deve ser utilizado como um efetivo instrumento de política pública consistentemente construída, dirigida e coordenada pelos atores governamentais, a quem compete orientar as dinâmicas pedagógicas voltadas para despertar a consciência ambiental dos brasileiros. Nesse sentido, deve servir de base para as ações nas atividades de capacitação de agentes multiplicadores e de educadores em todo o país, permitindo reforçar as iniciativas dos atores no desenvolvimento de habilidades didático-pedagógicas que ensejam aos seus usuários, promover um vínculo mais saudável entre os seres humanos e a natureza, a partir da perspectiva cidadã de respeito ao meio ambiente, inserido no contesto de suas próprias vivências, valores e perspectivas culturais, sociais, econômicas e ambientais.

No Fórum Mundial de Educação realizado em Dakar em 2000, um documento que ficou conhecido como Compromisso de Dakar considerou a educação para a sustentabilidade ambiental “um meio indispensável para participar nos sistemas sociais e econômicos do século XXI afetados pela globalização”. Este espírito converge com o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, construído pela sociedade civil no Fórum Internacional de Organizações Não Governamentais e Movimentos Sociais desde a ECO-92, realizada no Rio de Janeiro.

A ampliação de uma Educação para a Sustentabilidade Ambiental é reforçada quando as Nações Unidas, por meio da resolução 57/254, declarou a década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável - 2005 a 2015.

Os venenos agrícolas não foram inventados para a agricultura e nem demandados pelos agricultores, são biocidas de guerra. Anualmente vislumbramos os problemas ocasionados onde cerca de três milhões de pessoas se intoxicam pelo uso indiscriminado dos venenos agrícolas, mais de 220 mil morrem. Isto significa 660 mortos por dia, 25 mortes por hora.

07 janeiro 2013

Ecologista Augusto Carneiro

90 anos com muitas histórias para contar.

Carneiro completou 90 anos em 31 de dezembro - Foto: Cesar Cardia
O ecologista Augusto Cesar Carneiro completou 90 anos no dia 31 de dezembro, mas no dia 5 de janeiro ele foi merecidamente homenageado no local onde ele a muitos anos comparece tradicionalmente: em sua banca na Feira Ecológica da Redenção, onde vende livros e revistas que tem por tema a ecologia, esclarece a população sobre assuntos ligados ao Meio Ambiente e conta muitas histórias sobre o surgimento do movimento ecológico gaúcho, do qual ele é um dos pioneiros.

Augusto Carneiro e Lutzenberger - Foto: arquivo Agapan

“Seu Carneiro”, como muitos o chamam, é a memória viva do movimento ambientalista brasileiro. Nasceu na rua Vasco da Gama e diz que entrou na luta ecológica “por acaso”, lendo as crônicas de Henrique Roessler em jornais. No início dos anos 70 foi apresentado por Hilda Zimmermann, também uma pioneira na defesa da natureza, a José Lutzenberger e em abril de 1971 criaram a pioneira Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – AGAPAN.

Colegas da AGAPAN comemorando com Carneiro - Foto: Cesar Cardia

Logo no início da AGAPAN Augusto Carneiro mostrou ser um dos personagens mais importantes para a difusão das ideias preservacionistas. Num tempo que não existiam as modernas “redes sociais” ele inventou algo fundamental para a divulgar as ideias da entidade, escrevia cartas e bilhetinhos que enviava pelo correio para pessoas que ele julgava que poderiam se interessar pelo tema. Assim fazendo, despertou o interesse para a defesa da natureza de pessoas tanto da capital como do interior de nosso estado. Também enviava correspondências para jornais, políticos, professores e personalidades alertando para a necessidade de proteção ao ambiente natural, muitas vezes com resumos de textos de José Lutzenberger.

TVE fez matéria com o ecologista - Foto: Cesar Cardia

Para nós que atuamos pela preservação das árvores da Rua Gonçalo de Carvalho, o “Seu Carneiro” também foi muito importante. No final de 2005 tínhamos muitas dificuldades em divulgar nosso movimento e mesmo com o apoio já formalizado da AGAPAN, NAT-Brasil e Fundação Gaia, atuávamos mais entre as Associações e Movimentos de Moradores de Bairros, não entre os ambientalistas. Certo dia decidimos distribuir nossos panfletos na Feira Ecológica da Redenção e o Haroldo Hugo, um dos integrantes do Movimento, sugeriu passarmos na banca de livros do “Seu Carneiro” para pedir apoio e alguns conselhos. A receptividade foi a melhor possível, pediu desculpas por não poder nos acompanhar por não poder deixar a banca, mas ficou com boa quantidade de panfletos para não apenas distribuir como para explicar melhor o que não estava impresso no panfleto.
Carneiro e sua banca de livros - Foto: Cesar Cardia

Naquele dia nós tivemos certeza que mais pessoas entenderam nossa luta pela preservação das árvores da Gonçalo e que a vitória, sim, era possível.

Muitos foram levar sua homenagem ao pioneiro ecologista - Foto: Cesar Cardia

27 dezembro 2012

90 anos do ambientalista Augusto Carneiro

Augusto Carneiro em sua banca de livros na Feira Ecológica - 15/8/2009
No próximo dia 31 de dezembro o ambientalista Augusto Carneiro completará 90 anos com muitas histórias para contar.

Carneiro e sua esposa Rosalina, que faleceu em abril deste ano, na Feira Ecológica
- agosto de 2009

"Seu Carneiro", como é conhecido, colaborou na luta pela preservação das árvores da Rua Gonçalo de Carvalho, quando distribuiu em sua banca de livros sobre ecologia (na Feira Ecológica da Redenção) nossos panfletos para esclarecer a população e também pedindo uma nova Audiência Pública para discutir o projeto, no final de 2005.
Carneiro foi um dos fundadores da AGAPAN em 1971
 
Texto, de outubro de 2007, da jornalista Clarinha Glock:  
O ambientalista Augusto Carneiro e suas histórias 
Carneiro e Lutzenberger -
a criação da primeira Associação Ambientalista brasileira - arquivo AGAPAN
A pasta de couro surrada o acompanha há anos, desde que era membro do Partido Comunista (do qual foi expulso depois de denunciar as atrocidades cometidas por Stalin). Nela, Augusto César Cunha Carneiro carrega a vida em papéis: são artigos seus e do amigo José Lutzenberger, companheiro e mestre na luta em defesa do meio ambiente. De vez em quando, leva também um dos livros e várias das fotos de parques, praças e árvores que ajudou a plantar e a implantar e que hoje compõem parte de sua rica biblioteca. Na forma de xerox, suas idéias são espalhadas em panfletos distribuídos em eventos e na Feira Ecológica da Rua José Bonifácio, em Porto Alegre, em uma barraca de livros à venda, aos sábados pela manhã.

Na Feira Ecológica, pedindo o Veto ao Novo Código Florestal
Carneiro é um daqueles velhinhos de cabelos brancos e coração a 100 por hora. Tem 84 anos e uma energia invejável. Já foi contador, advogado, funcionário público e naturista. Seu currículo inclui a fundação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) e da Pangea Associação Ambientalista. Ele é membro do Conselho da Fundação Gaia, e já atuou no conselho do DMAE.
Participando da homenagem aos 40 anos da AGAPAN na Câmara Municipal - Foto: CMPA
Tive o privilégio de ouvi-lo contar sua vida e pude registrar suas histórias em DVD. O trabalho, feito por uma cinegrafista amadora como eu, talvez deixe a desejar em técnica, mas é recheado de tanta vida, que a imagem por vezes sem foco perde importância diante do conteúdo. As conversas que tive com Carneiro renderam cinco DVDs que foram doados à Fundação Gaia. Cada pedaço da memória ali registrado ajuda a recompor as aventuras e as lutas dos ambientalistas dos anos 70 para cá. Estão ali as histórias da criação da Agapan, do Parque do Lami, do estudante Dayrell que subiu numa árvore para evitar que fosse derrubada (o vídeo Carneiro e Dayrell, disponível no YouTube, dá uma amostra).
Em 1975 o estudante Carlos Dayrell
sobe em uma árvore para impedir seu corte - Foto: arquivo AGAPAN
Fiel escudeiro de Lutzenberger, mas nem sempre tão lembrado como ele, Carneiro foi homenageado durante o 2º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental realizado de 10 a 12 de outubro de 2007 no Salão de Atos da Ufrgs, em Porto Alegre. Recebeu uma placa de reconhecimento dos ecojornalistas na abertura do encontro e o vídeo com um resumo de suas histórias no encerramento.
Carneiro participando de uma reuni~eo do Conselho Superior da AGAPAN em 2012
Mas Carneiro ainda tem muito pela frente, não pode parar. Em sua casa ainda mantém um enorme arquivo sobre meio ambiente, que aos poucos vai repassando para entidades como a Fundação Gaia e o Núcleo Amigos da Terra. São pastas e mais pastas com recortes de jornais antigos, artigos de José Lutzenberger, Henrique Roessler, além de livros que recontam a história de parques, praças e da cidade de Porto Alegre. Material precioso de pesquisa, sua angústia no momento é como organizar e armazenar tudo isso em um só lugar, com o devido respeito, para que a história não se perca.
Participando de Audiência Pública para apoiar o projeto dos "Túneis Verdes", em 2012
Palestrando em 1995 na AGAPAN - Foto: arquivo  AGAPAN
Entrevista em vídeo, pela jornalista Clarinha Glock:

Está prevista uma homenagem ao ambientalista Augusto Carneiro no dia 5 de janeiro, junto a sua banca de livros na Feira Ecológica da Redenção.

*As fotos sem créditos de autoria são de Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

23 dezembro 2012

22 de dezembro de 1988 - o assassinato de Chico Mendes

No dia 22 de dezembro de 1988 o seringueiro, sindicalista e ativista ambiental Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes, foi assassinado em Xapuri, Acre.



Em 22 de dezembro de 1988, exatamente uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado com tiros de escopeta no peito na porta dos fundos de sua casa, quando saía de casa para tomar banho. Chico anunciou que seria morto em função de sua intensa luta pela preservação da Amazônia, e buscou proteção, mas as autoridades e a imprensa não deram atenção.
Após o assassinato de Chico Mendes mais de trinta entidades sindicalistas, religiosas, políticas, de direitos humanos e ambientalistas se juntaram para formar o "Comitê Chico Mendes". Eles exigiam providencias e através de articulação nacional e internacional pressionaram os órgãos oficiais para que o crime fosse punido. Em dezembro de 1990, a justiça brasileira condenou os fazendeiros Darly Alves da Silva e Darcy Alves Ferreira, responsáveis por sua morte, a 19 anos de prisão. Darly fugiu em fevereiro de 1993 e escondeu-se num assentamento do INCRA, no interior do Pará, chegando mesmo a obter financiamento público do Banco da Amazônia sob falsa identidade. Só foi recapturado em junho de 1996. A falsidade ideológica rendeu-lhe uma segunda condenação: mais dois anos e 8 meses de prisão.


"No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade."

Texto postado no Blog sobre os 20 anos de morte de Chico Mendes:
http://goncalodecarvalho.blogspot.com/2008/12/20-anos-da-morte-de-chico-mendes.html



Chico Mendes – Eu Quero Viver (1989)
Direção: Adrian Cowell e Vicente Rios
Duração: 40 minutos
Sinopse: Com registros feitos entre 1985 e 1988, a equipe acompanhou Chico Mendes na organização dos seringueiros em defesa da floresta, no nascimento da Aliança dos Povos da Floresta e na luta pela demarcação das primeiras Reservas Extrativistas na Amazônia. Mostra, ainda, a trama armada para seu assassinato e as repercussões no Brasil e no mundo.

10 dezembro 2012

"Progresso" com mais dioxina?

Na edição do Jornal do Comércio de 07 de dezembro de 2012: 

Celulose Riograndense começa obra de R$ 4,9 bilhões em 2013

Não disse que ia dar um presente de Natal aos gaúchos? A ampliação vai sair”, declarou aliviado nesta quinta, antes de detalhar cronograma ou projeto, o diretor-presidente da Celulose Riograndense, pertencente à chilena CMPC, Walter Lídio Nunes. Com a palavra empenhada, o executivo fez questão de percorrer de carro os 380 quilômetros entre Panambi e Guaíba, para comunicar, em primeira mão, ao governador Tarso Genro, que a novela chegara ao fim. As obras que elevarão a capacidade da planta de celulose das atuais 450 mil toneladas ao ano para 1,75 milhão de toneladas começam em janeiro. Será a largada de um investimento de mais de R$ 5 bilhões, que será finalizado em 2015 e deve entrar para a história como um dos maiores da economia gaúcha.

O aporte privado direto da companhia deve ficar um pouco abaixo da cifra global, esclareceu Nunes. “Serão quase R$ 5 bilhões, mas temos de contabilizar aplicações em obras públicas e outras iniciativas, o que ultrapassará esta cifra”, calculou o executivo. O desafio da direção da empresa agora é garantir mão de obra para a execução civil e depois para as instalações. A Rio-grandense colocou em marcha em novembro uma campanha de mobilização, com gasto de R$ 1 milhão, para arregimentar mais de 3 mil candidatos a cursos de formação em construção civil. No primeiro semestre de 2013, a segunda etapa de treinamento somará mais de 2 mil vagas para obras mecânicas. A previsão é de geração de 8 mil empregos ao longo da implantação, gerados diretamente pela ampliação. Somado ao cálculo de vagas indiretas, o volume ultrapassará 20 mil postos.

A decisão do conselho de administração da CMPC foi tomada em reunião na manhã desta quinta-feira, em Santiago. A divulgação só pôde ser feita, explicou Nunes, após a abertura da bolsa de valores chilena. “Como o grupo é de capital aberto, precisava aguardar o comunicado ao mercado”, justificou o coordenador do empreendimento. Segundo o diretor-presidente da unidade gaúcha, as últimas informações dos estudos e da análise econômico-financeira foram complementadas por e-mail, para a sede no país latino-americano, há cerca de 15 dias. “Tinha expectativa da aprovação hoje (quinta). Mas os acionistas poderiam querer mais detalhes. Fui para Panambi, mas sabia que era um contrato de risco, podia dar em água, mas não deu”, descreveu o executivo. Por volta de 13h, horário de Brasília, o veredicto foi transmitido pelo celular a Nunes, que 30 minutos depois encontraria Tarso para dar ótima notícia em meio a um ano que poderá amargar um Produto Interno Bruto (PIB) negativo e as previsões para 2013 apontam para crescimento que vai correr atrás do prejuízo, caso confirmado. “Estamos preparados para crescer, produzir e gerar emprego e renda”, indicou o governador, que inseriu o projeto como um estandarte de sua política de desenvolvimento.

De Brasília, onde participava de um encontro de dirigentes industriais, o presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Heitor José Müller, adianta que as previsões de desempenho da economia gaúcha a serem divulgadas na segunda-feira pela entidade poderão ter de ser recalculadas. “Não deu para fazer a conta, mas teremos impacto já em 2013”, acredita o líder industrial. Mais do que refazer contas, Müller vê na confirmação uma janela para reativar a importância do Estado no cenário de atração de investimentos. “A indústria parou este ano”, diagnostica o industrial. Para o presidente da Fiergs, o projeto resgata o setor de celulose na matriz econômica.  


Aumento de produção de dioxinas merece ser comemorado?

O que não aparece na notícia é que fábricas de celulose produzem dioxinas, logo ampliar a planta da Celulose Riograndense das atuais 450 mil toneladas ao ano para 1,75 milhão de toneladas aumentará terrivelmente a produção de dioxinas.

A dioxina surgiu como arma química usada pelos americanos na II Guerra Mundial. A intenção dos americanos era liberar essa substância nas lavouras dos japoneses. Entretanto, eles optaram pelo lançamento de bombas atômicas, em 1945.

A dioxina é uma das substâncias químicas mais estudadas no planeta. É encontrada tanto no ambiente como em nossos suprimentos alimentares. É causadora de uma série de adversidades na saúde, incluindo câncer, deformidades de nascimento, diabetes, agressão ao processo de desenvolvimento e do aprendizado, endometriose e anormalidades no sistema imunológico. É o carcinogênico animal mais potente jamais testado anteriormente.

Sobre a DIOXINA

P. O que é a dioxina e como é gerada ?
R. A dioxina é uma família de substâncias químicas que contém carbono, hidrogênio e cloro. Existem 75 (setenta e cinco) diferentes formas de dioxinas, sendo a mais tóxica a 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina ou TCDD. Esta molécula é mais conhecida comumente como a substância tóxica presente no Agente Laranja*, em Love Canal/New York** e em Times Beach/ Missouri**. A dioxina não é produzida deliberadamente. Entretanto é um subproduto não intencional de processos industriais em que se utiliza ou queima gás cloro na presença de materiais orgânicos. De acordo com a EPA/USA (nt.: Environmental Protection Agency/Agência de Proteção Ambiental dos USA), as fontes primevas da geração de dioxinas são os incineradores de lixo hospitalar e doméstico, além de queimas desregradas. Fontes adicionais incluem processos industriais que empregam cloro para fabricar produtos de consumo como a resina plástica PVC (polivinil cloreto), agrotóxicos e fábricas de celulose que utilizam cloro para branquear a polpa para o processo de produção de papel branco.    
* (nt.: arma química,teria sido a  alternativa química à bomba atômica empregada para o término da guerra no Japão. Após a guerra, passa a ser utilizada como herbicida – um de seus nomes comerciais era Tordon. No Vietnam de herbicida retorna à origem, ser arma de guerra).
**(nt.: vazamento ou utilização de óleos contaminados com produtos clorados, na década de setenta. As cidades tiveram que ser evacuadas e “desintoxicadas”).

P. Como as dioxinas afetam nossa saúde?
R. A exposição à dioxina pode levar a uma série de efeitos danosos à nossa saúde incluindo câncer, defeito de nascimento, diabetes, retardamento no desenvolvimento e na aprendizagem, endometriose e anormalidades no sistema imunológico.
A dioxina é um conhecido carcinogênico. A IARC - International Agency for Research on Cancer/Agência Internacional de Pesquisas em Câncer -, uma das filiadas à Organização Mundial da Saúde, classificou-a, em 1977, como um notório carcinogênico humano. Em janeiro de 2001, o Department of Healthy and Human Services’ National Toxicology Program-USA/Programa Nacional de Toxicologia do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos USA classificou-a como carcinogênico humano. O mesmo também fez, em setembro de 2000, o Setor de Saúde da EPA. Neste seu documento, projeta um risco efetivo de câncer de um para cem, para a maioria das pessoas sensíveis que utilizam uma dieta rica em gorduras animais. Em outras palavras, o risco de se ter câncer, acima ou além dos riscos de outras fontes, é de um para cem para algumas pessoas. Este é um cenário profundamente dramático. Isto em relação às pessoas mais sensíveis, em torno de cinco por cento da população que consome dioxina. Para um cidadão médio a EPA estima um nível de risco de um para mil o que é também é um sério risco. O nível geral que considera como “aceitável” é de um para um milhão.
A dioxina causa também uma série de efeitos negativos além do câncer. Estão entre eles, os danos aos sistemas reprodutivo, imunológico, endócrino e ao desenvolvimento tanto de humanos como de outros animais. Estudos em animais mostraram que exposições à dioxina estão associadas com a endometriose, à diminuição da fertilidade, inabilidade de levar a gestação a termo, abaixamento nos níveis de testosterona, decréscimo na contagem de espermatozóides, defeitos de nascimento e inabilidade na aprendizagem. Em crianças, a exposição à dioxina poderá gerar déficit em seus QI’s, efeitos negativos sobre a psicomotricidade e ao neurodesenvolvimento além de alterações comportamentais incluindo-se a hiperatividade. Pesquisas feitas com trabalhadores foram detectados baixos níveis de testosterona, diminuição no tamanho dos testículos e defeitos de nascimento nas proles dos veteranos norte-americanos do Vietnam expostos ao Agente Laranja.  
Efeitos sobre o sistema imunológico parecem ser um dos tópicos finais mais sensíveis pesquisados. Estudos com animais mostraram que há um decréscimo nas respostas imunológicas e o incremento na suscetibilidade a doenças infecciosas. Em estudos com humanos a dioxina estava associada com a depressão do sistema imunológico e alterações no status imunológico favorecendo ao crescimento de infecções. A dioxina também causa disfunções nas atividades normais dos hormônios, mensageiros químicos que o organismo se utiliza para crescer e manter o equilíbrio orgânico. A dioxina interfere com os níveis dos hormônios da tireóide tanto em crianças como em adultos, alterando a tolerância à glicose e está sendo associada à diabetes. 

Fonte do texto sobre a Dioxina:  http://www.nossofuturoroubado.com.br/old/dioxinacaso.htm traduzido de http://www.chemicalbodyburden.org/cs_dioxin.htm (para ler o texto completo, clicar nos links)

Além do grande aumento na produção de dioxinas, quantos "desertos verdes" serão necessários para abastecer de madeira a nova planta industrial da Celulose Riograndense?

12 agosto 2012

Thomas Kesselring: A educação é tudo.

Thomas Kesselring na AGAPAN - Foto: Cesar Cardia/Agapan
Tecnologia não deve ser 'endeusada' no ensino, defende filósofo
No dia 9 de agosto o filósofo Thomas Kesselring* participou de encontro na Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural - AGAPAN 
A educação é tudo. Foi com essa afirmação que o filósofo suíço Thomas Kesselring respondeu a diversos questionamentos - que envolveram desde manipulação transgênica a educação ambiental - durante encontro na sede da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), em Porto Alegre. O estudioso aproveitou para criticar o que considera um "endeusamento" das tecnologias no ensino. "Criança precisa se mexer, ser estimulada, isso é tão importante quanto aprender a ler e escrever - e não tem nada a ver com aparelhos eletrônicos", defendeu.
Thomas Kesselring na AGAPAN - Foto: Cesar Cardia/Agapan
Segundo Kesselring, as tecnologias são importantes, mas é necessário saber utilizá-las. "Para aproveitar as ferramentas, as crianças têm que dominar símbolos, linguística, isso é essencial para dominar as inovações", afirma. Ele defendeu, ainda, a inclusão de disciplinas como filosofia, artes e música desde cedo no currículo escolar, para que crianças desenvolvam a criatividade e o pensamento crítico. "É preciso alfabetizar também emocionalmente", completou.
Thomas Kesselring na AGAPAN - Foto: Cesar Cardia/Agapan
O filósofo ressaltou o papel da educação, sobretudo, na formação do cidadão. "Tudo começa com o ensino. Os conceitos de ética, de moral, podem parecer complexos, mas se resumem, muitas vezes, a respeito mútuo. Se as pessoas não têm conhecimento, esses conceitos ficam mais complicados, e a ideia de contar dinheiro parece mais simples", criticou.
Thomas Kesselring na AGAPAN - Foto: Sandra Ribeiro/Agapan

*O filósofo suiço Thomas Kesselring é um dos maiores conhecedores da obra de Jean Piaget. Admirado pelo filósofo Jurgen Habermas e com vários livros publicados no Brasil, Thomas Kesselring é pacifista e ecologista e fala fluentemente o português, pois morou por dois anos em Porto Alegre.

Leia mais sobre Kesselring: Filosofar é perguntar sobre a vida

09 agosto 2012

Hiroshima e Nagasaki

Hiroshima, 6 de agosto de 1945. (Fotógrafo japonês desconhecido)
Nos dias 6 e 9 de agosto de 1945 as duas cidades japonesas foram vítimas de bombardeios atômicos.
Em Hiroshima foi jogada a bomba atômica “Little Boy” e, três dias depois, a bomba “Fat Man” em Nagasaki. Até hoje, as duas bombas foram as únicas armas nucleares utilizadas de fato numa guerra. Estima-se que cerca de 140.000 pessoas morreram em Hiroshima e 80.000 em Nagasaki, além das mortes ocorridas posteriormente aos ataques em decorrência da exposição radioativa.
A imensa maioria dos mortos era composta por civis, mulheres, idosos e crianças, pessoas que não estavam combatendo na guerra.

Existe História?
Existe memória?
No documentário abaixo sobre a destruição de Hiroshima e Nagasaki perguntam a jovens japoneses se sabiam o que teria acontecido em 6 de agosto de 1945. Uma garota responde que não sabe, pois não é muito boa em História...

26 junho 2012

Rio+20 fracassou!

Charge de Aroeira sobre o Documento Final da Rio+20

Os representantes da Cúpula dos Povos, principal evento paralelo à Rio+20, cujo encerramento aconteceu na sexta-feira (22/6), afirmaram que a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável fracassou na tentativa de propor caminhos e ações, e defenderam a criação de um dia mundial de greve geral.

As críticas estão no documento final da cúpula, que também chega ao fim após mais de dez dias de dabates e palestras entre diversos grupos da sociedade civil.

"Hoje afirmamos que, além de confirmar nossa análise, ocorreram retrocessos significativos em relação aos direitos humanos já reconhecidos. A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global", diz um trecho da declaração.

Conferência Rio+20 - Foto Agência Brasil

"À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direitos dos povos, a democracia e a natureza, sequestrando os bens comuns da humanidade para salvar o sistema econômico-financeiro".

Protesto contra o consumismo - Foto: Agência Brasil

Ao listar as 15 ações encaminhadas pelas várias plenárias autogestionadas que fazem parte da Cúpula dos Povos, o documento propõe a institucionalização do "Dia Mundial de Greve Geral" no escopo de direitos humanos das Nações Unidas.

Manifestação de indígenas na Cúpula dos Povos - Foto: Ag. Brasil

Segundo o representante do Comitê Facilitador da Cúpula dos Povos, Darci Frigo, as sugestões da sociedade civil foram apresentadas ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, em reunião realizada na manhã desta sexta-feira (22).

"Ele fez uma série de referências a respeito do movimento que ocorreu aqui no aterro do Flamengo e no centro da cidade, e disse que a ONU está aberta para nos ouvir. Em nossas falas, fizemos duras críticas em relação ao sistema de captura corporativa da ONU. Aqueles que hoje são considerados os principais interlocutores para solucionar as crises climáticas, sociais e ambientais são os verdadeiros responsáveis pela crise", argumentou.

Integrantes da AGAPAN na Cúpula dos Povos - Foto: Agapan

Fonte: UOL



Documento final da Cúpula dos Povos ataca a mercantilização da vida:


Declaração final
Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental
Em defesa dos bens comuns, contra a mercantilização da vida

Movimentos sociais e populares, sindicatos, povos, organizações da sociedade civil e ambientalistas de todo o mundo presentes na Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, vivenciaram nos acampamentos, nas mobilizações massivas, nos debates, a construção das convergências e alternativas, conscientes de que somos sujeitos de uma outra relação entre humanos e humanas e entre a humanidade e a natureza, assumindo o desafio urgente de frear a nova fase de recomposição do capitalismo e de construir, através de nossas lutas, novos paradigmas de sociedade.

A Cúpula dos Povos é o momento simbólico de um novo ciclo na trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de mulheres, indígenas, negros, juventudes, agricultores/as familiares e camponeses, trabalhadore/as, povos e comunidades tradicionais, quilombolas, lutadores pelo direito a cidade, e religiões de todo o mundo. As assembléias, mobilizações e a grande Marcha dos Povos foram os momentos de expressão máxima destas convergências.

As instituições financeiras multilaterais, as coalizações a serviço do sistema financeiro, como o G8/G20, a captura corporativa da ONU e a maioria dos governos demonstraram irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta e promoveram os interesses das corporações na conferencia oficial. Em constraste a isso, a vitalidade e a força das mobilizações e dos debates na Cúpula dos Povos fortaleceram a nossa convicção de que só o povo organizado e mobilizado pode libertar o mundo do controle das corporações e do capital financeiro.

Há vinte anos o Fórum Global, também realizado no Aterro do Flamengo, denunciou os riscos que a humanidade e a natureza corriam com a privatização e o neoliberalismo. Hoje afirmamos que, além de confirmar nossa análise, ocorreram retrocessos significativos em relação aos direitos humanos já reconhecidos. A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global. À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direitos dos povos, a democracia e a natureza, sequestrando os bens comuns da humanidade para salvar o sistema economico-financeiro.

As múltiplas vozes e forças que convergem em torno da Cúpula dos Povos denunciam a verdadeira causa estrutural da crise global: o sistema capitalista patriarcal, racista e homofobico.

As corporações transnacionais continuam cometendo seus crimes com a sistematica violação dos direitos dos povos e da natureza com total impunidade. Da mesma forma, avançam seus interesses através da militarização, da criminalização dos modos de vida dos povos e dos movimentos sociais promovendo a desterritorialização no campo e na cidade.

Da mesma forma denunciamos a divida ambiental histórica que afeta majoritariamente os povos oprimidos do mundo, e que deve ser assumida pelos países altamente industrializados, que ao fim e ao cabo, foram os que provocaram as múltiplas crises que vivemos hoje.

O capitalismo também leva à perda do controle social, democrático e comunitario sobre los recursos naturais e serviços estratégicos, que continuam sendo privatizados, convertendo direitos em mercadorias e limitando o acesso dos povos aos bens e serviços necessarios à sobrevivencia.

A dita “economia verde” é uma das expressões da atual fase financeira do capitalismo que também se utiliza de velhos e novos mecanismos, tais como o aprofundamento do endividamento publico-privado, o super-estímulo ao consumo, a apropriação e concentração das novas tecnologias, os mercados de carbono e biodiversidade, a grilagem e estrangeirização de terras e as parcerias público-privadas, entre outros.

As alternativas estão em nossos povos, nossa historia, nossos costumes, conhecimentos, práticas e sistemas produtivos, que devemos manter, revalorizar e ganhar escala como projeto contra-hegemonico e transformador.

A defesa dos espaços públicos nas cidades, com gestão democrática e participação popular, a economia cooperativa e solidaria, a soberania alimentar, um novo paradigma de produção, distribuição e consumo, a mudança da matriz energética, são exemplos de alternativas reais frente ao atual sistema agro-urbano-industrial.
Foto: Agência Brasil

A defesa dos bens comuns passa pela garantia de uma série de direitos humanos e da natureza, pela solidariedade e respeito às cosmovisões e crenças dos diferentes povos, como, por exemplo, a defesa do “Bem Viver” como forma de existir em harmonia com a natureza, o que pressupõe uma transição justa a ser construída com os trabalhadores/as e povos.

Exigimos uma transição justa que supõe a ampliação do conceito de trabalho, o reconhecimento do trabalho das mulheres e um equilíbrio entre a produção e reprodução, para que esta não seja uma atribuição exclusiva das mulheres. Passa ainda pela liberdade de organização e o direito a contratação coletiva, assim como pelo estabelecimento de uma ampla rede de seguridade e proteção social, entendida como um direito humano, bem como de políticas públicas que garantam formas de trabalho decentes.

Afirmamos o feminismo como instrumento da construção da igualdade, a autonomia das mulheres sobre seus corpos e sexualidade e o direito a uma vida livre de violência. Da mesma forma reafirmamos a urgência da distribuição de riqueza e da renda, do combate ao racismo e ao etnocídio, da garantia do direito a terra e território, do direito à cidade, ao meio ambiente e à água, à educação, a cultura, a liberdade de expressão e democratização dos meios de comunicação.

Foto: Ricardo Moraes/Reuters

O fortalecimento de diversas economias locais e dos direitos territoriais garantem a construção comunitária de economias mais vibrantes. Estas economias locais proporcionam meios de vida sustentáveis locais, a solidariedade comunitária, componentes vitais da resiliência dos ecossistemas. A diversidade da natureza e sua diversidade cultural associada é fundamento para um novo paradigma de sociedade.

Os povos querem determinar para que e para quem se destinam os bens comuns e energéticos, além de assumir o controle popular e democrático de sua produção. Um novo modelo enérgico está baseado em energias renováveis descentralizadas e que garanta energia para a população e não para as corporações.

Foto: Agência Brasil

A transformação social exige convergências de ações, articulações e agendas a partir das resistências e alternativas contra hegemônicas ao sistema capitalista que estão em curso em todos os cantos do planeta. Os processos sociais acumulados pelas organizações e movimentos sociais que convergiram na Cúpula dos Povos apontaram para os seguintes eixos de luta:

  • Contra a militarização dos Estados e territórios;
  • Contra a criminalização das organizações e movimentos sociais;
  • Contra a violência contra as mulheres;
  • Contra a violência as lesbicas, gays, bissexuais, transexuais e transgeneros;
  • Contra as grandes corporações;
  • Contra a imposição do pagamento de dívidas econômicas injustas e por auditorias populares das mesmas;
  • Pela garantia do direito dos povos à terra e território urbano e rural;
  • Pela consulta e consentimento livre, prévio e informado, baseado nos princípios da boa fé e do efeito vinculante, conforme a Convenção 169 da OIT;
  • Pela soberania alimentar e alimentos sadios, contra agrotóxicos e transgênicos;
  • Pela garantia e conquista de direitos;
  • Pela solidariedade aos povos e países, principalmente os ameaçados por golpes militares ou institucionais, como está ocorrendo agora no Paraguai;
  • Pela soberania dos povos no controle dos bens comuns, contra as tentativas de mercantilização;
  • Pela mudança da matriz e modelo energético vigente;
  • Pela democratização dos meios de comunicação;
  • Pelo reconhecimento da dívida histórica social e ecológica;
  • Pela construção do DIA MUNDIAL DE GREVE GERAL.
Foto: Agência Brasil

Voltemos aos nossos territórios, regiões e países animados para construirmos as convergências necessárias para seguirmos em luta, resistindo e avançando contra os sistema capitalista e suas velhas e renovadas formas de reprodução.

Em pé continuamos em luta!


Rio de Janeiro, 15 a 22 de junho de 2012.
Cúpula dos Povos por Justiça Social e ambiental em defesa dos bens comuns, contra a mercantilização da vida.

24 janeiro 2012

Marcha de Abertura do Fórum Social Temático - Ao Vivo

Transmissão pela internet da Marcha de Abertura do Fórum Social Temático em Porto Alegre, via Conexões Globais 2.0. Marcha inicia a partir das 17h, horário de Brasília.

SOS Mata Atlântica abre Fórum Social Temático com marcha contra o novo Código Florestal e pelos 
manguezais.
Protesto contra as alterações no Código Florestal - Foto: Agência Brasil
À frente da caminhada, um grupo de ambientalistas protesta contra as mudanças no Código Florestal, levando caixões com mudas de plantas, em alusão ao enterro das florestas brasileiras. De hoje (24) até domingo (29), o FST deve reunir pelo menos 30 mil pessoas, segundo estimativas da organização do evento.
Chuvarada não interrompe a Marcha - Foto: Agência Brasil
Marchando na chuva - Foto: Agência Brasil
Serão cerca de mil atividades programadas em Porto Alegre e em mais três cidades, todas na região metropolitana da capital. O foco do FST será a preparação para a Conferência das Nações para o Desenvolvimento Sustentável, que ocorre no Rio de Janeiro, em junho. (AB)


 

17 janeiro 2012

Fórum Social Temático 2012

De 24 a 29 de janeiro de 2012
Marcha do Fórum Social Mundial 2010 - Porto Alegre

Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental
O Fórum Social Temático (FST) se inscreve no processo do Fórum Social Mundial e será uma etapa preparatória a Cúpula dos Povos na Rio+20. O evento acontecerá do dia 24 a 29 de janeiro de 2012 e será sediado por Porto Alegre e cidades da região Metropolitana – Gravataí, Canoas, São Leopoldo, e Novo Hamburgo. Como um espaço aberto e plural, a programação do Fórum será fundamentalmente constituída por atividades propostas e geridas por movimentos, coletivos e organizações da sociedade civil, relacionadas ao tema “Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental”. Além disso, o Fórum acolherá também o encontro de redes internacionais, articuladas em torno de Grupos Temáticos de reflexão sobre assuntos pertinentes ao Fórum.

Leia mais na página do FST 2012

Marcha do Fórum Social Mundial 2010 - Porto Alegre
Marcha do Fórum Social Mundial 2010 - Porto Alegre
Marcha do Fórum Social Mundial 2010 - Porto Alegre
Marcha do Fórum Social Mundial 2010 - Porto Alegre