08 setembro 2011

Palmeiras na ponte?

Ponte na Av. João Pessoa atravessa o Arroio Dilúvio
Foto Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho
Ponte da João Pessoa Revela Segredos
Muitos de nós, ao passarmos pela Av. João Pessoa esquina Av. Ipiranga, não nos damos conta de estarmos utilizando uma ponte. Muito menos, de que ela representaria um dos tesouros arquitetônicos da cidade. Menos ainda, curiosamente, de que ela acolheria e sustentaria um conjunto de oito (hoje sete) palmeiras, antigas, altas, fortes o suficiente para resistir aos ventos do corredor do Arroio Dilúvio.
Escadaria da ponte - Foto: Angela Tavares
Em 1940, os festejos do bi-centenário de Porto Alegre (cuja fundação hoje é comemorada em outra data), incluíam a inauguração de obras concebidas dentro do conceito “monumental”, de responsabilidade do arquiteto Cristiano de la Paix Gelbert, diretor de Arquitetura na gestão do Prefeito Loureiro da Silva. É o caso da nossa ponte. Esta obra nos mostra detalhes interessantes, como os guarda corpos em granito, os elementos verticais marcando as extremidades da ponte e que receberiam luminárias, então muito valorizadas, locais de lazer e mirantes, escadarias que descem até a margem do canal para que a população, na época, pudesse acessar os barcos que comercializavam as frutas e verduras produzidas nos arredores da cidade.

A Ponte vista do Hospital Ernesto Dornelles - Foto: Cesar Cardia
O novo prolongamento da Av. João Pessoa receberia, além da ponte em “art nouveau”, canteiros centrais, ornados com Palmeiras da Califórnia (de onde são originárias), também chamadas Palmeiras Imperiais. Eram muitas as edificações e muita a pressa. Os trabalhadores estavam orientados para executar o plantio somente nos canteiros da avenida, saltando o leito da ponte. Sem se dar conta, os operários plantaram também onde não estava previsto. Para surpresa de todos e sorte nossa, as palmeiras cresceram, transformaram-se em atrativo turístico incomum, de que hoje Porto Alegre se orgulha e se sente homenageada quando elas, em cumplicidade com o vento, curvam-se em reverências imperiais a esta capital.
Angela Tavares 
Porto Alegre, 05 de setembro de 2011.


Muitos não percebem que em Porto Alegre 
existem palmeiras plantadas em uma ponte - Foto: Cesar Cardia