22 novembro 2011

Decrescimento

Recebido da Sandra Ribeiro, vice-presidente da AGAPAN:
Decrescimento: ''É preciso deseconomizar o imaginário''
O que realmente conta na vida não é mensurável, por isso vivemos uma “falência da felicidade quantificável”. Por outro lado, “um crescimento infinito é incompatível com um mundo finito. Quem acredita nisso ou é louco ou é economista”.
Foto: IHU - Instituto Humanitas Unisinos
A crítica radical à economia de Serge Latouche, ele mesmo economista e filósofo, visa a descolonizar o imaginário das “ideologias da sociedade moderna”, como indicadores a exemplo do PIB per capita.
Na noite desta quinta-feira, 21 de novembro, no câmpus de Porto Alegre da Unisinos, Latouche fez a sua primeira conferência dentro do Ciclo de Palestras: Economia de Baixo Carbono. Limites e Possibilidades, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU. Sua fala, intitulada Desenvolvimento Humano, Decrescimento e a Sociedade Convivial, foi comentada posteriormente por Plinio Alexandre Zalewski Vargas, diretor da Secretaria de Governança da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
Nela, o professor de economia da Universidade de Paris XI - Sceaux/Orsay retomou o histórico do seu conceito mais importante: o decrescimento. Seu principal interesse no encontro era apresentar como é possível encontrar, por meio do decrescimento, a "felicidade na frugalidade convivial".
Latouche começou retomando o histórico do “dispositivo” do PIB (produto interno bruto) per capita, que reduziu a felicidade a um indicador econômico. Historicamente, segundo ele, na passagem da felicidade ao PIB, ocorreu uma tripla redução: 1) a felicidade terrestre passou a ser assimilada ao bem-estar material, em sentido físico, palpável; 2) o bem-estar material foi reduzido ao que pode ser avaliado quantitativamente, estatisticamente, aos bens e serviços comercializáveis e consumíveis; 3) a variação da soma dos bens e serviços caracterizaria a diferença entre o PIB e PIL (produto interno líquido ).
Porém, criticou, o PIB só mede a riqueza comercializável, excluindo-se as transações fora do mercado, como os serviços domésticos, o voluntariado, o mercado negro etc. No caso brasileiro, exemplificou Latouche, a destruição da floresta amazônica não é contada no PIB. "O PIB mede os outputs, ou a produção, e não os outcomes, ou os resultados", resumindo. Retomando o ex-presidente dos EUA, Kennedy, Latouche afirmou que o PIB também não inclui a saúde das crianças, a beleza da poesia, a solidez do casamento, a integridade, a inteligência e a sabedoria de um povo. “Mede tudo, menos o que faz com que a vida valha a pena de ser vivida”, resumiu.
Por isso, com o passar do tempo, ao experimentarmos que o consumo não faz a felicidade, vivemos uma crise de valores. Algumas tentativas de superar essa mensurabilidade econômica foram, por exemplo, o Genuine Progress Indicator (Indicador de Progresso Autêntico), proposto pelo economista norte-americano Herman Daly, levando em consideração as perdas causadas, por exemplo, pela poluição e pela degradação do meio ambiente. Outra proposta foi a da ONG New Economics Foundation, que, cruzando os resultados das enquetes das organizações da ONU sobre o que os anglo-saxões chamam de sentimento do bem-estar vivido (satisfação subjetiva, esperança média de vida e pegada ecológica per capita), chegaram a um Happy Planet Index (Índice do Planeta Feliz).
Segundo Latouche, também emergiu novamente uma ideia de economia civil da felicidade, desenvolvida a partir dos EUA e que tomou um novo curso na Itália. Para o pensador francês, os teóricos dessa corrente reabilitam uma certa forma de sobriedade, unindo-se a outros movimentos, como o do decrescimento. Mas – e essa é também a sua crítica – veiculam uma certa ambiguidade, deixando sobreviver o “corpo moribundo” daquilo que pretendem destruir: ou seja, uma mentalidade que tudo calcula. Abolindo a fronteira entre o econômico e o não econômico, afirmou Latouche, a teoria da economia civil deixa o caminho aberto a uma forma de pane da economização de tudo, que já estava na ideia de Malthus, tentando incluir dentro dos cálculos o que é incalculável.
Foto: IHU - Instituto Humanitas Unisinos

Crise de valores
Em síntese, o que essas tentativas demonstram, afirmou Latouche, é que “a sociedade dita desenvolvida, da opulência, se baseia em uma produção massiva, mas também em uma perda de valores”. Assim, retomando um conceito caro a um teólogo amigo seu, Raimon Panikkar, é necessária uma metanoia, ou seja, questionar profundamente o mito do progresso indefinido. É preciso “resistir ao imperialismo da economia para reencontrar o social”. “O que realmente conta na vida não se mede”, sintetiza Latouche.
Portanto, como encontrar a felicidade dentro da frugalidade convivial? Para isso, Latouche reatualiza a intuição do teólogo Ivan Illich, ainda dos anos 1970, do termo convivialidade, que, de certa forma, encontra-se em sintonia com a proposta andina do bem-viver (sumak kawsay), que, afirma, “tem mais coerência do que os economistas, que tentam medir o que não é mensurável”.
Felicidade, para Latouche, é a “abundância frugal em uma sociedade solidária”. Uma prosperidade sem objetivo, uma sobriedade voluntária, segundo Illich. “O projeto de decrescimento que queremos – slogan para marcar uma ruptura com essa lógica do “sempre mais”, do crescimento indefinido – é uma saída do ciclo infernal da criação de necessidades e produtos”.
Esse conceito – decrescimento – nasceu em março de 2002, a partir do colóquio da Unesco “Desfazer o desenvolvimento, refazer o mundo”. Foi a última aparição pública de Ivan Illich. Em síntese, contou Latouche, chegou-se à conclusão de que é preciso combater o desenvolvimento sustentável, que é uma contradição em termos, porque o desenvolvimento “nada mais é do que uma transformação qualitativa do crescimento, e um crescimento infinito é incompatível com um mundo finito”, afirmou. “Quem acredita nisso ou é louco ou é economista”.
Futuro sustentável
Se o desenvolvimento é uma “palavra tóxica”, Latouche prefere falar de um “futuro sustentável da vida”. E esse, sim, é possível. Por isso, a proposta do decrescimento é a da autolimitação e simplicidade voluntárias, da abundância frugal, da reabilitação do espírito da doação e da promoção da convivialidade. Se na década de 1960 se falava de círculos virtuosos do crescimento, é necessário um círculo virtuoso do decrescimento. Uma “mudança de software”, ilustra Latouche, uma mudança “daquilo que os marxistas chamavam de superestrutura, que leva a uma mudança da infraestrutura”.
E ele propõe, para isso, oito passos:
  1. reavaliar
  2. reconceitualizar
  3. reestruturar
  4. realocar
  5. redistribuir
  6. reduzir
  7. reutilizar
  8. reciclar
Assim, será possível sair do paradigma que nos dominou há dois séculos, o “paradigma da economia”. “Tendemos a ver tudo sob o prisma da economia, que, no entanto, é muito recente e limitado a uma única cultura, uma dentre outras: o Ocidente”. Por isso, para ele, outra contradição em termos é a economia solidária. Em nível teórico, explicou, “é um oximoro, assim como o desenvolvimento sustentável. A economia existente não é solidária, é baseada na avidez, no lucro máximo. Caso contrário, estamos no social, no político, na solidariedade, baseada na lógica da troca, da doação”.
Portanto, sair dessa economicização, para Latouche, é uma conversão ao contrário. “Temos uma relação religiosa com a economia. É preciso nos tornarmos ateus e agnósticos do crescimento. É preciso reencontrar a abundância perdida”. Descolonizar e deseconomizar o imaginário é “redimensionar o papel do econômico no social”, limitar a avidez, limitar o “greed is good” das escolas de administração. É, em suma, reapropriar-se, enquanto sociedade, das três bases do capitalismo: o trabalho, a terra e o dinheiro. “Não é abolir o capitalismo – esclarece Latouche –, é mudar o nosso software, a nossa educação, é possibilitar regulações, hibridações e proposições concretas para chegar à abundância frugal”.
Para ajudar nessa “reformatação”, não basta seguir a “via” do decrescimento. Latouche prefere falar do “tao do decrescimento”, palavra chinesa que, além da dimensão de caminho, percurso, remete também à ética. “Não é possível encontrar a felicidade sem restringir e limitar os nossos desejos – a autolimitação que se encontra nos ameríndios, na África, no passado do Ocidente, no epicurismo. Todas as sabedorias do mundo têm essa ideia fundamental”, explica. É necessário, hoje, dominar o que os gregos consideravam como o perigo por excelência: a hybris, a desmedida.
Aceleração do decrescimento?
Em pleno andamento de um “plano de aceleração do crescimento”, Latouche tem esperança no Brasil. Para ele, o país foi um “precursor do decrescimento”, a partir das propostas nascidas em Porto Alegre, de um outro mundo possível, ou em figuras como Chico Mendes, ou no Manifesto Ecossocialista de Belém, que, segundo Latouche, está bastante próximo das ideias do decrescimento. “O Brasil tem todas as condições favoráveis para uma transição para uma sociedade da abundância frugal”. Para isso, basta superar as condições psicológicas limitadas à colonização do imaginário em torno da economia e do crescimento.
No fim do debate, para os interessados em aprofundar a reflexão, Latouche indicou o site da revista acadêmica Entropia (www.entropia-la-revue.org), dedicada ao estudo do decrescimento, que contém contribuições em francês, inglês, espanhol, italiano e também em português.
A programação do Ciclo de Palestras com a presença de Serge Latouche continua nesta terça-feira com a palestra Por outro modo de consumir: Descrição de algumas experiências alternativas, das 16h às 18h, na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros, no IHU. O restante da programação, que vai até a próxima sexta-feira, dia 25, pode ser conferido aqui.

(Por Moisés Sbardelotto)

Fonte: Instituto Umanitas Unisinos

21 novembro 2011

Veja o vídeo e PENSE bem...

Que legado deixaremos para as gerações futuras?



Posicione-se CONTRA a Usina de Belo Monte!!!
A hidrelétrica iria inundar pelo menos 400.000 hectares da floresta, impactar centenas de quilômetros do Rio Xingu e expulsar mais de 40.000 pessoas, incluindo comunidades indígenas de várias etnias que dependem do Xingu para sua sobrevivência. O projeto de R$30 bilhões é tão economicamente arriscado que o governo precisou usar fundos de pensão e financiamento público para pagar a maior parte do investimento. Apesar de ser a terceira maior hidrelétrica do mundo, ela seria a menos produtiva, gerando apenas 10% da sua capacidade no período da seca, de julho a outubro.

14 novembro 2011

Alô Loulé! FAO pede proteção para a arborização urbana

La FAO demanda protección para los bosques urbanos
3 Octubre 2011 – 5:34am — EFE
Sirven para proteger a los edificios del fuerte viento y las inundaciones y ayudan a ahorrar energía al actuar como barrera, indica la organización en el marco del Día Mundial del Hábitat.
Foto de João Martins, em Loulé, Portugal
Roma • Proteger y gestionar los árboles y bosques situados dentro y alrededor de las ciudades requiere políticas e inversiones orientadas a fortalecer los medios de subsistencia y mejorar el medio ambiente en un mundo cada vez más urbanizado, afirmó hoy la FAO en un comunicado.
Este es el mensaje lanzado con motivo del Día Mundial del Hábitat por la Asociación de Colaboración en materia de Bosques (CPF, por sus siglas en inglés) de la que la Organización de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación (FAO) es miembro.
Con un porcentaje cada vez mayor de la población mundial que vive actualmente en las ciudades y sus alrededores, el CPF ha pedido a los países que presten más atención a la gestión y protección adecuada de los bosques urbanos.
Además de mejorar la calidad de los ambientes urbanos, los bosques en las ciudades también pueden mitigar los impactos de eventos meteorológicos graves.
Sirven para proteger a los edificios del fuerte viento y las inundaciones y ayudan a ahorrar energía al actuar como barrera frente al tiempo caluroso, asegura la nota.
“La aceleración del nivel de las perturbaciones de la naturaleza que afectan a las ciudades, como tormentas, sequías, inundaciones o corrimientos de tierras, nos recuerdan que es de extrema importancia tener capacidad de resistencia ante los desastres y que los árboles desempeñan un papel importante para proteger el ambiente de las ciudades”, señaló el director adjunto de la FAO para Bosques, Eduardo Rojas-Briales.
“Las buenas prácticas en la silvicultura urbana y periurbana pueden contribuir a ciudades con resiliencia en el sentido de la mitigación y adaptación a los efectos del cambio climático”, añadió.
"Arboricídio" em Loulé - Foto: Blog MAC Loulé

Los bosques urbanos también mejoran el bienestar y las condiciones de salud de los ciudadanos ya que refrescan el ambiente, particularmente en las zonas áridas, según la FAO.
“Los árboles y bosques en las ciudades ofrecen a los residentes urbanos valores de recreo y ecológicos muy necesarios, y durante el Año Internacional de los Bosques hemos visto muchos ejemplos de actividades comunitarias en las ciudades, desde la plantación de árboles a excursiones en la naturaleza”, explicó Jan McAlpine, Directora de la Secretaría del Foro de las Naciones Unidas sobre los Bosques.
“Estos cinturones verdes son también un hábitat importante para aves y animales pequeños y crean un oasis de diversidad biológica en un ambiente urbano”, añadió McAlpine.
Además, los árboles urbanos proporcionan servicios de ecosistemas vitales, como la retención y almacenamiento de carbono, y pueden suponer una fuente alternativa de energía, agregó.
Los bosques urbanos también pueden servir de laboratorio vivo para la educación ambiental en las ciudades, ayudando a reducir la brecha entre la población urbana y los bosques, según la nota.
La FAO está ayudando a desarrollar directrices para los responsables de las políticas y la toma de decisiones sobre silvicultura urbana y periurbana, con el objetivo de promover políticas sólidas y destacar las buenas prácticas.
Fonte: MILENIO

Enquanto isso, em Loulé - Portugal:



Leia e veja mais denúncias do incansável João Martins sobre o Abate de Árvores no Concelho de Loulé:

O Blog "A Sombra Verde" também escreve sobre essa barbárie:

Um caso de divã

Abate de árvores em Loulé - Fotografia de João Martins

Em poucos municípios portugueses se terão cortado tantas árvores, nos últimos anos, como em Loulé. Em certos casos com razão, noutros, provavelmente a larga maioria, sem qualquer fundamento técnico. E sempre, ou quase sempre, sem uma explicação para os munícipes, como se cortar árvores fosse sinal de progresso e não tivesse que ser devidamente justificado.

É que mesmo nos casos em que há razão para cortar uma árvore, há sempre, ainda que involuntariamente, uma admissão de culpa. Porque se uma árvore tem que ser cortada por uma degeneração precoce, é porque alguém, a mesma entidade que decide o seu abate, não soube cuidar dela e evitar esse desfecho.

Mais importante do que plantar novas árvores é saber cuidar das que herdámos dos nossos avós: "Os países, como Portugal, preocupados em plantar muitas árvores mas sem a mínima noção de como se cuida delas, são como aqueles pais que têm muitos filhos mas depois não os educam." Blog de Cheiros


P.S. - A denúncia, como sempre, ou quase sempre, é do João Martins. Fazem falta mais pessoas como o João, pessoas que não se calam, pessoas que chateiam quem não gosta de ser incomodado!

Link para o "post" no "A Sombra Verde": http://sombra-verde.blogspot.com/2011/11/um-caso-de-diva.html

10 novembro 2011

Zaffari faz anúncio homenageando a Gonçalo de Carvalho

Grupo Zaffari* veicula anúncio institucional onde declara seu orgulho pelo reconhecimento obtido pela Rua Gonçalo de Carvalho.

Este anúncio foi veiculado no dia 3 de novembro no ZH Moinhos.

Como já foi dito em uma postagem anterior, tudo é uma questão de visão.
Enquanto alguns procuram desqualificar os atos e ações dos que lutam para preservar nossas árvores, outros reconhecem isso e se dizem orgulhosos.
Seria ótimo que o Grupo Zaffari veiculasse mais mensagens que estimulem as pessoas a preservarem nossas árvores.

*O Grupo Zaffari é uma empresa brasileira que possui uma rede de supermercados no Rio Grande do Sul, além de shopping centers, sendo um deles em São Paulo. Dados de 2010 apontam-na como a quinta maior rede de supermercados do país. (Fonte: Wikipédia)

04 novembro 2011

A pergunta fundamental: "em que cidade queremos viver?"

A primeira coisa que eu pensei quando eu vi essas fotos foi: "onde é isso??" E logo a seguir eu vi: Porto Alegre. Aí pensei: "Meu Deus, é no Brasil!"

Um excelente texto da arquiteta e urbanista Helo Barbeiro* no Ensaios Fragmentados, finalizando uma postagem com fotos da rua Gonçalo de Carvalho e texto da reportagem da Folha de São Paulo:

Opinião de Helo Barbeiro pelo Ensaios Fragmentados


A primeira coisa que eu pensei quando eu vi essas fotos foi: "onde é isso??" E logo a seguir eu vi: Porto Alegre. Aí pensei: "Meu Deus, é no Brasil!"

Por que não imaginei de cara que essa rua podia ser no Brasil? Tinha tudo para ser! Não é em qualquer lugar que se cresce árvores incrivelmente altas... Na verdade, uma experiência pessoal me mostrou isso... Nós, brasileiros, estamos acostumados a conviver com essa natureza fora de série, de proporções gigantescas e de tanta variedade! Quando estive na Espanha de intercambio pela Universidade, uma das aulas que eu tive era de paisagismo e quando eu sugeri, em um projeto paisagístico para um terreno de Madri, o plantio de árvores de mais de 15 metros de altura, o professor comentou comigo que isso seria muito pouco provável...

Sim! Pouco provável que um espaço urbano em Madri consiga dar suporte físico e condições ambientais para que se plante uma fileira de árvores densas de mais de 15 metros de altura... E no Brasil, na Rua Gonçalo Carvalho, ou mesmo na pracinha que existe atrás da minha casa em São Paulo, existem árvores muitíssimo mais altas!

Então porque o estranhamento de esta rua ser no Brasil? A resposta parece óbvia, não é? Por que estes espaços sempre saem perdendo quando se deparam com a dura realidade da cidade movida pelo sistema econômico vigente; e desaparecem para dar lugar a incríveis condomínios ou shoppings!

Nem de longe estou promovendo uma mudança do sistema! Não é isso! Mas me parece um absurdo nos deixarmos levar com a maré e aceitar que percamos um patrimônio tão grande e tão rico, que poucos lugares podem promover, para que se possa construir uma cidade genérica e igual a todas as outras, que se vê em qualquer lugar do mundo! Será que estou fazendo uma crítica direta ao Koolhaas? Seria um atrevimento, mas porque não?

Por que não podemos pensar nossas cidades como se elas fossem parte das nossas casas e lutar por elas, como fizeram os amigos da Rua Gonçalo de Carvalho? Quanto tempo mais esperaremos de braços cruzados que a cidade mude de acordo com os interesses de alguns poucos?

Mais uma vez surge a pergunta: Em que cidade queremos viver? Apesar do tom pessimista deste texto, ou deste raciocínio que talvez não tenha se explicado muito bem pela vontade de expressar muitas inquietudes, fico feliz em ver que ainda existem alguns que lutam pela urbe, como os Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho! O importante é pensar que podemos mudar o rumo das coisas e construir a cidade que acreditamos que é melhor, mesmo que nem sempre seja a cidade que gere mais riqueza monetária... Existem outros tipos de riqueza e que, pouco a pouco, vão se afirmando como tão importantes quanto e, muitas vezes, mais necessárias e pelas quais devemos lutar para que construam as cidades de hoje e as do futuro!

Agradecimentos: a minha mãe, Maria Helena, que me mostrou uma matéria sobre essa rua!

Postado por Helo Barbeiro às 10:42 em 23 de outubro de 2011

*Helo Barbeiro - Arquiteta formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde participou da Iniciação Científica que se intitulou: Abordagens Recentes da Mobilidade Urbana na Cidade de São Paulo. Depois disso seguiu para um intercambio acadêmico na cidade de Valladolid na Espanha, onde passou seis meses. Para o Trabalho Final de Graduação optou pelo tema “Adensamento e Habitação no Centro: novas moradias para a Luz” que consistiu em uma monografia em que se abordavam questões de adensamento, habitação e sustentabilidade. Ainda, desenvolveu um projeto arquitetônico de unidades habitacionais e centro comercial, como forma de requalificação urbana para a área da Luz, aonde também se estudou as questões de adensamento sustentável. Trabalhou como estagiária em alguns escritórios conhecidos como, Arthur Casas e Triptyque e depois como arquiteta no escritório Cenários Pedagógicos. Atualmente, Helo está morando de novo em Valladolid (ES), pois está cursando um Máster em Desarrollo Regional y Local y Gestión del Territorio na faculdade de Ciências Econômicas.