29 março 2006

E-mail repassado pelo Nestor Nadruz

Sr. Nestor !

Li, com muita atenção, o seu artigo publicado no "Jornal do Comércio" desta data, 29/03/2006, sob o título : "Por que se calam ?" Confesso que não entendia, perfeitamente o motivo do confronto entre os favoráveis e os desfavoráveis à instalação de um teatro para a OSPA, no prédio que abriga o Shopping Total.

Em dez/2005 escrevi o artigo "OSPA", o qual envio para o seu conhecimento. Vamos acompanhar o desdobramento do impasse.

Um abraço.

INDIO.


OSPA

Lendo a reportagem de Flávio Pereira “Comunidade do bairro Floresta não abre mão do novo Teatro da Ospa”, publicada em “O SUL” do dia 04/12/2005, uma linha própria de raciocínio cruzou a minha mente com referência ao momentoso assunto.

Na maioria das situações existem posições favoráveis e posições desfavoráveis. São raros os assuntos que dizem respeito a uma comunidade em que há unanimidade.

Pois, na aludida reportagem, referindo-se ao risco de perder a oportunidade de trazer a Ospa para o bairro, o presidente da Associação dos Moradores da Rua Cristóvão Colombo, Sr. Carlos Alberto Rigotti, afirma: “Em determinado momento, chegamos a temer por esta conquista, na medida em que algumas manifestações egoistas, de pessoas preocupadas em preservar interesses pessoais, vinham criando obstáculos.” O citado lider comunitário fala de uma pesquisa entre os moradores da região sobre o assunto : “A nossa associação fez uma enquete preliminar e, entre 760 moradores ouvidos, apenas sete não votaram a favor. Estes, porém, manifestaram-se indiferentes à construção do teatro na área do shopping”.

Pergunto: se apenas sete moradores não votaram a favor do projeto e mantiveram-se indiferentes, onde estão os “egoistas” citados pelo presidente da associação ? Não foram ouvidos ? O fato de deixá-los à margem da pesquisa , não é uma forma de “egoismo” ?

Não sou morador do bairro e sou totalmente indiferente quanto ao local onde a sede da Ospa será instalada. Penso que deva ser feita uma pesquisa na área de abrangência do bairro e a idéia vencedora concretizada.

Um teatro para a Ospa significa um ponto de confluência de eventos culturais. A população, na maioria das vezes, é favorável a essa idéia. O que contraria e amedronta moradores é a instalação de estabelecimentos barulhentos e presídios nos limites dos bairros residenciais.

Para encerrar, seria interessante que a coletividade soubesse que interesses pessoais seriam preservados com a não implantação do Teatro da Ospa na área do Shopping Total. Há vezes em que interesses pessoais são de extrema justiça e suplantam a vaidades de um coletivismo artificial e narcisista que pode estar acontecendo. Talvez não esteja mas, pode estar.

INDIO GUILHERME BAUER

Por que se calam?

Por que se calam?
A notícia saiu na página de Fernando Albrecht/JC, em dois dias, sobre o indeferimento da concessão dos benefícios da Lei Rouanet, para a edificação do prédio da OSPA e prédio complementar de estacionamento. Não é possível conceder este tipo de beneficio, em numerário, para edificação em terreno privado, no caso, em um local predominantemente comercial, como o Shopping Total. Tínhamos razão todos, do Movimento Porto Alegre Vive e, sobretudo, dos moradores da rua Gonçalo de Carvalho. Se faz necessária uma desapropriação, por sinal cara. O Estado fará isso? Não. Tem outras áreas para oferecer. O Município fará isso? Não tem dinheiro para tanto. Acabou com a maior conquista dos municipários: a reposição, a cada dois meses, de seus vencimentos. Conforme articulista de um jornal local, os que lutaram contra a instalação do prédio nas dependências de um centro comercial e jogado em um canto da propriedade privada, eram fundamentalistas, e o movimento como sendo já morto. Ora, nada melhor do que confiar em certos valores da administração pública, que ainda existem. Agora sim, os arautos que nos criticaram receberam uma resposta simples. Não poderão construir nas condições propostas. A OSPA é um marco dos gaúchos. Deve ter um local à altura de sua dignidade, sem conchavos e interesses que nunca foram claros. Lavamos a alma. E, agora, por que não falam?
(Nestor Ibrahim Nadruz, arquiteto e urbanista)
Fonte: Jornal do Comércio