25 setembro 2013

Poluição do ar mata mais que acidentes de trânsito em São Paulo

Poluição do ar é mais fatal que acidente de trânsito em SP
Por ano, a má qualidade do ar é responsável por 17,4 mil mortes no Estado, o dobro do número de óbitos envolvendo acidentes de trânsito, revela estudo

Responsáveis por 90% da poluição do ar,
os veículos são os maiores vilões das mortes e internações

São Paulo – Ameaça nem sempre visível ao olho nu, a poluição do ar na maior metrópole do país mata mais do que acidentes de trânsito. Por ano, a má qualidade do ar é responsável por nada menos do que 17,4 mil mortes no Estado de São Paulo, o dobro do número de óbitos envolvendo acidentes de trânsito, revela um novo estudo.

De acordo com a pesquisa do Instituto Saúde e Sustentabilidade, entre 2006 e 2011, houve 99.084 mortes relacionadas à poluição – é quase uma cidade de 100 mil habitantes sendo dizimada em 6 anos. A capital concentra o maior número de vítimas fatais: 4,6 mil por ano, o triplo de pessoas mortas em acidentes de trânsito (1.556).

Em 2011, o Estado de São Paulo registrou 68.499 internações atribuíveis à poluição. Somados, o número de mortes precoces e de internados representaram um custo de R$ 246.273.436 ao sistema público e privado de saúde.

Responsáveis por 90% da poluição do ar no estado, os veículos são os maiores vilões das mortes e internações. E quanto maior a lentidão do trânsito, mais gases poluentes são lançados no ar. A conta é simples, mas o perigo nem sempre é visível. Trata-se das micropartículas de poeira, conhecidas como PM2,5.

Medindo apenas 0,0025mm, elas resultam da combustão incompleta de combustíveis fósseis utilizados pelos veículos automotores, e formam, por exemplo, a fuligem preta em paredes de túneis.

Maléficas ao organismo humano, elas podem penetrar nos pulmões e na corrente sanguínea, causando doenças cardíacas, câncer de pulmão, asma e infecções respiratórias. O estudo aponta que as médias anuais de MP2,5 de todos os anos situam-se acima do padrão de 10 μg/m3 , preconizado pela Organização Mundial da Saúde. Em 2011, a média para os municípios foi de 25 μg/m3.

Mas as medidas máximas diárias observadas para os municípios representaram entre 40 e 140 μg/m3. Segundo o estudo, se considerarmos uma medida máxima, por exemplo, de 100 μg/m3 em um dia, significa que o morador da cidade respirou 4 vezes mais a dose considerada segura naquele dia, ou a dose possível para 4 dias.

14 setembro 2013

Justiça autoriza demolição de casarões no bairro Moinhos de Vento

Uma das casa "condenadas", em 07/12/2007

Texto da escritora Carol Bensimon no jornal Zero Hora de 14/9/2013:
As casas da Luciana
Um conjunto de seis casas dos anos 1930 na Rua Luciana de Abreu, bairro Moinhos de Vento, pode ser demolido pela incorporadora Goldzstein. Essa foi a recente decisão da Justiça em um embate que já dura 10 anos. De um lado, a construtora. De outro, a Associação Moinhos Vive e o Ministério Público.

Manifestação do Moinhos Vive pela preservação das casas em 28/6/2008

Muita coisa aconteceu na última década em Porto Alegre. Se nos detivermos nas boas, que sempre parecem menos numerosas que as ruins, certamente acabaremos falando do renascimento do Moinhos de Vento como um bairro de múltiplos usos, cheio de cafés, restaurantes e lojas de rua, onde as pessoas se deslocam de um ponto a outro a pé porque há muito o que ser visto e é agradável caminhar por ali. Quando eu era criança, o único atrativo que havia na Padre Chagas era uma padaria, fornecedora oficial de pão de cachorro-quente para meus aniversários, assim como daquelas chupetas vermelhas puro açúcar, há muito desaparecidas dos caixas dos mercadinhos.


As casas fazem parte da paisagem do bairro. 07/12/2007
Dizem que o porto-alegrense – e o brasileiro em geral – não dá valor para o patrimônio histórico, o que não o impede de ir a Buenos Aires, Paris, San Francisco e se maravilhar com a beleza das ruas. Pode chamar de sentimentalismo, mas nós não pegamos um avião para ver prédios envidraçados. Não fazemos turismo em Austin, Texas. Para falar a verdade, a maioria de nós tem um conceito muito parecido do que é belo e aconchegante em termos urbanísticos, e eu posso dar um exemplo sem precisar sair do Moinhos de Vento: vocês já repararam na quantidade de gente posando para fotos na praça do Dmae? Noivos, grávidas, meninas de 15 anos. Eu gostaria de saber se essas pessoas aceitariam um prédio da Goldzstein como pano de fundo.

Moinhos Vive e MP estadual lutaram por dez anos pela preservação das casas. 28/6/2008
Como eu disse, muita coisa mudou nos últimos anos, e eu espero não estar sendo otimista demais. Um prédio de poucos andares foi construído na Dinarte Ribeiro, preservando, na frente, a casa que já ocupava o lote. O mesmo aconteceu na Dr. Vale, onde um hotel se instalou sem pôr abaixo duas construções maravilhosas que certamente estão na memória afetiva de muitos de nós.

Quando classificamos o Moinhos de Vento como um bairro “charmoso”, o que a publicidade, inclusive a do ramo imobiliário, parece fazer o tempo todo, nós estamos falando justamente dessas construções antigas. Usar o argumento de que o bairro é agradável e pitoresco, e, ao mesmo tempo, contribuir para a descaracterização irreversível desse lugar, vai muito além da contradição: é maldade e demonstra um profundo desrespeito com a memória da cidade.

Até quando destruiremos a memória da cidade? Local das casas em 28/6/2008
A demolição ainda não aconteceu, e resignar-se com a decisão judicial parece a pior das opções. Essa cidade é nossa. Ontem e hoje. Esperemos que a prefeitura e a incorporadora tenham um momento de lucidez.


Fotos: arquivo dos "Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho"

A notícia no Jornal do Comércio: 
Justiça autoriza demolição de casarões no Moinhos
Liminar favorável ao MP impedia projeto da Goldsztein há dez anos; para TJRS, prefeitura seguiu critérios técnicos ao não inventariar área

05 setembro 2013

Reunião com o secretário da SMAM

Novo secretário da SMAM recebe Amigos da Gonçalo de Carvalho e AGAPAN no dia 27 de agosto
Com a posse do novo secretário da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Claudio Dilda, decidimos tentar continuidade ao que foi tratado em 12 de setembro de 2012, quando fomos recebidos pelo supervisor da SMAM Francisco Mellos. Aquela reunião foi motivada pelo corte da árvore símbolo da luta pela preservação da Gonçalo de Carvalho, apresentamos algumas críticas e muitas sugestões. Apenas uma de nossas solicitações foi atendida prontamente, uma vistoria nas árvores da Rua Gonçalo de Carvalho, que ocorreu no dia 25 de setembro.

Corte de árvore na Gonçalo de Carvalho em 03 de setembro de 2012
Na ocasião, explicamos nossas preocupações pela falta de manejo e fiscalização com as árvores da cidade, não apenas na Gonçalo de Carvalho. Dissemos claramente que estava muito difícil contatar a SMAM e isso afastava os que sempre foram os grandes aliados da secretaria: os moradores da cidade. Por esse motivo pedimos que fosse criada uma "ouvidoria" na secretaria, pois assim como queremos preservar nossas árvores, também não queremos que galhos podres caiam em cima de pessoas, que galhos e troncos caiam por problemas que não são tratados pela secretaria, afinal ela é a responsável pelo manejo de nossas árvores.
Uma nova árvore foi plantada no mesmo local onde iniciaram
as manifestações em defesa das árvores em 2005.

A reunião (e posterior vistoria das árvores da Gonçalo de Carvalho) quase nada trouxeram de prático, não conseguimos manter o canal aberto com a secretaria, que aparentemente tratava as eventuais críticas como atos de "inimigos políticos". Esse era o tom da administração que foi afastada quando a Polícia Federal deflagrou a "Operação Concutare", inclusive com a prisão do então secretário.
Edi Fonseca, conselheira da AGAPAN, expondo a posição e lutas da AGAPAN em
  defesa das árvores ao supervisor Mellos na reunião do dia 12 de setembro de 2012.

Pelo que notamos nessa reunião de 27 de agosto o novo secretário, Claudio Dilda, pretende atuar de maneira diferente, Disse que pretende fazer gestão e que conta com as entidades ambientalistas e de moradores para fazer o melhor possível. Dilda, que assumiu em 28/5/2013, é uma pessoa ligada ao tema ambiental, já tendo passado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e FEPAM.
Participaram dessa reunião Cesar Cardia (Amigos da Gonçalo de Carvalho), Alfredo Gui Ferreira (novo presidente da AGAPAN), Ana Valls (integrante do Conselho Superior da AGAPAN), secretário Cláudio Dilda, chefe de gabinete Virgílio Renê Costa e Aline Czarnobay (da comunicação da SMAM).
Foi relatado ao secretário Dilda que seria a continuidade da tentativa de diálogo com a secretaria e quais foram os motivos e reivindicações feitas na primeira reunião, ano passado.

Reunião com o novo secretário da SMAM em 27 de agosto de 2013

Fomos informados que o Supervisor de área, Francisco Mellos, não ocupa mais aquelas funções, portanto os contatos que haviam sido feitos anteriormente devem ser com um novo supervisor de Praças, Parques e Jardins, Leo Bulling.

Cesar fez um breve histórico lembrando a Rua Gonçalo de Carvalho como uma referências em arborização, onde ainda temos que ficar atentos pois existe uma ameaça constante de retirada de árvores em Porto Alegre, não se sabe se por falta de orientação adequada para a fiscalização, por má intenção mesmo, ou ainda por falta de funcionários para fiscalização. Foi lembrada a Lei dos Túneis Verdes, de autoria do ex-vereador Beto Moesch, que protege as ruas com túneis verdes, tendo sido uma luta conseguir a aprovação desta Lei devido aos diferentes interesses que colocam em risco o verde na nossa cidade. Foram lembrados os últimos casos de agressão ou ameaça às árvores com corte rasteiro como as da área próxima ao Gasômetro, as da Rua Anita Garibaldi, também no bairro Menino Deus e muitas outras regiões.
Foi relatado ao secretário Dilda que os prédios em Porto Alegre têm sido intimados a retirarem as proteções dos canteiros nas calçadas, sob alegações de segurança no mínimo duvidosas. Isto tem ocasionado que muitas árvores nas calçadas estão ficando sem proteção das raízes o que vai ocasionar no passar do tempo que estas venham a cair. Foi sugerido que o secretário dê uma olhada na rua Fernandes Vieira, em frente ao Zaffari pois uma enorme árvore ficou com as raízes  expostas quando retiraram a proteção do canteiro. E este é apenas um dos exemplos citado pela Ana Valls, para conhecimento daquela secretaria. O chefe de gabinete anotou os dados e esperamos que realmente seja dado a devida importância ao fato.

Alfredo Gui Ferreira pediu mais fiscalização ao secretário Dilda.

O presidente da AGAPAN, Alfredo Gui Ferreira, falou sobre as preocupações que temos pois é preciso que haja mais fiscalização da SMAM com atuação nas situações de destruição das árvores, impedindo os cortes antes que aconteçam ou fazendo com que as compensações realmente sejam efetuadas e em áreas que possam ser conhecidas das comunidades. Relatou o fato lamentável ocorrido na antiga Rua das Nações, próximo da escola Ivo Corseuil, onde já haviam sido plantadas várias árvores pelas crianças da escola, num processo de compensação e recentemente uma obra arrasou com 200 árvores incluindo as plantadas pelas crianças. E dizem que o plantio compensatório deverá ser “difuso” ao que ficou para ser respondido que figura é esta e se existe nas normas da SMAM. Ana lembrou que na rua João Teles tem uma obra com placa identificando licenças, responsáveis, compensações, espécies e local de plantio. No entanto, na rua Vasco da Gama tem uma grande obra com placa que só identifica a construtora. Seriam dois pesos e duas medidas. Para alguns a fiscalização olha e para as obras maiores não?
O Secretário Dilda disse que ainda está tomando conhecimento de como tudo funciona na SMAM. Ficou muito contente com a reunião. Disse ainda que não quer trabalhar “apagando incêndio” e sim criando uma forma de gestão que se antecipe aos problemas. Espera poder contar com a participação das entidades para pensar como fazer isto de forma mais ágil. Ana lembrou que a Conferência Municipal de Meio Ambiente serviu para isto e que deve ser olhada nas suas propostas, embora os documentos resultado da mesma sejam difíceis de serem encontrados no site da SMAM.
Por fim, Cesar citou duas necessidades para que algumas coisas possam melhorar: que seja feito o manejo das árvores, pela SMAM, com cuidados que as mesmas precisam, como a retirada de galhos podres antes que caiam na cabeça das pessoas,  e que seja criada uma ouvidoria da SMAM para que se tenha agilidade nas denúncias, informações e reclamações.
Os funcionários da SMAM, presentes, anotaram os dados apresentados e esperamos que  tenham algum desdobramento positivo.

Cortes e queda
Infelizmente no sábado passado, 31 de agosto, já aconteceram fatos lastimáveis que havíamos alertado a secretaria que eram nossas preocupações.


Uma árvore já fora cortada na esquina das ruas João Telles com Henrique Dias. Essa árvore estava muito inclinada sobre a via, pois parte de suas raízes haviam sido cortadas quando foi arrumado o calçamento.

Na rua Pinheiro Machado tinha um grande Guapuruvu - 31/8/2013

Na tarde do sábado um grande guapuruvu estava sendo cortado no terreno que fica bem na esquina da rua Pinheiro Machado com Av. Independência. A equipe que estava fazendo o trabalho tinha autorização da SMAM mas, curiosamente disse que era uma terceirizada e estava lá por ordem da SMAM. Dentro de propriedades privadas a SMAM não pode mandar equipes para fazerem o trabalho, isso é por conta do proprietário. A pergunta que fica é a grande árvore apresentava riscos ou apenas valoriza a área para posterior construção de espigão?

Guapuruvu sendo cortado na rua Pinheiro Machado - 31/8/2013

Mais tarde aconteceu o fato lamentado por todos. Um grande eucalipto, com cerca de sete toneladas, caiu no Parque Farroupilha o que resultou em uma morte e ferimento em mais três pessoas.

Queda de eucalipto no Parque Farroupilha - Foto de Marcelo Sgarbossa (Facebook)
Queremos preservar as árvores de Porto Alegre, mas não queremos que elas caiam sobre as pessoas. Infelizmente o orçamento da SMAM deve ser o menor de todas as secretarias, departamento e empresas da prefeitura municipal. É fundamental o apoio e fiscalização da população para que não ocorram mais acidentes com árvores em nossa cidade, sem esquecer que o executivo deve ser pressionado para disponibilizar mais verbas para a secretaria que tem por objetivo cuidar de nosso Meio Ambiente.

Árvore com tronco apodrecido causa tragédia no Parque Farroupilha.
Foto de Naian Meneghetti