26 abril 2012

Tronco fossilizado de 200 milhões de anos

Tronco fóssil de 200 milhões de anos - Foto: Cesar Cardia

Texto do geólogo Pércio de Moraes Branco:


O tronco fóssil do Parque Farroupilha - um exemplo de descaso com o Patrimônio Geoturístico
Num dos maiores parques de Porto Alegre, há uma atração geológica que pouquíssima gente vê: um belo tronco de árvore fossilizado, exposto junto a um dos principais caminhos daquele parque.

Como a estrutura e a textura da madeira estão bem preservadas, apesar dos 200 milhões de anos de idade, e não há nada que identifique o fóssil, quem vê julga tratar-se do resto de uma árvore que morreu ali mesmo.

Tronco fóssil de 200 milhões de anos - Foto: Cesar Cardia

Inconformado com o descaso com que vinha sendo tratado o fóssil, uns dez anos atrás o autor sugeriu aos dois maiores jornais do Estado que fizessem uma reportagem sobre o assunto, mas nada foi publicado. Falou depois com um vereador; porém o tronco continuou solenemente ignorado.

Por volta de 2004, o Museu de Geologia, do qual o autor era coordenador, recebeu convite da Prefeitura para participar da Semana de Ciência e Tecnologia, que seria coordenada pela Secretaria Municipal da Indústria e Comércio (Smic). Na primeira reunião preparatória, a Smic pediu sugestões de atividades para o evento. Falou o autor então sobre o fóssil sem identificação e propôs uma parceria: o Museu criaria uma placa de identificação com o nome do fóssil, idade e outras informações, e a Prefeitura a confeccionaria. Na Semana de Ciência e Tecnologia, CPRM e Prefeitura fariam sua instalação. Orientado a entregar sua proposta ao engenheiro responsável pelo Parque Farroupilha, ele o fez, mas ela nunca mereceu resposta.

Dia 20.06.2011, o autor denunciou o descaso da administração municipal em seu blog (www.perciombranco.blogspot.com), mas sem esperança que a situação mudasse. O texto, porém, repercutiu muito, principalmente entre os geólogos, e uma jornalista enviou-o no dia seguinte à assessoria do prefeito, José Fortunati. No dia 22, um geólogo da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam), responsável pelo Parque Farroupilha, telefonou-lhe dizendo que seria criado um grupo de trabalho para decidir a melhor maneira de identificar o fóssil, para fazer sua limpeza e criar um painel mostrando o processo de fossilização. Em 3 de agosto, a verba para isso estava aprovada.

No dia 8, o autor voltou ao parque e durante 10 minutos observou o comportamento do público. Dos 150 primeiros adultos que por ali passaram, nenhum olhou para o tronco, confirmando que todos pensam ser aquilo uma árvore seca atual, e não de 200 milhões de anos.

Em 2.9.2011, um mês após aprovada a verba, o geólogo da Smam convidou o autor para uma reunião no parque. Estiveram presentes também outros dois funcionários daquela secretaria, um dos quais trabalha no parque há muitos anos. Com eles acertou-se como seria feita a identificação do fóssil e onde ficaria o painel descritivo. Na mesma reunião, removeu-se a sujeira do tronco (que era pouca).

Tronco fóssil de 200 milhões de anos - Foto: Cesar Cardia

Desde aquela data, com o tronco limpo, verba aprovada e projeto definido, passaram-se sete meses, durante os quais nada mudou. O fóssil permaneceu sem identificação, totalmente ignorado pelos porto-alegrenses.
Geól. Pércio de Moraes Branco
Gemologia - Mineralogia
Cursos - Palestras - Consultoria - Turismo Geológico
Porto Alegre, RS.

Blog: http://www.perciombranco.blogspot.com.br

Fotos: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Atualizando:
SMAM finalmente identifica o tronco de 200 milhões de anos
Finalmente identificado o tronco fóssil (junho 2012)

22 abril 2012

21 de abril em Porto Alegre

Temporal atrapalha o "Abraço ao Guaíba"
Em virtude da forte chuva que caiu na cidade logo após as 14h o programado “Abraço” foi extremamente prejudicado. Nova data será marcada para um novo “Abraço”, mesmo assim um ato simbólico aconteceu nas dependências da Usina do Gasômetro e quando a chuvarada deu uma folga os participantes que conseguiram chegar foram até a orla do Guaíba.

19 abril 2012

Abrace o Guaíba no dia 21 de abril

Durante Hanamatsuri em Porto Alegre, no próximo final de semana, acontece o "Abraço ao Guaíba"

Porto Alegre sedia, pela primeira vez, o Hanamatsuri, ou Festival das Flores. A comemoração ao nascimento de Siddharta Gautama, o Buda Shakyamuni, foi criada em 8 de abril de 566 A.C., e se espalhou pelo mundo. Neste ano, na capital gaúcha, o festival acontece dias 21 e 22 deste mês, na Usina do Gasômetro, e é realizado pelo Centro de Estudos Budistas Bodisatva e pelo Jisui Zendô Sanga Águas da Compaixão, com apoio da Associação Gaúcha de Proteção do Ambiente Natural (AGAPAN), Movimento de Cicloativistas, Massa Crítica, Clube Náutico Veleiros do Sul e Prefeitura.
Durante os dois dias de evento, entre 10h e 19h, várias atividades, com palestras sobre temas relacionados à educação pela paz, sustentabilidade e cuidados com o ambiente. A solenidade de abertura será no sábado (21/4), às 10h, no palco principal da Usina, com palestra da Monja Isshin, sobre “O simbolismo do Hanamatsuri na cultura japonesa e sua inserção na cultura do RS”, e com Lama Padma Samten, sobre “A vida de Buda”. À tarde, às 16h, está previsto o Abraço ao Guaíba, com expectativa de ampla participação de ambientalistas, movimentos sociais e comunitários, representantes de ONGs, estudantes, autoridades e público em geral. No domingo (22/4), Dia Mundial do Planeta Terra, também às 10h, acontece Cerimônia inter-religiosa de Cura do Meio Ambiente, com saída para um passeio ciclístico.
O presidente e o conselheiro da Agapan, Francisco Milanez e Celso Marques, farão um bate-papo no sábado (21), a partir das 15h, sobre a história do movimento ambiental no RS, a realização da Rio+20, as alterações propostas pelo novo Código Florestal, que deve ser votado pelo Congresso Nacional no próximo dia 24, e a história Tomada ou Subida da Chaminé do Gasômetro, em 1988, por ambientalistas da Agapan, contra a construção de prédios junto à Orla do Guaíba. Em seguida, acontece o "Abraço ao Guaíba".
Ambientalistas logo após colocarem a faixa de protesto na chaminé da Usina. 17 de agosto de 1988 - Foto: arquivo AGAPAN.

Para o Festival das Flores estão previstas apresentações de Taiko (tampores japoneses), oficinas de origami, ikebana e exposição e comercialização de artesanato, bonsais e pratos típicos orientais. Haverá ainda espaços de meditação, de curta com Shiatsu e de divulgação da cultura japonesa, tibetana, gaúcha, negra, indígena e andina.
Hanamatsuri significa “festa das flores” nome dado por causa da história do nascimento de Buda. Conta-se que logo após nascer, o pequeno Buda deu sete passos para cada uma das quatro direções (norte, sul, leste e oeste) e, apontando para o céu disse “Neste Universo, Eu vim para purificar as mentes confusas de todos os seres”. Enquanto caminhava, flores de lótus brotavam da terra tocada por seus pés.
A programação pode ser conferida nos sites cebb.org.br e aguasdacompaixao.wordpress.com
Informações:
Assessoria de Imprensa da Agapan/RS
Jornalista Adriane Bertoglio Rodrigues


O "Abraço ao Guaíba" de 1988:

16 abril 2012

Dia Nacional da Conservação do Solo



DIA NACIONAL DA CONSERVAÇÃO DO SOLO
“O homem branco deve ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avôs”.
Para que respeitem a terra, deve ensinar a seus filhos que a terra foi enriquecida com a vida de nossos antepassados, que ela é nossa mãe. Tudo aquilo que acontecer a terra, acontecerá também aos filhos dela. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo neles mesmos. Sabemos que a terra não pertence aos homens.
O homem, sim, é que pertence a terra.”
Trecho da declaração do cacique Seattle ao presidente dos Estados Unidos, em 1854.

Esta data especial foi instituída pela Lei Nº 7.876/89, em homenagem ao nascimento do americano Hugh Hammond Bennet (1881-1960), estudioso da conservação do solo.
A data não é conhecida pela maioria das pessoas; isso porque não há uma popularização deste evento que é muito significativo, uma vez que esse recurso natural, entre outros, é de fundamental importância para nossas vidas, assim como é para os demais seres vivos que constituem os ecossistemas de nosso planeta. Hoje, há uma grande preocupação por parte dos governos e da sociedade pelo crescimento da população, escassez de recursos, mas pouco se tem feito para a conservação dos solos e devemos salientar que as atividades como agricultura e pecuária, que sustentam a sociedade em alimentos, têm como base esse recurso.
Dia Nacional da Conservação do Solo foi instituído no Brasil para servir de alerta à sociedade para a necessidade de preservar um dos principais patrimônios nacionais que esta sendo degradado.
Dia de aprender um pouco sobre o chão em que pisamos, construímos nossa casa e retiramos nossos alimentos, bem como pensar em formas de preservá-lo.
       Conceitualmente o solo é um corpo natural, ocupando porções na superfície terrestre, suportando plantas e edificações e que apresentam propriedades resultantes da atuação integrada do clima e dos organismos atuando sobre o material de origem, condicionado pelo relevo durante um período de tempo. Está em constante evolução e alteração. Esta natureza dinâmica e evolucionária está englobada na definição do solo, como sendo, material mineral inconsolidado na superfície da terra que tem estado sujeito e influenciado por fatores ambientais e genéticos, tais como: clima, material de origem, macro e microrganismos e topografia. Todos estes fatores atuam no tempo e produzem um produto chamado solo que difere do material originário em muitas propriedades e características físicas, químicas e biológicas.

       O solo agrícola é todo o solo que tenha aptidão para utilização agrossilvipastoril não localizado em área de preservação permanente;

      Os solos são um dos mais importantes recursos do meio ambiente, uma entidade viva, e não apenas um substrato no qual as plantas crescem. O solo é um recurso natural não renovável formado lentamente, mas que pode ser perdido rapidamente. A degradação da terra é um grave problema ambiental. O uso indiscriminado das terras na agricultura, sem levar em conta suas propriedades físicas, químicas e microbiológicas, é uma das principais causas da degradação do solo. Além disso, o desconhecimento do clima onde a propriedade rural está inserida piora essa situação.

Várias são as funções do solo, a principal talvez seja a de servir como recurso propício ao desenvolvimento de atividades produtoras de alimentos, frutos, legumes, cereais, folhas, etc. Na agricultura se perpetua a vida do homem, o solo lhe dá o alimento e o sustento do dia-a-dia, o pão, a bebida, o vinho, até o leite, pois os rebanhos que produzem o leite se alimentam de rações ou pastagens que se desenvolvem no solo. Poderíamos enumerar outros exemplos como arroz, soja, feijão, milho, tantos que poderíamos preencher algumas páginas. E muita coisa vem do solo.
Desde tempos remotos o homem, com a fixação dos grupos humanos organizados e o surgimento das grandes civilizações, utiliza os solos com a agricultura. O solo, comumente chamado de terra, chamado também de chão, e muitas vezes dito como lugar, no sentido de terra natal, constitui tudo isso e muito mais, significando ainda a possibilidade de prolongamento da vida. No antigo testamento ele é a matéria para a vida, pois como está escrito Adão foi criado do pó da terra, tendo Deus soprado nas narinas do primeiro homem para lhe tornar um ser vivo.
Quando olhamos para o passado podemos perceber exemplos de grande impacto no uso dos solos. O uso de tecnologias “novas” também causa degradação de recursos naturais como o solo, gerando o declínio das antigas civilizações. Um exemplo comumente usado é o da Mesopotâmia, situada entre os rios Tigre e o Eufrates, hoje e o Iraque, onde há cerca de 5.000 anos atrás, desenvolveu-se a civilização Persa, a qual dominou técnicas de irrigação e desenvolveu a agricultura. Documentos dão testemunho de que a utilização mal planejada da água trouxe degradação dos solos e das condições ambientais, tendo como resultado a sanilização e erosão, tornando a região árida. Hoje, ela continua na mesma situação de aridez e pouco produtiva.
Os grandes vilões do solo são a destruição da cobertura vegetal, desmatamento, queimadas; o esgotamento, causado pela interrupção constante do processo natural de reciclagem dos nutrientes; e a contaminação (fertilizantes, agrotóxicos, lixo e resíduos industriais).
      No Brasil a grande maioria dos solos está sofrendo algum tipo de degradação. Ações como cultivos intensos e contínuos, queimadas indiscriminadas, desmatamentos, urbanização sem planejamento, áreas de terra desnudas e abandonadas estão livres para os agentes naturais como o vento e a água, e assim, favorecendo a degradação desses solos.

      O chamado processo de arenização, ou seja, a transformação de um solo muito arenoso com uma cobertura vegetal fraca, em uma área com areia sem nenhuma ou quase nenhuma cobertura vegetal, pode ocorrer em poucos anos, dependendo da intensidade com que manejos inadequados de agricultura ou pecuária são conduzidos sobre estas áreas.

      Na região da campanha gaúcha esse processo se acentua devido os solos da região serem altamente arenosos, ter baixa coesão entre partículas, baixa fertilidade natural e uma vegetação rala e esparsa fazendo a região sudoeste gaúcha apresentar solos com altas taxas de erosão hídrica e eólica, deixando estes entre os mais suscetíveis à degradação, chegando a apresentar peculiaridade de deserto com vastas áreas com quase nenhuma vegetação.

       Embora algumas destas áreas sejam conhecidas há muito tempo, e sem interferência conhecida, a maioria delas sofreu intensa atividade humana com manejos inadequados que propiciaram uma degradação severa em áreas ainda sem processo de arenização, com isso os areais se expandiram e atingiram grandes extensões.

       A região de ocorrência dos solos que apresentam areais está localizada no sudoeste do Rio Grande do Sul, em direção oeste até a fronteira com a Argentina e Uruguai. A degradação do solo nesta região se manifesta com vastas áreas apresentando a forma de areais. Estes areais ocupam uma larga faixa onde se localizam os municípios de Alegrete, Cacequi, Itaquí, Maçambará, Manuel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, São Borja, São Francisco de Assis e Unistalda.

No dia da conservação deste relevante recurso natural, chama-nos atenção à situação do Bioma Campos Sulinos ou Pampa. Grande parte deste ecossistema está coberta predominantemente de gramíneas, compostas e leguminosas, com porte e densidade suficiente para proteger os solos, isso porque as áreas remanescentes são poucas e grande parte foi degradada e incorporada aos cultivos ou pastagens. Com a redução da cobertura vegetal o solo fica sujeito à erosão, pelas chuvas, pelos ventos e, assim, o capital natural que representa é perdido e levado pelos rios, sangas e riachos no período chuvoso, causando voçorocas e conseqüentemente o assoreamento, isso também porque as práticas desenvolvidas na agricultura são ainda muito danosas ao recurso.
A conservação do Pampa requer melhores práticas de uso de seus recursos, principalmente dos solos, ou mesmo a redução na intensidade do uso atual em áreas impróprias, pois a degradação vem ocorrendo ao longo de séculos. Manter a sustentabilidade dos Campos Sulinos significa que seu uso deve ser planejado, para que sejam utilizadas as áreas propícias ou aptas para esse fim e permitir a possibilidade de regeneração dos recursos naturais. Ou seja, os órgãos competentes da alçada municipal, estadual e federal devem fazer campanhas de conservação dos solos, de florestamento, além da conscientização para evitar queimadas, reduzir os processos erosivos e, assim, lutar contra a arenização. Além disso, há necessidade de tornar efetivas as unidades de conservação já existentes no bioma, além da criação de outras que tenham como função conservar paisagens representativas dos diferentes tipos de campo.
Atualmente o Pampa esta entre os biomas brasileiros mais degradados, perdendo para a Mata Atlântica. Isso significa que a cada dia os solos do Pampa perdem suas condições de sustentar nossa sociedade; a atual degradação em curso não pode mais continuar, é necessário que se tomem providências para a convivência harmônica com as possibilidades que os recursos naturais podem fornecer. Assim, é responsabilidade de todos nós de zelar pelo patrimônio natural que representa o solo nosso de cada dia.
Agentes como o vento, o sol e a chuva vão desgastando a rocha e a transformando em um material mais macio. Com o passar do tempo, esse material é misturado a restos de vegetais e de animais mortos, sempre em contato com a água e o ar, e forma o solo, que é a terra na qual crescem as plantas.
O solo tem camadas formadas por vários elementos, mas ele não é igual em todos os lugares. Basta observar que cada região do país produz determinados alimentos em vez de outros. Isto ocorre porque cada tipo de solo é adequado para a sobrevivência determinadas plantas e impróprio para outras.
O homem tem criado técnicas, equipamentos e produtos químicos para aumentar a produtividade dos solos, mas muitas vezes sem se preocupar com os danos que isso pode causar. Por outro lado, os desmatamentos, as queimadas, o esgoto e a poluição em geral também têm agredido a terra. Sabemos que tudo isso deve ser evitado. O importante é pensarmos em como ajudar. Componente fundamental do ecossistema terrestre, o solo é um sistema dinâmico e complexo. Sua formação, resultante de centenas de milhares de anos, deve-se à interação entre elementos bióticos, bactérias e algas e abióticos, chuva, gelo, vento e temperatura.
Do solo fértil e equilibrado dependem a produção de alimentos, a sobrevivência de inúmeras espécies vegetais e animais, o ciclo da água, a matéria-prima ou substrato para obras civis, casas, indústrias, estradas e até a qualidade do ar.
      É crescente a preocupação com as questões ambientais e sua relação com a qualidade de vida no planeta, impondo, a cada dia, barreiras mais rígidas ao comércio de produtos e serviços para as diferentes cadeias produtivas. Dentro dessa perspectiva, é fundamental reconhecer e assumir que “a conservação dos recursos naturais é uma corresponsabilidade de todos os setores da sociedade, passado, presente e futuro, na proporção em que consomem produtos originados desses recursos”.

      Em algumas regiões do país, a erosão vem causando significativos prejuízos econômicos, sociais e ambientais. Algumas das consequências do mau uso e manejo do solo podem ser identificadas pela poluição e assoreamento dos cursos d’água e represas, perda de nutrientes e de matéria orgânica, enchentes avassaladoras que, a cada ano, afetam milhares de pessoas, entre outras.

      Os recursos naturais ainda disponíveis no planeta Terra são suficientes para garantir uma forma de vida adequada para todos, mas para isso é necessária à adoção de medidas de recuperação, compensação e conservação dos recursos existentes. A humanidade tem em suas mãos o destino do planeta, cabe a ela decidir os rumos a serem tomados, mas uma certeza existe “se continuar como está estaremos sujeitos ao fim”, precisamos fazer a nossa parte e tentar viabilizar a conscientização sobre a importância da conservação e recuperação dos recursos naturais existentes e oferecer formas alternativas e sustentáveis de manejo.

Por tudo isso é essencial evitarmos a degradação do solo, por meio de práticas como a rotação de culturas, adubação orgânica, drenagem, aragem, irrigação e manejo.
A política de uso racional do solo constitui-se no conjunto de objetivos, normas, procedimentos e ações encetadas pelo poder público, visando à manutenção e à melhoria do potencial produtivo do solo agrícola.
      O solo agrícola é um recurso natural, parte integrante do patrimônio ambiental estadual e bem de interesse comum a todos os cidadãos, devendo sua utilização sob qualquer forma, ser submetida às limitações que a legislação geral, e especialmente esta lei, estabelecem.

       A utilização do solo no meio rural, para quaisquer fins, deve ser através da adoção de práticas, técnicas, processos e métodos que visem a sua proteção, conservação, melhoria e recuperação, observadas as características geo-morfológicas, físicas, químicas, biológicas, ambientais, a capacidade e a aptidão de uso e as suas funções socioeconômicas.

      Devemos no mínimo observar, a aptidão agrícola para uso da terra que é a adaptabilidade do solo para um tipo específico de utilização agrossilvopastoril, segundo a avaliação das suas potencialidades e limitações, pressupondo-se a adoção de um ou mais distintos níveis de manejo, considerando o contexto socioeconômico; a      capacidade de uso da terra que é a adaptabilidade de um terreno para fins agrossilvopastoris, sem degradação, por um longo período de tempo, segundo a avaliação de suas potencialidades e limitações, especialmente quanto à declividade, pressupondo-se a aplicação de um nível de manejo tecnológico desenvolvido; a conservação do solo que é o conjunto de ações que visam à manutenção de suas características físicas, químicas e biológicas, e conseqüentemente, à sua capacidade produtiva continuada.

      A perda do equilíbrio das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo com redução significativa ou perda da produtividade biológica ou econômica em decorrência da utilização da terra por um processo ou uma combinação de processos, incluídos os resultantes de atividades humana, causadas por efeito físico, erosão hídrica ou eólica, compactação e outras formas de alteração da estrutura do solo ou por efeito químico, acidificação, salinização, poluição, associadas ou não à deterioração das condições hidrológicas de superfície devido à perda da cobertura vegetal ou das condições geohidrológicas (águas subterrâneas).

      No uso adequado do solo agrícola de ser sempre observada, a adoção de um conjunto de práticas, técnicas e procedimentos que, de acordo com a sua capacidade de uso e aptidão agrícola, contribuem para a recuperação, conservação e melhoramento do solo agrícola, atendendo a função sócio-econômica e ambiental de estabelecimentos rurais;

     As terras agrícolas, em geral, estão compartimentadas de formas diferentes, com vários tipos de solos e cada tipo apresentando características e vocações próprias, necessitando para serem utilizados, de um estudo ou levantamento sobre a capacidade potencial e de uso dos mesmos, adequando os modelos de explorações às suas exigências naturais e adotando medidas de manejo, conforme o tipo de solo, para dar sustentabilidade a essas explorações sem causar nenhum prejuízo aos recursos naturais.

     A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação recomenda atenção para as técnicas que tornam a produção sustentável e eficiente, modernizam as instituições e as políticas nacionais. Ações coordenadas de instituições bem preparadas poderão responder os desafios da gestão dos solos e da água.

     Um novo paradigma da agricultura:

     O desafio: Para alimentar uma população mundial crescente, não temos opção senão intensificar a produção agrícola. Mas os agricultores enfrentam restrições sem precedentes. Para crescer, a agricultura deve aprender a economizar.
     Sistemas agrícolas: Intensificação da produção de culturas será construída em sistemas agrícolas que oferecem uma gama de produtividade, sócio-econômicos e ambientais benefícios aos produtores e à sociedade em geral.

     A saúde do solo: Agricultura deve, literalmente, voltar às suas raízes redescobrindo a importância do solo saudável, com base em fontes naturais de nutrição de plantas, e usando adubo mineral sabiamente.

     Culturas e variedades: Os agricultores necessitam de um conjunto geneticamente diverso de variedades melhoradas que são adequados para uma variedade de ecossistemas agrícolas e as práticas agrícolas, e resistentes à mudança climática.

     A gestão da água: Intensificação sustentável requer tecnologias mais inteligentes de precisão, para a irrigação e as práticas agrícolas que usam enfoques ecossistêmicos para conservar a água.

     Fitofarmacêutico: Os pesticidas matam as pragas, mas também inimigos naturais dos parasitas, e seu uso excessivo, podem prejudicar agricultores, consumidores eo meio ambiente. A primeira linha de defesa é um saudável ecossistema agrícola.

     Políticas e instituições: Para incentivar os pequenos agricultores a adotar intensificação da produção sustentável de culturas, são necessárias mudanças fundamentais nas políticas de desenvolvimento agrícola e instituições.

O Dia da Conservação do solo é uma advertência a ser lembrada diariamente para os que derrubam os remanescentes florestais e usam de outras práticas de agressão ao solo, conscientes ou inconscientemente. 

“Protegerás o solo e o delegarás sadio às gerações futuras”.
Recebido por e-mail de Julio Cesar Rech Anhaia – Eng.º Agrº - 15 de Abril de 2012

11 abril 2012

Alerta de Fritjof Capra


Para Fritjof Capra, o que fazemos contra a natureza fazemos a nós mesmos, uma vez que todos fazem parte de um único sistema.

Fritjof Capra - Foto: Agência FIEP
Doutor em Física, cientista, ambientalista, educador e ativista: este é Fritjof Capra, austríaco que escreveu O Tao da Física, O Ponto de Mutação, A Teia da Vida, As Conexões Ocultas, dentre outros livros que abordam temas relacionados à ecologia e sustentabilidade, reconhecendo esta última como sendo a conseqüência de um padrão complexo que envolve a interdependência, reciclagem, parceria, flexibilidade e diversidade.

Capra defende que as sociedades urbanas, assim como os ecossistemas – ambos sistemas vivos que contém os mesmos princípios de organização - podem alcançar a sustentabilidade. Ele pontua que em qualquer sistema vivo há relações de interdependência entre seus componentes, de cooperação generalizada, de reciclagem da matéria, tendendo sempre ao equilíbrio, mas que, no entanto, nossa economia e nosso sistema industrial são lineares. Assim, para reverter este quadro, ele acredita que deve haver uma mudança de paradigmas, concebendo o mundo como um todo integrado, um conjunto de sistemas interconectados, e não como uma coleção de partes dissociadas.

Capra defende a agricultura orgânica; o uso de partículas de hidrogênio como combustível, em detrimento dos de origem fóssil; o eco-design; a mudança do nosso sistema de impostos, fazendo com que estes sejam proporcionais ao gasto de energia e matéria prima; a educação de qualidade; e o uso da internet como ponte para mobilização e informação.

Ele frisa que as ONGs têm papel essencial, uma vez que podem agir local e virtualmente – e aqui temos o exemplo do relatório confeccionado no Fórum Social de Porto Alegre, o “Alternativas à Globalização Econômica: Um Mundo Melhor é Possível”, que impulsionou o desenvolvimento do Programa de Alfabetização Ecológica, parceria do Ministério da Educação com o Ministério do Meio Ambiente, adotado pelas escolas da rede municipal do Paraná e considerado pela ONU como uma das 60 melhores práticas do mundo nas áreas de educação e cidadania.

Sobre nosso país, Capra diz que este tipo de modelo deve ser seguido e que precisamos, ainda, investir na energia solar e desenvolver técnicas agrícolas que respeitem a saúde do solo, como as rotações de cultura e agroecologia. Para ele, estas últimas medidas, empregando muitas pessoas em pequenas propriedades, resolveriam problemas relacionados ao êxodo rural.

Por Mariana Araguaia
Equipe Brasil Escola

07 abril 2012

Os impactos das alterações no Código Florestal Brasileiro


Terça Ecológica debate impactos do Código Florestal nas cidades
Evento será realizado na Fabico da UFRGS na terça-feira, às 19h, tendo o vereador Beto Moesh como debatedor.
Promovida mensalmente pelo Núcleo de Ecojornalistas do RS (NEJ/RS), a primeira edição da Terça Ecológica neste ano, no dia 10 de abril, às 19 horas, tratará do tema “As mudanças no Código Florestal Brasileiro e os impactos nas cidades”. O convidado para debater o tema, no auditório 1 da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da UFRGS, em Porto Alegre, será o advogado e ambientalista Beto Moesch, que também é vereador na capital gaúcha. Ele abordará as alterações propostas ao Código Florestal e os impactos ambientais decorrentes delas. Alterações estas que já estão sendo postas em prática, como é o caso dos plantios de monoculturas em topos de morros no Estado. O evento é aberto ao público. 

Vereador Beto Moesch no "AGAPAN Debate" de setembro de 2009 - Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Mesmo com o texto do novo Código Florestal em tramitação no Congresso Nacional e sob a ameaça de ter a votação adiada para depois da Rio+20 – a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável -, em junho, o Legislativo ainda busca um consenso sobre a matéria. Um item da proposta, por exemplo, prevê que o produtor possa tirar 20 metros cúbicos [de madeira] por hectare ao ano para seu consumo. Em algumas regiões do Rio Grande do Sul, que vêm sofrendo constantemente com a estiagem, os produtores retêm a água dos rios próximos.

Também tramita na Câmara o Projeto de Lei 3371/12, de autoria do deputado Alceu Moreira (PMDB-RS), que estabelece que, a partir da sanção da nova lei, ela poderá ser revista a cada cinco anos. O relator do projeto de novo Código Florestal (PL 1876/99) na Câmara Federal, deputado Paulo Piau (PMDB-MG), afirmou que vai acatar quase integralmente a versão aprovada no Senado. No entanto, o texto não inclui os dois pontos que permanecem polêmicos – recuperação de área de preservação permanente (APP) de margem de rios e a previsão de áreas verdes urbanas. O substitutivo promove 28 alterações no texto, a maioria pontuais.

Recomposição de APPs

Embora ressalte que as negociações sobre os pontos discordantes continuam, Piau se diz favorável à redação do Senado para a reconstituição de APPs de margens de rios. Pelo texto da Casa revisora, para cursos d’água de até dez metros de largura, deve ser recomposta uma faixa de 15 metros de vegetação. Para rios maiores, a área deverá ter entre 30 e 100 metros. A versão da Câmara prevê apenas que para rios de até 10 metros de leito a recomposição deverá ser de 15 metros. Rios maiores teriam as faixas definidas nos planos de regularização ambiental, a serem criados pela União e pelos estados. Os representantes dos produtores rurais defendem a manutenção deste texto.

Nenhuma das versões, entretanto, agrada a ambientalistas e a cientistas. Em carta aberta da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), representantes de instituições acadêmicas e de pesquisa afirmaram que “todas as APPs de margens de cursos d’água devem ser preservadas e, quando degradadas, restauradas integralmente”.

As determinações valeriam para as áreas ocupadas irregularmente até 22 de julho de 2008. Para novos desmatamentos, as regras continuariam as mesmas para APPs de cursos d’água – entre 30 e 500 metros. As duas versões aprovadas, no entanto, permitem aos proprietários rurais somar as APPs no cômputo da reserva legal – que permanece em 80% da propriedade na Amazônia, 35% no cerrado, e 20% nos demais biomas. Os especialistas afirmam que a medida, além de reduzir a vegetação protegida, vai comprometer principalmente a função da reserva legal, de conservar a vegetação nativa e formar corredores ecológicos – locais de trânsito de animais.

Os dois substitutivos também alteraram o local de início da medição das APPs de margens de rios, que deverá começar no leito regular. Hoje inicia-se a contagem pelo nível mais alto da água, nas cheias. Segundo a pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Maria Tereza Piedade, esta alteração deixará “as florestas alagáveis desprotegidas, o que representa 1,5 milhão de km2”.

No substitutivo do Senado também foi incluída a previsão de área verde nas expansões urbanas, que deverão reservar 20 metros de vegetação para cada habitante. Ambientalistas e cientistas também consideram a medida questionável, pois não define a localização das áreas verdes. Para eles, o mais importante é proteger margens de cursos d’água e encostas com risco de desabamento.Confira as principais alterações no texto aprovado pelo Senado.

Fonte: EcoAgência, com informações da Agência Câmara de Notícias

04 abril 2012

Norman Foster, prêmio Pritzker de Arquitetura, fala sobre as cidades

Sir Norman Foster
Sobre o Prêmio Pritzker
O Pritzker é a principal láurea na área de arquitetura. Alguns ganhadores podem ser contestados, mas é uma parte ínfima deles. Contudo, os grandes arquitetos contemporâneos foram premiados - Johnson, Stirling, Tange, Niemeyer, Ando, Foster, Piano, Rogers, Moneo, Siza, Rossi, Portzamparc e tantos outros. O prêmio também tem feito uma salutar alternância entre arquitetos inovadores e com grande presença na mídia, como Koolhaas, Herzog & De Meuron e Hadid, com arquitetos de inserção regional, caso de Hollein, Mendes da Rocha e Glenn Murcutt, cuja premiação os catapultou para o star system. O prêmio é tão justo que é improvável que Perrault seja esquecido como foi Borges, que faleceu sem ganhar o Nobel da literatura. 

Abílio Guerra, arquiteto e editor do portal Vitruvius
Fonte: Revista aU


Recebido por e-mail:
"Prêmio Nobel" de Arquitetura fala sobre cidades!

Trechos da entrevista do arquiteto inglês Norman Foster, prêmio Pritzker, o Nobel da Arquitetura. (Caderno EU – Valor, 30)

1. Projetos urbanos devem ser holísticos e contemplar, como um todo, os sistemas de transporte e de infraestrutura, o abastecimento de energia, os espaços públicos, a densidade urbana e a inserção adequada dos edifícios nas cidades.

2. Deve existir um planejamento a longo prazo, mesmo porque contratos de curto prazo com a iniciativa privada podem impedir essa visão mais ampla e integrada do processo de desenvolvimento urbano.

3. No Rio, áreas de favelas são predominantemente formadas por prédios baixos e ruas estreitas, com pouco acesso. Para melhorar a qualidade de vida nestes lugares, é preciso valorizar os pontos fortes das comunidades locais, enaltecendo, por exemplo, as escolas de samba e suas tradições carnavalescas. Até porque, projetos que não refletem a forma como as pessoas vivem não têm sucesso no longo prazo.

4. Desenvolvemos um estudo para a favela de Dharavi, em Mumbai, uma das maiores favelas do mundo. Nossa proposta foi melhorar o acesso, o saneamento básico e distribuição de energia. Com isso, conseguimos proporcionar novas linhas de transportes públicos e abrir vias maiores para os pedestres, criando mais parques e áreas para convivência pública.

5. Nossas propostas enfatizaram a importância da regeneração da comunidade de dentro para fora, em vez de simplesmente passar um rolo compressor sobre as favelas.