Os agrotóxicos, todos os dias matam homens, mulheres, crianças, pelas mãos invisíveis dos assassinos silenciosos fabricados pelas multinacionais dos agroquímicos
Herbicidas - charge de Latuff
O termo agrotóxico não é utilizado pelo setor empresarial que faz questão de denominar os biocidas de “defensivos agrícolas”. Essa palavra está carregada de intencionalidade de marketing, cujo objetivo é convencer os agricultores de que esses produtos atuam somente para impedir a ação de organismos que poderiam causar prejuízos econômicos, ocultando os riscos inerentes a essas substâncias para o meio ambiente e para a saúde humana. Sob essa denominação, a nova tecnologia é “ensinada” nas faculdades de agronomia, veterinária, biologia, zootecnia e nas escolas técnicas agrícolas com forte patrocínio das empresas químicas, constituindo um corpo ideológico de interesse de mercado.
Outros termos empregados são: pesticida, que vem da tradução da palavra do inglês pesticide, e praguicida. Ambos exprimem a idéia equivocada do efeito biocida apenas nos agentes patógenos indesejáveis e ocultam o lado dos riscos negativos para a saúde e o ambiente. Aludem a um efeito seletivo, que não é real, como se houvesse controle do alvo a que se destina o produto, quando na verdade podem agir também em outros organismos vivos, incluindo o ser humano, e produzir efeitos não desejados. A palavra “biocidas”, bem menos utilizada, significa “matar a vida” e seria a melhor denominação para essas substâncias, uma vez que este é de fato sua função e para tal são produzidos.
Tanto no campo quanto nas cidades, os agrotóxicos são comumente chamados de “veneno” ou “remédio”. O termo “veneno” é atribuído a esses compostos, pelos próprios trabalhadores rurais, que durante anos vêm observando efeitos nocivos dos biocidas a saúde humana e animal. Já “remédio” é o termo utilizado por vendedores e técnicos ligados à indústria química, na tentativa de passar a idéia que os agrotóxicos são “remédio para a planta”.
Brasil - o maior consumidor de venenos agrícolas do mundo
O modelo agrícola adotado no Brasil, especialmente para as monoculturas, desde a Revolução Verde e a Modernização Agrária instituída na década de 60, reúne as seguintes características: mecanização; práticas agrícolas químico-dependentes; irrigação e concentração de terras.
Geralmente, quando se pensa em agrotóxico a primeira associação feita é com seu uso na agricultura. Porém vale ressaltar sua crescente utilização nas áreas urbanas, principalmente os inseticidas domésticos adquiridos em supermercados, que possuem uma grande diversidade de produtos, princípios ativos e marcas, bem como os utilizados pela saúde pública.
A utilização de biocidas de maneira indiscriminada causa também a destruição dos agroecossistemas formados pela complexa interação entre parasita e predador, colheita, animais de pastos e o homem, uma vez que a eliminação de alguns elementos dessa cadeia, considerados “controles naturais de pragas”, pode levar a um considerável aumento desses parasitas em determinadas regiões. Isso ocorre porque ao se utilizar agrotóxicos pode haver a destruição dos “controles naturais” e resistência de parasitas. Por conta disso utilizam-se agrotóxicos com outros princípios ativos, que podem causar a destruição de outros “controles naturais” e nova resistência, entrando assim num “ciclo vicioso”.
O uso descontrolado dos agrotóxicos leva a uma expansão dos riscos, fazendo com que as populações não diretamente vinculadas com a cadeia produtiva dessas substâncias também se exponham em função da contaminação ambiental e dos alimentos, tornando a problemática dos agrotóxicos uma questão ainda mais grave de saúde pública. Os usos dos agrotóxicos são um problema de dimensões alarmantes, uma vez que comprometem não só a saúde, mas também o ambiente. Na Austrália, por exemplo, a redução da biodiversidade, causada pelo uso de agrotóxicos, pode ser avaliada pelo decréscimo das populações de anfíbios. Nesse país há um dito popular: “Choro dos sapos se calou com a chegada dos agrotóxicos”.
A capina química é uma prática que vem crescendo de forma acelerada e é muito utilizada no controle de plantas daninhas e na questão de limpeza em áreas urbanas, porém de forma irregular como preconiza a ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária). Pela questão de tempo e condicionamento físico dos trabalhadores que utilizam esta prática, ela vem ganhando cada vez mais espaço na hora de decidir qual melhor forma de fazer a limpeza de uma área. Enquanto que na capina mecânica uma área que era devastada em horas ou dias na capina química esse período de tempo diminui consideravelmente. Na maioria das vezes essa prática é feita de forma desordenada por trabalhadores que não tem o mínimo de cuidado na hora do preparo e nem uma preocupação com a questão de sua própria segurança na atividade em que ele está realizando. Esta prática resume-se na aplicação de herbicidas na área em que se pretende fazer o controle das plantas indesejáveis
Nos municípios existem trabalhadores informais que são contratados para cuidarem das aplicações de herbicidas nas residências, por não serem supervisionados, estes trabalhadores agem de forma clandestina e irresponsável, colocando em risco a saúde das populações, bem como a integridade da flora e da fauna
Você sabe o que tem no seu alimento?
A percepção dos riscos inevitáveis que podem ocorrer com o mal uso de herbicidas para eliminação das ervas invasoras é fundamental para a consciência popular. Não há nenhuma fiscalização por parte do poder público no sentido de combater essa prática predatória e devastadora que pode não só extirpar a flora e fauna de determinadas áreas como também a interferir na saúde da população.
A Lei 6.288/02 aprovada pela câmara dos deputados em 12/08/2009 proíbe capina química em área urbana. A partir de 15/01/2010, a ANVISA também proíbe a aplicação de herbicidas em área urbana.
PORTARIA nº 16/1994. Art. 1º - O uso de herbicidas para a capina e limpeza de ruas, calçadas, terrenos baldios, margens de arroios e valas fica expressamente proibido em todo o território do Rio Grande do Sul.
Querem aprovar uma lei que permite depósitos de venenos ao lado de residências no RS
A ANVISA levantou dados junto às áreas técnicas da Agência, a diversos segmentos da sociedade, e de outros órgãos do SUS para verificar a veracidade do alerta de uso indevido de agrotóxicos em zona urbana, e evidenciou-se que a regulamentação dessa prática não se revelava o melhor caminho na busca da proteção e da defesa da saúde da população brasileira. Em qualquer área tratada com produto agrotóxico é necessário isolamento completo do local por no mínimo 24h, para impedir que pessoas entrem em contado com o agrotóxico aplicado. Segundo a ANVISA, em ambientes urbanos, este período de isolamento é impraticável, pois não há meios de assegurar que toda a população seja adequadamente avisada sobre os riscos que corre ao penetrar em um ambiente com agrotóxicos, “cabe ressaltar que crianças, em particular, são mais sujeitas às intoxicações em razão do seu baixo peso e hábitos, como o uso de espaços públicos para brincar, contato com o solo e poças de água como diversão”, ressalta.
A Agência destaca que cães, gatos, cavalos, pássaros e outros animais podem ser intoxicados tanto pela ingestão de água contaminada como pelo consumo de capim, sementes e alimentos espalhados nas ruas, onde se lança os agrotóxicos.
A ANVISA informa que há no mercado produtos agrotóxicos registrados pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) identificados pela sigla “NA” como agrotóxicos de uso Não-Agrícola. “Estes produtos registrados pelo IBAMA apenas podem ser aplicados em florestas nativas, em ambientes hídricos (quando assim constar no rótulo) e outros ecossistemas (além de vias férreas e sob linhas de transmissão)”, destaca. Dessa forma, a prática da capina química em área urbana não está autorizada pela ANVISA ou por qualquer outro órgão, “não havendo nenhum produto agrotóxico registrado para tal finalidade”, conclui.
Organismos geneticamente modificados usam ainda MAIS venenos
A falta de uma política efetiva de fiscalização, no acompanhamento técnico e no controle de agrotóxicos na região, que é integrada no mercado globalizado, revela que o parâmetro que interessa aos tomadores de decisão é apenas o da produção. A saúde e o ambiente estão longe de uma atenção adequada.
Como podemos educar as nossas crianças para um modo de vida sustentável que contemple entre outras coisas: alimentação orgânica, uso racional da água, consumo consciente, coleta seletiva, etc.; se de forma indireta, colocamos esses indivíduos em contato com produtos que irão lentamente se acumular nos seus corpos e um dia, talvez não muito distante, irá lhes causar sérios danos à saúde? Aquela velha figura do jardineiro que atendia a domicílio e utilizava ferramentas como tesoura de poda, oncinha, rastelo, entre outros, parece estar em extinção.
A capina química em áreas urbanas expõe a população ao risco de intoxicação, além de contaminar a fauna e a flora local. Por esse motivo, tal prática não é permitida.
Julio Cesar Rech Anhaia-Engº Agrº-03 de dezembro de 2014
Não vote em quem coloca ainda MAIS VENENO em nossa comida!
O brasileiro é quem mais consome veneno na alimentação.
Quase SEIS LITROS ao ano!
Não vote em políticos que aprovaram a liberação de Transgênicos, quando votaram a Medida Provisória em 2006.
Independente dos problemas à saúde que os transgênicos podem apresentar, tem mais uma coisa de fundamental importância a ser considerada: o Brasil é o campeão mundial em consumo de venenos agrícolas - agrotóxicos - e os transgênicos usam ainda mais venenos!
Transgênicos usam mais venenos!
Quem aprovou os transgênicos e colocou ainda MAIS venenos em nossos pratos?
Veja quem votou SIM na MP dos Transgênicos na Câmara dos Deputados (2006), o relator foi o deputado Paulo Pimenta do RS:
Como votaram os deputados do Rio Grande do Sul na Câmara dos Deputados
Não se omita! Participe do Agapan Debate no dia 11 de agosto às 19h, no auditório da Faculdade de Arquitetura da UFRGS.
Debatedores: Alfredo Gui Ferreira – .Biólogo, mestre em Botânica na UFRGS, doutor em Ciências na USP, pós-doutorado nos Estados Unidos. Professor e pesquisador aposentado da UFRGS. Tem perto de cem publicações científicas, foi orientador de mestres e doutores na UFRGS, UnB e UFSCar. Sócio fundador da Agapan e atual presidente da entidade.
Nilvo Luiz Alves da Silva – Diretor Presidente da Fepam
Paulo Brack – Biólogo, mestre em Botânica e doutor em Ecologia. Professor do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da UFRGS. Pesquisador da flora do RS e envolvido em temas de políticas públicas em biodiversidade, com representações em conselhos de meio ambiente, pelo Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá), onde é um dos coordenadores.
O uso indiscriminado dos venenos agrícolas é uma afronta ao direito à vida.
11 de janeiro - Dia do Controle da Poluição por Agrotóxicos
O filme “Nuvens de Veneno”, do cineasta e professor da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Beto Novaes, reafirma Mato Grosso como
campeão nacional em uso de venenos agrícolas, principalmente no plantio
de grãos.
Em 25 minutos, o documentário mostra os riscos da cultura do
agrotóxico para quem pulveriza as lavouras e para quem come os
alimentos.
O filme foi lançado em Cuiabá, em um evento
na Escola de Saúde Pública, que abordou a saúde do trabalhador da cidade
e do campo em Mato Grosso.
Biocidas “matam vidas” A ética como tônica no combate aos venenos agrícolas
Precisamos nos certificar se a nossa ação é sustentável, isto é, se não implica demolição dos suportes da Vida no planeta, e se está orientada para a justiça social, se não pisa muita gente. Eu não gostaria de ver a humanidade desaparecer, e dentro da humanidade eu gostaria de ver mais equilíbrio. Eu não posso considerar progresso aquilo que não prevê a manutenção da integridade da Vida e o aumento da soma da felicidade humana. (LUTZENBERGER).
Aquilo que as indústrias transnacionais do setor dos venenos agrícolas e o agronegócio chamam eufemisticamente de “defensivos agrícolas” são nada menos do que armas químicas.
“O Brasil continua sendo o maior consumidor de venenos agrícolas do mundo. Infelizmente, cada habitante consome hoje mais de cinco litros por ano desses produtos. Se fosse consumido em um único dia, estávamos todos mortos”. Cerca de 1 bilhão de litros são utilizados anualmente nas lavouras brasileiras, o que representa mais de cinco litros de venenos agrícolas por habitante ao ano. Muitos destes venenos como herbicidas, fungicidas, inseticidas estão proibidos em quase todo mundo pelo risco que representam à saúde pública. O perigo ameaça todos trabalhadores, que manipulam os venenos, bem como todos os cidadãos que consomem os produtos agrícolas.
“No Brasil o consumo de venenos agrícolas não é apenas em excesso, como também existem os proibidos, os desconhecidos, o que pode indicar contrabando”.
“Se já não obedeciam à antiga legislação, imaginem agora. Vivenciamos pulverizações até nos quintais das residências, nos quintais das escolas, nos passeios e vias públicas, nas periferias das cidades”.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que ocorram no mundo cerca de três milhões de intoxicações agudas por agrotóxicos com 220 mil mortes por ano. Dessas, cerca de 70% ocorrem em países do chamado Terceiro Mundo. Além da intoxicação de trabalhadores que tem contato direto ou indireto com esses produtos, a contaminação de alimentos tem levado ao grande número de intoxicações, há mortes dos consumidores mundiais e, muitas vezes, requisitos básicos de segurança para a aplicação, armazenamento e a disposição final dos mesmos não são cumpridos. Diante disso os serviços de informações toxicológicas notificaram ao Ministério da Saúde 193 casos de intoxicação por pesticidas agrícolas, domésticos e raticidas, em 1993.
Constitui-se esse, portanto, um grave problema de saúde pública, demandando intervenção em diversas esferas, inclusive a implantação de um sistema de vigilância da saúde de populações expostas a venenos agrícolas.
Como não dispomos de dados que reflitam a realidade do número de intoxicações e mortes por venenos agrícolas, porém é fácil supor que o tamanho do problema não é pequeno, sendo um dos maiores.
Os biocidas são os principais poluentes do modelo agrícola industrial. Por seu vasto espectro deletério, os venenos organossintéticos não se limitam a um determinado local, apesar de serem aplicados numa área, translocam-se por vários caminhos. A translocação das substâncias tóxicas pode se realizar por meio biológico, pelos processos químicos e físicos, através da atmosfera, do solo, das águas subterrâneas e superficiais.
O uso de venenos agrícolas não pode ser entendido como um problema exclusivamente do meio rural, pois a irradiação desses produtos tóxicos, no meio urbano, é em decorrência do crescente uso nas lavouras, como também, da expansão das áreas de cultivo e áreas urbanas, com sua consequente aproximação de ambas. Por consequência disso, as substâncias chegam muito facilmente à cidade, contidas nos alimentos, nas fontes de água de abastecimento público, ou presentes no ar.
Algumas causas podem ser apontadas para explicar esse alto consumo de biocidas, tais como: imediatismo financeiro, ignorância dos efeitos tóxicos nos animais e no Homem e, mesmo, inconsequência.
Aos agricultores cabe ressaltar o papel de utilizador deste conjunto de produtos e técnicas, muitas vezes sem a real noção do perigo que enfrenta todos os dias. São também vítimas de um modelo que perpetua dependência, no campo financeiro e econômico, pelos financiamentos, pela necessidade de alta produtividade, pelos passivos sociais e ambientais que cabem aos agricultores e a sociedade administrar.
A dimensão têmporo-espacial do uso de biocidas é muito mais complexa do que parece, porque possui diversas interações que se ligam a aspectos políticos, econômicos, sociais, culturais e ambientais. Para entender esta detalhada trama é necessários outros trabalhos científicos que possam aprofundar a compreensão num determinado seguimento e encaixá-los no todo.
A contaminação humana e dos recursos naturais, pelo uso indevido e até excessivo de biocidas, constitui grave problema de saúde pública, podendo levar a intoxicações e óbitos dos seres humanos, causados pela falta de conhecimentos, de cuidados preventivos e manejo agrícola inadequado.
A realidade da aplicação indiscriminada dos venenos agrícolas no meio agrícola. Apesar de a demanda por produtos mais saudáveis estar crescendo, a população ainda está pouco informado sobre essas questões, na medida em que o alimento de boa aparência causa impressão de ser mais saudável.
Urge a necessidade de quebrarmos esse paradigma da aparência do alimento, sob pena de o preço por esse consumo desenfreado e insustentável ser altamente prejudicial para as atuais e futuras gerações.
Os custos ambientais gerados pela utilização indiscriminada de veneos agrícolas, ou seja, pela “política de alimento barato” ou “política do alimento em massa”, podem ser caracterizados pela contaminação dos corpos de água, do solo e do ar, pela perda da biodiversidade e de solos agricultáveis por salinização, acidificação ou erosão e pela redução da qualidade de vida da população.
Estudos muito bem fundamentados continuam comprovando o avanço dos casos de câncer nas mais diversas faixas etárias, resultado do uso de agroquímicos. Os números crescem, sobretudo entre agricultores e populações rurais em localidades onde há um alto índice de aplicação dos venenos.
No dia 21 de março de 2011, pesquisa denunciou a contaminação do leite materno por agrotóxicos usados em plantações no município de Lucas do Rio Verde, a 350 km de Cuiabá (MT). As amostras foram colhidas de 62 mulheres atendidas pelo programa de saúde da família do município. Em 100% das amostras foi encontrado pelo menos um tipo de veneno agrícola e em 85% dos casos foram encontrados entre dois e seis tipos. A substância com maior incidência é conhecida como DDE, um derivado de outro veneno agrícola, DDT, proibido pelo Governo Federal em 1998 por provocar infertilidade no homem e abortos espontâneos nas mulheres.
Sabemos que ao nos alimentarmos estamos nutrindo não apenas o nosso corpo, mas também os sentidos, o espírito, a mente, a nossa alma. Ao prepararmos nossa alimentação, com certeza são necessários vários ingredientes, como história, cultura, poesia, amor, sentimento, que vão muito além do sal e da pimenta.
A alimentação natural e ecológica faz parte da nova visão de mundo, estabelecendo novas relações, dando à vida o seu significado verdadeiro, que é a própria natureza e a alimentação.
Vivemos a cultura de supermercado, onde tudo está a nossa disposição. Consumimos alimentos industrializados e frutas que não são da época, produzidas de maneira forçada, com grande quantidade de insumos químicos e venenos agrícolas.
Hipócrates, dizia “somos o que comemos”. Nosso corpo não deixa de ser uma máquina, muito delicada por sinal, e para funcionar precisa de um bom combustível. Que tipo de alimento está consumindo? Quais as doenças que estamos desenvolvendo?
Mas comida sustentável, além da saúde, estamos tratando de outros diversos temas relacionados à cozinha, como o cuidado com o meio ambiente, o compromisso com a produção local e regional, a consciência ecológica, o consumo de hortaliças e frutas da época e ecológicos. Assim o sistema alimentar ideal seria semelhante ao de nossos avós e bisavós, quanto mais natural melhor, o nosso cardápio diário deveria ser composto de pelo menos 60% de alimentos crus e 40% de alimentos cozidos.
Que tipo de influência e impacto tem sobre o ambiente em que vivemos o alimento que nós consumimos? Como ele é preparado? Como ele é produzido? Internamente, no corpo, o alimento tem uma influência direta nas células vivas, que vivem em perfeita harmonia, quando permitimos; externamente é a nossa casa, o bairro, a cidade, o planeta. Por isso qualquer mudança alimentar que seja feita, dando a devida atenção no que estamos ingerindo, irá trazer muitos benefícios, assim ao cuidar de você, da sua alimentação, automaticamente, estará cuidando do planeta.
Independente de sermos consumidores ou agricultores, todos precisamos de sistemas produtivos sustentáveis, valorizando a sabedoria e as culturas locais, em especial os hábitos alimentares, garantindo a segurança alimentar, gerando renda e um novo olhar sobre o sistema de produção e a vida.
O agronegócio, as transnacionais, as monoculturas, a degradação ambiental em função da busca incessante pelo lucro e pelo acúmulo de riquezas, a prioridade dada às exportações em detrimento da alimentação do povo brasileiro, os transgênicos e o latifúndio, todas essas ameaças e fatores têm avançado bastante na sociedade brasileira nos últimos anos.
Leonardo Boff, na sua sabedoria, nos adverte: “ocorre que a Terra não aguenta mais este tipo de guerra total contra ela. Ela precisa de um ano e meio para repor o que lhe arrancamos durante um ano. O aquecimento global é a febre que denuncia estar doente e gravemente doente”.
São evidentes os sinais da insustentabilidade ecológica do modelo civilizacional pautado no domínio da natureza pelo homem, e sejam adotadas diversas medidas de ordem política e jurídica no intuito de promover uma adequação do exercício das liberdades humanas aos limites da natureza sem prejudicar a continuidade do processo vital, os resultados têm sido pífios.
A insustentabilidade está posta, traduz-se na monocultura da mente que a humanidade vem eficientemente estabelecendo nos últimos séculos. Trata-se do limite intransponível do que se compreende por humano.
A ética acompanha o homem desde os primórdios da civilização, e vem moldando-se com a história da humanidade. Conceber, racional e emocionalmente, finalidades para o agir humanas, a partir de um quadro de incerteza e de uma crise ambiental sem precedentes, que expõe as fragilidades do conhecimento humano e de sua capacidade de interagir ecologicamente, é um desafio que compete à economia, à sociologia, ao direito, mas, sobretudo, à ética.
A ética promove uma reflexão sobre a escolha dos valores da sociedade. É a partir dos valores exsurgentes com a crise ecológica que vive a sociedade de risco, que os danos próprios dessa sociedade, como os danos ambientais, podem vir a serem evitados. Valores como dignidade, justiça, democracia, são valores cujos fundamentos a nova ética deve conformar. Que justiça é pertinente à sociedade pós-moderna, ela implica pensar no futuro? Que compromisso essa compreensão de justiça coloca para os homens do nosso tempo? Reflexões dessa ordem servirão para nortear o futuro da humanidade e, eventualmente, afastá-la das contundentes ameaças que a acompanham neste século. A ética ecológica é, sobretudo, e independentemente das concepções antropocêntricas ou biocêntricas, a ética que tem por finalidade a preservação da Vida.
A ética se relaciona com os venenos agrícolas na medida em que o uso destes gera uma série de implicações nos seres humanos e na natureza. Os venenos agrícolas liberados no ambiente podem causar uma larga escala de efeitos ecológicos e na saúde humana. Vários são carcinógenos comprovados ou suspeitos e podem ter efeitos tóxicos em seres humanos e em espécies aquáticas. Os efeitos na saúde provocados pela exposição crônica, em longo prazo ou a nível baixo de concentrações traço dos agrotóxicos são desconhecidos. Outros interesses incluem efeitos sinergísticos de agrotóxicos múltiplos e também os processos de bioacumulação, bioconcentração e biomagnificação que envolvem a acumulação de substâncias químicas por organismos através da cadeia alimentar.
A responsabilidade ética para com as gerações presentes e futuras, com a qualidade de vida que só se concretiza com a preservação do equilíbrio ecológico, é o cerne da ética. A ética da responsabilidade compreende a cumulatividade das ações humanas e tem a preocupação em resguardar a humanidade dos efeitos cumulativos da tecnologia. Sua proposta requer ação coletiva e tem um apelo a uma cidadania planetária, na medida em que deve estar presente na prática cotidiana de cada indivíduo e nas políticas públicas promovidas pelo Estado, bem como na das organizações supranacionais.
Toda essa mudança de paradigma permite que a humanidade deixe de ser compreendida como portadora de uma condição especialmente deslocada e superior à natureza. Ao contrário, passa a integrá-la e a tornar-se responsável por mantê-la viva, porque dessa nova ótica é possível entender que o homem está irmanado a ela e que a sua própria existência e a de seus descendentes são interdependentes.
É por meio do conhecimento ecologicamente pertinente, da ética consequente e da recuperação do político, que em meio à aparente desconstrução, podem surgir novos sentidos, que não se confundem com as antigas verdades, mas estimulam a solidariedade e a responsabilidade pela Vida.
Infelizmente não há meio termo nesse setor. É impossível garantir a qualidade, a segurança e o volume da produção de alimentos dentro desse modelo degradante. Não há como incentivar o uso correto de venenos agrícolas. Isso não é viável em um país tropical como o Brasil, em que o calor faz roupas e equipamentos de segurança, necessários para as aplicações, virarem uma tortura para os trabalhadores.
A ética ecológica ou ambiental está longe de ser estéril, perdida nas nuvens, metafísico; pelo contrário, ela destina-se a tirar conclusões práticas como a criação de políticas de proteção ao meio ambiente, de solução do conflito entre o homem e a natureza; não é fácil que o homem aceite que a natureza também tem valor intrínseco e que esse já não é um privilégio a ele reservado.
Há que buscar solução na transição agroecológica, ou seja, na gradual e crescente mudança do sistema atual para um novo modelo baseado no cultivo orgânico, mantendo o equilíbrio do solo e a biodiversidade, redistribuindo a terra em propriedades menores.
Assim facilita a rotatividade e o consórcio de culturas, o controle natural às pragas e o resgate das relações entre os seres humanos e a natureza, valorizando o clima e as espécies locais.
Existem muitas experiências bem sucedidas no mundo e no Brasil, que comprovam a viabilidade desse modelo. Até em assentamentos da reforma agrária há exemplos de como promover a qualidade de vida, a justiça social e o desenvolvimento sustentável.
“A agroecologia não é apenas um sistema de produção agrícola, mas também um ato político contra a agricultura predatória e contra as condições de trabalho injustas para o agricultor. Além disso, ajuda na melhoria da qualidade de vida, permitindo tanto ao agricultor quanto ao consumidor não terem contato com agroquímicos. Enfim, mais que uma série de práticas, a agroecologia é uma filosofia de vida”.
A lógica de combater às pragas, insetos, ervas daninhas, pestes implica no principio de que se há de matar o inimigo e, por isso, inseticidas, herbicidas, pesticidas, praguicidas entre outros venenos agrícolas matam, não só o inimigo, mas, também, pessoas, plantas, peixes e outros animais.
A educação agroambiental deve ser uma forma de “regenerar” a mão de obra do campo, tanto no que diz respeito aos efeitos negativos da escravidão, quanto ao desejo de autonomia gerado pela imensa fronteira agrícola. Por isso mesmo, à medida que a campanha abolicionista avança, vão surgindo propostas de ensino agrícola.
A questão é a maneira de viver daqui em diante sobre o planeta, no contexto da aceleração das mutações técnico-científicas e do considerável crescimento demográfico. Em função do contínuo desenvolvimento do trabalho maquínico, redobrado pela revolução informática, as forças produtivas vão tornar disponível uma quantidade cada vez maior do tempo de atividade humana potencial. Mas com que finalidade? A do desemprego, da marginalidade opressiva, da solidão, da ociosidade, da angústia, da neurose, ou da cultura, da criação, da pesquisa, da reinvenção do meio ambiente, do enriquecimento dos modos de vida e de sensibilidade?
Finalmente, devemos lembrar que, antigamente, a Agroecologia era uma prática sagrada. Era ligada ao culto da natureza, vista como divina. Hoje, redescobrimos na Terra, na Água e em todo ser vivo, um sinal da presença do mistério amoroso que envolve o universo. O amor que faz do universo uma comunidade de vida. Que se denomine Deus ou não, esta energia amorosa nos chama a cada um de nós a sermos nós mesmos sementes e mudas fecundas desta amorização do planeta. Cada vez mais as pessoas que seguem algum caminho religioso sabem que a religião só vale a pena se ajudar a humanidade a viver este processo de amorização.
“O grande problema do setor é realmente o déficit de informações, as quais precisam chegar à população, principalmente a quem manipula esses venenos agrícolas”.
Assim não podemos continuar a envenenar cada vez mais o nosso belo Planeta e a nós mesmos. Devemos repudiar a flexibilização no sistema de saúde e meio ambiente no processo de avaliação e autorização de venenos agrícolas.
Texto recebido de Julio Cesar Rech Anhaia - Engº Agrº - Alegrete – RS- 11/01/2014
Todos os dias são de combate ao uso indiscriminado dos venenos agrícolas e em defesa da vida
O filme “Nuvens de Veneno”, do cineasta e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Beto Novaes, reafirma Mato Grosso como campeão nacional em uso de venenos agrícolas, principalmente no plantio de grãos.
Em 25 minutos, o documentário mostra os riscos da cultura do agrotóxico para quem pulveriza as lavouras e para quem come os alimentos.
O filme foi lançado em Cuiabá, em um evento na Escola de Saúde Pública, que abordou a saúde do trabalhador da cidade e do campo em Mato Grosso.
Trata-se do I º Seminário de Educação Permanente para a Vigilância em Saúde do Trabalhador: Desafios e Perspectivas E XIV Seminário de Segurança e Saúde do Trabalhador do Estado de Mato Grosso – V Encontro dos Técnicos em Segurança do Trabalho. De 21 a 23 de agosto.
É um evento governamental, mas articula também sindicatos patronais e de trabalhadores, para buscarem saídas possíveis, contra o adoecimento daqueles que atuam não só em lavouras, mas em outras atividades comerciais típicas da zona rural, como madeireiras, e em empregos urbanos, como frigoríficos.
A pulverização de venenos é tão perniciosa que afeta até leite materno e a água que bebemos, conforme vem falando insistentemente o professor Wanderlei Pignati, da Saúde Coletiva da UFMT. Veja essa entrevista com ele.
Os focos principais desse encontro foram os braçais do agronegócio e das grandes obras da Copa.
“Esse trabalhador adoentado cai na rede pública de saúde. Se a gente consegue evitar que ele adoeça, isso também desafoga o SUS”, explica a pedagoga e mestranda em vigilância e saúde do trabalhador, Carmen Machado, da organização do seminário.
Esteve presente no evento o pesquisador Carlos Gomez Mimayo, referência nacional e internacional em saúde do trabalhador.
Os transgênicos, sem fazer muito barulho, estão cada vez mais presentes em nossas vidas, desde a lavoura dos produtores até ao prato dos consumidores.
Lavouras convencionais e mesmo as ecológicas, estão sendo contaminadas pelos transgênicos!
Produtores ecológicos não apenas perdem dinheiro por não poderem comercializar produtos contaminados como ainda correm o risco de serem cobrados pelas grandes transnacionais que são as "proprietárias" das sementes transgênicas.
Muito bom o documentário (em catalão, legendado em espanhol) sobre os conflitos causados pelos Organismos Geneticamente Modificados.
Los transgénicos, sin hacer mucho ruido, están cada vez más presentes en nuestras vidas; desde el campo del productor al plato de los consumidores. Basado en la experiencia local de Cataluña y Aragón, este documental explora los distintos nodos de acción de los transgénicos (el consumo, la salud, el conocimiento, el sistema productivo, el entorno) y expone el conflicto que se desata cuando esta nueva biotecnología impide el desarrollo del modelo ecológico alternativo de producción y consumo.
Manifestação da AGAPAN, aos deputados da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, contra a aprovação do PL 20/2012:
Porto Alegre, 13 de maio de 2013.
Prezado Deputado (a):
Vimos, por meio deste, externar nosso repúdio ao PL 20/2012, de autoria
do deputado Gilmar Sossella, que contraria os critérios de licenciamento
ambiental utilizados pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental Luis
Henrique Roessler –FEPAM.
O Projeto põe em risco a saúde da população, bem como acarretará inúmeros impactos ambientais.
Consideramos que quem deveria defender a promoção da saúde, da qualidade
de vida e da manutenção do ambiente ecologicamente equilibrado não
poderia expor a população a mais riscos de contaminação. Solicitamos o
seu VOTO contra o PL 20/2012, que permite a armazenagem de venenos
próxima a residências e demais edificações urbanas. Vote pela saúde pública e pela prevenção de acidentes com agrotóxicos.
Vote contra o PL 20/2012!
Eliminemos estes venenos da agricultura e das áreas urbanas!
Certo (a) de contarmos com seu voto para preservar a vida e a saúde da população gaúcha.
“Se soubesse que o mundo acabaria amanhã, assim mesmo, ainda hoje, plantaria uma árvore” (Martin Luther King Jr.)
”Não há motivos para a comemoração do controle da poluição por venenos agrícolas, mas sim para refletirmos sobre benefício que ele traz compensa os impactos negativos que causa”.
No RS, o campeão de contaminação em 2012 foi o pêssego
O despertar da cidadania é um dos mais libertários momentos da vida de crianças, jovens e adultos. É quando a noção de direitos e deveres transcende meros interesses individuais para traduzir uma nova visão de mundo, que reflete a responsabilidade de cada pessoa na construção de valores coletivos plenos, plurais e democráticos que assegurem o bem-estar humano e o respeito a todas as formas de vida em suas mais variadas manifestações.
Entre esses valores coletivos se consagram o direito que todos temos a um meio ambiente saudável e igualmente o dever ético, moral e político de preservá-lo para às presentes e futuras gerações. A consolidação desse princípio como ato de cidadania, condição essencial para construirmos uma sociedade sustentável em nosso país, impõe uma tarefa educacional, inadiável e primordial, que aproxime às informações da população, desde a sua mais tenra idade, estimulando-o a se manifestar como força capaz de liderar mudanças, que se fazem urgentes e necessárias, nos padrões de desenvolvimento do país. Infelizmente, ainda sobrevive entre nós o mito da abundância e da inesgotabilidade dos recursos naturais. É forçoso reconhecer que o consumismo adquiriu uma perigosa e equivocada condição de valor social, cuja dimensão assumiu contornos preocupantes em uma sociedade que ainda não aprendeu a relacionar as suas atitudes individuais ou coletivas de consumo à produção, à degradação ambiental e à consequente qualidade de vida das pessoas.
Dessa forma, o Desenvolvimento Sustentável deve ser utilizado como um efetivo instrumento de política pública consistentemente construída, dirigida e coordenada pelos atores governamentais, a quem compete orientar as dinâmicas pedagógicas voltadas para despertar a consciência ambiental dos brasileiros. Nesse sentido, deve servir de base para as ações nas atividades de capacitação de agentes multiplicadores e de educadores em todo o país, permitindo reforçar as iniciativas dos atores no desenvolvimento de habilidades didático-pedagógicas que ensejam aos seus usuários, promover um vínculo mais saudável entre os seres humanos e a natureza, a partir da perspectiva cidadã de respeito ao meio ambiente, inserido no contesto de suas próprias vivências, valores e perspectivas culturais, sociais, econômicas e ambientais.
No Fórum Mundial de Educação realizado em Dakar em 2000, um documento que ficou conhecido como Compromisso de Dakar considerou a educação para a sustentabilidade ambiental “um meio indispensável para participar nos sistemas sociais e econômicos do século XXI afetados pela globalização”. Este espírito converge com o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, construído pela sociedade civil no Fórum Internacional de Organizações Não Governamentais e Movimentos Sociais desde a ECO-92, realizada no Rio de Janeiro.
A ampliação de uma Educação para a Sustentabilidade Ambiental é reforçada quando as Nações Unidas, por meio da resolução 57/254, declarou a década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável - 2005 a 2015.
Os venenos agrícolas não foram inventados para a agricultura e nem demandados pelos agricultores, são biocidas de guerra. Anualmente vislumbramos os problemas ocasionados onde cerca de três milhões de pessoas se intoxicam pelo uso indiscriminado dos venenos agrícolas, mais de 220 mil morrem. Isto significa 660 mortos por dia, 25 mortes por hora.
Carneiro completou 90 anos em 31 de dezembro - Foto: Cesar Cardia
O ecologista Augusto Cesar Carneiro completou 90 anos no dia 31 de dezembro, mas no dia 5 de janeiro ele foi merecidamente homenageado no local onde ele a muitos anos comparece tradicionalmente: em sua banca na Feira Ecológica da Redenção, onde vende livros e revistas que tem por tema a ecologia, esclarece a população sobre assuntos ligados ao Meio Ambiente e conta muitas histórias sobre o surgimento do movimento ecológico gaúcho, do qual ele é um dos pioneiros.
Augusto Carneiro e Lutzenberger - Foto: arquivo Agapan
“Seu Carneiro”, como muitos o chamam, é a memória viva do movimento ambientalista brasileiro. Nasceu na rua Vasco da Gama e diz que entrou na luta ecológica “por acaso”, lendo as crônicas de Henrique Roessler em jornais. No início dos anos 70 foi apresentado por Hilda Zimmermann, também uma pioneira na defesa da natureza, a José Lutzenberger e em abril de 1971 criaram a pioneira Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural – AGAPAN.
Colegas da AGAPAN comemorando com Carneiro - Foto: Cesar Cardia
Logo no início da AGAPAN Augusto Carneiro mostrou ser um dos personagens mais importantes para a difusão das ideias preservacionistas. Num tempo que não existiam as modernas “redes sociais” ele inventou algo fundamental para a divulgar as ideias da entidade, escrevia cartas e bilhetinhos que enviava pelo correio para pessoas que ele julgava que poderiam se interessar pelo tema. Assim fazendo, despertou o interesse para a defesa da natureza de pessoas tanto da capital como do interior de nosso estado. Também enviava correspondências para jornais, políticos, professores e personalidades alertando para a necessidade de proteção ao ambiente natural, muitas vezes com resumos de textos de José Lutzenberger.
TVE fez matéria com o ecologista - Foto: Cesar Cardia
Para nós que atuamos pela preservação das árvores da Rua Gonçalo de Carvalho, o “Seu Carneiro” também foi muito importante. No final de 2005 tínhamos muitas dificuldades em divulgar nosso movimento e mesmo com o apoio já formalizado da AGAPAN, NAT-Brasil e Fundação Gaia, atuávamos mais entre as Associações e Movimentos de Moradores de Bairros, não entre os ambientalistas. Certo dia decidimos distribuir nossos panfletos na Feira Ecológica da Redenção e o Haroldo Hugo, um dos integrantes do Movimento, sugeriu passarmos na banca de livros do “Seu Carneiro” para pedir apoio e alguns conselhos. A receptividade foi a melhor possível, pediu desculpas por não poder nos acompanhar por não poder deixar a banca, mas ficou com boa quantidade de panfletos para não apenas distribuir como para explicar melhor o que não estava impresso no panfleto.
Carneiro e sua banca de livros - Foto: Cesar Cardia
Naquele dia nós tivemos certeza que mais pessoas entenderam nossa luta pela preservação das árvores da Gonçalo e que a vitória, sim, era possível.
Muitos foram levar sua homenagem ao pioneiro ecologista - Foto: Cesar Cardia
Há setores interessados em rever a legislação do estado do Rio Grande do Sul, "flexibilizando-a", como na proposta do PL 78.
Este é um bom momento para informar e mobilizar a sociedade que não deve permitir retrocessos na legislação.
"Nós precisamos aprender a não fazer certas coisas que nós gostaríamos de fazer, senão a gente acaba com tudo. E hoje nós estamos acabando com tudo..."
(José Lutzenberger)
Palestra de Jose Lutzenberger - Fundação Gaia - proferida no encontro do Grupo Ecosust em Garopaba, Santa Catarina - 7 abril de 2002.
Parte 2 da palestra
Parte 3 da palestra
"A sociedade em que nós vivemos hoje, a sociedade tecnológica, acha que tudo que é factível deve ser feito, quando muitas coisas nós não devemos fazer."
Após 20 anos, não temos muito a celebrar, diz secretário da Eco92
Vinte anos após a realização da Eco92, completados nesta sexta-feira, o secretário-geral da conferência, Maurice Strong, criticou a falta de empenho dos governos em promover o desenvolvimento sustentável. Durante um evento que reuniu representantes de diversos países durante a programação oficial da Rio+20, no Rio de Janeiro, Strong disse que não há motivos para celebrar. "Chamamos esse evento de celebração, mas na verdade não temos muito o que comemorar hoje", afirmou.
Segundo o canadense que comandou a conferência da ONU há 20 anos, existe atualmente uma enorme lacuna entre a ciência e as decisões políticas. "Os cientistas nos alertam todos os dias que estamos muito perto do colapso, mas pouco fazemos", disse ao destacar que a Rio+20, que acontece até o dia 22 de junho, é uma oportunidade para repensar o futuro da civilização.
Para Strong, os líderes reunidos no Rio de Janeiro em 1992 foram muito além do esperado, ao firmar acordos sobre biodiversidade, mudanças climáticas e desertificação. "Hoje estamos mais longe do caminho da ação do que há 20 anos, já que muitos países continuam negando a importância do desenvolvimento sustentável. Eu venho de um desses países, inclusive", disse ao citar a falta de empenho do Canadá em relação à proteção do ambiente.
Strong também citou o papel de algumas nações emergentes, como a China e o Brasil, que, segundo ele, têm se empenhado em promover as mudanças, unindo um elevado crescimento econômico com a preocupação ambiental e social. Ao falar do país-sede da conferência, ele ainda elogiou a capacidade dos brasileiros em organizar eventos desse porte e de liderar o debate rumo a uma economia sustentável.
Ao destacar que esse é um momento de mudança, ele cobrou que seja apresentado um sistema de responsabilização a todas as nações que não cumpriram com os acordos estipulados na Eco92. "Não quero que esta seja mais uma conferência, mas sim um marco importante na história pelos esforços visando assegurar uma forma de vida melhor para todos", completou.
Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.
“O homem
branco deve ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos
avôs”.
Para que
respeitem a terra, deve ensinar a seus filhos que a terra foi enriquecida com a
vida de nossos antepassados, que ela é nossa mãe. Tudo aquilo que acontecer a
terra, acontecerá também aos filhos dela. Se os homens cospem no solo, estão
cuspindo neles mesmos. Sabemos que a terra não pertence aos homens.
O homem,
sim, é que pertence a terra.”
Trecho da
declaração do cacique Seattle ao presidente dos Estados Unidos, em 1854.
Esta data especial foi instituída pela Lei Nº
7.876/89, em homenagem ao nascimento do americano Hugh Hammond Bennet
(1881-1960), estudioso da conservação do solo.
A data não é conhecida pela maioria das pessoas;
isso porque não há uma popularização deste evento que é muito significativo,
uma vez que esse recurso natural, entre outros, é de fundamental importância
para nossas vidas, assim como é para os demais seres vivos que constituem os
ecossistemas de nosso planeta. Hoje, há uma grande preocupação por parte dos
governos e da sociedade pelo crescimento da população, escassez de recursos,
mas pouco se tem feito para a conservação dos solos e devemos salientar que as
atividades como agricultura e pecuária, que sustentam a sociedade em alimentos,
têm como base esse recurso.
Dia Nacional da Conservação do Solo foi
instituído no Brasil para servir de alerta à sociedade para a necessidade de
preservar um dos principais patrimônios nacionais que esta sendo degradado.
Dia de aprender um pouco sobre o chão em que
pisamos, construímos nossa casa e retiramos nossos alimentos, bem como pensar
em formas de preservá-lo.
Conceitualmente o solo é um corpo
natural, ocupando porções na superfície terrestre, suportando plantas e
edificações e que apresentam propriedades resultantes da atuação integrada do clima
e dos organismos atuando sobre o material de origem, condicionado pelo relevo
durante um período de tempo. Está em constante evolução e alteração. Esta
natureza dinâmica e evolucionária está englobada na definição do solo, como
sendo, material mineral inconsolidado na superfície da terra que tem estado
sujeito e influenciado por fatores ambientais e genéticos, tais como: clima,
material de origem, macro e microrganismos e topografia. Todos estes fatores
atuam no tempo e produzem um produto chamado solo que difere do material
originário em muitas propriedades e características físicas, químicas e
biológicas.
O solo
agrícola é
todo o solo que tenha aptidão para utilização agrossilvipastoril não localizado
em área de preservação permanente;
Os solos são um dos mais importantes
recursos do meio ambiente, uma entidade viva, e não apenas um substrato no qual
as plantas crescem. O solo é um recurso natural não renovável formado
lentamente, mas que pode ser perdido rapidamente. A degradação da terra é um
grave problema ambiental. O uso indiscriminado das terras na agricultura, sem
levar em conta suas propriedades físicas, químicas e microbiológicas, é uma das
principais causas da degradação do solo. Além disso, o desconhecimento do clima
onde a propriedade rural está inserida piora essa situação.
Várias são as funções do solo, a principal
talvez seja a de servir como recurso propício ao desenvolvimento de atividades
produtoras de alimentos, frutos, legumes, cereais, folhas, etc. Na agricultura
se perpetua a vida do homem, o solo lhe dá o alimento e o sustento do
dia-a-dia, o pão, a bebida, o vinho, até o leite, pois os rebanhos que produzem
o leite se alimentam de rações ou pastagens que se desenvolvem no solo.
Poderíamos enumerar outros exemplos como arroz, soja, feijão, milho, tantos que
poderíamos preencher algumas páginas. E muita coisa vem do solo.
Desde tempos remotos o homem, com a fixação dos
grupos humanos organizados e o surgimento das grandes civilizações, utiliza os
solos com a agricultura. O solo, comumente chamado de terra, chamado também de
chão, e muitas vezes dito como lugar, no sentido de terra natal, constitui tudo
isso e muito mais, significando ainda a possibilidade de prolongamento da vida.
No antigo testamento ele é a matéria para a vida, pois como está escrito Adão
foi criado do pó da terra, tendo Deus soprado nas narinas do primeiro homem
para lhe tornar um ser vivo.
Quando olhamos para o passado podemos perceber
exemplos de grande impacto no uso dos solos. O uso de tecnologias “novas”
também causa degradação de recursos naturais como o solo, gerando o declínio
das antigas civilizações. Um exemplo comumente usado é o da Mesopotâmia, situada
entre os rios Tigre e o Eufrates, hoje e o Iraque, onde há cerca de 5.000 anos
atrás, desenvolveu-se a civilização Persa, a qual dominou técnicas de irrigação
e desenvolveu a agricultura. Documentos dão testemunho de que a utilização mal
planejada da água trouxe degradação dos solos e das condições ambientais, tendo
como resultado a sanilização e erosão, tornando a região árida. Hoje, ela
continua na mesma situação de aridez e pouco produtiva.
Os grandes vilões do solo são a destruição da
cobertura vegetal, desmatamento, queimadas; o esgotamento, causado pela
interrupção constante do processo natural de reciclagem dos nutrientes; e a
contaminação (fertilizantes, agrotóxicos, lixo e resíduos industriais).
No Brasil a grande maioria dos solos está
sofrendo algum tipo de degradação. Ações como cultivos intensos e contínuos,
queimadas indiscriminadas, desmatamentos, urbanização sem planejamento, áreas
de terra desnudas e abandonadas estão livres para os agentes naturais como o
vento e a água, e assim, favorecendo a degradação desses solos.
O chamado processo de arenização, ou
seja, a transformação de um solo muito arenoso com uma cobertura vegetal fraca,
em uma área com areia sem nenhuma ou quase nenhuma cobertura vegetal, pode
ocorrer em poucos anos, dependendo da intensidade com que manejos inadequados
de agricultura ou pecuária são conduzidos sobre estas áreas.
Na
região da campanha gaúcha esse processo se acentua devido os solos da região
serem altamente arenosos, ter baixa coesão entre partículas, baixa fertilidade
natural e uma vegetação rala e esparsa fazendo a região sudoeste gaúcha
apresentar solos com altas taxas de erosão hídrica e eólica, deixando estes
entre os mais suscetíveis à degradação, chegando a apresentar peculiaridade de
deserto com vastas áreas com quase nenhuma vegetação.
Embora
algumas destas áreas sejam conhecidas há muito tempo, e sem interferência
conhecida, a maioria delas sofreu intensa atividade humana com manejos inadequados
que propiciaram uma degradação severa em áreas ainda sem processo de
arenização, com isso os areais se expandiram e atingiram grandes extensões.
A região de ocorrência dos solos que
apresentam areais está localizada no sudoeste do Rio Grande do Sul, em direção
oeste até a fronteira com a Argentina e Uruguai. A degradação do solo nesta
região se manifesta com vastas áreas apresentando a forma de areais. Estes
areais ocupam uma larga faixa onde se localizam os municípios de Alegrete,
Cacequi, Itaquí, Maçambará, Manuel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, São Borja,
São Francisco de Assis e Unistalda.
No dia da conservação deste relevante recurso
natural, chama-nos atenção à situação do Bioma Campos Sulinos ou Pampa. Grande
parte deste ecossistema está coberta predominantemente de gramíneas, compostas
e leguminosas, com porte e densidade suficiente para proteger os solos, isso
porque as áreas remanescentes são poucas e grande parte foi degradada e
incorporada aos cultivos ou pastagens. Com a redução da cobertura vegetal o
solo fica sujeito à erosão, pelas chuvas, pelos ventos e, assim, o capital
natural que representa é perdido e levado pelos rios, sangas e riachos no
período chuvoso, causando voçorocas e conseqüentemente o assoreamento, isso
também porque as práticas desenvolvidas na agricultura são ainda muito danosas
ao recurso.
A conservação do Pampa requer melhores práticas
de uso de seus recursos, principalmente dos solos, ou mesmo a redução na
intensidade do uso atual em áreas impróprias, pois a degradação vem ocorrendo
ao longo de séculos. Manter a sustentabilidade dos Campos Sulinos significa que
seu uso deve ser planejado, para que sejam utilizadas as áreas propícias ou
aptas para esse fim e permitir a possibilidade de regeneração dos recursos
naturais. Ou seja, os órgãos competentes da alçada municipal, estadual e
federal devem fazer campanhas de conservação dos solos, de florestamento, além
da conscientização para evitar queimadas, reduzir os processos erosivos e,
assim, lutar contra a arenização. Além disso, há necessidade de tornar efetivas
as unidades de conservação já existentes no bioma, além da criação de outras que
tenham como função conservar paisagens representativas dos diferentes tipos de
campo.
Atualmente o Pampa esta entre os biomas brasileiros
mais degradados, perdendo para a Mata Atlântica. Isso significa que a cada dia
os solos do Pampa perdem suas condições de sustentar nossa sociedade; a atual
degradação em curso não pode mais continuar, é necessário que se tomem
providências para a convivência harmônica com as possibilidades que os recursos
naturais podem fornecer. Assim, é responsabilidade de todos nós de zelar pelo
patrimônio natural que representa o solo nosso de cada dia.
Agentes como o vento, o sol e a chuva vão desgastando
a rocha e a transformando em um material mais macio. Com o passar do tempo,
esse material é misturado a restos de vegetais e de animais mortos, sempre em
contato com a água e o ar, e forma o solo, que é a terra na qual crescem as
plantas.
O solo tem camadas formadas por vários
elementos, mas ele não é igual em todos os lugares. Basta observar que cada
região do país produz determinados alimentos em vez de outros. Isto ocorre
porque cada tipo de solo é adequado para a sobrevivência determinadas plantas e
impróprio para outras.
O homem tem criado técnicas, equipamentos e
produtos químicos para aumentar a produtividade dos solos, mas muitas vezes sem
se preocupar com os danos que isso pode causar. Por outro lado, os
desmatamentos, as queimadas, o esgoto e a poluição em geral também têm agredido
a terra. Sabemos que tudo isso deve ser evitado. O importante é pensarmos em
como ajudar. Componente fundamental do ecossistema terrestre, o solo é um
sistema dinâmico e complexo. Sua formação, resultante de centenas de milhares
de anos, deve-se à interação entre elementos bióticos, bactérias e algas e
abióticos, chuva, gelo, vento e temperatura.
Do solo fértil e equilibrado dependem a produção
de alimentos, a sobrevivência de inúmeras espécies vegetais e animais, o ciclo
da água, a matéria-prima ou substrato para obras civis, casas, indústrias,
estradas e até a qualidade do ar.
É crescente a preocupação com as questões
ambientais e sua relação com a qualidade de vida no planeta, impondo, a cada
dia, barreiras mais rígidas ao comércio de produtos e serviços para as
diferentes cadeias produtivas. Dentro dessa perspectiva, é fundamental
reconhecer e assumir que “a conservação dos recursos naturais é uma
corresponsabilidade de todos os setores da sociedade, passado, presente e
futuro, na proporção em que consomem produtos originados desses recursos”.
Em
algumas regiões do país, a erosão vem causando significativos prejuízos
econômicos, sociais e ambientais. Algumas das consequências do mau uso e manejo
do solo podem ser identificadas pela poluição e assoreamento dos cursos d’água
e represas, perda de nutrientes e de matéria orgânica, enchentes avassaladoras
que, a cada ano, afetam milhares de pessoas, entre outras.
Os
recursos naturais ainda disponíveis no planeta Terra são suficientes para garantir
uma forma de vida adequada para todos, mas para isso é necessária à adoção de
medidas de recuperação, compensação e conservação dos recursos existentes. A
humanidade tem em suas mãos o destino do planeta, cabe a ela decidir os rumos a
serem tomados, mas uma certeza existe “se continuar como está estaremos
sujeitos ao fim”, precisamos fazer a nossa parte e tentar viabilizar a
conscientização sobre a importância da conservação e recuperação dos recursos
naturais existentes e oferecer formas alternativas e sustentáveis de manejo.
Por tudo isso é essencial evitarmos a degradação
do solo, por meio de práticas como a rotação de culturas, adubação orgânica,
drenagem, aragem, irrigação e manejo.
A política de uso racional do solo constitui-se
no conjunto de objetivos, normas, procedimentos e ações encetadas pelo poder
público, visando à manutenção e à melhoria do potencial produtivo do solo
agrícola.
O solo agrícola é um recurso natural,
parte integrante do patrimônio ambiental estadual e bem de interesse comum a
todos os cidadãos, devendo sua utilização sob qualquer forma, ser submetida às
limitações que a legislação geral, e especialmente esta lei, estabelecem.
A
utilização do solo no meio rural, para quaisquer fins, deve ser através da adoção
de práticas, técnicas, processos e métodos que visem a sua proteção, conservação,
melhoria e recuperação, observadas as características geo-morfológicas, físicas,
químicas, biológicas, ambientais, a capacidade e a aptidão de uso e as suas funções
socioeconômicas.
Devemos no mínimo observar, a aptidão
agrícola para uso da terra que é a adaptabilidade do solo para um tipo
específico de utilização agrossilvopastoril, segundo a avaliação das suas
potencialidades e limitações, pressupondo-se a adoção de um ou mais distintos
níveis de manejo, considerando o contexto socioeconômico; acapacidade
de uso da terra que é a adaptabilidade de um terreno para fins agrossilvopastoris,
sem degradação, por um longo período de tempo, segundo a avaliação de suas
potencialidades e limitações, especialmente quanto à declividade, pressupondo-se
a aplicação de um nível de manejo tecnológico desenvolvido; a conservação do solo que é o conjunto
de ações que visam à manutenção de suas características físicas, químicas e
biológicas, e conseqüentemente, à sua capacidade produtiva continuada.
A perda do equilíbrio das propriedades físicas,
químicas e biológicas do solo com redução significativa ou perda da
produtividade biológica ou econômica em decorrência da utilização da terra por
um processo ou uma combinação de processos, incluídos os resultantes de
atividades humana, causadas por efeito físico, erosão hídrica ou eólica,
compactação e outras formas de alteração da estrutura do solo ou por efeito
químico, acidificação, salinização, poluição, associadas ou não à deterioração
das condições hidrológicas de superfície devido à perda da cobertura vegetal ou
das condições geohidrológicas (águas subterrâneas).
No uso
adequado do solo agrícola de sersempre observada, a adoção de um
conjunto de práticas, técnicas e procedimentos que, de acordo com a sua capacidade de
uso e aptidão agrícola, contribuem para a recuperação, conservação e
melhoramento do solo agrícola, atendendo a função sócio-econômica e ambiental
de estabelecimentos rurais;
As terras agrícolas, em geral, estão
compartimentadas de formas diferentes, com vários tipos de solos e cada tipo
apresentando características e vocações próprias, necessitando para serem
utilizados, de um estudo ou levantamento sobre a capacidade potencial e de uso
dos mesmos, adequando os modelos de explorações às suas exigências naturais e
adotando medidas de manejo, conforme o tipo de solo, para dar sustentabilidade
a essas explorações sem causar nenhum prejuízo aos recursos naturais.
A Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação recomenda atenção para as técnicas que tornam a
produção sustentável e eficiente, modernizam as instituições e as políticas
nacionais. Ações coordenadas de instituições bem preparadas poderão responder
os desafios da gestão dos solos e da água.
Um novo paradigmada agricultura:
O
desafio: Para alimentaruma
população mundial crescente, não temos opção senãointensificar a produçãoagrícola.Mas os agricultoresenfrentam restriçõessem precedentes.Para crescer, a
agricultura deve aprender a economizar.
Sistemas agrícolas: Intensificação da
produçãode culturasserá construída
emsistemas agrícolasqueoferecem uma gama deprodutividade,sócio-econômicos e ambientais benefícios aos
produtoreseà sociedade em geral.
A
saúde do solo: Agriculturadeve,
literalmente, voltar às suas raízesredescobrindoa importância do solosaudável,com base em fontesnaturais denutrição de plantas,e usandoadubo mineralsabiamente.
Culturas
e variedades: Os agricultoresnecessitam
de um conjuntogeneticamentediverso
devariedades melhoradasque são
adequados parauma variedade deecossistemas
agrícolase as práticas agrícolas, e resistentesà mudança climática.
A gestão da água: Intensificaçãosustentável requertecnologiasmais inteligentesde precisão, para a
irrigação e as práticas agrícolasque
usamenfoques ecossistêmicospara
conservar a água.
Fitofarmacêutico:
Os pesticidasmatamas pragas, mas também inimigosnaturais dosparasitas, eseu uso excessivo,podem
prejudicaragricultores, consumidoreseo meio ambiente.A primeira linha dedefesa é umsaudávelecossistema
agrícola.
Políticas
e instituições: Para incentivaros
pequenos agricultoresa adotarintensificação
da produçãosustentávelde
culturas,são necessárias mudanças fundamentaisnas políticasde desenvolvimento agrícolae instituições.
O Dia da Conservação do solo é uma advertência a
ser lembrada diariamente para os que derrubam os remanescentes florestais e
usam de outras práticas de agressão ao solo, conscientes ou inconscientemente.
“Protegerás o solo e o delegarás sadio às gerações futuras”.
Recebido por e-mail de Julio Cesar Rech Anhaia – Eng.º Agrº - 15 de Abril de 2012