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03 dezembro 2014

3 de dezembro - Dia Internacional do Não Uso de Agrotóxicos

Os agrotóxicos, todos os dias matam homens, mulheres, crianças, pelas mãos invisíveis dos assassinos silenciosos fabricados pelas multinacionais dos agroquímicos

Herbicidas - charge de Latuff
O termo agrotóxico não é utilizado pelo setor empresarial que faz questão de denominar os biocidas de “defensivos agrícolas”. Essa palavra está carregada de intencionalidade de marketing, cujo objetivo é convencer os agricultores de que esses produtos atuam somente para impedir a ação de organismos que poderiam causar prejuízos econômicos, ocultando os riscos inerentes a essas substâncias para o meio ambiente e para a saúde humana. Sob essa denominação, a nova tecnologia é “ensinada” nas faculdades de agronomia, veterinária, biologia, zootecnia e nas escolas técnicas agrícolas com forte patrocínio das empresas químicas, constituindo um corpo ideológico de interesse de mercado.

Outros termos empregados são: pesticida, que vem da tradução da palavra do inglês pesticide, e praguicida. Ambos exprimem a idéia equivocada do efeito biocida apenas nos agentes patógenos indesejáveis e ocultam o lado dos riscos negativos para a saúde e o ambiente. Aludem a um efeito seletivo, que não é real, como se houvesse controle do alvo a que se destina o produto, quando na verdade podem agir também em outros organismos vivos, incluindo o ser humano, e produzir efeitos não desejados. A palavra “biocidas”, bem menos utilizada, significa “matar a vida” e seria a melhor denominação para essas substâncias, uma vez que este é de fato sua função e para tal são produzidos.

Tanto no campo quanto nas cidades, os agrotóxicos são comumente chamados de “veneno” ou “remédio”. O termo “veneno” é atribuído a esses compostos, pelos próprios trabalhadores rurais, que durante anos vêm observando efeitos nocivos dos biocidas a saúde humana e animal. Já “remédio” é o termo utilizado por vendedores e técnicos ligados à indústria química, na tentativa de passar a idéia que os agrotóxicos são “remédio para a planta”.

Brasil - o maior consumidor de venenos agrícolas do mundo
O modelo agrícola adotado no Brasil, especialmente para as monoculturas, desde a Revolução Verde e a Modernização Agrária instituída na década de 60, reúne as seguintes características: mecanização; práticas agrícolas químico-dependentes; irrigação e concentração de terras.

Geralmente, quando se pensa em agrotóxico a primeira associação feita é com seu uso na agricultura. Porém vale ressaltar sua crescente utilização nas áreas urbanas, principalmente os inseticidas domésticos adquiridos em supermercados, que possuem uma grande diversidade de produtos, princípios ativos e marcas, bem como os utilizados pela saúde pública.

A utilização de biocidas de maneira indiscriminada causa também a destruição dos agroecossistemas formados pela complexa interação entre parasita e predador, colheita, animais de pastos e o homem, uma vez que a eliminação de alguns elementos dessa cadeia, considerados “controles naturais de pragas”, pode levar a um considerável aumento desses parasitas em determinadas regiões. Isso ocorre porque ao se utilizar agrotóxicos pode haver a destruição dos “controles naturais” e resistência de parasitas. Por conta disso utilizam-se agrotóxicos com outros princípios ativos, que podem causar a destruição de outros “controles naturais” e nova resistência, entrando assim num “ciclo vicioso”.


O uso descontrolado dos agrotóxicos leva a uma expansão dos riscos, fazendo com que as populações não diretamente vinculadas com a cadeia produtiva dessas substâncias também se exponham em função da contaminação ambiental e dos alimentos, tornando a problemática dos agrotóxicos uma questão ainda mais grave de saúde pública. Os usos dos agrotóxicos são um problema de dimensões alarmantes, uma vez que comprometem não só a saúde, mas também o ambiente. Na Austrália, por exemplo, a redução da biodiversidade, causada pelo uso de agrotóxicos, pode ser avaliada pelo decréscimo das populações de anfíbios. Nesse país há um dito popular: “Choro dos sapos se calou com a chegada dos agrotóxicos”.

A capina química é uma prática que vem crescendo de forma acelerada e é muito utilizada no controle de plantas daninhas e na questão de limpeza em áreas urbanas, porém de forma irregular como preconiza a ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária). Pela questão de tempo e condicionamento físico dos trabalhadores que utilizam esta prática, ela vem ganhando cada vez mais espaço na hora de decidir qual melhor forma de fazer a limpeza de uma área. Enquanto que na capina mecânica uma área que era devastada em horas ou dias na capina química esse período de tempo diminui consideravelmente. Na maioria das vezes essa prática é feita de forma desordenada por trabalhadores que não tem o mínimo de cuidado na hora do preparo e nem uma preocupação com a questão de sua própria segurança na atividade em que ele está realizando. Esta prática resume-se na aplicação de herbicidas na área em que se pretende fazer o controle das plantas indesejáveis

Nos municípios existem trabalhadores informais que são contratados para cuidarem das aplicações de herbicidas nas residências, por não serem supervisionados, estes trabalhadores agem de forma clandestina e irresponsável, colocando em risco a saúde das populações, bem como a integridade da flora e da fauna

Você sabe o que tem no seu alimento?
A percepção dos riscos inevitáveis que podem ocorrer com o mal uso de herbicidas para eliminação das ervas invasoras é fundamental para a consciência popular. Não há nenhuma fiscalização por parte do poder público no sentido de combater essa prática predatória e devastadora que pode não só extirpar a flora e fauna de determinadas áreas como também a interferir na saúde da população.

A Lei 6.288/02 aprovada pela câmara dos deputados em 12/08/2009 proíbe capina química em área urbana. A partir de 15/01/2010, a ANVISA também proíbe a aplicação de herbicidas em área urbana.

PORTARIA nº 16/1994. Art. 1º - O uso de herbicidas para a capina e limpeza de ruas, calçadas, terrenos baldios, margens de arroios e valas fica expressamente proibido em todo o território do Rio Grande do Sul.

Querem aprovar uma lei que permite depósitos de venenos ao lado de residências no RS
A ANVISA levantou dados junto às áreas técnicas da Agência, a diversos segmentos da sociedade, e de outros órgãos do SUS para verificar a veracidade do alerta de uso indevido de agrotóxicos em zona urbana, e evidenciou-se que a regulamentação dessa prática não se revelava o melhor caminho na busca da proteção e da defesa da saúde da população brasileira. Em qualquer área tratada com produto agrotóxico é necessário isolamento completo do local por no mínimo 24h, para impedir que pessoas entrem em contado com o agrotóxico aplicado. Segundo a ANVISA, em ambientes urbanos, este período de isolamento é impraticável, pois não há meios de assegurar que toda a população seja adequadamente avisada sobre os riscos que corre ao penetrar em um ambiente com agrotóxicos, “cabe ressaltar que crianças, em particular, são mais sujeitas às intoxicações em razão do seu baixo peso e hábitos, como o uso de espaços públicos para brincar, contato com o solo e poças de água como diversão”, ressalta.
A Agência destaca que cães, gatos, cavalos, pássaros e outros animais podem ser intoxicados tanto pela ingestão de água contaminada como pelo consumo de capim, sementes e alimentos espalhados nas ruas, onde se lança os agrotóxicos.
A ANVISA informa que há no mercado produtos agrotóxicos registrados pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) identificados pela sigla “NA” como agrotóxicos de uso Não-Agrícola. “Estes produtos registrados pelo IBAMA apenas podem ser aplicados em florestas nativas, em ambientes hídricos (quando assim constar no rótulo) e outros ecossistemas (além de vias férreas e sob linhas de transmissão)”, destaca. Dessa forma, a prática da capina química em área urbana não está autorizada pela ANVISA ou por qualquer outro órgão, “não havendo nenhum produto agrotóxico registrado para tal finalidade”, conclui.

Organismos geneticamente modificados usam ainda MAIS venenos
A falta de uma política efetiva de fiscalização, no acompanhamento técnico e no controle de agrotóxicos na região, que é integrada no mercado globalizado, revela que o parâmetro que interessa aos tomadores de decisão é apenas o da produção. A saúde e o ambiente estão longe de uma atenção adequada.

Como podemos educar as nossas crianças para um modo de vida sustentável que contemple entre outras coisas: alimentação orgânica, uso racional da água, consumo consciente, coleta seletiva, etc.; se de forma indireta, colocamos esses indivíduos em contato com produtos que irão lentamente se acumular nos seus corpos e um dia, talvez não muito distante, irá lhes causar sérios danos à saúde? Aquela velha figura do jardineiro que atendia a domicílio e utilizava ferramentas como tesoura de poda, oncinha, rastelo, entre outros, parece estar em extinção.

A capina química em áreas urbanas expõe a população ao risco de intoxicação, além de contaminar a fauna e a flora local. Por esse motivo, tal prática não é permitida.

Julio Cesar Rech Anhaia-Engº Agrº-03 de dezembro de 2014

24 setembro 2014

Não jogue fora seu voto! (3)

Muitos deputados que votaram pela destruição de nosso antigo Código Florestal agora tentam conseguir votos, alguns até dizendo que AGORA irão defender o Meio Ambiente. Lembram como eles votaram em 2011?
VEJA QUEM VOTOU CONTRA O CÓDIGO FLORESTAL (relatório Aldo Rebelo):
http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/921040-veja-quem-votou-contra-e-a-favor-de-codigo-florestal-de-relator.shtml

Como votaram os deputados gaúchos:
(Sim é pela revogação do antigo Código Florestal e aprovar um novo Código menos restritivo e protetor ao Meio Ambiente. Não significa manter o antigo Código, mais restritivo, e contra o relatório que "flexibilizava" a proteção ambiental. Desde o início pedimos o voto no NÃO)


18 setembro 2014

Não jogue fora seu voto! (2)

A maior irresponsabilidade que VOCÊ pode fazer com o futuro é votar em políticos irresponsáveis com a qualidade de vida das gerações que ainda nem nasceram. 
Pense bem antes de votar!

Prefeitura derruba 74 árvores para carros "fluírem" melhor
Veja a matéria no Blog Vá de Bici!
http://vadebici.wordpress.com/2014/09/17/prefeitura-derruba-74-arvores-para-carros-fluirem-melhor/



17 setembro 2014

Não jogue fora seu voto!

A maior irresponsabilidade que VOCÊ pode fazer com o futuro é votar em políticos vigaristas. 
Pense bem antes de votar!

02 julho 2014

Para nossa prefeitura LER antes de pensar em CORTAR mais árvores em nossa cidade

Como salvar muitas vidas com parques urbanos
As áreas com árvores reduzem a quantidade de perigosas partículas de poeiras de 2,5 mícron.
Todas as árvores urbanas contribuem para um ar mais limpo e ambiente mais saudável.(usar o tradutor do Google, o artigo está em húngaro):

http://365.postr.hu/eletet-ment-a-varosi-park-szallopor-szennyezes-legtisztitas




No artigo tem link para o documento do IOP Science: "Global premature mortality due to anthropogenic outdoor air pollution and the contribution of past climate change "

http://iopscience.iop.org/1748-9326/8/3/034005/

16 março 2014

Lembrando o desastre ecológio em Hermenegildo

Revista Veja 19 abril 1978- Fotos de Ricardo Chaves

Desastre ecológico em  31 de março de 1978.

HERMENEGILDO, no idioma teutônico, aquele que se sacrifica aos Deuses. Comunicadores e jornalistas dominam a psicologia do “real”, “virtual”, “simulacro”, “ficção”, mas religiosos e militares são os que mais ao fundo vão nessas questões. Hermenegildo era o orgulhoso balneário em Santa Vitória do Palmar a poucos quilômetros do arroio Chuí na fronteira Sul do país, próximo ao Albardão, mas em poucos dias colocou a ditadura do Geisel em polvorosa. Um dia antes do 14º Aniversário do Golpe Militar, mal chamado de Revolução Redentora uma espuma espessa e nauseabunda cobriu as praias e começou a sufocar as poucas pessoas e animais que perambulavam pelas areias e vielas vazias naquele final de verão. Milhares de toneladas de marisco branco, tatuíras morriam sufocados e jaziam desde Cabo Polônio no Uruguai, onde a censura militar impedia qualquer tipo de informação, embora a pesca represente 12% de sua economia. Qual o enigma?

Os Gabinetes dos Ministros da Saúde e Marinha por dever de oficio deveriam contatar as Relações Exteriores, OPAS-OMS, e seu IRPTC em função da fronteira onde estava o problema, mas ditadura é outra coisa.

Revista Veja 19 abril 1978 - Fotos de Ricardo Chaves
O Centro de Estudos Toxicológicos (CET) constituído por professores da UFPel e elite orgânica daquela cidade imediatamente foram por conta própria fazer sua investigação. A análise laboratorial das amostras recolhidas acusou o gás ISOTIOCIANATO DE METILA e os diligentes professores aos poucos dias vieram à imprensa com os resultados, o que não agradou o poder autoritário... Eles foram convocados a visitar o gabinete do Ministro da Saúde Dr. Paulo Almeida Machado instalado emergencialmente em Tramandaí, pois a espuma tóxica e sua atmosfera estavam seguindo para o norte... Ao fazerem finca pé nos seus dados os dois professores universitários foram deixados na Freeway, de madrugada e a pé, sem qualquer condução a não ser andar cinqüenta quilômetros até Porto Alegre ou Osório. Cidadania para quê.

O órgão ambiental gaúcho criado seis anos antes por ordem do Banco Mundial era apenas uma Coordenadoria do Meio Ambiente com meia dúzia de funcionários. Seus carros oficiais circulavam com um adesivo branco com letras vermelhas de nome bem sugestivo: “Operação Santa Vitória” (talvez parodiando o filme O Segredo de Santa Vitória.), mas os técnicos mais requisitados eram oriundos da CETESB de São Paulo pelo currículo e expertise.

A foto do cadáver desconhecido em Hermenegildo foi tirada pelo repórter fotográfico
Jurandir Silveira (CCJ) que consta do livro: "A ditadura de Segurança Nacional
no Rio Grande do Sul  (1964 - 1985): História e Memória Voll III:
Conexão Repressiva e Operação Condor"
Para complicar o caso nas areias da praia surgiu o cadáver de um jovem de corpo atlético (sem a cabeça) que foi recolhido à morgue de Santa Vitória. Não era uma coisa rara ou muito anormal, pois a ditadura Argentina realizava os vôos da morte com os seus opositores e as correntes marítimas os traziam para Uruguai e em função da maré equinocial de 30 de março fez chegar ao Brasil. Ele foi autopsiado pelo Professor da UFRGS Dr. Djalma Johann e enterrado como desconhecido.

O fato mais estranho é que os mariscos mesmo depois de uma semana de mortos não tinham cheiro de podre, nem sequer decomposição, como se tivessem sido esterilizados.

O amigo Lutzenberger ao retornar do local, trouxe uma tosse estranha e nos pediu que fôssemos lá, pois afirmava que era veneno químico e o governo começava a articular que a causa era um fenômeno natural denominado “Maré Vermelha” causada por Dinoflagelados.

Revista Veja - 26 abril  1978
Fomos no avião do governo do Estado. Em Hermenegildo haviam dezenas de agentes do SNI. No local vimos que todas as árvores, arbustos e plantas de hortas caseiras expostas ao vento vindo da praia estavam dessecados. Não era fitotoxicidade pela proximidade do mar. Plantas de alta resistência como ciprestes, pinos e até a mamona estavam ressecados ou melhor dito dessecados por uma substancia química muito agressiva. Colhemos amostras vegetais e também mariscos para análise no laboratório Central do Ministério da Delegacia Federal do M. da Agricultura. Seguimos as pegadas do pessoal do CET. Sim, nas análises havia resíduos de Isotiocianato de Metila. Contudo, os efeitos daquele tóxico jamais teriam condição de tal impacto sobre uma área tão grande, desde Cabo Polônio até Tramandaí. Embora a UFRGS emitisse o laudo conclusivo de “maré vermelha” por Dinoflagelados, continuamos a investigar...

A solução do enigma não estava nas amostras analisadas mais há mais de duzentos quilômetros Uruguai adentro em Cabo Polônio. Ali em 13 de Abril de 1971 afundou o primeiro navio cargueiro especial para o transporte de cargas químicas de fabricação nacional “Taquari” de propriedade do Lóide Brasileiro, consta que batizado pela Dona Scylla esposa do Garrastazu Medice. Ele levava uma carga química da Flórida (EUA) para Buenos Aires para a empresa Siam Di Tella, com Oxido de Propileno; Oxido de Etileno, Etilenglicol e Etilenoimina (substância homogeinizadora de pigmentação na pintura de eletrodomésticos, geladeiras, maquinas de lavar, automóveis etc.), pertencente ao grupo das AZERIDINAS, muitíssimo tóxica.

O navio Taquari partido ao meio - reprodução de Sebastião Pinheiro

A história do naufrágio do Taquari é insólita. Ele naufragou no Cabo Polônio com mar calmo em uma madrugada e vinha com tal velocidade que subiu as rochas e ficou totalmente fora d’água na “Ilha Rasa” em área com um Farol.

O estranho é que a legislação internacional não foi cumprida e não houve guarda para evitar roubos e pirataria no navio acidentado. Embora a carga fosse altamente tóxica, pois tinha soda cáustica, Mercúrio e outros produtos químicos além da carga química mortal já nominada. O tempo passou e o navio ficou esquecido. Cabe a pergunta ele estava assegurado? Foi paga a apólice? E houve descarrego no Instituto de Resseguros do Brasil?

Revista Veja - 10 de maio de 1978- parte 1

Em uma ditadura é muito difícil e perigoso fazer investigação, ainda mais quando buscando os jornais se verifica que um dos marinheiros do Taquari “morreu” em Porto Alegre “atropelado” dentro de um taxi...

Revista Veja - 10 de maio de 1978 - parte 2
O navio que fora lançado ao mar no ano anterior, em sua derradeira viagem alterou sua rota e foi levado sorrateiramente ao porto do Rio de Janeiro, onde recebeu uma volumosa carga colocada no convés coberta com plástico e seguiu viagem. Pessoas bem informadas diziam que o marinheiro morto no “acidente” em Porto Alegre havia denunciado isso minutos antes de seu acidente-decesso.

De um jornalista gaúcho e outros uruguaios escutei: - A ditadura civil-militar recebia muito apoio da ditadura brasileira. O carregamento clandestino de armas levados ao convés no Rio de Janeiro seria desembarcada clandestinamente em um porto natural com sinalização passada ao comandante... Os faróis internacionalmente são identificados desde os navios pelos tempos de duração da luz e espaço escuro.

Agentes de inteligência do MLN-T tinham a informação da desova. Infiltraram seus agentes e mudaram o tempo de luz e escuro dos faróis para que desde o navio não pudesse haver suspeitas e o navio foi conduzido através do código de luz/escuro para as pedras no Cabo Polônio naufragando na praia da Ilha Rasa, tendo a carga de convés aprendida pelos sediciosos. Razão pela qual nenhuma das duas ditaduras assumiu o risco de aproximar-se do navio.

Lutzenberger em seu escritório. Foto do Right Livelihood Award Foundation Archive
Mas e o ISOTIOCIANATO DE METILA? Todas as cargas de ETILENOIMINA são misturadas ao Isotiocianato de metila que atua como um antidetonante para maior segurança no seu transporte. Os óxidos de etileno e propileno são poderosos esterilizantes, por isso os mariscos não apodreciam mesmo trinta dias depois de mortos. O eltilenoglicol foi o responsável pela espuma espessa e a etilenoimina o agente mortal por sua altíssima toxicidade.

Sete anos depois do naufrágio uma maré equinocial (ressaca) no final do verão rompeu os tonéis de oxido de propileno e oxido de etileno, etilenoglicol e etilenoimina liberando a espuma tóxica por mais de mil quilômetros. Um navio oceanográfico da Dow Chemicals esteve frente a Cabo Polônio fazendo suas investigações sigilosamente depois de Hermenegildo... Porque a DOW responsável pelos tonéis vermelhos não alertou a OPAS-OMS IRPTC?

Jornalista da revista alemã Stern: "Em todo o mundo é assim.
No final, quem acaba mesmo levando a culpa é a natureza".
Revista Veja - 26 abril 1978
Uma técnica, suspeito que agente de informações destruiu as amostras coletadas e que estavam em análise, mas o triste foi o “Livro Branco” escrito sobre o que ocorreu em Hermenegildo. O Lutz me emprestou uma cópia xerox. Na Capa constava o título: “Hermenegildo: Um agravo inusitado à Saúde”. O Lutz com sua irreverência riscou a palavra Saúde e escreveu com grafite à Inteligência. Sim, “um agravo inusitado à Inteligência”.

Uma professora argentina que lecionava na Oceanografia (FURG) em Rio Grande veio a público trinta anos depois dizer que jamais existiu maré vermelha em Hermenegildo. Várias entidades comemoraram os trinta anos com eventos e lembranças ecológicas, ambientalistas.

Cartazes "subversivos"
Polícia Federal apreendeu os cartazes do desastre ecológico em Hermenegildo, feitos
pela ambientalista Magda Renner. - Revista Veja  - 21 de junho 1978
Minha tristeza aumentou, pois em nenhuma das manifestações encontrei referência critica ao contexto da situação autoritária envolvendo aquele evento, os anseios cidadãos para esclarecê-lo e respeito à cidadania.

Em minha mediocridade sabia que devia ser guardada uma amostra do cadáver autopsiado para as análises de ADN no futuro que possibilitariam sua identificação e luz para uma das muitas famílias dos “Desaparecidos”.

Com a mesmo ênfase e respeito agradeceria as autoridades uruguaias jogarem luzes sobre o naufrágio do Taquari e assuntos correlatos. Será que há registro sobre o “Taquari” nas Seguradoras Marítimas Britânicas?


Texto de Sebastião Pinheiro, postado com autorização do autor.

Sebastião Pinheiro é engenheiro agrônomo, engenheiro florestal e ex-analista do Laboratório de Resíduos de Agrotóxicos do Meio Ambiente, e funcionário do Núcleo de Economia Alternativa (NEA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Membro do Conselho Superior e ex-vice- presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural - AGAPAN.

22 outubro 2013

Mais perigo em Fukushima: os riscos da remoção das varetas de combustível

Tanques com água radioativa em Fukushima
Foto da "Nuclear Regulation Authority" do Japão.
A Crise na Unidade 4 de Fukushima exige uma ação global
por Harvey Wasserman*

Estamos perto do que pode ser momento mais perigoso da humanidade desde a Crise dos Mísseis Cubanos.

A empresa proprietária de Fukushima, a Tokyo Electric (Tepco), diz que em novembro eles começarão a tentar remover mais de 1.300 tubos de combustível de um dos tanques que está bastante danificado a cerca de 50 metros do chão. Este tanque está em cima de um prédio muito danificado que está afundando, entortando e pode facilmente cair com algum terremoto ou até mesmo sozinho.

As quase 400 toneladas de combustível naquela piscina podem derramar 15 mil vezes mais radiação do que foi derramada em Hiroshima.

A única coisa certa sobre essa crise é que a Tepco não tem os recursos financeiros ou científicos para lidar com a situação. Nem mesmo o governo japonês. A situação demanda de um esforço mundial coordenado dos melhores cientistas e engenheiros que nossa espécie pode prover.

Foto: Fukushima Blog

Por que isso é tão sério?

Nós já sabemos que milhares de toneladas de água muito contaminada estão vazando de Fukushima desde 2011 e indo direto para o oceano Pacífico. Já foram encontrados cardumes de sardinha com traços de contaminação na costa da Califórnia… E nós devemos esperar coisas muito piores.


A Tepco continua a jogar mais e mais água na região dos três núcleos dos reatores destruídos para de alguma forma mantê-los resfriados. O vapor que sai destes indica que a fissão nuclear pode ainda estar ocorrendo no subsolo. Mas ninguém sabe exatamente onde estes núcleos estão.

Esta água jogada torna-se radioativa ao entrar em contato com o núcleo. Como não pode ser descartada, sua maioria está agora armazenada em milhares de enormes porém frágeis tanques que foram montados com pressa em volta do local. Muitos já estão vazando. Eles podem simplesmente se desmontar no próximo terremoto, liberando milhares de toneladas de veneno permanente no Pacífico.

A água que está sendo jogada no local está prejudicando as bases das estruturas que sobraram, inclusive a do prédio que suporta o tanque de combustível da unidade quatro.

Foto: Fukushima Blog
Mais de 6.000 varas de combustível estão em um tanque apenas a cinquenta metros da unidade quatro. Algumas destas contendo plutônio. O tanque não tem nenhuma contenção extra, está vulnerável à perda do isolamento estrutural, ao colapso de algum prédio próximo, outro terremoto, outra tsunami e mais.

No geral, mais de 11.000 varas de combustível estão espalhadas ao redor da Fukushima. De acordo com o especialista do departamento de energia Robert Alvarez, há cerca de 85 vezes mais césio no local do que o que foi liberado em Chernobyl. Pontos de radioatividade continuam sendo encontrados em todo o Japão. Há indicações de áreas com grande incidência de problemas na tireoide de crianças.

A missão principal é que estas varas de combustível devem sair de alguma forma com segurança deste tanque de combustível do reator quatro o mais rápido possível.

Imagem: Fukushima Blog
Qual o risco que estas varas de combustível apresentam?

O combustível gasto têm de ser mantido de alguma forma debaixo da água. É revestido em uma liga de zircônio que irá entrar em ignição espontaneamente se exposto ao ar. Usado por muito tempo em lâmpadas de flash de câmeras fotográficas, o zircônio queima com uma chama extremamente clara e quente.

Cada bastão emite radiação o suficiente para matar alguém próximo a ela em questão de minutos. A ignição de uma poderia forçar toda a equipe a abandonar o local e deixaria equipamentos elétricos inutilizados.

De acordo com Arnie Gunderson, uma engenheira nuclear com quarenta anos de experiência em uma indústria que fabrica estas varas de combustível, as que estão dentro do reator da unidade quatro estão tortas, danificadas e trincadas ao ponto de quebrarem. As câmeras mostraram quantidades preocupantes de destroços no tanque de combustível, que parece estar bem danificado.

Os desafios de esvaziar este tanque são cientificamente enormes, diz Gundersen. Mas deverá ser feito com 100% de perfeição.

Esquema da superestrutura de recuperação do combustível. - Imagem Fukushima Blog

Se a tentativa falhar, as varas podem ser expostas ao ar e pegar fogo, liberando quantidades horroríficas de radiação na atmosfera. O tanque pode cair no chão, derrubando as varas juntas em uma pilha que poderia ativar a fissão e explodir. O resultado seria uma nuvem radioativa que ameaçaria a segurança e saúde do mundo todo.

Os primeiros vestígios de radiação que Chernobyl emitiu chegaram na Califórnia em dez dias. Os vestígios de Fukushima chegaram em menos de uma semana. Um novo incêndio no tanque de combustível do reator quatro pode derrubar uma corrente contínua de radiação venenosa por séculos.

O embaixador aposentado Mitsuhei Murada diz que se esta operação der errado, “destruiria o ambiente mundial e nossa civilização. Não é ciência astronômica ou se conecta com debates sobre plantas nucleares. Esse é um assunto sobre a sobrevivência humana”.

Nem a Tokyo Electric ou o governo do Japão pode fazer isso sozinho. Não há desculpas para não organizar um esforço em conjunto mundial dos melhores engenheiros e cientistas disponíveis.

O relógio está contando e não podemos evitá-lo. O desfecho de um possível desastre nuclear mundial está quase batendo na porta. Para ajudar, a melhor coisa que você pode fazer é passar esta informação para outras pessoas afim de mobilizar e conscientizar o mundo do perigo que estamos enfrentando e assim pressionar as autoridades a se organizarem.

*Franklin Harvey Wasserman (nascido em 31 de dezembro de 1945) é um jornalista norte-americano, autor, ativista da democracia e defensor de energia renovável . Ele tem sido um estrategista e organizador do movimento anti-nuclear nos Estados Unidos há mais de 30 anos.
 
Mais informações no Fukushima Blog


Contaminação do Oceano Pacífico: Césio-137 foi detectado na água do mar a 1 km de Fukushima
Césio-137 foi detectado na água do mar ao largo de Fukushima pela primeira vez, a 1 km da planta nuclear. A data de amostragem foi de 10/08/2013. A leitura foi de 1,400 Bq/m3.
Desde que começaram as amostragens neste local em 2013/08/14, as medições de Cs-134/137 tinham sido menores do que o nível detectável. Esta é a primeira vez que se mediu nível significativo de Cs-137.


"Jeitinho" japonês  para tentar conter o problema de bombeamento de água
Foto da "Nuclear Regulation Authority" do Japão.
Água de chuva contaminada em Fukushima pode ter chegado ao oceano 
De acordo com a Tokyo Electric Power (Tepco), a água de chuva transbordou das áreas onde estão instalados os tanques de armazenamento de líquidos radioativos.

Tóquio - A operadora da central nuclear de Fukushima informou nesta segunda-feira (21/10) que água de chuva contaminada pode ter alcançado o Oceano Pacífico. A Tokyo Electric Power (Tepco) explicou que a água de chuva transbordou das áreas onde estão instalados os tanques de armazenamento de líquidos.

Até o momento, a quantidade e o grau de contaminação não foram determinados. A central de Fukushima Daiichi contém 400.000 toneladas de água com césio, estrôncio, trítio e outras substâncias radioativas no subsolo ou armazenadas em quase mil depósitos improvisados desde o acidente nuclear de 2011 provocado por um tsunami.

Fonte: Correio Braziliense (com France Presse)

Sem plano B?

Em janeiro de 2012, no Fórum Social Temático em Porto Alegre, Yuko criticou
o governo e a imprensa do Japão que pouco esclareciam a população.
Foto: Cesar Cardia/Amigos da Gonçalo de Carvalho
Este novo problema na central acontece em um mês no qual a unidade registrou diversos erros humanos que causaram fugas maciças de água contaminada e novos vazamentos para o mar. Na mensagem recebida, via Facebook, da eco ativista Yuko Tonopira, ela diz: "sim, é verdade que a remoção das varas de combustível da unidade 4 começará em novembro. Eles só construiram um guindaste para retirar o conjunto de hastes, um por um... um trabalho extremamente perigoso... Eu estou dizendo a minha família para se preparar para sair, se algo der errado na unidade 4. A vida de muitas pessoas dependem do guindaste..."

Monge Yoshihiko Tonohira fala sobre suas ações anti-nucleares
em Porto Alegre, no debate promovido pela AGAPAN em 23 de janeiro de 2012.
Foto: Cesar Cardia/Amigos da Gonçalo de Carvalho

   

25 setembro 2013

Poluição do ar mata mais que acidentes de trânsito em São Paulo

Poluição do ar é mais fatal que acidente de trânsito em SP
Por ano, a má qualidade do ar é responsável por 17,4 mil mortes no Estado, o dobro do número de óbitos envolvendo acidentes de trânsito, revela estudo

Responsáveis por 90% da poluição do ar,
os veículos são os maiores vilões das mortes e internações

São Paulo – Ameaça nem sempre visível ao olho nu, a poluição do ar na maior metrópole do país mata mais do que acidentes de trânsito. Por ano, a má qualidade do ar é responsável por nada menos do que 17,4 mil mortes no Estado de São Paulo, o dobro do número de óbitos envolvendo acidentes de trânsito, revela um novo estudo.

De acordo com a pesquisa do Instituto Saúde e Sustentabilidade, entre 2006 e 2011, houve 99.084 mortes relacionadas à poluição – é quase uma cidade de 100 mil habitantes sendo dizimada em 6 anos. A capital concentra o maior número de vítimas fatais: 4,6 mil por ano, o triplo de pessoas mortas em acidentes de trânsito (1.556).

Em 2011, o Estado de São Paulo registrou 68.499 internações atribuíveis à poluição. Somados, o número de mortes precoces e de internados representaram um custo de R$ 246.273.436 ao sistema público e privado de saúde.

Responsáveis por 90% da poluição do ar no estado, os veículos são os maiores vilões das mortes e internações. E quanto maior a lentidão do trânsito, mais gases poluentes são lançados no ar. A conta é simples, mas o perigo nem sempre é visível. Trata-se das micropartículas de poeira, conhecidas como PM2,5.

Medindo apenas 0,0025mm, elas resultam da combustão incompleta de combustíveis fósseis utilizados pelos veículos automotores, e formam, por exemplo, a fuligem preta em paredes de túneis.

Maléficas ao organismo humano, elas podem penetrar nos pulmões e na corrente sanguínea, causando doenças cardíacas, câncer de pulmão, asma e infecções respiratórias. O estudo aponta que as médias anuais de MP2,5 de todos os anos situam-se acima do padrão de 10 μg/m3 , preconizado pela Organização Mundial da Saúde. Em 2011, a média para os municípios foi de 25 μg/m3.

Mas as medidas máximas diárias observadas para os municípios representaram entre 40 e 140 μg/m3. Segundo o estudo, se considerarmos uma medida máxima, por exemplo, de 100 μg/m3 em um dia, significa que o morador da cidade respirou 4 vezes mais a dose considerada segura naquele dia, ou a dose possível para 4 dias.

29 agosto 2013

A polêmica abertura da Rua Pinheiro Machado

Em Porto Alegre, o que importa são os carros, não as pessoas?
Já se falava, desde o início das atividades do Shopping Total, que o acesso à rua Pinheiro Machado pela Av. Independência seria reaberto. Isso permitiria que mais carros pudessem ter acesso ao Shopping, vindo pela Av. Independência. O acesso da Independência está bloqueado mais ou menos há 25 anos.

Rua Pinheiro Machado com Av. Independência - Google Street View
Certamente existiam bons motivos para o bloqueio, pois até então o executivo municipal não cogitava a reabertura... Até o terreno da antiga cervejaria ser locado para o Shopping Center.

A antiga Cervejaria Bopp, depois Continental e Brahma, no início do século XX

Moradores da redondeza não acreditavam que a rua fosse realmente reaberta, pois depois da luta pela preservação da Gonçalo de Carvalho, com a vitória pela preservação de seu Túnel Verde, ficaria "muito na vista" mais uma tentativa de favorecer um empreendimento comercial em detrimento dos interesses de moradores.
Mas agora, com a cidade entupida de carros, isso ficou muito mais fácil, foram apresentadas novas justificativas de modo a não ficar tão visível que o objetivo principal é facilitar o acesso ao Shopping Center.

Para onde querem levar mais carros?
 
Lembrando alguns fatos
Em 2010 tomou posse a nova composição da RGP1. O Fórum da Região de Planejamento 1, mais conhecido como RP1, engloba os bairros Marcílio Dias, Floresta, Centro, Auxiliadora, Moinhos de Vento, Independência, Bom Fim, Rio Branco, Mont’Serrat, Bela Vista, Farroupilha, Santana, Petrópolis, Santa Cecília, Jardim Botânico, Praia de Belas, Cidade Baixa, Menino Deus e Azenha.

Os bairros da RP1

A nova composição da RP1 foi escolhida na eleição de outubro do ano anterior e diplomada, assim como as demais 7 regiões, no dia 20 de janeiro de 2010. Foram empossados como conselheiros da RP1 o arquiteto Ibirá Lucas (titular), João Volino Corrêa (presidente da Associação de Moradores da Auxiliadora como 1º suplente) e Cesar Cardia (Movimento Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho e sócio benemérito da AMABI (Associação dos Moradores e Amigos do bairro Independência) como 2º suplente).
Logo nas primeiras reuniões da RP1 apareceram dois representantes de moradores da Rua Pinheiro Machado - Leon Hernandes e Maria Alice Kauer - solicitando apoios contra a abertura da rua onde residiam. Suas justificativas foram acolhidas pela imensa maioria dos delegados e conselheiros da RP1, queriam preservar a qualidade de vida, própria da região, evitando que a pequena rua se transformasse em corredor de veículos que se dirigiam ao Shopping. Existem muitos idosos residindo na rua e ela fora escolhida por essas características que estariam sendo ameaçadas.

Maria Alice e Leon na reunião da RP1 - 25/2/2010

A RP1, assim como as demais RPs, é um Fórum aberto a todos, sejam moradores ou empresários, para que lá levem seus questionamentos ou reclamações que posteriormente os conselheiros as representem junto ao CMDUA (Conselho do Plano Diretor da cidade de Porto Alegre).
O Leon e a Maria Alice disseram que já haviam ido na Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação (Cuthab) e haveria mais reuniões na Câmara Municipal, pediram que um dos conselheiros e algum delegado da Região comparecesse para prestar apoio, o que foi feito.
A AMABI também apoiava a não abertura da rua e seu novo presidente, Diônio Kotz, estava presente na reunião na Comissão da Câmara Municipal, mas a EPTC (Empresa Pública de Transporte e Circulação) que desejava a abertura da rua, simplesmente nem compareceu e isso deixou os vereadores extremamente irritados. Outros representantes do executivo que compareceram na reunião pouco ou nada esclareceram sobre os motivos da pretendida reabertura da rua, disseram ser assunto da EPTC, não tinham maiores informações.
"O secretário adjunto da Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov), Adriano Gularte, ressaltou que a EPTC foi a autora da proposta de reabertura da Pinheiro Machado, que teria sido apresentada à comunidade, em 2006, durante o licenciamento ambiental do Shopping Total. Segundo ele, os problemas visariam resolver problemas de circulação viária da região. O engenheiro Breno Ribeiro, da Secretaria de Planejamento do Município (SPM), negou que a medida visasse a beneficiar o Shopping Total." (Veja nesse link)

Antes da reunião do dia 27 jornais já davam a notícia
da abertura da rua. No jornal de bairro "Fala Bom Fim" a notícia aparece
ao lado de propaganda da prefeitura municipal sobre "sustentabilidade".

De lá para cá o assunto foi se arrastando e os jornais recentemente anunciaram a imediata abertura da rua, como algo já definido pela prefeitura municipal. A justificativa era os congestionamentos na Av. Independência e na Rua Ramiro Barcelos, o que é uma realidade. Apenas não foi dito que em reunião (segunda reunião, na primeira a comunidade e imprensa estavam presentes mas a EPTC simplesmente não compareceu), também na RP1, para tratar da inversão de tráfego nas ruas Santo Antônio e Garibaldi por motivo de obras no Túnel da Conceição, a inversão de mão nas duas vias e com a proibição de conversão à esquerda na Garibaldi (a Santo Antônio permitia isso) todos os veículos que pretendiam acessar a Farrapos e Cristóvão Colombo teriam que ir até a Praça Júlio de Castilhos, contornar a Praça, para acessarem a Ramiro Barcelos, rua com trânsito pesado. Disseram que era uma emergência, depois de um ano de obras no Túnel tudo voltaria a ser como antes. Não voltou. A Rua Santo Antônio e a Rua Garibaldi continuaram com o fluxo de trânsito invertido e o problema na Praça Júlio de Castilhos e Ramiro Barcelos só tem piorado com o crescente número de veículos em circulação.

RP1 - "Quem viu a EPTC por aí?" - em 15 de julho de 2010

Se a prefeitura (EPTC) quiser reduzir a quantidade de veículos na Av. Independência em direção a Praça e Ramiro, teria que oferecer uma opção aos que pretendem descer a Ramiro, como era com a Santo Antônio, e isso não ocorrerá com a abertura da Pinheiro Machado, pois a rua tem apenas TRÊS quadras e fatalmente um grande problema ao tentarem acessar a Ramiro Barcelos pela Rua Tiradentes.
Esses argumentos aparentemente não convencem o executivo municipal, nem o abaixo assinados dos moradores com mais de 1.500 assinaturas contra a abertura da Pinheiro Machado que os moradores conseguiram.

Reunião com a comunidade no Colégio Rosário - 27/8/2013

Neste dia 27 de agosto aconteceu uma reunião promovida pela AMABI e prefeitura municipal para tratar do assunto com a comunidade.
Muitos souberam da reunião na véspera ou no próprio dia, com a chuva que caia muitos avisados na última hora nem puderam comparecer. A EPTC apresentou seus argumentos, refutou que fosse mais uma tentativa para beneficiar o Shopping, ouviu opiniões que discordavam ou concordavam com a abertura da rua, mas aparentemente já estava decidido que a rua seria aberta "para desafogar o trânsito", até o presidente da AMABI que já tinha atuado contra a abertura comunicou que mudara de opinião. Em nome dos associados da entidade prestou apoio à EPTC. Eu, como sócio benemérito da AMABI, reafirmei minha posição contrária, pois os argumentos apresentados não eram minimamente convincentes, a abertura da rua - caso realmente desloque os veículos que querem descer a Ramiro para a Pinheiro Machado - causará mais problemas à região, hoje um ponto turístico por causa da Gonçalo de Carvalho, e também para a qualidade de vida das pessoas em detrimento de possíveis benefícios ao trânsito.

A Rua Pinheiro Machado, coincidentemente, vai até a entrada de carros do Shopping.

O vice-prefeito Sebastião Melo, que dirigiu a reunião, foi muito atencioso e político. Todos que o conhecem sabem que ele deve ser o político dessa administração que mais dialoga, quando presidente na Câmara Municipal deve ter sido quem mais promoveu Audiências Públicas com a comunidade, isso até seus adversários políticos reconhecem. Melo realmente poderia ter decidido sem ouvir a comunidade, mas fez a reunião e ouviu também os descontentes. Talvez tenha ficado com dúvidas sobre as soluções que a EPTC promete, quem sabe? Ao fim da reunião disse que a Rua Pinheiro Machado seria reaberta para teste por 90 dias e os resultados seriam avaliados e rediscutidos. O grande problema é que em Porto Alegre o "provisório" quase sempre passa a ser "definitivo".

Av. Independência, em frente ao Complexo Hospitalar da Santa Casa

Bem no momento que atingimos o limite de 400 ppm de CO2 na atmosfera, perdemos mais uma batalha para os carros...
Todos sabem que existe uma demanda reprimida, carros que não circulam por nossas ruas estarem entupidas de veículos. Quanto mais dermos espaços para eles, mais carros entrarão em circulação e isso não desafogará o trânsito caótico, ao contrário, só piorará o quadro.Por isso, muitas cidades estão reduzindo a quantidade de pistas e evitando carros em regiões, especialmente nas regiões centrais.

Cesar Cardia
Integrante do Movimento Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho
Sócio benemérito da AMABI
Associado da AGAPAN
Ex-conselheiro da RGP1
Participante do Fórum de Entidades para a Revisão do Plano Diretor de Porto Alegre

Leia:
400 ppm de CO2 na atmosfera: estamos no limite

22 maio 2013

22 de maio - Dia Internacional da Biodiversidade

PRESERVAR A BIODIVERSIDADE É PROTEGER A VIDA

“Precisamos mudar para um paradigma econômico alternativo que não reduza todo e qualquer valor a preços de mercado e toda atividade humana ao comércio. Do ponto de vista ecológico, essa abordagem implica em reconhecer o valor biodiversidade em si. Todas as formas de vida têm um direito inerente à vida; essa deveria ser a razão primordial para prevenirmos a extinção de espécies.”

SHIVA V., 2001

A ONU adotou o dia 22 de maio como o dia da diversidade biológica como forma de alertar, sensibilizar e aumentar o conhecimento sobre o assunto.

"Água e Biodiversidade", é o tema em 2013, no âmbito da Década das Nações Unidas sobre Biodiversidade e coincidindo, também, com o Ano Internacional de Cooperação pela Água.

A água é vital para a Vida na Terra e para as populações humanas, determinando o seu modo de vida. Providenciar água com qualidade para as necessidades das pessoas em todo o mundo é um grande desafio ao desenvolvimento sustentável de muitas áreas, seja qual for o seu grau de desenvolvimento.

Os ecossistemas, particularmente as florestas e as zonas úmidas, asseguram a disponibilidade de água limpa às comunidades humanas. As zonas úmidas podem minimizar os riscos de cheias. A vegetação pode ajudar a reduzir a erosão dos solos e a poluição da água, podendo aumentar a água disponível para as culturas. As áreas protegidas podem providenciar água às cidades. Estes são apenas alguns exemplos de como a gestão sustentável dos ecossistemas pode ajudar a prevenir e resolver problemas relacionados com a água.

Rio Guaíba - Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho
Vivemos em uma época em que tudo acontece de modo acelerado. A deterioração causada ao meio ambiente é decorrente de inúmeras intervenções causadas pelos seres humanos no processo associado ao capitalismo e ao consumo desenfreado, gerando automaticamente poluição e degradação sem precedentes.

A biodiversidade refere-se à “[...] variedade e variabilidade existentes entre organismos vivos e ecossistemas nos quais eles se mantêm, engloba todos os níveis de diversidade que se estendem dos genes à biosfera, passando pelo nível das espécies, dos ecossistemas e das paisagens”.

A biodiversidade é uma preocupação crescente da comunidade internacional, a perda de diferentes espécies de animais, plantas e micro-organismos vêem se acelerando. A vida na Terra depende da natureza. Os seres humanos precisam da diversidade biológica para o fornecimento de serviços importantes, como alimentação e recursos hídricos. A natureza também é uma fonte de oportunidades econômicas. A proteção da biodiversidade interessa a todos, pois sua perda tende a provocar: a extinção de espécies; a perda de diversidade genética; a propagação global de plantas e animais comuns; maiores mudanças no modo de funcionamento dos ecossistemas, os quais fornecem serviços essenciais para a vida humana, como produtos farmacêuticos, alimentos, madeira e purificação do ar e da água.

O Brasil, por seu turno, é o país com a maior biodiversidade do mundo, contando com um número estimado de mais de 20% do número total de espécies do planeta. No entanto, fatores diversos, como a perda de hábitats, a fragmentação de ecossistemas, o problema das espécies invasoras, entre outros, têm causado uma enorme perda dessa diversidade, extinguindo espécies, não só no Brasil como em todo o mundo.

Lixo nas ilhas do delta do Jacuí
Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho
A humanidade é parte da biodiversidade e a nossa existência seria impossível sem ela. Qualidade de vida, competitividade econômica, emprego e segurança, tudo depende deste capital natural. Biodiversidade é fundamental para os "serviços ecossistêmicos", ou seja, os serviços que a natureza fornece: regulação do clima, da água e do ar, fertilidade dos solos e produção de alimentos, combustível, fibras e medicamentos. A biodiversidade é essencial para manter a viabilidade da agricultura e das pescas, além disso, é à base de muitos processos industriais e da produção de novos medicamentos.

A fragmentação dos habitats, causada pela urbanização e agricultura, e a superexploração dos recursos naturais provocam a diminuição do número de espécies. Como essas são atividades reguladas pelo governo, as Entidades de Fiscalização Superiores podem desempenhar um papel importante ao auditar as ações governamentais. Existem diversas maneiras de proteger a biodiversidade dessas ameaças. Áreas protegidas, como parques nacionais e áreas de conservação, podem ser criadas. Espécies raras e ameaçadas podem ser protegidas por meio de “hotspots” de biodiversidade, áreas com uma alta concentração dessas espécies. A conservação dos componentes da diversidade biológica fora dos seus habitats naturais, como, zoológicos para animais vivos e espécies relacionadas, jardins botânicos para plantas e bancos de genes para a preservação de espécies, pode ser uma ferramenta utilizada para proteger espécies ameaçadas de extinção.

A perda da biodiversidade, o número de espécies de animais, plantas e micro-organismos está em rápida aceleração, num ritmo sem precedentes na história da humanidade, afetando diretamente a estrutura dos nossos ecossistemas, do nosso mundo natural e das nossas vidas. Um dos desafios para sua preservação é a crescente demanda por recursos biológicos, causada pelo crescimento demográfico e pelo aumento do consumo. As pessoas de todo o mundo precisam compreender a importância dos ecossistemas e as vantagens da biodiversidade.

A Convenção sobre Diversidade Biológica reconhece cinco principais ameaças à biodiversidade: alterações no habitat, perda e fragmentação; espécies exóticas invasoras (bioinvasão); exploração excessiva de recursos naturais; poluição e sobrecarga de nutrientes; mudanças climáticas e aquecimento global. Outras ameaças incluem a biotecnologia, os métodos agrícolas, a desertificação, a biopirataria e o comércio ilegal de espécies.

Desastres naturais recentes mostraram que vidas humanas poderiam ter sido salvas e danos reduzidos se os ecossistemas tivessem sido mais bem administrados. Por exemplo, nas regiões fora da zona de intensidade máxima do tsunami asiático de 2004, em que as florestas de manguezais haviam sido preservadas, o efeito foi bem menos severo do que nas áreas que haviam sido desmatadas para o cultivo de camarões ou para construção de estâncias para turistas. De forma semelhante, o desvio do Rio Mississipi por meio de um sistema de canais e barragens mudou o seu padrão de sedimentação e erodiu as áreas úmidas. Com essa proteção natural ausente, o furacão Katrina devastou a costa da Louisiana, EUA, em 2005.

Lixo nas ilhas do delta do Jacuí
Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho
Os habitats de água doce, inclusive lagos, rios, açudes, córregos, lençóis freáticos, nascentes, águas de caverna, várzeas, brejos, charcos e pântanos, são uma fonte importante de alimentos, renda e subsistência, particularmente nas áreas rurais de países em desenvolvimento. Esses ecossistemas também fornecem água, energia, transporte, lazer e turismo, equilíbrio hidrológico, retenção de sedimentos e nutrientes e habitats para fauna e flora.

Os ecossistemas de água doce, que muitas vezes são alterados drasticamente pelos seres humanos, estão entre os ecossistemas mais ameaçados devido aos seguintes fatores: alterações físicas; perda e degradação de habitats; drenagem; exploração excessiva; poluição; introdução de espécies exóticas invasoras.

As áreas úmidas onde a água é o fator primário de controle do meio ambiente e na superfície da terra ou próximo dela ou onde a terra é coberta por águas rasas. As áreas úmidas, que cobrem de 4% a 6% do planeta e são um dos principais sistemas de apoio à vida na Terra, proporcionam habitats críticos para muitas espécies de fauna e flora. Elas desempenham papel importante na filtragem e fornecimento de água, retêm sedimentos e nutrientes, estabilizam a linha costeira e mitigam enchentes. Constituem um dos mais produtivos ecossistemas do mundo e é um importante depósito de material genético de plantas, como o arroz.

Os países precisarão reavaliar a maneira como gerenciam seus recursos, revendo a administração dos rios, as regras para a silvicultura, as áreas de pesca e as práticas agrícolas. Os governos devem levar a biodiversidade em consideração ao tomar decisões que afetam o uso da terra e a exploração de recursos naturais.

Poluição no Rio Gravataí
Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho
Aumentar a conscientização pública sobre questões relacionadas à biodiversidade e ao meio ambiente é outra maneira de proteger e preservar a biodiversidade. A educação da população é um requisito frequente nos acordos internacionais.

A meta acordada pelos governos do mundo em 2002, “atingir até 2010 uma redução significativa da taxa atual de perda de biodiversidade em níveis global, regional e nacional como uma contribuição para a diminuição da pobreza e para o benefício de toda a vida na Terra” não foi alcançada.

A pesquisa e o monitoramento são essenciais para proteger a biodiversidade. É necessário aumentar o conhecimento e a compreensão sobre a biodiversidade, seu valor e as ameaças que enfrenta. A avaliação do estado da biodiversidade, genes, espécies e ecossistemas é um desafio importante. É preciso que haja mais informações disponíveis sobre as vantagens e desvantagens de diferentes variedades de culturas e as mudanças de situação das espécies, ameaçadas ou não, para preservar o equilíbrio biológico. A situação dos habitats, ecossistemas e ameaças deve ser incluída na agenda principal das reuniões ecológicas realizadas hoje para que os esforços de recuperação e restauração produzam resultados.

Guaíba. Daqui sai a água que bebemos
Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho
“As atividades humanas estão sobrecarregando de tal modo às funções naturais da Terra que a capacidade dos ecossistemas do planeta de sustentar as gerações futuras já não é mais uma certeza.”

Julio Cesar Rech Anhaia - Eng.º Agrº - 22 de maio de 2013