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26 novembro 2014

O cidadão também tem que preservar

Escadaria da Rua João Manoel em 5 de janeiro de 2008 - Foto: Cesar Cardia
Escadaria da Rua João Manoel
Rua Fernando Machado, s/n - Centro Histórico de Porto Alegre

Construída em alvenaria de tijolos e pedra, ascende da rua Cel. Fernando Machado à rua João Manoel, nas proximidades da rua Duque de Caxias.

Os três primeiros lances são centrais e ladeados por muretas baixas, pilaretes e ajardinamento. A partir do terceiro lance os degraus descentralizam-se e, divididos, evoluem nas laterais, com peitoril em ferro trabalhado.

Os degraus sobem contornando e unem-se novamente para outro lance centralizado na escadaria, chegando ao belvedere.

A mureta, balaústre que delimita a escadaria e o belvedere transversalmente, são em alvenaria com tratamento em vazados e balcão de apoio, diferenciando-se das muretas ao nível da rua Cel. Fernando Machado que são lisas.

O sistema pluvial para o escoamento da água da chuva consiste em orifícios dispostos a menos de 1/3 da altura das muretas, em diferentes níveis da escadaria.


Teresa Flores, a madrinha da Escadaria

Teresa, residente na Fernando Machado, é a pessoa que mais luta pela preservação da Escadaria

Em 2007 surgiu o antigo Movimento Viva Gasômetro, no Centro Histórico de Porto Alegre, que objetivava lutar pela melhoria de Qualidade de Vida no Centro, especialmente no entorno da Usina do Gasômetro. O atual Viva Gasômetro muito pouco tem a ver com o antigo Movimento.
Markinho Binatti em ação na Praça do Aeromóvel

Em dezembro de 2006 algumas pessoas decidiram protestar contra o estado de abandono da Praça Julio Mesquita (Praça do Aeromóvel), que tinha muito lixo acumulado e grande quantidade de ratos, fizeram um ato de protesto e convidaram o pessoal da AMABI e dos Amigos da Gonçalo de Carvalho para participarem. Como o convite feito por e-mail por um dos coordenadores do ato, Christian Lavich Goldschmidt, chegou quase na véspera do ato, não foi possível comparecer. Porém em fevereiro de 2007 entramos em contato com eles para tentar auxiliar o novo Movimento, que como nós estavam preocupados com o Meio Ambiente, problemas urbanísticos e a qualidade de vida na cidade.

Teresa na Escadaria da João Manoel
Na realidade o Movimento não existia, haviam feito um ato de protesto e algumas poucas pessoas se reuniam para trocar ideias sobre o que poderiam fazer, mas sem nenhuma estrutura nem planejamento. Na primeira reunião que compareci, levando material da AMABI e Amigos da Gonçalo de Carvalho, conheci pessoalmente a Jacqueline, Christian, Breno (artesão e vizinho da Jacqueline) e apareceu a Teresa, moradora da Rua Fernando Machado, que já comparecia para essas conversas em frente da Praça do Aeromóvel. Já nesse primeiro dia ela reclamou do estado da escadaria da João Manoel, disse que a tradicional escadaria estava toda pichada, suja, tinha virado ponto de tráfico e consumo de drogas, refúgio de malfeitores e que a prefeitura nada fazia para mudar esse estado deplorável. Disse que com a chegada de gente e mais experiente o Movimento poderia decolar e então atuar também para melhorar a escadaria da João Manoel, mesmo que ela não ficasse tão "pertinho" do Gasômetro.

Escadaria no dia 18/4/2007

Moradores de rua, pichações e muita sujeira

Muitos nem percebem a beleza que está escondida no Centro

DMLU lavou a escadaria de alto a baixo

Muito lixo retirado e muita água foi usada

Outras reuniões aconteceram depois, algumas sugestões para tornar o Movimento visível - como a criação de endereço de e-mail, Blog, estrutura organizacional, lista de prioridades e peças gráficas de divulgação - foram aceitas. Porém foi decidido que o Movimento não teria uma única pessoa na coordenação, quase todos os participantes seriam considerados oficialmente como coordenadores, menos eu que recusei por já participar ativamente da AMABI e dos Amigos da Gonçalo. Então a coordenação do novo Movimento era composta por Jacqueline, Christian, Teresa, Breno, uma jornalista chamada Suzana e a arquiteta Mara Gazola. 

Na Duque de Caxias, esquina com João Manoel, o hoje abandonado palacete da família Chaves Barcellos

Em abril de 2007 a Teresa Flores insistiu que o Movimento Viva Gasômetro participasse da limpeza da escadaria, já havia tretado do assunto com alguns moradores da região e donos de um restaurante que então existia na João Manoel, bem no limite da escadaria. Até a data já estava acertada, bastava o Movimento participar para dar mais visibilidade ao ato e pedir o auxílio do DMLU para recolher o lixo e lavar todo o local.

No dia 21/4/2007 iniciou a pintura com cal

A cidadania em ação

Teresa acompanhava tudo, muito contente

Vai ficar bonita novamente, dizia o pessoal do restaurante

Deu trabalho, mas os voluntários estavam muito satisfeitos

Arquiteta Mara Gazola também fez sua parte

Isso foi feito. No dia 18 de abril o Departamento Municipal de Limpeza Urbana limpou e lavou a escadaria e no dia 21 integrantes do antigo Movimento Viva Gasômetro, moradores e o pessoal do Restaurante Autêntico Sabor pintaram com cal toda a escadaria. Saiu até matéria na capa no jornal Correio do Povo. 
"Mutirão limpa escadaria", foi a manchete do Correio do Povo

Com o exemplo dado pela cidadania, a prefeitura passou a limpar e lavar a escadaria mais seguidamente e em 5 de janeiro de 2008, aconteceu um ato simbólico de "energização" com ervas e pétalas de flores, pela Ialorixá Cenira do Xangô na escadaria pintada pela prefeitura municipal, sempre com o acompanhamento da Teresa Flores, a "madrinha" da Escadaria da Rua João Manoel.

Trecho da João Manoel entre a escadaria e Duque de Caxias

A escadaria no dia 5 de janeiro de 2008

A escadaria no dia 5 de janeiro de 2008

A escadaria no dia 5 de janeiro de 2008

Energização com ervas e pétalas de flores em 05/1/2008

Energização com ervas e pétalas de flores em 05/1/2008

Energização com ervas e pétalas de flores em 05/1/2008

Energização com ervas e pétalas de flores em 05/1/2008
O problema é que esse tipo de ação pontual não resolve o estado de abandono da escadaria da João Manoel. Se mais pessoas se envolvessem, cuidando, denunciando os atos de vandalismo e pressionando as autoridades, tudo seria mais fácil. Os "cuidadores da cidade", na sua grande maioria são pessoas com mais idade e os jovens parecem ter outras prioridades, poucos participam desse tipo de ações.

(Cesar Cardia - integrante do Movimento Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho)
Todas as fotos das ações na Escadaria: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho


A história da Escadaria

Na época de sua construção, sem os altos prédios no entorno

Durante a administração de Alberto Bins foram implantadas várias melhorias, buscando resolver os problemas viários, sanitários e de embelezamento da cidade de Porto Alegre seguindo o “Plano Geral de Melhoramentos” proposto em 1914 por Moreira Maciel. Uma das estratégias do plano consistia no saneamento e adaptação do antigo centro colonial às novas condições urbanas, levando em conta higiene e circulação. A área colonial de Porto Alegre se configurava entre o Mercado Público e a ponta da península, tendo como centro a Praça da Matriz, no ponto mais alto da cidade. Algumas ruas, em áreas de grande declive, se tornaram impossíveis de transitar, gerando becos que não permitiam a circulação e ainda acabavam servindo como depósitos clandestinos de lixo.


Este era o caso da Rua General João Manoel, no trecho de ligação entre a Rua Fernando Machado e a Duque de Caxias, que terminava em um barranco intransitável no antigo Morro da Formiga. Do arruamento original da Vila de Porto Alegre, a ladeira preocupava o município desde 1883, quando surgiu a proposta de urbanizar o trecho. Porém o alto custo inviabilizou o projeto de ser executado, “sendo feita, entretanto, a demarcação para evitar que se construa qualquer obra”. Em 1922, conforme relatório do Intendente José Montaury, foram plantados 20 jacarandás.
Em 1929, um local para apreciar a paisagem


A Rua Duque de Caxias era uma das mais elegantes da capital, onde se localizavam as residências das famílias mais abastadas da cidade, o Palácio Piratini e a Catedral Metropolitana. O beco localizado naquela área trazia imenso prejuízo ao saneamento e visual da região, como explicou Alberto Bins no Relatório de 1929:

“A zona compreendida entre o alto do morro e a rua Fernando Machado, aberta e abandonada, era receptáculo de clandestinos despejos de lixo e de juncções de toda a natureza, com grave danno a hygiene daquella zona.”

A solução foi criar um belvedere com escadaria, uma vez que o barranco exigia rampas com mais de 25% de inclinação O projeto, elaborado em 1928, ficou a cargo da Seção de Desenhos da Comissão de Obras Novas, chefiada por Christiano de La Paix Gelbert, que assina o projeto. O Plano de 1914 previa o alargamento da Rua Gal. João Manoel para 18 metros, mas no relatório apresentado pelo prefeito ele justifica que seria mais conveniente deixar a rua como era e alargar e prolongar a Travessa Araújo. Ele explica que essa ideia surgiu depois do projeto pronto, já que esta seria a solução mais econômica. Nem no projeto, nem no Relatório de Moreira Maciel existe citação sobre o prolongamento da Rua Gal. João Manoel até a Rua Fernando Machado, o que provavelmente foi uma melhoria proposta pela Comissão de Obras Novas.
Nos anos 60 a cidade crescia e a escadaria se deteriorava

O projeto da escadaria se divide em três partes, sendo o seu início na Rua Duque de Caxias formado por um lance de escadaria central, com largura de dois metros, ladeado por dois taludes de grama. O acesso à escadaria se dá por duas praças laterais, com uma balaustrada geométrica, na qual dois bancos permitiam que se contemplasse a vista da Orla do Guaíba, numabela paisagem que hoje é interceptada por altos edifícios e pelo aterro. O primeiro lance chega a um amplo patamar do qual a escada é dividida em dois lances mais estreitos, contornando um grande terraço de 36 metros quadrados e criando um pórtico em forma de arco conformado pelo desnível da escada. Nesta parte, a balaustrada é substituída por um corrimão de ferro, também com linhas retas, proporcionando uma visão mais ampla da paisagem que se descortina para quem circula.
Altos prédios vão escondendo a escadaria

A terceira parte é formada por mais três lances centrais com largura de dois metros interceptados por patamares “naturais”, sem calçamentos e com inclinção de 5% que, segundo Bins, eram cobertos com areia grossa. A mesma balaustrada fechada, que acompanha o último lance da escadaria, faz o fechamento na chegada à Rua Cel. Fernando Machado.

A obra foi executada pela firma de Theo Wiederspahn, que venceu a concorrência, tendo início em 28 de agosto de 1928 e fim em 3 de fevereiro de 1929. A tradicional família Chaves Barcellos custeou um terço da despesa total da obra, uma vez que eram donos de dez terrenos na Rua Fernando Machado, atingindo toda a extensão da rua, queriam murá-los e edificar no alinhamento.

A escadaria foi tombada pelo Município como Patrimônio Histórico, com a intenção de preservar a identidade do centro de Porto Alegre. Além da importância arquitetônica, o belvedere teve importante influência na vida da população de Porto Alegre, conforme Instrução de Tombamento da EPAHC:
“Ele proporcionou a artistas plásticos e poetas inspiração para seus trabalhos. Os moradores da redondeza e os transeuntes se detinham a admirar a paisagem, principalmente pelo belo pôr-do-sol do Guaíba.”

O crescimento da cidade influenciou o entorno da escadaria, que passou a abrigar edifícios altos, mudando completamente sua percepção. Nestes anos, muita história envolveu a escadaria. O Plano Diretor de 1959 previa a construção de um túnel que demoliria a obra, mas o projeto foi abandonado pela municipalidade devido a sua inviabilidade. Uma paineira que se localiza junto à escadaria, hoje entre dois edifícios, conseguiu sobreviver às mudanças após movimentos em prol desua preservação. Hoje, bastante escura e deteriorada por limo e pichações, pouco mostra de seu aspecto original que se criou na década de 30, mas resiste como parte de uma época na qual seu percurso estava ligado ao desfrute visual da paisagem.


Fonte: trabalho de Taísa Festugato, em setembro de 2012 – "A arquitetura de Christiano de La Paix Gelbert em Porto Alegre (1925 – 1953)" – Programa de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura – PROPAR

Link para acessar ao trabalho completo da Taisa Festugato: 

31 outubro 2014

Árvore é cortada para dar lugar a propaganda sobre preservação ambiental?

Peça de publicidade sobre o Dia da Árvore foi instalada no lugar da árvore derrubada em São José do Rio Preto, em São Paulo

Árvore é cortada para dar lugar a propaganda sobre preservação ambiental e gera polêmica
Peça de publicidade sobre o Dia da Árvore foi instalada no lugar da árvore derrubada em São José do Rio Preto, em São Paulo
por Renato Onofre - Jornal O Globo - 29/10/2014

SÃO PAULO — “Uma criança abraça uma árvore com o sorriso no rosto. No fundo verde, uma mensagem exalta a importância da preservação da natureza e lembra do Dia da Árvore”. O que seria um roteiro padrão para uma peça publicitária virou motivo de revolta e indignação em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Isso porque a empresa de outdoor Interdoor derrubou uma árvore centenária em um terreno na Vila Aurora para a instalação de outdoor. Por coincidência, a primeira peça de publicidade instalada no local foi uma propaganda de um plano de saúde exaltando o Dia da Árvore.

A polêmica começou em julho com a derrubada da árvore no terreno localizado na Avenida Alberto Andaló. No local, já havia dois outdoors instalados. E com o corte da árvore, outros três foram instalados. Em uma das propagandas, uma cooperativa de saúde incentivava a preservação das árvores como forma de melhorar a saúde. A história foi parar na internet e ganhou repercussão internacional.

— Fiquei sem palavras diante de tamanha ironia e falta de bom senso — reclamou Carina Crisi Cavalheiro sobre a derrubada da árvore.

Nesta quarta-feira, o GLOBO tentou contato com a empresa responsável pelo outdoor. O atendente da Interdoor, que se identificou como Wagner, disse que só os proprietários poderiam falar sobre o assunto. Ao “Bom Dia Brasil”, da TV Globo, a empresa teria informado que tinha autorização da prefeitura e Polícia Ambiental para cortar a árvore. Sobre a propaganda, a empresa disse que foi “uma infeliz coincidência” já que não sabia o que iria ser anunciado.

Em nota, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), ligada à Secretaria do Meio Ambiente do governo paulista, informou que não há nenhuma autorização em nome da Interdoor para o corte de árvore. Segundo o órgão, em nome dessa empresa, há uma autuação da Polícia Militar Ambiental, por corte de árvore, porém a Cetesb não confirma se é o mesmo endereço.

De acordo com a legislação municipal, a multa, segundo a Polícia Ambiental, varia entre R$ 100 a R$ 1.000 por árvore ou planta. Já a multa da prefeitura por erradicar árvores sem autorização é de R$ 247, 55.

Não é a primeira vez que a população de São José do Rio Preto se revolta com a derrubada de uma árvore. Há cinco meses, um grupo de moradores tentou impedir que um guapuruvu de mais de 80 anos e 30 metros de altura para dar lugar a construção de dois prédios. A mobilização levou o caso à justiça.

Link para a matéria: http://oglobo.globo.com/brasil/arvore-cortada-para-dar-lugar-propaganda-sobre-preservacao-ambiental-gera-polemica-14398152#ixzz3HisMRG00


08 junho 2013

Árvores da Rua Gonçalo de Carvalho em publicação da ONU

O Secretariado da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), das Nações Unidas, em Montreal, Canadá, é uma das Convenções que surgiu durante a Rio 92 e trabalha para que os países implementem medidas de conservação e uso sustentável da biodiversidade, bem como a repartição justa e equitativa dos recursos provenientes desses recursos naturais.
Dentro da CDB existe um programa de trabalho que se chama “Autoridades Locais e Biodiversidade”, o qual se encarrega da implementação da CDB a nível de cidades. Em julho de 2012 fomos contatados por e-mail, comunicando que seria colocado um destaque para a Rua Gonçalo de Carvalho em uma publicação que objetiva analisar os impactos da urbanização sobre a biodiversidade. O título da publicação é “Cities and Biodiversity Outlook” (CBO), na ocasião elogiaram a luta pela preservação das árvores e solicitaram imagens sobre a Gonçalo de Carvalho e suas árvores.
Em outubro de 2012 o trabalho foi finalizado, mas apenas agora estamos tratando dessa importante publicação, apesar de vivermos em nossa cidade um verdadeiro clima de terror pelos cortes de árvores efetuados na região do Gasômetro (Centro Histórico) e outros já programados por nosso executivo municipal.

Na página 24 da publicação Cities and Bioversity Outlook,
o exemplo das árvores e dos que lutaram por sua preservação.
Devem ficar muito surpresos ao tomarem conhecimento do ocorrido neste ano
com as árvores de Porto Alegre, especialmente no dia 29 de maio.

Este é o texto publicado no "Cities and Biodiversity Outlook” (CBO):
Figure 2.3. Rua Gonçalo de Carvalho in Porto Algre, Brazil, is a stunning example of a natural urban ecolink. When this tree-lined street was  threatened by development, local residents and environmental groups mobilized to protect it. In June 2012, Porto Alegre passed a law protecting this and more than 70 other “green tunnels” in the city. Although the trees occasionally cause power outages when it rains (because electrical wires pass through the canopy), residents value the many benefits they provide. In addition to serving as an ecolink, the trees help reduce the urban heat island effect, improve air quality, minimize the impact of rain and flooding, and increase property values.

Cities and Biodiversity Outlook- Action and Policy
Author(s): Elmqist, T.
In: UN Secretariat of the Convention of Biological Diversity
Year: 2012
Type: Policy brief or report
Theme affiliation: Urban social-ecological systems.
Link to centre authors: Elmqvist, Thomas.
Full reference: Elmqvist, T. 2012. Cities and Biodiversity Outlook- Action and Policy. UN Secretariat of the Convention of Biological Diversity, Montreal, CAN, 66pp


Página do Convention on Biological Diversity: http://www.cbd.int/
Página deste Blog que fala do contato mantido em julho de 2012: http://goncalodecarvalho.blogspot.com.br/2012/07/secretariado-da-convencao-sobre.html

27 dezembro 2012

90 anos do ambientalista Augusto Carneiro

Augusto Carneiro em sua banca de livros na Feira Ecológica - 15/8/2009
No próximo dia 31 de dezembro o ambientalista Augusto Carneiro completará 90 anos com muitas histórias para contar.

Carneiro e sua esposa Rosalina, que faleceu em abril deste ano, na Feira Ecológica
- agosto de 2009

"Seu Carneiro", como é conhecido, colaborou na luta pela preservação das árvores da Rua Gonçalo de Carvalho, quando distribuiu em sua banca de livros sobre ecologia (na Feira Ecológica da Redenção) nossos panfletos para esclarecer a população e também pedindo uma nova Audiência Pública para discutir o projeto, no final de 2005.
Carneiro foi um dos fundadores da AGAPAN em 1971
 
Texto, de outubro de 2007, da jornalista Clarinha Glock:  
O ambientalista Augusto Carneiro e suas histórias 
Carneiro e Lutzenberger -
a criação da primeira Associação Ambientalista brasileira - arquivo AGAPAN
A pasta de couro surrada o acompanha há anos, desde que era membro do Partido Comunista (do qual foi expulso depois de denunciar as atrocidades cometidas por Stalin). Nela, Augusto César Cunha Carneiro carrega a vida em papéis: são artigos seus e do amigo José Lutzenberger, companheiro e mestre na luta em defesa do meio ambiente. De vez em quando, leva também um dos livros e várias das fotos de parques, praças e árvores que ajudou a plantar e a implantar e que hoje compõem parte de sua rica biblioteca. Na forma de xerox, suas idéias são espalhadas em panfletos distribuídos em eventos e na Feira Ecológica da Rua José Bonifácio, em Porto Alegre, em uma barraca de livros à venda, aos sábados pela manhã.

Na Feira Ecológica, pedindo o Veto ao Novo Código Florestal
Carneiro é um daqueles velhinhos de cabelos brancos e coração a 100 por hora. Tem 84 anos e uma energia invejável. Já foi contador, advogado, funcionário público e naturista. Seu currículo inclui a fundação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) e da Pangea Associação Ambientalista. Ele é membro do Conselho da Fundação Gaia, e já atuou no conselho do DMAE.
Participando da homenagem aos 40 anos da AGAPAN na Câmara Municipal - Foto: CMPA
Tive o privilégio de ouvi-lo contar sua vida e pude registrar suas histórias em DVD. O trabalho, feito por uma cinegrafista amadora como eu, talvez deixe a desejar em técnica, mas é recheado de tanta vida, que a imagem por vezes sem foco perde importância diante do conteúdo. As conversas que tive com Carneiro renderam cinco DVDs que foram doados à Fundação Gaia. Cada pedaço da memória ali registrado ajuda a recompor as aventuras e as lutas dos ambientalistas dos anos 70 para cá. Estão ali as histórias da criação da Agapan, do Parque do Lami, do estudante Dayrell que subiu numa árvore para evitar que fosse derrubada (o vídeo Carneiro e Dayrell, disponível no YouTube, dá uma amostra).
Em 1975 o estudante Carlos Dayrell
sobe em uma árvore para impedir seu corte - Foto: arquivo AGAPAN
Fiel escudeiro de Lutzenberger, mas nem sempre tão lembrado como ele, Carneiro foi homenageado durante o 2º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental realizado de 10 a 12 de outubro de 2007 no Salão de Atos da Ufrgs, em Porto Alegre. Recebeu uma placa de reconhecimento dos ecojornalistas na abertura do encontro e o vídeo com um resumo de suas histórias no encerramento.
Carneiro participando de uma reuni~eo do Conselho Superior da AGAPAN em 2012
Mas Carneiro ainda tem muito pela frente, não pode parar. Em sua casa ainda mantém um enorme arquivo sobre meio ambiente, que aos poucos vai repassando para entidades como a Fundação Gaia e o Núcleo Amigos da Terra. São pastas e mais pastas com recortes de jornais antigos, artigos de José Lutzenberger, Henrique Roessler, além de livros que recontam a história de parques, praças e da cidade de Porto Alegre. Material precioso de pesquisa, sua angústia no momento é como organizar e armazenar tudo isso em um só lugar, com o devido respeito, para que a história não se perca.
Participando de Audiência Pública para apoiar o projeto dos "Túneis Verdes", em 2012
Palestrando em 1995 na AGAPAN - Foto: arquivo  AGAPAN
Entrevista em vídeo, pela jornalista Clarinha Glock:

Está prevista uma homenagem ao ambientalista Augusto Carneiro no dia 5 de janeiro, junto a sua banca de livros na Feira Ecológica da Redenção.

*As fotos sem créditos de autoria são de Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

09 outubro 2012

Faleceu a coordenadora da campanha da Amazônia do Greenpeace

De O Eco: 
Tatiana e a despedida do arco-íris
Karina Miotto
08 de Outubro de 2012

Tatiana  em Santarém, no Pará. Foto: Greenpeace
Tatiana de Carvalho, coordenadora da campanha da Amazônia do Greenpeace, faleceu neste domingo (07), após uma queda na cachoeira Poço Azul, nos arredores de Brasília. Tinha apenas 36 anos de vida. 

A seguir, texto da jornalista Karina Miotto, que a conheceu, presta uma homenagem a Tatiana.


Tatiana de Carvalho era uma moça linda, cheia de energia, alegria e entusiasmo. Quando trabalhei no Greenpeace, em Manaus, lembro bem de suas excelentes pontuações nos debates do time. Recordo-me também do encontro no navio Arctic Sunrise, durante o Fórum Social Mundial que aconteceu em 2009, em Belém. Ela sempre a postos, em movimento, atendendo todo mundo. O trabalho em prol da conservação da Amazônia e da dignidade de seu povo marcaram sua história pessoal e profissional.

Começou a carreira no Greenpeace em 2002, como coordenadora da campanha de transgênicos. Na organização, também chegou a liderar a campanha da soja e a apoiar as de clima/energia e pecuária. Entre 2010 e 2011, foi analista sênior de conservação do WWF Brasil. Corajosa, idealista, ao longo dos anos realizou muitas viagens pela Amazônia para conhecê-la melhor e, assim, defendê-la. De volta ao Greenpeace, seu conhecimento da região a levou a assumir a liderança da campanha pela Amazônia. O coordenador de campanha é o representante do Greenpeace naquela determinada ação.

Iglu, como era chamada pelos colegas "ezalquianos" (formados pela EZALQ - USP), encarou os desafios que surjirão no caminho das causas que abraçou e não mediu palavras nem esforços para expor as irregularidades que encontrou.

Ela nos deixa para voar seu voo sem fim. Sua alegria contagiante, seu exemplo de viver intensamente e lutar pelo bem deste planeta ecoarão para sempre no coração de quem fica.

Segue na luz, Tati. Do arco-íris que você agora habita, continue a nos inspirar com seus passos.

Trechos de textos de Tatiana Carvalho

Carvoarias
“O ferro gusa está deixando um rastro de destruição e violência na Amazônia. Desmatamento ilegal, trabalho análogo à escravidão e invasão de territórios indígenas estão na ponta da cadeia desta matéria-prima”

Novo Código Florestal
"O projeto de lei como está escrito vai levar ao aumento do desmatamento, conceder anistia para quem desmatou ilegalmente e ainda abrir brechas para novas concessões"

Terra Indígena Marãiwatsédé
“O que está acontecendo na Terra Indígena Marãiwatsédé não é exceção, é regra na Amazônia. Os Xavantes hoje vivem encurralados em uma área rodeada por devastação, o que tem um impacto direto no seu modo de vida. Os índios precisam da floresta para sobreviver”

Paralisação do porto da Cargill
“A paralisação das atividades do porto da Cargill coroa a luta de muitos anos das comunidades locais de Santarém e daqueles que combatem a expansão da soja na Amazônia. A soja e outros produtos do agronegócio são vetores fundamentais do desmatamento, que ameaça a biodiversidade e provoca mudanças climáticas”
MP 558
"Estamos vendo um retrocesso na política ambiental no Brasil, passando pelo Código Florestal. Vimos também a redução do poder de fiscalização do Ibama e agora a redução de UCs sendo que ainda não foi criada nenhuma Unidade de Conservação nova neste governo. Vemos com grande preocupação os próximos anos. A perspectiva para o futuro é muito ruim. Neste contexto é ainda mais necessário que a sociedade civil esteja informada e mobilizada para dar um custo político a estas decisões"



Tatiana de Carvalho, ativista do Greenpeace falecida neste domingo,
reunida com representantes da AGAPAN no dia 25 de setembro, logo após
a verificação das árvores da Rua Gonçalo de Carvalho.
Cesar Cardia, Sandra Ribeiro e Tatiana - Foto: Miriam Löw/AGAPAN

No dia 25 de setembro passado, Tatiana esteve em Porto Alegre para tratar com diversas entidades ambientalistas da campanha "Desmatamento Zero". Ela ligou para a vice-presidente da AGAPAN, Sandra Ribeiro, quando estávamos fazendo a verificação das árvores da Rua Gonçalo de Carvalho com moradores, técnicos da SMAM e representantes da AGAPAN. Logo após a verificação do estado das árvores na Gonçalo de Carvalho aconteceu uma reunião de ativistas da AGAPAN com a Tatiana.

Link: Verificação das Árvores na Rua Gonçalo de Carvalho

26 setembro 2012

Verificação das árvores na rua Gonçalo de Carvalho

Verificação das árvores - Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho
Ontem, 25 de setembro, aconteceu a verificação das árvores da rua Gonçalo de Carvalho conforme foi acertado com o supervisor de Praças, Parques e Jardins no dia 12 de setembro.

Obra eliminou o canteiro da árvore - Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

A rua foi percorrida em toda sua extensão por Ana Lúcia D'Angelo (ex-presidenta da AMABI e representante da Associação de Moradores da Rua), Marcelo Ruas (presidente da AMABI em 2006 - ano do decreto de sua preservação como Patrimônio Ambiental), Sandra Mendes Ribeiro (vice-presidente da AGAPAN0, Miriam Löw (Conselho Superior da AGAPAN), Ney Francisco Ferreira (ex-diretor e um dos fundadores da AMABI), Cesar Cardia (Blog Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho),Walter Eichler (diretor de Praças, Parques e Arborização da SMAM), Regina Patrocínio (bióloga e gerente técnica da Zonal Centro da SMAM) e representantes dos moradores da Gonçalo de Carvalho.

Arquiteto Marcelo Ruas explica opinião dos moradores
aos técnicos da SMAM - Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

A SMAM prestou alguns esclarecimentos sobre a retirada da árvore no início do mês e o plantio de nova árvore no mesmo local, que felizmente está em bom estado e sendo bem cuidada.

A tipuana "Sombra Verde" - Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Ao percorrerem a rua foram apontados alguns problemas com relação a galhos podres, árvores que merecem cuidados especiais. Uma que outra árvore, infelizmente, estão em péssimo estado ou mortas, por isso deverão ser retiradas e outras tipuanas serão plantadas no mesmo local.

"Invadiram" o canteiro da árvore - Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Também foi apontado aos representantes da SMAM problemas relacionados a canteiros de árvores que foram "pavimentados", uma árvore com um cartaz pregado em seu tronco e cimento colocado junto a uma árvore onde seria seu canteiro.

Cartaz pregado em árvore? - Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

A grande notícia do dia foi a mudança de opinião da SMAM sobre outra árvore, próxima ao acesso ao shopping, que deveria ser retirada pela secretaria. Ela será tratada pois não está em desiquilíbrio, logo não apresenta risco de cair.

Verificando o estado das árvores - Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

A SMAM prometeu fazer um levantamento completo da arborização da rua até o final do mês e posteriormente apresentar um relatório com cronograma de ações que serão desenvolvidas na rua Gonçalo de Carvalho. Isso é muito bom! Com isso demonstrarão, na prática, a intenção de voltarem a ser a secretaria municipal mais respeitada entre os cidadãos de nossa cidade e também a com mais parcerias na cidadania de Porto Alegre.

Parceria dos cidadãos e SMAM poderá ter excelentes
resultados - Foto: Sérgio Louruz/PMPA

Vamos aguardar o relatório da SMAM e fazer todo o possível para colaborar com a secretaria, para que juntos possamos preservar essa preciosidade: o Túnel Verde da Rua Gonçalo de Carvalho.

O grande exemplo de uma criança
Sandra Ribeiro, vice-presidente da AGAPAN
"descobre" a plaquinha da Valentina - Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho
Uma criança colocou uma pequena placa pedindo respeito às árvores.
A placa da Valentina não está colada nem pregada, apenas encaixada na árvore.
Precisamos de mais Valentinas para cuidarem de nossas árvores!
Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho