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28 maio 2013

Precisamos de AJUDA! Nous avons besoin d'aide! We need help! iNecesitamos apoyo! Wir brauchen Hilfe!

Prefeitura de Porto Alegre não desiste de cortar as árvores no entorno do Gasômetro!

Acampamento em Defesa das Árvores - Foto de Ramiro Furquim/Sul 21
Calma, muita calma, pessoal.
Usem seus contatos no Brasil e exterior para podermos montar uma GRANDE REDE da cidadania. Não tenham vergonha de pedir auxílio e colaboração, pois a causa é NOBRE.
Precisamos de mais tradutores, que possam traduzir e colocar na rede o que está para acontecer.
A prefeitura não gosta de publicidade?
Então faremos uma grande campanha pela internet e contamos com os visitantes do exterior para que, por favor, ajudem na divulgação!

Nous avons besoin d'aide!
Nous défendons les arbres que la mairie de Porto Alegre veut couper avec comme prétexte "la Coupe du Monde de Soccer de 2014."
Utilisez vos contacts au Brésil et dans le monde pour que nous puissions monter un GRAND RÉSEAU citoyen. Nous n'avons aucune honte à demander de l'aide et de la collaboration, car notre cause est noble.
Nous avons besoin de plus de traducteurs, qui peuvent traduire et mettre sur le réseaux sociaux ce qui est en train de se passer.
La mairie de Porto Alegre n'aime pas la publicité?
Nous allons alors lancer une grande campagne sur internet et nous comptons sur vous, internautes à l'étranger, pour aider à sa diffusion!


We need help!
We're defending trees which our prefecture wants to CUT OFF with the "excuse" of the 2014 World Cup.
Use your contacts on Brasil and abroad so we can assemble a GREAT NET of citizenship. We are not ashamed of asking help and colaboration, because it's a noble cause.
We need more translators that can translate and put on the web what is about to happen.
Porto Alegre prefecture dislikes advertising?
So we will make a great campaign over the internet and we count with foreigners people to, please, help share this!

iNecesitamos apoyo!
Estamos defendiendo los árboles que nuestra alcaldía quiere CORTAR con la excusa del Mundial de Fútbol de 2014 en Brasil. Utilizen sus contactos en Brasil y exterior para que podamos crear una GRAN RED de ciudadanía. No tenemos vergüenza de pedir auxilio y colaboración, porque la causa es NOBLE.
Necesitamos más traductores que puedan traducir y poner al internet lo que está por suceder. ¿A la alcaldía de Porto Alegre no le gusta la publicidad? Pues entonces haremos una gran campaña por internet y contamos con la amabilidad de los internautas del exterior para que ayuden con la divulgación! 

Wir brauchen Hilfe!
Wir verteidigen die Bäume, die in unserer Stadt Porto Alegre (Brasilien) mit der Entschuldigung der Fußballweltmeisterschaft 2014 gefällt werden sollen.
Nutzen Sie Ihre Kontakte in Brasilien und im Ausland um ein großes internationales Netz aufzubauen.
Wir schämen uns nicht, um Hilfe und Zusammenarbeit zu bitten, denn es geht um eine gute Sache.
Wir brauchen mehr Übersetzer, die unsere Beiträge über die Geschehnisse übersetzen und ins Netz setzen.
Die Stadt Porto Alegre wirbt gerne für ihre Stadt, diese Werbung wird sie nicht mögen.
Wir möchten eine große Kampagne im Internet starten und hoffen auf breite Unterstützung.

20 abril 2013

19 de abril: Justiça suspende novamente o corte de árvores

Ambientalistas acampados: vigília para evitar o corte das árvores.
Foto: Cesar Cardia/Amigos da Gonçalo de Carvalho
Suspenso o corte de árvores na Avenida Edvaldo Pereira Paiva

O Desembargador Carlos Eduardo Zietlow Duro, da 22ª Câmara Cível do TJRS, suspendeu a liminar que permitia o corte de árvores localizadas no traçado da Avenida Edvaldo Pereira Paiva, também conhecida como Av. Beira Rio. A área integra a obra de implantação do Corredor Parque do Gasômetro, previsto no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (PDDUA). O magistrado entendeu que a supressão das árvores, neste momento, seria irreversível caso não concedida a medida pleiteada e praticamente esgotaria o objeto da ação, quando houver o julgamento do recurso pela Câmara.

O Ministério Público, autor da Ação Civil Pública, postulou a antecipação de tutela sustentando que o processo de licenciamento ambiental da duplicação da Av. Edvaldo Pereira Paiva ignorou a presença do Corredor Parque do Gasômetro previsto no PDDUA. O MP entende que este fato produz danos irreparáveis à qualidade de vida da população de Porto Alegre, que ficará privada de um local tradicional de dedicação à cultura, ao esporte e ao lazer, qual seja a Usina do Gasômetro.

Ao analisar o recurso, o magistrado considerou que deve ser afastado qualquer ato que cause dano ao meio ambiente, uma vez que já houve a retirada de outras árvores antes do ajuizamento da ação.

Embora se reconheça a relevância do projeto em andamento e os reflexos da duplicação da via pública, trazendo grande benefício à população, conveniente seja afastada a supressão de árvores no local neste momento processual, conforme pretendido pelo Ministério Público, evitando-se a irreversibilidade da medida, tendo em vista que a ausência de concessão da medida acabaria por possibilitar o rápido corte de árvores, fazendo com que, ao final, quando do julgamento do recurso pela Câmara, haverá o fato consumado, culminando na ineficácia do recurso.

Leia notícia anterior:

Suspenso corte de árvores na Avenida Presidente João Goulart, na Capital

Agravo de Instrumento n° 70054203187

Texto: Janine Souza
Assessora-Coordenadora de Imprensa: Adriana Arend
imprensa@tj.rs.gov.br
 

Fonte: Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul

Ativistas acampam para proteção das árvores:
Ativistas fazem vígilia contra corte de árvores na região do Gasômetro (Sul 21)


Prefeitura insiste em cortar árvores:
Prefeitura vai recorrer da suspensão do corte de árvores em Porto Alegre (jornal Correio do Povo)

A obra paralisada vista do "acampamento".
Fotos: Cesar Cardia/Amigos da Gonçalo de Carvalho
Acampados para proteger as árvores
No cartaz: "Me dá sombra. Oxigênio.
Protege contra inundações e embeleza meu caminho.
Essa árvore é minha amiga e Eu cuido dela!"

07 abril 2013

Não estamos sozinhos!

Sensacional "tirinha" do Armandinho.
Para os que usam o tradutor do Google:
- Então você quer mudar o mundo sozinho?
- Não estou sozinho, só estamos espalhados...
- ...mas já começamos a nos reunir!
As historietas do Armandinho:
Armandinho no Facebook
Blog do Alexandre Beck.


17 fevereiro 2013

Cortar árvores em nome do "progresso"?

Reunião na COSMAM - Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho
No dia 14 de fevereiro aconteceu uma reunião extraordinária na COSMAM (Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara Municipal de Porto Alegre) para discutir a derrubada de árvores na Av. João Goulart (entorno do Gasômetro), na área central de Porto Alegre. A justificativa da prefeitura é que com o largamento da via em 4,5m mais carros irão circular e a obra faz parte do "pacote" da Copa do Mundo de Futebol/2014.
Verdadeira insanidade!
Manifestantes pediram a renúncia do secretário do Meio Ambiente
(ao centro da foto) que defende o corte das árvores.
Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Cortar árvores que filtram a poluição dos carros para aumentar o fluxo de carros é progresso?
Uma única árvore de grande porte absorve diariamente a poluição gerada por 100 carros!
Mais uma vez a população foi pega de surpresa e está atuando para impedir esse ato insensato.
Em virtude da subida nas árvores de alguns jovens, o que impediu o corte de mais árvores no dia 6,  estamos discutindo o assunto com a Câmara de Vereadores, a prefeitura e o Ministério Público.
Reunião na COSMAM - Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

Como pode uma cidade que nos últimos anos tem sido citada em tantos países como referência na preservação de árvores, passar a ser conhecida como uma cidade onde o poder público decide desconhecer sua histórica luta preservacionista em virtude de quatro jogos de futebol em 2014?
Brigada Militar chega para proteger a vida dos jovens nas árvores.
Impediram o corte de árvores.
Foto: Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho

RESISTIREMOS!
Mesmo que a grande mídia não nos dê voz faremos como em 2005/2006, na luta pela preservação da Rua Gonçalo de Carvalho, usando a internet, pedindo apoios a todos aqueles que como nós acreditam que o verdadeiro progresso se consegue com educação, cultura, saúde e preservação ambiental.
Se concordam com nosso posicionamento, por favor divulguem o barbarismo que estamos enfrentando em Porto Alegre, Brasil.
Reunião na COSMAM - Foto: Desirée Ferreira/CMPA
Panfleto para esclarecer a população, uma vez que a grande mídia não o faz

07 fevereiro 2013

Quantas copas de árvores por uma copa de futebol?

Porto Alegre - 7 de fevereiro de 2013

Jovens sobem em árvores e interrompem o corte de árvores em Porto Alegre

A prefeitura de Porto Alegre suspendeu na tarde desta quarta-feira o corte de árvores nas proximidades da Usina do Gasômetro após um protesto de moradores da região e defensores de árvores. Jovens subiram nos vegetais da praça Júlio Mesquita (praça do Aeromóvel) para evitar a derrubada prevista para obras da Copa do Mundo de 2014.
A Brigada Militar parou o corte das árvores para proteger a integridade física dos jovens.
No fim da tarde dessa quarta aconteceu uma reunião na Câmara Municipal da cidade entre vereadores, representantes da SMAM (secretaria municipal do Meio Ambiente), representante da AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural) e uma representante de moradores da região do Gasômetro. No encontro foi marcada uma reunião da COSMAM (Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara Municipal) para o dia 14 de fevereiro, 9:30h, onde será debatido o assunto com representantes do executivo, vereadores e defensores das árvores.
A reunião será aberta, todos os interessados poderão participar.
 Mais fotos aqui: http://poavive.wordpress.com/2013/02/07/quantas-copas-por-uma-copa/

22 janeiro 2013

O que queremos?

Imagem em formato A2
Seguidamente nos perguntam "o que vocês querem? Por que não ficam quietos, já conseguiram a preservação das árvores da rua. Por que apoiam ações e movimentos em outros locais da cidade e até distantes de Porto Alegre?"
Acreditamos que a adaptação de uma arte que prega uma "Campanha Nacional de Arborização Urbana", mostrada no Ato Público em Defesa das Árvores da rua Anita Garibaldi, é a melhor reposta para essas perguntas.
Angela Tavares, moradora do bairro Bom Fim
Haroldo Hugo, morador do bairro Floresta
Eneder Oberst, moradora do bairro Petropólis
A importância das árvores urbanas no sequestro do carbono
O papel dos espaços verdes das cidades no sequestro do carbono era ainda muito desconhecido e subestimado. A promoção de árvores nos espaços verdes urbanos pode ser a medida chave para os objetivos de redução de emissões de carbono.
As árvores urbanas desempenham um papel muito mais relevante na fixação de carbono da atmosfera do que, mesmo cientificamente, tem sido considerado. O recente estudo para quantificar o carbono fixado pela vegetação urbana foi ainda um projeto pioneiro e revelou a verdadeira importância deste papel da vegetação nas cidades.
O trabalho realizado no Reino Unido, sugere que a vegetação urbana pode ser a chave para o cumprimento das metas ambiciosas de redução das emissões de CO2. Os resultados obtidos demonstram que a vegetação urbana fixa cerca de 3,16 kg de carbono por m2. A grande maioria do carbono é fixo nas árvores e principalmente nas árvores de grande porte.
Fonte: Guardian

http://goncalodecarvalho.blogspot.com.br/2011/07/rua-goncalo-de-carvalho-na-tv-camara.html

23 dezembro 2012

22 de dezembro de 1988 - o assassinato de Chico Mendes

No dia 22 de dezembro de 1988 o seringueiro, sindicalista e ativista ambiental Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes, foi assassinado em Xapuri, Acre.



Em 22 de dezembro de 1988, exatamente uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado com tiros de escopeta no peito na porta dos fundos de sua casa, quando saía de casa para tomar banho. Chico anunciou que seria morto em função de sua intensa luta pela preservação da Amazônia, e buscou proteção, mas as autoridades e a imprensa não deram atenção.
Após o assassinato de Chico Mendes mais de trinta entidades sindicalistas, religiosas, políticas, de direitos humanos e ambientalistas se juntaram para formar o "Comitê Chico Mendes". Eles exigiam providencias e através de articulação nacional e internacional pressionaram os órgãos oficiais para que o crime fosse punido. Em dezembro de 1990, a justiça brasileira condenou os fazendeiros Darly Alves da Silva e Darcy Alves Ferreira, responsáveis por sua morte, a 19 anos de prisão. Darly fugiu em fevereiro de 1993 e escondeu-se num assentamento do INCRA, no interior do Pará, chegando mesmo a obter financiamento público do Banco da Amazônia sob falsa identidade. Só foi recapturado em junho de 1996. A falsidade ideológica rendeu-lhe uma segunda condenação: mais dois anos e 8 meses de prisão.


"No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade."

Texto postado no Blog sobre os 20 anos de morte de Chico Mendes:
http://goncalodecarvalho.blogspot.com/2008/12/20-anos-da-morte-de-chico-mendes.html



Chico Mendes – Eu Quero Viver (1989)
Direção: Adrian Cowell e Vicente Rios
Duração: 40 minutos
Sinopse: Com registros feitos entre 1985 e 1988, a equipe acompanhou Chico Mendes na organização dos seringueiros em defesa da floresta, no nascimento da Aliança dos Povos da Floresta e na luta pela demarcação das primeiras Reservas Extrativistas na Amazônia. Mostra, ainda, a trama armada para seu assassinato e as repercussões no Brasil e no mundo.

10 setembro 2012

Esclarecimentos da SMAM sobre o corte da árvore

A SMAM (Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre) prestará maiores esclarecimentos sobre o corte da árvore na Rua Gonçalo de Carvalho na tarde de quarta-feira. O encontro será na secretaria, para um pequeno grupo que será recebido pelo Supervisor de Praças, Parques e Jardins da SMAM.
Após o encontro divulgaremos o que foi discutido aqui no Blog e pelo "mailling" dos Amigos da Gonçalo.

Há quem diga que já há outra árvore "marcada para ser abatida".
Veremos...

Identificação das árvores - 4 de junho de 2012 - Foto: Cesar Cardia

22 abril 2012

21 de abril em Porto Alegre

Temporal atrapalha o "Abraço ao Guaíba"
Em virtude da forte chuva que caiu na cidade logo após as 14h o programado “Abraço” foi extremamente prejudicado. Nova data será marcada para um novo “Abraço”, mesmo assim um ato simbólico aconteceu nas dependências da Usina do Gasômetro e quando a chuvarada deu uma folga os participantes que conseguiram chegar foram até a orla do Guaíba.

20 janeiro 2012

AGAPAN no Fórum Social Temático

Agapan traz palestrante japonês a Porto Alegre, para falar sobre sua ação anti-nuclear e Fukushima
Debate acontece durante programação do Fórum Social Temático.

No próximo dia 23, às 14h, na sala Fórum Democrático, no térreo da Assembleia Legislativa do RS, a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) promove debate sobre a tragédia nuclear de Fukushima, a recente conquista de direitos dos Aynu, cultura tribal tradicional existente na ilha de Hokkaido, norte do Japão, o movimento ecológico, o ecofeminismo e outros movimentos sociais do Japão contemporâneo. O palestrante será Yoshihiko Tonohira, monge budista da tradição Terra Pura, e sua filha Yuko Tonohira, que estarão em Porto Alegre de 18 a 25 de janeiro. O debate tem entrada franca e integra a programação do Fórum Social Temático que acontece na Região Metropolitana, de 24 a 29 de janeiro. No dia 25, eles palestram no Armazém 6 do Cais do Porto, às 9h e às 14h
Foto: Japan Focus

Yoshihiko e sua filha Yuko Tonohira participam ainda de palestras e encontros no Centro de Estudos Budistas Bodissatva, na comunidade zen Águas da Compaixão (dia 20, sexta-feira, às 19h), Assembleia Legislativa, Câmara de Vereadores de Porto Alegre e entrevistas com a imprensa.

Os Tonohira são budistas, originários de Hokkaido e têm uma cultura familiar religiosa, profundamente envolvida com o pacifismo, o movimento ecológico, o movimento anti-nuclear, os direitos das minorias étnicas, o ecumenismo e o diálogo inter-religioso. O monge Yoshihiko tem 65 anos. É o superior do Templo Ichijoji, Jodo Shinshu Hompa Honganji (Terra Pura), localizado em Fukagawa, cidade próxima de Sapporo, capital de Hokkaido. Atualmente é considerado uma grande liderança religiosa do budismo japonês e a sua vinda é esperada com muita expectativa por budistas brasileiros, ecologistas e organizadores do Fórum Social Temático. Sua filha Yuko, tem 31 anos, é formada em desenho industrial nos Estados Unidos e atualmente vive em Nova Iorque, onde atua no movimento eco-feminista e anti-nuclear. Seu filho, Makoto Tonohira, de 33 anos, também é monge budista da Terra Pura e formado em Estudos Budistas. No momento Makoto está em Fukushima, trabalhando como voluntário no socorro das vítimas do acidente da central nuclear atingida pelo tsunami.

Foto: Japan Focus

“A imprensa mundial não está informando a opinião pública sobre a situação das populações atingidas pela radiatividade, a poluição radiativa no mar e seus efeitos sobre a pesca e a alimentação do país, e as possibilidades de resfriamento e de impedimento da fusão do núcleo do reator e da sua possível explosão”, destaca Celso Marques, conselheiro da Agapan, ao afirmar que a situação é “escandalosa” e que a perspectiva da usina contaminação por plutônio é de desastre, pela contaminação dos alimentos, da água, das pessoas, muitas fugindo para outras regiões. “Caso a fusão do núcleo venha a acontecer, o pior ainda está por vir. Estamos desinformados sobre o que está acontecendo e sobre as perspectivas de evolução dos acontecimentos em Fukushima”, lamenta Marques.

Fukushima - Foto: The Guardian/AP

Para o ecologista, no Brasil não existe uma discussão pública a respeito dos riscos e dos custos socioambientais da energia nuclear. “Mesmo depois dos acidentes de Chernobyl e de Fukushima, o governo brasileiro, autocraticamente, dá sinais de pretender dar continuidade à construção de novas centrais nucleares”, diz, ao salientar que, “nessa conjuntura, a vinda de Yoshihiko e Yuko Tonohira a Porto Alegre e São Paulo representa uma oportunidade única para termos informações de primeira mão sobre a situação da questão nuclear e dos movimentos sociais no Japão”, finaliza Marques.

Com informações da Assessoria de Imprensa da Agapan/RS 
- Jornalista Adriane Bertoglio Rodrigues

17 janeiro 2012

Fórum Social Temático 2012

De 24 a 29 de janeiro de 2012
Marcha do Fórum Social Mundial 2010 - Porto Alegre

Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental
O Fórum Social Temático (FST) se inscreve no processo do Fórum Social Mundial e será uma etapa preparatória a Cúpula dos Povos na Rio+20. O evento acontecerá do dia 24 a 29 de janeiro de 2012 e será sediado por Porto Alegre e cidades da região Metropolitana – Gravataí, Canoas, São Leopoldo, e Novo Hamburgo. Como um espaço aberto e plural, a programação do Fórum será fundamentalmente constituída por atividades propostas e geridas por movimentos, coletivos e organizações da sociedade civil, relacionadas ao tema “Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental”. Além disso, o Fórum acolherá também o encontro de redes internacionais, articuladas em torno de Grupos Temáticos de reflexão sobre assuntos pertinentes ao Fórum.

Leia mais na página do FST 2012

Marcha do Fórum Social Mundial 2010 - Porto Alegre
Marcha do Fórum Social Mundial 2010 - Porto Alegre
Marcha do Fórum Social Mundial 2010 - Porto Alegre
Marcha do Fórum Social Mundial 2010 - Porto Alegre

22 dezembro 2011

23 anos sem Chico Mendes

No dia 22 de dezembro de 1988 o seringueiro, sindicalista e ativista ambiental Francisco Alves Mendes Filho, mais conhecido como Chico Mendes, foi assassinado em Xapuri, Acre.


Em 22 de dezembro de 1988, exatamente uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado com tiros de escopeta no peito na porta dos fundos de sua casa, quando saía de casa para tomar banho. Chico anunciou que seria morto em função de sua intensa luta pela preservação da Amazônia, e buscou proteção, mas as autoridades e a imprensa não deram atenção.
Após o assassinato de Chico Mendes mais de trinta entidades sindicalistas, religiosas, políticas, de direitos humanos e ambientalistas se juntaram para formar o "Comitê Chico Mendes". Eles exigiam providencias e através de articulação nacional e internacional pressionaram os órgãos oficiais para que o crime fosse punido. Em dezembro de 1990, a justiça brasileira condenou os fazendeiros Darly Alves da Silva e Darcy Alves Ferreira, responsáveis por sua morte, a 19 anos de prisão. Darly fugiu em fevereiro de 1993 e escondeu-se num assentamento do INCRA, no interior do Pará, chegando mesmo a obter financiamento público do Banco da Amazônia sob falsa identidade. Só foi recapturado em junho de 1996. A falsidade ideológica rendeu-lhe uma segunda condenação: mais dois anos e 8 meses de prisão.
 

 Chico Mendes – Eu Quero Viver (1989)
Direção: Adrian Cowell e Vicente Rios
Duração: 40 minutos
Sinopse: Com registros feitos entre 1985 e 1988, a equipe acompanhou Chico Mendes na organização dos seringueiros em defesa da floresta, no nascimento da Aliança dos Povos da Floresta e na luta pela demarcação das primeiras Reservas Extrativistas na Amazônia. Mostra, ainda, a trama armada para seu assassinato e as repercussões no Brasil e no mundo. 

"No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade."

Texto postado no Blog sobre os 20 anos de morte de Chico Mendes:
http://goncalodecarvalho.blogspot.com/2008/12/20-anos-da-morte-de-chico-mendes.html

09 outubro 2011

A Revolução das Vozes Alternativas

Cidadãos conectados: A Revolução das Vozes Alternativas
Dissertação de mestrado aborda os casos da preservação da "Rua Gonçalo de Carvalho" e do Não ao "Pontal do Estaleiro". 
Manifestação em defesa da Rua Gonçalo de Carvalho - 15/10/2005
Em uma excelente dissertação de mestrado a autora, Claudia Galante*, identifica como as modernas ferramentas de informação e comunicação tiveram papel fundamental em  quatro casos estudados: o Movimento Zapatista, a Noite dos Celulares, a luta pela preservação da Rua Gonçalo de Carvalho e o NÃO ao projeto Pontal do Estaleiro.

Manifestantes com adesivos pedindo NÃO ao projeto Pontal do Estaleiro

Resumo:
As tecnologias da informação e comunicação (TICs) tornaram possível o aparecimento de um ambiente interativo, cooperativo e descentralizado, desenhando perspectivas ousadas nas relações entre pessoas, comunidades e governos. Atualmente, as manifestações sociais, organizadas com o apoio dessas tecnologias, podem se fazer ouvir e ter suas reivindicações atendidas em um ambiente até então permeado por uma mídia de massa vertical, que sempre falou em nome de uma minoria para uma maioria, sem qualquer possibilidade de interação. O uso dessas ferramentas pela sociedade civil traz profundas transformações para a ação coletiva contemporânea, e assim, o objetivo deste trabalho é discutir como, e até que ponto, esta nova realidade possibilitará a participação dos cidadãos nos processos democráticos. Para tanto, buscou-se primeiramente refletir sobre o processo de comunicação e sua relação com a sociedade, como se configura o ciberespaço, as possibilidades por ele oferecidas e suas implicações nos movimentos sociais.
Foram elaborados quatro estudos de caso: “Movimento Zapatista”, “A Noite dos Celulares”, “Rua Gonçalo de Carvalho” e “Pontal do Estaleiro”. Eventos com motivações, contextos, abrangência e formas de atuação bem diferentes, que através de trocas de informação disseminadas no ambiente online foram capazes de mobilizar a adesão dos cidadãos em torno de projetos de interesse comum. Os impactos sociais e políticos dessa comunicação mostram que apesar de restrições estruturais, o uso das tecnologias permite formas inovadoras de exercício da democracia. O trabalho demonstrou que as TICs podem ser pensadas como um “ciberespaço público”, sem no entanto atribuir a sua mera existência a promessa de uma sociedade mais democrática.

Manifestação na Espanha denunciando as Mentiras e Manipulações
Abstrac:
Information and communications technologies (ICT) have allowed the emergence of an interactive, collaborative and decentralized environment, bringing together audacious perspectives in relationships among people, communities and governments. Nowadays, social events organized by ICTs supports have their claims attended in environment that before it was permeated by a vertical mass media. Media which has always spoken on behalf of a minority to a majority, without interaction possibilities. The use of ICTs tools by civil society brings huge changes to the contemporary collective action. Then main challenge of this work is to discuss how and whither this new reality will allow the people participation in democratic processes. For this purpose, we first think about the communication process and their relation with the society. We also consider the way in which the cyberspace is configured, its possibilities and its implications for social movements. 
We have specified four case studies: "Zapatista Movement", “Night of cell phones”, "Gonçalo de Carvalho Street", and "Shipyard Pontal". All this events have motivation, context, scope and ways of acting different once that through information exchanges spread in the online environment allowed mobilize people around projects with common interest. The social and political impacts of this communication have shown that despite structural constraints, the use of new technologies allow innovative ways of exercising democracy. Our work prove that ICTs can be thought as a "public cyberspace”, without assign its mere existence for the promise of the a more democratic society.

Cartaz do Movimento Zapatista


*Claudia Galante é mestre pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, na linha de pesquisa Ideologia, Comunicação e Representações Sociais. Especialista em Marketing pela FAE (PR) e graduada em Comunicação Social pela PUC-PR. Atualmente atua no departamento de comunicação social do Instituto Federal da Bahia (IFBA) Campus Camaçari. Tem experiência na área de Comunicação e interesse nos seguintes temas: mídia, democracia, cibercultura e interações. (Lattes)

Para ler ou baixar o trabalho da Claudia Galante (documento em PDF) clicar:
Página da UFRGS ou aqui.

15 agosto 2011

Programa Teledomingo da RBS

A rua Gonçalo de Carvalho é considerada por muitos como a mais bonita do mundo.

Na reportagem com cerca de 5 minutos do programa não ficam bem claro os motivos que levam muitos a considerarem a Gonçalo de Carvalho como a "Rua Mais Bonita do Mundo".

Quem nunca leu nada sobre a luta por sua preservação não entende porque o professor Pedro Nuno Teixeira Santos assim a chamou.

Mas neste Blog - criado especialmente para pedir apoios pela internet, quando foi criado o Movimento dos Amigos e Moradores da Gonçalo de Carvalho - estão as postagens que relatam em ordem cronológica a ameaça, a resistência e apoios de moradores e amigos conquistados em vários países do mundo e, finalmente, a vitória e o reconhecimento inclusive de adversários.

Sobre a importância da Arborização Urbana
http://bioterra.blogspot.com/2009/10/importancia-das-arvores-urbanas.html

1. Melhoram o micro-clima, aumentam o conforto urbano e diminuem os consumos energéticos:
a) reduzem o vento

b) aumentam o ensombramento no Verão

c) diminuem o efeito da "ilha de calor"

d) aumentam a humidade atmosférica no Verão

e) reduzem o albedo (albedo= quantidade de luz refletida/quantidade de luz recebida)


2. reduzem a poluição atmosférica absorvendo vários poluentes em suspensão

3. fixam CO2 e libertam O2

4. criam micro-habitats para a fauna, em especial aves e insetos

5. favorecem a infiltração das águas pluviais, podendo diminuir os caudais de cheia

6. enquadram e valorizam esteticamente as estruturas edificadas

7. dão variações de cor, forma e textura á cidade

8. aumentam a nossa sensação de bem-estar

9. aumentam o valor financeiro dos imóveis próximos

10. ligam-nos à Natureza



22 julho 2011

Rua Gonçalo de Carvalho na TV Câmara



Programa "Com a Câmara na Cidade" da TV Câmara de Porto Alegre ( Canal 16 da NET) sobre os “Túneis Verdes” de Porto Alegre, em especial sobre a Rua Gonçalo de Carvalho, a Rua mais bonita do mundo, segundo o Blog “A Sombra Verde” de Portugal.
O programa foi apresentado em vários dias e horários no mês de junho de 2011.

A importância das árvores urbanas no sequestro do carbono
O papel dos espaços verdes das cidades no sequestro do carbono era ainda muito desconhecido e subestimado. A promoção de árvores nos espaços verdes urbanos pode ser a medida chave para os objetivos de redução de emissões de carbono.
As árvores urbanas desempenham um papel muito mais relevante na fixação de carbono da atmosfera do que, mesmo cientificamente, tem sido considerado. O recente estudo para quantificar o carbono fixado pela vegetação urbana foi ainda um projeto pioneiro e revelou a verdadeira importância deste papel da vegetação nas cidades.
O trabalho realizado no Reino Unido, sugere que a vegetação urbana pode ser a chave para o cumprimento das metas ambiciosas de redução das emissões de CO2. Os resultados obtidos demonstram que a vegetação urbana fixa cerca de 3,16 kg de carbono por m2. A grande maioria do carbono é fixo nas árvores e principalmente nas árvores de grande porte.
Fonte: Guardian
Link da matéria: http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=20&cid=39265&bl=1

09 janeiro 2011

Lembrando Haeni Ficht


Hoje, 9 de janeiro, completam-se cinco anos da morte do dentista Haeni Ficht, líder do Movimento Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho, fundador e primeiro presidente da AMABI – Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Independência.

Haeni, denunciou e liderou a resistência contra uma obra que ameaçava a Gonçalo de Carvalho, uma das mais belas e arborizadas ruas de Porto Alegre.

Poucos meses após sua morte, em junho de 2006, a Fundação Pablo Komlós desistiu da construção do teatro e do famigerado edifício-garagem no estacionamento do Shopping Total e a rua que foi declarada Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental de Porto Alegre.
Infelizmente o Haeni morreu antes de ver a vitória da Gonçalo de Carvalho. Antes mesmo de ver tantas mensagens de apoio que vieram de lugares tão distantes e depois parabenizando pelo tombamento da Rua Gonçalo de Carvalho, a primeira via urbana declarada Patrimônio Ambiental de uma cidade latino-americana. Coisas da vida… Mas ele servirá de exemplo sempre que alguém pensar: “Não basta querer ter um mundo melhor, a gente tem é que fazer ele melhor!“



Trechos da reunião no Colégio Bom Conselho (outubro de 2005) onde foi acertada nova Audiência Pública para que os defensores da rua tivessem a oportunidade de participarem, o que não ocorrera na primeira Audiência...

20 setembro 2010

20 de setembro

A Guerra dos Farrapos

Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha são os nomes pelos quais ficou conhecida a revolução ou guerra regional, de caráter republicano, contra o governo imperial do Brasil, na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, e que resultou na declaração de independência da província como estado republicano, dando origem à República Rio-Grandense. Estendeu-se de 20 de setembro de 1835 a 1 de março de 1845.

A revolução, de caráter separatista, influenciou movimentos que ocorreram em outras províncias brasileiras: irradiando influência para a Revolução Liberal que viria a ocorrer em São Paulo em 1842 e para a Revolta denominada Sabinada na Bahia em 1837, ambas de ideologia do Partido Liberal da época, moldado nas Lojas Maçônicas. Inspirou-se na recém-finda guerra de independência do Uruguai, mantendo conexões com a nova república do Rio da Prata, além de províncias independentes argentinas, como Corrientes e Santa Fé. Chegou a expandir-se à costa brasileira, em Laguna, com a proclamação da República Juliana e ao planalto catarinense de Lages. Teve como líderes: Bento Gonçalves, General Neto, Onofre Pires, Lucas de Oliveira, Vicente da Fontoura, Pedro Boticário, Davi Canabarro, Afonso José de Almeida Corte Real, Teixeira Nunes, Vicente Ferrer de Almeida, José Mariano de Mattos, além de receber inspiração ideológica de italianos carbonários refugiados, como o cientista Tito Lívio Zambeccari e o jornalista Luigi Rossetti, além de Giuseppe Garibaldi, que embora não pertencesse a carbonária, esteve envolvido em movimentos republicanos na Itália. A questão da abolição da escravatura também esteve envolvida, organizando-se exércitos contando com homens negros que aspiravam à liberdade.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_dos_Farrapos

Antonio Parreiras - Proclamação da República de Piratini - 1915

Aspectos da Guerra dos Farrapos - Hartman, Ivar .Feevale, 2002.
Link aqui

O Tratado de Ponche Verde: http://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Poncho_Verde

Ata Nº 67 da Loja Maçônica Philantropia e Liberdade: http://pt.wikisource.org/wiki/Ata_N%C2%BA_67_da_Loja_Ma%C3%A7%C3%B4nica_Philantropia_e_Liberdade

 

Garibaldi e a Guerra dos Farrapos: http://goncalodecarvalho.blogspot.com.br/2012/09/garibaldi-e-guerra-dos-farrapos.html

10 setembro 2010

Como silenciar um jornal independente

Jornal JÁ - o jornalismo independente ameaçado de morte
O momento é de extrema gravidade na história do Jornal JÁ, um ícone do jornalismo independente. Uma ação movida pela família Rigotto, que se arrasta por 10 anos, pode falir o JÁ e o jornalista Elmar Bones.
Não podemos assistir a essa truculência de braços cruzados.
Precisamos agir. Por isso estamos convocando todas e todos interessados/que se importam com a sobrevivência e a dignidade do Jornal JÁ, que faz parte da nossa história de lutas por liberdades, para um encontro de formação do COMITÊ RESISTÊNCIA JÁ.
Precisamos da criatividade, inteligência, boa vontade, sentimento de justiça, indignação e um pouquinho de tempo de cada um e de cada uma para traçarmos estratégias que livrem o Jornal JÁ das garras da família Rigotto!!!!

Entrevista do Elmar Bones no Blog do Paulo Henrique Amorim:

O jornalista que Rigotto persegue há 10 anos. Exclusivo: depoimento dramático

Vamos pensar juntos!!

DIA 11 DE SETEMBRO, SÁBADO, 10 HORAS
AUDITÓRIO DA ARI ( Associação Riograndense de Imprensa)
Av. Borges de Medeiros, 915

 No Observatório da Imprensa:

JORNAL
COMO CALAR E INTIMIDAR A IMPRENSA

Ação movida pela família do ex-governador Germano Rigotto, candidato ao Senado pelo PMDB gaúcho, está asfixiando financeiramente o jornalista Elmar Bones (foto), editor do Jornal JÁ, de Porto Alegre. Motivo de ação é uma premiada reportagem de Bones sobre aquela que seria uma das maiores fraudes da história gaúcha, ocorrida durante o governo de Pedro Simon: a licitação manipulada de 11 subestações da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), que teria causado um prejuízo de R$ 840 milhões aos cofres do Estado, segundo investigações realizadas na época. Em recente decisão judicial, contas pessoais de Bones e sócio foram bloqueadas online para pagar advogados. O artigo é de Luiz Claudio Cunha, do Observatório da Imprensa.

Luiz Cláudio Cunha - Observatório da Imprensa Artigo publicado originalmente no Observatório da Imprensa
 
"Quando o mal é mais audacioso, o bem precisa ser mais corajoso." (Pierre Chesnelong, 1820-1894, político francês)
Agosto, mês de cachorro louco, marcou o décimo ano da mais longa e infame ação na Justiça brasileira contra a liberdade de expressão.
É movida pela família do ex-governador Germano Rigotto, 60 anos, agora candidato ao Senado pelo PMDB do Rio Grande do Sul e supostamente alheio ao processo aberto em 2001 por sua mãe, dona Julieta, hoje com 89 anos. A família atacou em duas frentes, indignada com uma reportagem de quatro páginas, publicada em maio daquele ano em um pequeno mensário (tiragem de 5 mil exemplares) de Porto Alegre, o JÁ, que jogava luzes sobre a maior fraude da história gaúcha e repercutia o envolvimento de Lindomar Rigotto, filho de Julieta e irmão de Germano.
Uma ação, cível, cobrava indenização da editora por dano moral. A outra, por injúria, calúnia e difamação, punia o editor do JÁ e autor da reportagem, Elmar Bones da Costa (foto, hoje com 66 anos. O jornalista foi absolvido em todas as instâncias, apesar dos recursos da família Rigotto, e o processo pelo Código Penal foi arquivado. Mas, em 2003, Bones acabou sendo condenado na área cível ao pagamento de uma indenização de R$ 17 mil. Em agosto de 2005 a Justiça determinou a penhora dos bens da empresa.
O JÁ ofereceu o seu acervo de livros, cerca de 15 mil exemplares, mas o juiz não aceitou. Em agosto de 2009, sempre agosto, quando a pena ascendera a quase R$ 55 mil, a Justiça nomeou um perito para bloquear 20% da receita bruta de um jornal comunitário quase moribundo, sem anúncios e reduzido a uma redação virtual que um dia teve 22 jornalistas e hoje se resume a dois – Bones e Patrícia Marini, sua companheira. Cinco meses depois, o perito foi embora com os bolsos vazios, penalizado diante da flagrante indigência financeira da editora.
Até que, na semana passada, no maldito agosto de 2010, a família de Germano Rigotto saboreou mais um giro no inacreditável garrote judicial que asfixia o jornal e seu editor desde o início do Século 21: o juiz Roberto Carvalho Fraga, da 15ª Vara Cível de Porto Alegre, autorizou o bloqueio online das contas bancárias pessoais de Elmar Bones e seu sócio minoritário, o também jornalista Kenny Braga. Assim, depois do cerco judicial que está matando a editora, a família Rigotto assume o risco deliberado de submeter dois dos jornalistas mais conhecidos do Rio Grande ao vexame da inanição, privados dos recursos essenciais à subsistência de qualquer ser humano.
O personagem de Scorsese
Afinal, qual o odioso crime praticado pelo JÁ e por Elmar Bones que possa justificar tanta ira, tanta vindita, ao longo de tanto tempo, pelo bilioso clã Rigotto? O pecado do jornal e seu editor só pode ter sido o jornalismo de primeira qualidade, ousado e corajoso, que lhe conferiu em 2001 os prêmios Esso Regional e ARI (Associação Riograndense de Imprensa), os principais da categoria no sul do país, pela reportagem "Caso Rigotto – Um golpe de US$ 65 milhões e duas mortes não esclarecidas".
A primeira morte era a de uma garota de programa, Andréa Viviane Catarina, 24 anos, que despencou nua do 14º andar de um prédio na Rua Duque de Caxias, no centro da capital gaúcha, no fim da tarde de 29 de setembro de 1998. O dono do apartamento, Lindomar Rigotto, estava lá na hora da queda. Ele contou à polícia que a garota tinha bebido uísque e ingerido cocaína. Nenhum vestígio de álcool ou droga foi confirmado nos exames de sangue coletados pela criminalística. O laudo da necropsia diz que a vítima mostrava três lesões – duas nas costas, uma no rosto – que não tinham relação com a queda. Ela estava ferida antes de cair, o que indicava que houve luta no apartamento. Um teste do Instituto de Criminalística indicou que o corpo de Andréa recebeu um impulso no início da queda.
No relatório que fez após ouvir Rigotto, o delegado Cláudio Barbedo, um dos mais experientes da polícia gaúcha, achou relevante anotar: "[Lindomar] depôs sorrindo, senhor de si, falando como se estivesse proferindo uma conferência". Os repórteres que o viram chegar para depor, no dia 12 de novembro, disseram que ele parecia "um personagem de Martin Scorsese", famoso pelos filmes sobre a Máfia: Lindomar usava óculos escuros, terno azul marinho, calça com bainha italiana, camisa azul, gravata colorida e gel nos cabelos compridos.
O figurino não impressionou o delegado, que incluiu na denúncia o depoimento de uma testemunha informando que Lindomar era conhecido como "usuário e traficante de cocaína" na noite que ele frequentava – por prazer e ofício – como dono do Ibiza Club, uma rede de quatro casas noturnas que agitavam as madrugadas no litoral do Rio Grande e Santa Catarina. Em dezembro, o delegado Barbedo concluiu o inquérito, denunciando Lindomar Rigotto por homicídio culposo e omissão de socorro.
Lindomar só não sentou no banco dos réus porque teve também uma morte violenta, 142 dias após a de Andréa. Na manhã de 17 de fevereiro, ele fechava o balanço da última noite do Carnaval de 1999, que levou sete mil foliões ao salão do Ibiza da praia de Atlântida, a casa mais badalada do litoral gaúcho. Cinco homens armados irromperam no local e roubaram a féria da noitada. Lindomar saiu em perseguição ao carro dos assaltantes. Emparelhou com eles na praia vizinha, Xangrilá, a três quilômetros do Ibiza. Um assaltante botou a arma para fora e disparou uma única vez. Lindomar morreu a caminho do hospital, com um tiro acima do olho direito. Tinha 47 anos.
O choque de Dilma
A trepidante carreira de Lindomar Rigotto sofrera um forte solavanco dez anos antes, com seu envolvimento na maior fraude da história gaúcha: a licitação manipulada de 11 subestações da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), uma tungada em valores corrigidos de aproximadamente R$ 840 milhões – 21 vezes maiores do que o escândalo do Detran que submeteu a governadora Yeda Crusius a um pedido de impeachment, quase três vezes mais do que os desvios atribuídos ao clã Maluf em São Paulo, quinze vezes maior do que o total contabilizado pelo Supremo Tribunal Federal para denunciar a "quadrilha dos 40" do mensalão do governo Lula.
Afundada em dívidas, a estatal gaúcha de energia tinha dificuldades para captar os US$ 141 milhões necessários para as subestações que gerariam 500 mil quilowatts para 51 pequenas e médias cidades do Rio Grande. Preocupado com a situação pré-falimentar da empresa, o então governador Pedro Simon (PMDB) tinha exigido austeridade total.
Até que, em março de 1987, inventou-se o cargo de "assistente da diretoria financeira" para acomodar Lindomar, irmão do líder do Governo Simon na Assembléia, o deputado caxiense Germano Rigotto. "Era um pleito político da base do PMDB em Caxias do Sul", confessaria depois o secretário de Minas e Energia, Alcides Saldanha. Mais explícito, um assessor de Saldanha reforçou a paternidade ao JÁ: "Houve resistência ao seu nome [Lindomar], mas o irmão [Germano] exigiu".
Com a chegada de Lindomar, as negociações com os dois consórcios das obras, que se arrastavam há meses, foram agilizadas em apenas oito dias. Logo após a assinatura dos contratos, os pagamentos foram antecipados, contrariando as normas estritas baixadas por Simon para evitar curtos-circuitos contábeis na CEEE. Três meses depois, a empresa foi obrigada a um empréstimo de US$ 50 milhões do Banco do Brasil, captado pela agência de Nassau, no paraíso fiscal das Bahamas.
Uma apuração da área técnica da CEEE detectou graves problemas: documentos adulterados, folhas numeradas a lápis, licitação sem laudo comprovando a necessidade da obra. A sindicância da estatal propôs a revisão dos contratos, mas nada foi feito. A recomendação chegou ao governo seguinte, o de Alceu Collares (PDT), e à sucessora de Saldanha na pasta das Minas e Energia, uma economista chamada Dilma Rousseff. "Eu nunca tinha visto nada igual", diria ela, chocada com o que leu.
Dilma só não botou o dedo na tomada porque o PDT de Collares precisava dos votos do PMDB de Rigotto para ter maioria na Assembléia. Para evitar o risco de queimaduras, Dilma, às vésperas de deixar a secretaria, em dezembro de 1994, teve o cuidado de mandar aquela papelada de alta voltagem para a Contadoria e Auditoria Geral do Estado (CAGE), que começou a rastrear a CEEE com auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do Ministério Público. Dependendo do câmbio, o tamanho da fraude constatada era sempre eletrizante: US$ 65 milhões, segundo o CAGE, ou R$ 78,9 milhões, de acordo com o Ministério Público.
A denúncia energizou a criação de uma CPI na Assembléia, proposta pelo deputado Vieira da Cunha, líder da bancada do PDT em 2008 na Câmara Federal. Vinte e cinco auditores quebraram sigilos bancários e fiscais. Lindomar Rigotto foi apontado em 13 depoimentos como figura central do esquema, acusação reforçada pelo chefe dele na CEEE, o diretor-financeiro Silvino Marcon. A CPI constatou que os vencedores da licitação, gerenciados por Rigotto, apresentavam propostas "em combinação e, talvez, até ao mesmo tempo e pelas mesmas pessoas".
O relatório final lembrava: "É forçoso concluir pela existência de conluio entre as empresas interessadas que, se organizando através de consórcios, acertaram a divisão das obras entre si, fraudando dessa forma a licitação". O JÁ foi mais didático: "Apurados os vencedores, constatou-se que o consórcio Sulino venceu todas as subestações do grupo B2 e nenhuma do B1. Em compensação, o Conesul venceu todas as obras do B1 e nenhuma do B1. A diferença entre as propostas dos dois consórcios é de apenas 1,4%".
O aval de Dulce
A quebra do sigilo bancário de Lindomar revelou um crédito em sua conta de R$ 1,17 milhão, de fonte não esclarecida. O relatório final da CPI caiu na mão de um parlamentar do PT, o também caxiense Pepe Vargas, primo de Lindomar e Germano Vargas Rigotto. Apesar do parentesco, o primo Pepe, hoje deputado federal, foi inclemente na sua acusação final: "De tudo o que se apurou, tem-se como comprovada a prática de corrupção passiva e enriquecimento ilícito de Lindomar Vargas Rigotto". Além dele, a CPI indiciou outras 12 pessoas e 11 empresas, botando no mesmo balaio nomes vistosos como Camargo Corrêa, Alstom, Brown Boveri, Coemsa, Sultepa e Lorenzetti.
No final de 1996, a Assembléia remeteu as 260 caixas de papelão da CPI ao Ministério Público, de onde nasceu o processo n° 011960058232 da 2ª Vara Cível da Fazenda Pública em Porto Alegre. Os autos somam 30 volumes e 80 anexos e mofam ainda na primeira instância do Judiciário, protegidos por um inacreditável "segredo de justiça". Em fevereiro próximo, o Rio Grande do Sul poderá comemorar os 15 anos de completo sigilo sobre a maior fraude de sua história.
Esta incrível saga de resistência e agonia do JÁ e de Bones provocada pela família Rigotto foi contada, em primeira mão, neste Observatório, em 24 de novembro de 2009 ("O jornal que ousou contar a verdade"). No dia seguinte, uma quarta-feira, Rigotto telefonou de Porto Alegre para reclamar ao autor que assina aquele e este texto.
– Isso ficou muito ruim pra mim, Luiz Cláudio, pois o Observatório é um formador de opinião, muito lido e respeitado. Ficou parecendo que eu estou querendo fechar um jornal. Eu não tenho nada a ver com isso. O processo é coisa da minha mãe. Foi a minha irmã, Dulce, que me disse que a reportagem era muito pesada, irresponsável. Eu nem conheço este jornal, este jornalista...
– Rigotto, a dona Julieta não é candidata a nada. O candidato és tu. A reportagem do JÁ tem implicações políticas que batem em ti, não na tua mãe. E acho muito estranho que, passados oito anos, tu ainda não tiveste a curiosidade de ler a reportagem que tanta aflição provoca na dona Julieta. Se tu estás te baseando na avaliação da Dulce, devo te alertar que ela não entende xongas de jornalismo, Rigotto! Esta matéria do Bones é precisa, calcada em fatos, relatórios, documentos e conclusões da CPI e do Ministério Público que incriminam o teu irmão. Não tem opinião, só informação. O teu processo...
– Não é meu, não é meu... É da minha mãe...
– Isso é o que diz também o Sarney, Rigotto, quando perguntam a ele sobre a censura que cala O Estado de S.Paulo. "Isso é coisa do meu filho, o Fernando"...
– Eu fico muito ofendido com esta comparação! Eu não sou o Sarney, não sou!...
– Lamento, mas estás usando a mesma desculpa do Sarney, Rigotto.
– Luiz Cláudio, como resolver isso tudo com o Bones? A gente pode parcelar a dívida e aí...
– Rigotto, tu não estás entendendo nada. O Bones não quer parcelar, não quer pagar um único centavo. Isso seria uma confissão de culpa, e ele não fez nada errado. Pelo contrário. Produziu uma reportagem impecável, que ganhou os maiores prêmios. Eu assinaria essa matéria, com o maior orgulho. Sai dessa, Rigotto!
Coincidência ou não, um dia depois do telefonema, na quinta-feira, 26, Rigotto convocou uma inesperada coletiva de imprensa em Porto Alegre para anunciar sua retirada como possível candidato ao Palácio Piratini, deixando o espaço livre para o prefeito José Fogaça.
O modelo de Roosevelt
Naquela mesma quarta-feira, 25 de novembro, a emenda ficou pior que o soneto. O advogado dos Rigotto, Elói José Thomas Filho, botou no papel aquela mesma proposta indecente que ouvi do próprio Germano Rigotto, confirmando por escrito ao editor a idéia de parcelar a indenização devida de R$ 55 mil em 100 (cem) módicas prestações. Diante da altiva recusa de Bones, o advogado pareceu incorporar a doutrina do big stick de Theodore Ted Roosevelt (1901-1909), popularmente conhecida como "lei do tacape" e inspirada pela frase favorita do belicoso presidente estadunidense: "Fale com suavidade e tenha na mão um grande porrete". O suave advogado Thomas Filho escreveu então para Bones: "... em nova demonstração de boa-fé, formalizamos nossa intenção em compor amigavelmente o litígio acima, bem como a possibilidade [sic] de nos abstermos de ajuizar novas demandas judiciais...".
Certamente para tranquilizar o filho candidato, o advogado reafirmava na carta a Bones que a ação contra o jornal era movida "unicamente" por dona Julieta, que buscava na justiça o ressarcimento pelo "abalo moral" provocado pela reportagem do JÁ, que misturava "irresponsavelmente três fatos diversos que envolveram a figura do falecido". Ou seja, dona Julieta Rigotto, que entende de jornalismo tanto quanto os filhos Dulce e Germano, não consegue perceber a obviedade linear de uma pauta irresistível para qualquer repórter inteligente: o objetivo relato jornalístico sobre um homem público – Lindomar – morto num assalto pouco antes de ser julgado pelo homicídio culposo de uma prostituta e pouco depois de ser denunciado no relatório de uma CPI, redigido pelo primo deputado, pela prática comprovada de "corrupção passiva e enriquecimento ilícito" na maior fraude já cometida contra os cofres públicos do Rio Grande do Sul. Mas, na lógica simplória da mãe dos Rigotto, uma coisa não tem nada a ver com a outra...
Para garantir o tom "amigável" entre as partes, o advogado de dona Julieta propôs a Bones os termos de uma retratação pública, suave como um porrete, enfatizando três pontos:
1. "Dona Julieta nunca teve a intenção de fechar o jornal";
2. "a ação não é promovida pela família Rigotto, mas apenas por dona Julieta";
3. "retirar o jornal de circulação, para estancar a propagação do dano".
Tudo isso, incluindo o ameno confisco de um jornal das bancas em pleno regime democrático, segundo o tortuoso raciocínio do advogado, serviria para "tutelar a honra e a imagem de seu falecido filho". Neste longo, patético episódio, que intercala demonstrações de coragem e altivez com cenas de pura violência, fina hipocrisia ou corrupção explícita, ficou pelo caminho o contraste de atitudes que elevam ou rebaixam. Diante da primeira ação criminal de dona Julieta na Justiça, o promotor Ubaldo Alexandre Licks Flores ensinou, em novembro de 2002:
"[não houve] qualquer intenção de ofensa à honra do falecido Lindomar Rigotto. Por outro lado, é indiscutível que os três temas [a CEEE e as duas mortes] estavam e ainda estão impregnados de interesse público".
O orgulho de Enedina
Apesar da lucidez do promotor, o caso tonitruante da CEEE não ecoa nos ouvidos surdos da imprensa gaúcha, conhecida no país pela acuidade de profissionais talentosos, criativos, corajosos. Nenhum grande jornal do sul – Zero Hora, Correio do Povo, Jornal do Comércio, O Sul –, nenhum colunista de peso, nenhum editorialista, nenhum blog de prestígio perdeu tempo ou tinta com esse tema, que nem de longe parece um assunto velho, batido ou nostálgico. O que lhe dá notória atualidade não é o ancestral confronto entre a liberdade de expressão e a prepotência envergonhada dos eventuais poderosos de plantão, mas a reaparição de seus principais personagens no turbilhão da corrida eleitoral de 2010.
Germano Rigotto, o líder governista que emplacou o filho de dona Julieta na máquina estatal, é hoje o candidato do maior partido gaúcho ao Senado Federal. A ex-secretária Dilma Rousseff, que ficou estarrecida com o que leu sobre as fraudes de Lindomar Rigotto na CEEE, é apontada pelas pesquisas como a futura presidente do Brasil, numa vitória classificada pelo renomado jornal inglês Financial Times como "retumbante".
Tarso Genro, o ex-comandante supremo da Polícia Federal, que executou as maiores operações contra corruptos da máquina pública, lidera a corrida ao governo gaúcho e, certamente, tem os instrumentos para saber hoje o que Dilma sabe desde 1990. O primo Pepe Vargas, que mostrou isenção e coragem no relatório da CPI sobre a maior fraude da história do Rio Grande, é candidato à reeleição, assim como o deputado federal que inventou a CPI, Vieira da Cunha.
É a lógica perversa do interesse eleitoral que explica o desinteresse até dos principais adversários de Rigotto na disputa pelo Senado. O candidato do PMDB está emparedado entre a líder na pesquisa da Datafolha, a jornalista Ana Amélia Lemos (PP) – que subiu de 33% em julho para 44% na semana passada – e o candidato à reeleição pelo PT, senador Paulo Paim – que cresceu de 35% no início do mês para 38% agora. Rigotto caiu de 43% para 42% no espaço de três semanas. Na Região Metropolitana de Porto Alegre, Ana Amélia bate Rigotto por 47% a 39%. Seus oponentes desprezam o potencial explosivo do "Caso CEEE" porque todos sonham em ganhar o segundo voto dos outros candidatos, o que justifica a calculada misericórdia e o piedoso silêncio que modera a estratégia de adversários historicamente tão diferentes e hostis como são, no Rio Grande do Sul, o PT, o PMDB e o PP.
O que é recato na política se transforma em omissão nas entidades que, ao longo do tempo, marcaram suas vidas na luta pela democracia e pela liberdade de expressão e no repúdio veemente à ditadura e à censura. Siglas notáveis como OAB, ABI, SIP, Fenaj e Abraji brilham pelo silêncio, pela omissão, pelo desinteresse ou pelo trato burocrático do caso JÁ vs. Rigotto, que resume uma questão crucial na vida de todas elas e de todos nós: a livre opinião e o combate à prepotência dos grandes sobre os pequenos, apanágio de toda democracia que se respeita.
A OAB e seus advogados, no Rio Grande ou no Brasil, que impulsionaram a queda de um presidente envolvido em denúncias de corrupção, não se sensibilizam pela sorte de um pequeno jornal e seu bravo editor, punidos por seu desassombrado jornalismo e mortalmente asfixiados pelo cerco econômico surpreendentemente avalizado pela Justiça, que deveria proteger os fracos contra os fortes – e não o contrário.
A inerte Associação Brasileira de Imprensa jamais se pronunciou sobre as agruras de Bones e seu jornal. Só em setembro de 2009, um mês após a denúncia sobre o bloqueio judicial das receitas do JÁ, é que a Fenaj e o Sindicato dos Jornalistas do RS trataram de fazer alguma coisa: uma nota gelada, descartável, manifestando solidariedade à vítima e lamentando a decisão "equivocada" da Justiça. A Associação Riograndense de Imprensa, que em 2001 conferiu à reportagem contestada do JÁ o seu maior prêmio jornalístico, só quebrou o seu constrangedor silêncio ao ser cobrada publicamente por este Observatório, em novembro passado. Todos os membros da brava Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo têm a obrigação de conhecer a biografia de Elmar Bones, que nos anos de chumbo pilotou o CooJornal, um mensário da extinta Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre (1976-1983) que virou referência da imprensa nanica que resistia à ditadura.
Bones chegou a ser preso, em 1980, pela publicação de um relatório secreto em que o Exército fazia uma autocrítica sobre as bobagens cometidas na repressão à guerrilha do Araguaia. Algo mais perigoso, na época, do que falar na roubalheira operada pelo filho de dona Julieta na CEEE... No site da Abraji, a entidade emite sua opinião em quatro notas, nos últimos dois anos. Critica o sigilo eterno de documentos públicos, defende o seguro de vida para repórteres em zona de risco, repudia um tapa na cara que uma repórter de TV do Centro-Oeste levou de um vereador e, enfim, faz uma vigorosa, firme, veemente manifestação a favor da liberdade de expressão... no México. Ao pobre JÁ e seu editor, lá no sul do Brasil, nenhuma linha, nada.
A poderosa Sociedade Interamericana de Imprensa, que reúne os maiores veículos das três Américas, patrocina uma influente Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação, hoje sob a presidência de um jornal do Texas, o San Antonio Express News. Entre os 26 vice-presidentes regionais, existem dois brasileiros: Sidnei Basile, do Grupo Abril, e Maria Judith de Brito, da Folha de S.Paulo. Envolvidos com os graves problemas da Paulicéia, eles provavelmente não podem atentar para o drama vivido por um pequeno jornal de Porto Alegre. Mas, existem outros 17 membros na Comissão de Liberdade da SIP, e dois deles bem próximos do drama de Bones: os gaúchos Mário Gusmão e Gustavo Ick, do jornal NH, de Novo Hamburgo, cidade a 40 km da capital gaúcha. Nem essa proximidade livra as aflições do JÁ e seu editor do completo desdém da SIP.
Este monumental cone de silêncio e omissão, que atravessa fronteiras e biografias, continua desafiando a sensibilidade e a competência de jornais e jornalistas, que deveriam se perguntar o que existe por trás do amaldiçoado caso da CEEE, que afugenta em vez de atrair a imprensa. A maior fraude da história do Rio Grande, mais do que uma bomba, é uma pauta em aberto, origem talvez da irritação dos Rigotto contra o editor e o jornal que ousaram jogar luz nessa história mal contada. Os volumes empoeirados deste megaescândalo continuam intocados nas estantes da Justiça em Porto Alegre, protegido por um sigilo inexplicável que só pode ser útil a quem mente e a quem rouba, não a quem luta pela verdade e a quem é ético na política, como fazem os bons repórteres e como devem ser os bons políticos.
O bom jornalismo não é aquele que produz boas respostas, mas aquele que faz as boas perguntas – e as perguntas são ainda melhores quando incomodam, quando importunam, quando constrangem, quando afligem os consolados e quando consolam os aflitos.
A emoção é a última fronteira de quem perde os limites da razão. Elmar Bones tinha ganhado todas as instâncias do processo criminal, quando um juiz do Tribunal de Justiça, na falta de melhores argumentos, preferiu se assentar nos autos impalpáveis do sentimento para decidir em favor da mãe de Germano Rigotto:
"Não há como afastar a responsabilidade da ré pelas matérias veiculadas, que atingiram negativamente a memória do falecido, o que certamente causou tristeza, angústia e sofrimento à mãe do mesmo (...)".
Dona Julieta Rigotto, viva e forte aos 89 anos, ainda sofre com a honra e a imagem maculadas de seu falecido filho, Lindomar.
Dona Enedina Bones da Costa tinha 79 anos quando morreu, em 2001, poupada assim da tristeza, angústia e sofrimento que sentiria ao ver o drama vivido agora por seu filho, Elmar. Mas ela teria, com certeza, um enorme, um insuperável orgulho pelo filho honrado e corajoso que trouxe ao mundo e ao jornalismo.