No dia 10 de janeiro aconteceu um Ato de Protesto na Rua Anita Garibaldi.
Foi um Ato Público de Protesto contra uma discutível obra viária na Anita Garibaldi com Carlos Gomes e em Defesa das Árvores que serão removidas (cortadas) para que a obra seja feita.
Moradores da rua Anita Garibaldi e defensores do Meio Ambiente promoveram o Ato por redes sociais, listas de e-mails e contatos pessoais.
Na hora marcada, fim da tarde, percebeu-se que a grande maioria que havia confirmado participação, alguns de maneira muito enfática, não apareceu. Alguns passavam de carro, buzinando e apoiando em palavras, mas ninguém desceu do carro ou de seu apartamento para defender algo em que também acreditam.
Por que tantos se omitem?
Muitos mandam mensagens apoiando a causa, incentivam dizendo "estamos com vocês, é um crime o que farão com as árvores", mas na hora H ficam apenas olhando de longe ou acompanhando pela internet.
Infelizmente isso não é novo e está ficando cada vez mais corriqueiro. Todo dia acontece algo assim.
Em 2005/2006, quando estávamos lutando pela preservação das árvores da Gonçalo de Carvalho, também acontecia conosco. Nunca conseguimos reunir 100 residentes da Gonçalo para fazer um abraço simbólico, da entrada do shopping até a rua Santo Antônio. Muitas de nossas manifestações públicas tinham a presença de apoiadores de outros bairros, especialmente Moinhos de Vento e Petrópolis, inclusive de bairros e vilas carentes de Porto Alegre.
Com a globalização da informação, graças a internet, é mais cômodo apoiar virtualmente algo que está ocorrendo no outro lado do mundo que sair de casa e ir apoiar os que estão na esquina defendendo também os nossos direitos?
Vivemos um mundo cada vez mais egoista e consumista, onde o que realmente importa para muitos é a novidade tecnológica, os conceitos estranhos que a grande mídia e seus poderosos anunciante impõem na mente do cidadão, que hoje nem é mais um verdadeiro cidadão, apenas um consumidor de bugigangas modernas, consumidor manobrável, sem nome, sem endereço e sem responsabilidades com as gerações futuras.
Em 2008/2009 estávamos lutando contra um complexo imobiliário na orla do Guaíba e veio um e-mail de apoio da Europa, nele vinha o link para um vídeo do José Saramago no YouTube e um comentário mais ou menos assim "até parece que o José está mandando esse recado para vocês de Porto Alegre. Resistam!"
Esse vídeo já foi postado aqui algumas vezes, mas vale a pena postar novamente em homenagem aos Resistentes da Anita Garibaldi.
Mais informações sobre problemas técnicos na "obra" da rua Anita Garibaldi: Trincheira da Anita
*Fotos de Cesar Cardia/Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho
“A Fundação José Saramago cumpre o sentido dever de comunicar que, em decorrência de uma múltipla falha orgânica, após prolongada doença, faleceu hoje o seu patrono, José Saramago. Homem de invulgar cultura e sensibilidade, escritor ímpar admirado em todo o mundo, deixa tristes os seus inúmeros leitores e mais pobre a literatura portuguesa a quem, com o seu trabalho e arte, deu o primeiro Prêmio Nobel.”
Há três anos o escritor José Saramago inciciava seu Blog "O caderno de Saramago".
O final de seu primeiro texto publicado no Blog (sobre Lisboa) merece uma reflexão especial dos vereadores da cidade de Porto Alegre, que no dia 21 de setembro votarão um projeto de lei do vereador Beto Moesch que declara como "Áreas de Uso Especial" os Túneis Verdes da cidade:
... Lisboa tem-se transformado nos últimos anos, foi capaz de acordar na
consciência dos seus cidadãos o renovo de forças que a arrancou do
marasmo em que caíra. Em nome da modernização levantam-se muros de betão
sobre as pedras antigas, transtornam-se os perfis das colinas,
alteram-se os panoramas, modificam-se os ângulos de visão. Mas o
espírito de Lisboa sobrevive, e é o espírito que faz eternas as cidades.
Arrebatado por aquele louco amor e aquele divino entusiasmo que moram
nos poetas, Camões escreveu um dia, falando de Lisboa: “…cidade que
facilmente das outras é princesa”. Perdoemos-lhe o exagero. Basta que
Lisboa seja simplesmente o que deve ser: culta, moderna, limpa,
organizada – sem perder nada da sua alma. E se todas estas bondades
acabarem por fazer dela uma rainha, pois que o seja. Na república que
nós somos serão sempre bem-vindas rainhas assim. José Saramago
Projeto de Lei 03862/2008, que declara os Túneis Verdes como àreas de Uso Especial
O projeto de lei dos Túneis Verdes, de autoria do vereador Beto
Moesch, declara dezenas de vias como Áreas de Uso Especial, preservando seu
calçamento e arborização. Mais de 70 ruas e avenidas serão beneficiadas
com a aprovação da matéria.
Por Túnel Verde, entende-se a ambiência de um conjunto arbóreo cujas
copas das árvores se unem formando um túnel vegetal em logradouro
público e cuja paisagem tenha características ecológicas, culturais,
turísticas e paisagísticas, de relevante formação vegetal e de grande
circulação biológica.
Atualmente, existem 17 vias em Porto Alegre que possuem esse
resguardo legal. A mais conhecida delas é a primeira a ser declarada assim, a Rua Gonçalo de Carvalho, que
recentemente ganhou notoriedade na mídia por ser considerada por blogs e sites
nacionais e internacionais como “a rua mais bonita do mundo”.
“Contudo, os 17 logradouros declarados Áreas de Uso Especial o foram
por meio de decretos, que podem ser revogados. Já a criação de uma lei
garantindo sua proteção consolida, de fato, o status especial desses
patrimônios ambientais da capital gaúcha”, esclarece o vereador Moesch.
Na sexta-feira, dia 16, transeunte passa carregando uma muda de árvore na Gonçalo enquanto era gravada matéria para o "Bom Dia Brasil" da Rede Globo de Televisão.
A Sombra Verde e a Gonçalo de Carvalho
Coincidentemente foi outro português, o professor Pedro Nuno Teixeira Santos, quem escreveu um texto emocionante sobre a Rua Gonçalo de Carvalho (o nome da rua é uma homenagem a outro português, um comerciante) e a chama como "A Rua Mais Bonita do Mundo". Isso aconteceu em 2008, mesmo ano que seu conterrâneo ilustre iniciava o Blog "O caderno de Saramago". Na época a Gonçalo de Carvalho já tinha sido declarada Patrimônio Cultural, Histórico, Ecológico e Ambiental da cidade de Porto Alegre, o decreto do executivo municipal fora assinado em 5 de junho de 2006 pelo prefeito José Fogaça e secretário do Meio Ambiente Beto Moesch.
O Pedro Nuno é um professor de biologia português e também um grande defensor das árvores. Administra o "A Sombra Verde", uma referência em blogs que tratam de árvores, além de participar ativamente da Associação Árvores de Portugal. Seu Blog é uma referência para todos os que lutam contra o corte de árvores e as tristes "podas radicais", infelizmente ainda comuns entre nós.
Pedro conheceu a Rua Gonçalo de Carvalho através de outro magnífico Blog arbóreo, da Catalunha, chamado "Amics Arbres - Arbres Amics". Através do link no "Amics Arbres" ele visitou nosso Blog, viu imagens do Túnel Verde da Gonçalo, leu os "posts" mais antigos que tratavam de nossa luta pela preservação da via contra os interesses de nossos adversários tão poderosos e escreveu: "Confesso que quase me vieram as lágrimas aos olhos quando ontem descobri esta rua..."
O Pedro postou um pequeno texto com duas fotos que é a maior homenagem que a Rua Gonçalo de Carvalho recebeu até hoje, mesmo existindo atualmente tantas matérias de televisões em redes nacionais, sites, jornais e revistas. No e-mail que nos enviou para contar a emoção em descobrir a Gonçalo e a luta da cidadania por sua preservação, ele deixa claro sua motivação em chamar a Gonçalo como "A Rua Mais Bonita do Mundo":
"um exemplo de resistência e de cidadania para todos nós. A vossa luta é a luta da Sombra Verde!"
Graças ao Pedro a rua é tão conhecida e a luta por sua preservação tem servido de estímulo a tantos cidadãos comuns como nós, em muitos locais distantes de Porto Alegre.
Hoje o Pedro Nuno, para nosso orgulho, é um dos mais ilustres "Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho".
Enviou o link de sua postagem para o "Festival of the Trees" e nos incentivou a mandar um link também. Fez outras postagens tratando da Gonçalo, colocou uma imagem em seu Blog onde se declara "Amigo da Rua" e fez mais um texto memorável com o título Eu sou de Porto Alegre! (http://sombra-verde.blogspot.com/2011/07/eu-sou-de-porto-alegre.html)
O Pedro é um dos maiores exemplos de que a conscientização e participação na luta em defesa do Meio Ambiente, especialmente das árvores, não deve ter fronteiras. O planeta é de todos e a responsabilidade pela preservação ambiental também é de todos.
Material usado pelo Movimento e AMABI pedindo apoios em 2005/2006
Lembrando José Saramago e Pedro Nuno também rendemos homenagens a tantos portugueses que antes do Pedro "descobrir" a Gonçalo, no momento da luta por sua preservação, mandavam mensagens perguntando como poderiam ajudar. Todos ajudaram! Os que mandaram mensagens de apoios nos incentivando a continuar resistindo quando tudo parecia perdido como também aqueles que repassaram e-mails para que outros soubessem o que estava acontecendo aqui, na distante cidade de Porto Alegre, Brasil.
"Este não é um ano sem Saramago. É um ano sem José"
José Saramago morreu há um ano, às 11 e meia da manhã do dia 18 de Junho de 2010, no seu quarto em Lanzarote. As suas cinzas serão depositadas hoje, às 11h, junto a uma oliveira que veio da Azinhaga e a um banco de jardim no Campo das Cebolas, em frente à Casa dos Bicos, futura sede da Fundação José Saramago, em Lisboa. Ficarão debaixo das raízes da árvore, que veio do olival onde Saramago viu o lagarto verde com que termina As Pequenas Memórias, acompanhadas do livro Palavras para José Saramago, antologia lançada ontem com textos e manifestações de homenagem ao escritor publicados depois da sua morte por várias personalidades de 23 países.
"Saramago deve estar ali acompanhado por todos os colegas e camaradas de letras de todo o mundo, que se esforçaram e escreveram para ele”, explicou a presidente da fundação, Pilar del Río. Durante a cerimónia de homenagem e deposição das cinzas, o professor e cantor lírico Jorge Vaz de Carvalho lerá Palavras para Uma Cidade, texto de Saramago que homenageia Lisboa, e a escritora Lídia Jorge falará. A Orquestra de Percussão Tocá Rufar actuará e o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, encerrará a cerimónia.
Ontem, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, onde Saramago esteve em câmara-ardente, na conferência de imprensa que iniciou as homenagens, Pilar del Río lembrou que não sabemos o que diria Saramago do que está a acontecer em Espanha ou sobre a Primavera no Norte de África e nos países árabes. Sabemos o que disse, o que está escrito nos seus livros. "Se me permitem", acrescentou, "este não é um ano sem Saramago. É um ano sem José. Um ano com Saramago absolutamente presente em artigos de opinião, em livros que se vão editando, em frases que se dizem". Para o provar, os lançamentos de O Silêncio da Água, fragmento de As Pequenas Memórias, com ilustrações do espanhol Manuel Estrada; a reedição de Viagem a Portugal, com capa nova e novo prefácio de Claudio Magris, e A Última Entrevista de José Saramago, de José Rodrigues dos Santos, que transcreve a entrevista que o Nobel deu em Outubro de 2009.
Hoje à noite, o documentário José & Pilar, de Miguel Gonçalves Mendes, será exibido na SIC e haverá uma sessão especial na Cinemateca, em Lisboa, com o lançamento da edição em DVD e da banda sonora, composta por David Santos, do projecto noiserv. Amanhã, às 18h30, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém, vai realizar-se o espectáculo As Sete Últimas Palavras de Cristo na Cruz, com música de Haydn e textos de Saramago, numa iniciativa do Ministério da Cultura. A concepção de cena é de Teresa Villaverde e a interpretação da Orquestra Sinfónica Portuguesa. "Poderá ser um concerto memorável que poderemos vir a recordar toda a vida". Será ouvida a voz de José Saramago na leitura do seu próprio texto, mas também "vozes de pessoas que de alguma maneira estão a ser crucificadas pela vida". A cineasta Teresa Villaverde explica: "Vou tentar que os textos sejam ouvidos de uma forma que imagino pudesse agradar ao José Saramago. Vamos trazer para o palco pessoas da vida real, de várias idades e vidas difíceis". Foi o maestro Jordi Savall que, em 2007, pediu ao Nobel português que reflectisse sobre a obra de Haydn. O concerto será de entrada livre, sujeita à lotação da sala.
Passava das 9 da noite dessa quinta-feira e, como acontece quando o “Jornal Nacional” traz matérias importantes sobre temas políticos, a redação da Globo em São Paulo parou para acompanhar nos monitores a “reportagem” sobre o episódio das “bolinhas” na cabeça de Serra.
A imensa maioria dos jornalistas da Globo-SP (como costuma acontecer em episódios assim) não tinha a menor idéia sobre o teor da reportagem, que tinha sido editada no Rio, com um único objetivo: mostrar que Serra fora, sim, agredido de forma violenta por um grupo de “petistas furiosos” no bairro carioca de Campo Grande.
Na quarta-feira, Globo e Serra tinham sido lançados ao ridículo, porque falaram numa agressão séria – enquanto Record e SBT mostraram que o tucano fora atingido por uma singela bolinha de papel. Aqui, no blog do Azenha. você compara as reportagens das três emissora na quarta-feira. No twitter, Serra virou “Rojas”. Além de Record e SBT, Globo e Serra tiveram o incômodo de ver o presidente Lula dizer que Serra agira feito o Rojas (goleiro chileno que simulou ferimento durante um jogo no Maracanã).
Ali Kamel não podia levar esse desaforo pra casa. Por isso, na quinta-feira, preparou um “VT especial” – um exemplar típico do jornalismo kameliano. Sete minutos no ar, para “provar” que a bolinha de papel era só parte da história. Teria havido outra “agressão”. Faltou só localizar o Lee Osvald de Campo Grande. O “JN” contorceu-se, estrebuchou para provar a tese de Kamel e Serra. Os editores fizeram todo o possível para cumprir a demanda kameliana. mas o telespectador seguiu sem ver claramente o “outro objeto” que teria atingido o tucano. Serra pode até ter sido atingido 2, 3, 4, 50 vezes. Só que a imagem da Globo de Kamel não permite tirar essa conclusão.
Aliás, vários internautas (como Marcelo Zelic, em ótimo vídeo postado aqui no Escrevinhador) mostraram que a sequência de imagens – quadro a quadro – não evidencia a trajetória do “objeto” rumo à careca lustrosa de Serra.
Mas Ali Kamel precisava comprovar sua tese. E foi buscar um velho conhecido (dele), o perito Ricardo Molina. Quando o perito apresentou sua “tese” no ar, a imensa redação da Globo de São Paulo – que acompanhava a “reportagem” em silêncio – desmanchou-se num enorme uhhhhhhhhhhh! Mistura de vaia e suspiro coletivo de incredulidade.
Boas fontes – que mantenho na Globo – contam-me que o constrangimento foi tão grande que um dos chefes de redação da sucursal paulista preferiu fechar a persiana do “aquário” (aquelas salas envidraçadas típicas de grandes corporações) de onde acompanhou a reação dos jornalistas. O chefe preferiu não ver.
A vaia dos jornalistas, contam-me, não vinha só de eleitores da Dilma. Há muita gente que vota em Serra na Globo, mas que sentiu vergonha diante do contorcionismo do “JN”, a serviço de Serra e de Kamel.
Terminado o telejornal, os editores do “JN” em São Paulo recolheram suas coisas, e abandonaram a redação em silêncio – cabisbaixos alguns deles.
Sexta pela manhã, a operação kameliana ainda causava estragos na Globo de São Paulo. Uma jornalista com muitos anos na casa dizia aos colegas: “sinto vergonha de ser jornalista, sinto vergonha de trabalhar aqui”.
Serra e Kamel não sentiram vergonha.