Mostrando postagens com marcador consulta. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador consulta. Mostrar todas as postagens

05 março 2014

Sobre o direito do cidadão ser ouvido

Audiência Pública na Câmara Municipal sobre corte de árvores
no entorno do Gasômetro - 18/3/2013 - Ederson Nunes/CMPA
Porto Alegre tem um histórico de participação popular reconhecido em muitos lugares, não apenas no Brasil.
Em 1989 foi implantado o Orçamento Participativo (OP), uma proposta de discussão pública do orçamento municipal e dos recursos para investimento. Atualmente diversas cidades já utilizam o OP para discutir o orçamento e prioridades do município, do ponto de vista da população.

Em 2001 aconteceu o primeiro Fórum Social Mundial, aqui em Porto Alegre. O Fórum Social Mundial (FSM) é um evento altermundialista organizado por movimentos sociais de muitos continentes, com objetivo de elaborar alternativas para uma transformação social global. Seu slogan é Um outro mundo é possível.


Una discusión histórica y a la vez de última hora es preguntarse si hay una utopía implícita en la idea de combatir la globalización. ¿Es posible otro mundo? Durante el Quinto Foro Social Mundial de Porto Alegre, el Comité de Celebración del IV Centenario del Quijote llevó a discutir el tema a personalidades como Federico Mayor Zaragoza, José Saramago, Ignacio Ramonet y Eduardo Galeano

Na Marcha de Abertura do Fórum Social Mundial de 2010

Em 5 de junho de 2006, nossa cidadania conseguiu que uma pequena rua arborizada de Porto Alegre - Rua Gonçalo de Carvalho - fosse declarada Patrimônio Histórico, Cultural, Ecológico e Ambiental da cidade. Foi o primeiro caso de uma via urbana ser declarada Patrimônio Ambiental em uma cidade da América Latina, talvez do mundo.
Carta aberta à população em 18/10/2005

Ato na Rua Gonçalo de Carvalho em 15/10/2005
Os defensores da Rua Gonçalo de Carvalho exigiram nova Audiência,
agora com a presença de moradores da rua e ambientalistas. Foto PMPA

Em 23 de agosto de 2009, após longa polêmica, a cidadania de Porto Alegre teve mais uma importante vitória: a vitória do Não ao Pontal do Estaleiro, após uma consulta pública onde 80,3% dos votantes disseram NÃO a um grande empreendimento imobiliário na Orla do Guaíba.
Amigos da Gonçalo pediram o voto no NÃO ao Pontal
Foi pedido um referendo, mas a prefeitura concedeu uma viciada "consulta pública", sem obrigatoriedade de voto e sem espaços para propaganda eleitoral para ambos os lados, porém a grande mídia sempre destacava o "progresso" que o empreendimento representaria para a cidade.



Usando as redes sociais, listas de e-mails, manifestações públicas com distribuição de panfletos conseguimos que a imensa maioria de pessoas que saíram de casa para votar, votassem contra os espigões na Orla.
Apuração da "Consulta do Pontal", com a grande vitória do NÃO
Foto: Cesar Cardia/Amigos da Gonçalo de Carvalho

Muitos ainda tem esperanças de serem ouvidos nas "Audiência Públicas", muitas delas realizadas na Câmara Municipal de Porto Alegre. Isso serve quase nada, pois por não serem deliberativas, servem apenas para dar conhecimento à população, que normalmente reage com argumentos discordantes que o executivo, o legislativo e empreendedores simplesmente não dão a mínima importância.

Nas Audiências Públicas na Câmara Municipal
os questionamentos não são respondidos. Foto de Cíntia Barenho em 2009

Agora, é hora de Porto Alegre seguir o exemplo de Montreal, Canadá. Precisamos criar uma entidade de Consultas Públicas em nossa cidade!
Mas, Consultas Públicas sérias, reguladas por lei e sem ingerência partidárias.
Solicitados a explicarem melhor como funcionam as Consultas Públicas de Montreal, recebemos o seguinte documento - em português - do Escritório de Consultas Públicas de Montreal. Já é um bom ponto de partida:
Primeira página do documento de Montreal

ENTIDADE DE CONSULTA PÚBLICA DE MONTREAL
(Office de consultation publique de Montréal)
Criada em 2002 através da inserção de disposições específicas na Carta constitutiva da cidade de Montreal, adotada pela Assembleia Nacional do Québec, que garante que, independentemente das mudanças políticas na direção do município a existência da Entidade é protegida.

MANDATO
A ECPM procede a consultas públicas relativas a projetos que lhe são confiados pelas autoridades municipais.
‐ A maioria dos mandatos diz respeito ao estudo de projetos de modificação às normas urbanísticas, de forma a permitir a realização de projetos imobiliários de envergadura tais como hospitais, campus universitários ou grandes projetos residenciais promovidos pelo município ou pela iniciativa privada. Nestes casos, é efetuado um exame completo da regulamentação urbanística assim como dos projetos específicos.
‐ Organização de consultas públicas sobre projetos de políticas municipais.

NEUTRALIDADE
A ECPM procede a todas as consultas sem nenhum interesse específico nas questões examinadas, o que garante uma neutralidade total.

ESTRUTURA INTERNA
A presidência da ECPM é nomeada pela Prefeitura com o voto favorável de pelo menos dois terços dos vereadores.
Os comissários que participam ou presidem às comissões são selecionados da mesma forma que a presidência. Atualmente cerca de 25 comissários estão ativos.

FUNCIONAMENTO
Logo após a receção de um mandato, a presidente designa os comissários responsáveis da comissão, depois de se assegurar que estes não estão ligados, mesmo indiretamente, a interesses envolvidos no projeto. (Um código de ética muito restrito deve ser assinado por todos os comissários).
A comissão é apoiada por uma equipa de analistas do secretariado e inicia os trabalhos.
Em primeiro lugar a comissão pede à Prefeitura toda a documentação relativa ao projeto (regulamentação urbanística, planos, esboços do projeto, estudos de impacto, etc.).
Depois da coleta de informações um aviso é publicado nos jornais e o conjunto da documentação é posto à disposição dos cidadãos em lugares determinados, assim como no nosso site.
Duas semanas após o inicio da consulta, é organizada uma assembleia pública durante a qual:
‐Responsáveis da prefeitura e promotores apresentam o projeto;
‐Período de perguntas da parte dos cidadãos e grupos presentes.
Caso no final haja ainda perguntas a sessão continua no dia ou dias seguintes.
Todas as sessões são registadas em notas estenográficas que são imediatamente inseridas no site Internet, facultando assim a acessibilidade da informação a todos.
Depois de reunidas todas as respostas e informações, a comissão procede a um estudo detalhado do projeto assegurando‐se que todas os aspetos são bem compreendidos por todos os intervenientes. (As opiniões dos cidadãos e grupos podem ser expressas por escrito ou verbalmente nas semanas seguintes à consulta – todos os memorandos e opiniões são publicados no site).
Os comissários, ao longo de todos estes trâmites examinam o projeto à luz das questões e das opiniões dos cidadãos assim como das disposições do plano de urbanismo e das orientações contidas nas grandes políticas da cidade de Montreal.

RELATÓRIOS
Os relatórios são elaborados tendo em conta as políticas, estratégias e planos municipais que definem o plano de desenvolvimento da cidade. São tidos em conta as várias políticas, estratégias e planos municipais impregnados das grandes orientações que vão influenciar o planeamento do território, com pressupostos favoráveis ao desenvolvimento sustentável, à criação de bairros dinâmicos, a um centro da cidade forte e transportes coletivos enquanto rede estruturante e portadora da organização espacial e de mistura social.
Todos os projetos submetidos são analisados, para que o exame público das questões submetidas faça parte de um processo global que vise facilitar a tomada de decisão dos eleitos assim como assegurar‐se da conformidade dos grandes projetos de desenvolvimento.
Todos os relatórios são públicos e contêm várias recomendações, mas as decisões finais pertencem aos eleitos.

CONSULTA PÚBLICA
O nosso trabalho permite reconstituir uma série de impactos apreendidos a partir de um saber prático dos cidadãos ou de uma perícia especial adquirida por diferentes grupos da sociedade civil. É um exercício de visão global que se adiciona aos conhecimentos do promotor e da Administração Municipal.
Para que a consulta pública seja um sucesso ela deve ser feita nas melhores condições de transparência, credibilidade e eficácia.
Trata‐se de um processo que se desenvolve num clima de respeito mutuo em que os cidadãos aceitam dar a sua opinião e os que têm que tomar decisões se deixam influenciar. É pois um procedimento frágil em que as condições de sucesso têm que ser constantemente renovadas.

23 agosto 2012

Três anos da vitória do NÃO ao Pontal

Arquiteto Nestor Nadruz, um dos coordenadores do Movimento, fazendo campanha
No dia 23 de agosto de 2009 a população de Porto Alegre - após grande mobilização popular - conseguiu o direito de discordar nas urnas de uma alteração na legislação municipal que beneficiaria um empreendimento residencial na Orla do Guaíba.


Vídeo explicando os motivos para votar NÃO

A prefeitura municipal "rebaixou", através de sua própria liderança na Câmara, o "referendo" proposto por ela mesma para uma "consulta pública" - com a não obrigatoriedade de voto - deixando implítito que o veto a residências não impediria de fossem erguidas no local prédios comerciais.
Charge de Santiago no jornal Extra Classe

Mas a população foi às urnas e deixou bem claro que ela é contrária a construções residenciais e comerciais na Orla.


A  vitória do NÃO na RBS TV - programa TeleDomingo

Foi uma grande vitória, mas apenas uma batalha. A luta continua, também contra as construções comerciais na Orla do nosso Guaíba!

Algumas mensagens de apoios recebidas pelo Movimento em Defesa da Orla, naqueles dias tão agitados que antecederam a Consulta Pública:
(Mensagens recebidas por  Zoravia Bettiol, ativa participante do Movimento em Defesa da Orla do Rio Guaíba)

Porto Alegre precisa de civilidade, não de empreendimentos megalômanos. Precisamos de respeito ao meio ambiente e, principalmente, precisamos respeitar as pessoas que vivem e trabalham em nossa cidade. O projeto de reformulação do Pontal do Estaleiro é ousado e tem ares de coisa nova e boa. No entanto, descaracteriza de forma grosseira o perfil da cidade. A orla do Guaíba não merece ser povoada por construções de gosto árido e duvidoso. Sendo rio ou não sendo rio, o Guaíba ainda resiste heroicamente às investidas da urbanidade selvagem e de suas obras de gosto pedestre e padronizado. Precisamos preservar com amor o pouco, bem pouco, que temos.
- Cíntia Moscovich

Na qualidade de escritor, de médico de saúde pública e de cidadão portoalegrense, posiciono-me ao lado daqueles que defendem a preservação ambiental na cidade de Porto Alegre. Nossa capital sempre foi um reduto da consciência ecológica no Brasil, e é importante mantermos fidelidade a uma luta da qual depende o futuro de nossa população.
- Moacyr Scliar


Vamos defender a orla para todos e dizer não à privatização da paisagem.
- Luis Fernando Veríssimo

Um dos excelentes textos do jornalista Juremir Machado da Silva sobre a polêmica do projeto imobiliário Pontal do Estaleiro que fez muita gente entender o que havia "por trás do Pontal:

RECAPITULAÇÕES EM PALOMAS

(No jornal Correio do Povo de 16/3/2009, a coluna do escritor e jornalista Juremir Machado da Silva)
 Reunião num canto da Câmara de Vereadores de Palomas. João da Garupa cochicha com seus coleguinhas:
- Agora vai. Palomas precisa de espigões. Vamos autorizar a construção de um conjunto residencial de luxo na Ponta do Denílson. Coisa de país desenvolvido. Mas primeiro temos de expulsar o pobrerio dali das proximidades.
- Bueno, com qual argumento? – inquieta-se Tinão.
- Ora, com a lei: a beira do rio não é para moradia.
- Entendi, muito boa essa, depois a gente muda a lei.
- Calma, Tinão. Só depois que a área for vendida.
- Genial, João – entusiasma-se Carvãozinho. – Assim quem comprar poderá pagar mais barato e depois ganhar muito. O progresso exige investimentos arriscados e visionários.
- Hummm… Aquela área não foi doada pelo poder público? Tendo perdido a função, não deveria voltar a ser pública?
- Bobagem, Aniceto, um dos nossos interventores, gente boa da redentora, eliminou essa exigência, alegando questão de segurança nacional. Não tem pra ninguém.
- E se tiver muita pressão da opinião pública, João?
- A gente recua e pede ao prefeito para vetar.
- Nossa, tu pensas em tudo, João.
- Mas se o prefeito veta, não acaba tudo?
- A gente sugere que ele recomende um referendo.
- E se ele topa?
- A gente derruba o veto.
- E se, de novo, a opinião pública pressionar?
- A gente confirma o veto, aprova antes outros projetos de clubes de futebol, mistura tudo, confunde um pouco e transforma o referendo em consulta popular.
- Qual a diferença, João? Já não me lembro.
- O voto na consulta popular não é obrigatório.
- Mas que argumento usar para cancelar o referendo?
- O preço. Vamos dizer que sai muito caro.
- Nossa, João, tu pensas em tudo mesmo.
- Eu me inspiro em Carlos Lacerda. Uma vez, quando Getúlio se candidatou à Presidência, em 1950, Lacerda saiu-se com esta: ‘Vargas não deve ser candidato. Se for candidato, não deve ser eleito. Se for eleito, não pode tomar posse. Se tomar posse, não pode governar. Se governar, deve ser pressionado até ser deposto.
- É… Mas ele foi eleito, tomou posse e governou…
- Deu no que deu, não é, Aniceto?
- Que cultura! Que preparação!
- É que eu me preocupo com o futuro de Palomas.
- E o resto da orla, vai continuar igual?
- Não sejas bobo, Aniceto. Onde passa um boi, passa uma boiada. Depois de passar uma cabecinha, vai o resto.
- Hummm… Os ecologistas vão berrar até o fim.
- Deixa que berrem, Carvãozinho, teremos a mídia a nosso favor. A Rede Baita Sol vai fechar com a gente, não é?
- Essa é quente mesmo. Sempre do lado do progresso.
- E se mesmo assim o berreiro for grande demais?
- Ora, Aniceto, nossos visionários vão pressionar o restante da mídia. Todo empresário já foi patrocinador ou será patrocinador um dia. É gente com poder de fogo.
- É, não tem erro, João, é tiro certo.
- Certeiro, Aniceto. Rumo ao futuro grandioso.
- Mas pode demorar. Sabe como é, tudo é lento.
- A gente aprova regime de urgência.
- Agora vai! Precisa mesmo essa consulta popular?
- Vamos ver…

Ambientalistas enfrentam vereadores na Câmara Municipal  – Foto: Elson S. Pedroso/CMPA


No blog Porto Alegre Resiste: Em 23 de agosto de 2009 a cidade disse NÃO

04 dezembro 2011

Um exemplo de Montreal

De 23 a 26 de novembro ocorreu em Porto Alegre o X Congresso Mundial da Associação Mundial das Grandes Metrópoles - Metropolis, com o lema "Cidades em Transição". Prometia oferecer uma reflexão nos seguintes temas: Crescimento Urbano, Mobilidade, Governança e Qualidade de Vida e também Sustentabilidade e Inovação.

Apenas no dia  25, foi possível comparecer a um painel. Foi no Palácio do Ministério Público do Rio Grande do Sul e tratava de Sustentabilidade Social e Governança.

Constava no programa oficial:             
Esta sessão foi concebida para oferecer aos tomadores de decisão e profissionais municipais e regionais algumas idéias sobre como melhorar o sistema de Governança Urbana e na implementação de projetos integrados. Além disso, incidirá sobre a possibilidade de transferência de abordagens integradas como as que serão apresentadas.
Local: Palácio do Ministério Público 
Boas-vindas: 
Isabel Matte, Secretária de Planejamento Estratégico, Porto Alegre
Introdução: 
•Lutz Paproth, Divisão de Assuntos Europeus e Internacionais, Departamento do Senado para o Desenvolvimento Urbano, Berlim 
Apresentação: Lutz Paproth
Palestra destacada 1: 
Tim Campbell, Presidente do Urban Age Institut, Cidade de Chevy Chase
Palestra destacada 2:  
Luc Doray, Secretário Geral, Departamento do Participação Pública de Montreal 
Debate
16:00 – 16:15    INTERVALO
Mesa redonda de discussão:
Moderador: Tim Campbell, Presidente do Instituto Urban Age, Cidade de Chevy Chase
Não tinha muita gente no auditório, a grande maioria dos presentes eram estrangeiros e até a  Secretária de Planejamento Estratégico de Porto Alegre, que deveria dar as "Boas-vindas", não compareceu. No mesmo horário estava acontecendo outra sessão do Congresso no Teatro Dante Barone da Assembleia Legislativa, com a presença do prefeito de Barcelona sobre Inovação Urbana

Após a abertura dos trabalhos, onde foi apresentado por Lutz Paproth o "manual da Governança Integrada" (produzido pela prefeitura de Berlim), uma palestra de Tim Campbell e a melhor de todas que foi sobre o Sistema de Participação Popular em Montreal, Canadá, por Luc Doray, Secretário Geral do Departamento de Consulta Pública de Montreal. 
A palestra de Luc Doray
Luc explicou todo o processo e organização das Consultas Públicas da cidade canadense, inclusive explicando que qualquer empreendimento imobiliário novo ou recuperação de prédios históricos, políticas públicas, revitalização de espaços públicos passam por esse processo. Todo o material é colocado na internet para que seja feita a leitura e/ou download dos documentos e ainda está sujeito a colaborações dos cidadãos que podem participar enviando críticas ou colaborações através do site. Depois disso tudo há um diálogo entre os políticos, poderes públicos e a cidadania para aparar algumas "arestas". 
Um comentário irônico meu: parece que lá no Canadá eles não aceitam a idéia das empresas de construção civil mandarem seus operários para votarem nas demandas dos patrões, especialmente não residindo na cidade. Dificilmente um político canadense faria "vistas grossas" para isso, se eventualmente acontecesse...


A vice-presidente da AGAPAN e integrante da AMBI (Associação dos Moradores do Bairro Ipanema), Sandra Ribeiro, chegou após as palestras iniciais e também acompanhou as apresentações de "cases" de participação popular na Indonésia, Turquia, China, Alemanha e uma fala do representante da entidade paulistana "Nossa São Paulo", que explicou qual o foco de suas atuações e como tentam influenciar o executivo municipal.
Palestra de Tim Campbell, Presidente do Urban Age Institut, Cidade de Chevy Chase
Antes da segunda rodada de palestras aconteceu um intervalo para café onde eu e a Sandra falamos com o representante de Montreal. Uma conversa muito franca e agradável, onde ele fez alguns comentários muito apropriados sobre nossos problemas locais. Como eu tinha feito a revisão da segunda edição do nosso "folder" do Museu das Águas de Porto Alegre na gráfica e tinha um exemplar que já fora revisado, mostrei a ele que gostou muito em saber que era uma proposta que não tinha origem no executivo. Notando seu real interesse ofereci o exemplar a ele que disse que o mostraria em Montreal como exemplo da participação da cidadania de Porto Alegre.
• Hilmar Von Lojewski, Chefe do Departamento
Ministerial de Construção,
Departamento do Senado para Desenvolvimento Urbano, Berlim, Alemanha
• Ratih Hardjono, Assessor do Governador, Jakarta, Indonésia
• Mauricio Pereira, do Movimento "Nossa São Paulo"
• Baris Alen, Dep. Serviços Sociais, Diyarbakir, Turquia
• Zhu Longbin, Programa para o Desenvolvimento
Urbano, GIZ China, Yangzhou
Lutz Paproth, Divisão de Assuntos Europeus e Internacionais, Departamento
do Senado para o Desenvolvimento Urbano, Berlim
Este é o endereço do site da Consulta Pública de Montreal, que causou tão boa impressão na apresentação do Congresso da Rede Metrópolis:

http://ocpm.qc.ca/

Eles fazem "consultas" para assuntos como tratamento de lixo orgânico até sobre a regulamentação de antenas de telecomunicação. Confiram no site!

Claro que também escutam a população sobre alturas de prédios e densidades...

Seria um excelente idéia mandarmos nossos executivos municipais e representantes na Câmara Municipal conhecerem o Sistema de Participação Popular de Montreal,  para aprenderem a escutar a população em assuntos fundamentais que dizem respeito ao futuro de nossa cidade.
Resumindo: a única coisa que realmente valeu a pena assistir no painel do dia 25 foi a apresentação de Montreal, quem sabe um dia aqui também sigamos esse caminho...

Cesar Cardia

22 agosto 2011

A grande vitória do NÃO, em 2009

"Amigos da Gonçalo de Carvalho" disseram NÃO
Neste dia 23 de agosto comemora-se a vitória do NÃO na consulta pública sobre as alterações no regime urbanístico da Ponta do Melo, promovidas pela maioria da Câmara Municipal de Porto Alegre.

Com a alteração do regime urbanístico naquele local seria possível a construção de espigões residenciais na área do antigo Estaleiro Só.


Foi mais uma grande vitória da consciência ecológica e da cidadania de Porto Alegre.

Veja mais sobre a vitória do NÃO:
http://poavive.wordpress.com/frente-do-nao/
http://goncalodecarvalho.blogspot.com/2009/08/resistir-e-preciso.html
http://goncalodecarvalho.blogspot.com/2009/08/vencemos.html
http://goncalodecarvalho.blogspot.com/2009/08/resistam-votem-nao-no-dia-de-hoje.html

Programa TeleDomingo, 23 de agosto de 2009, no final da noite da Consulta Pública:


 FRENTE do NÃO
AGAPAN – ASSOCIAÇÃO GAUCHA DE PROTEÇÃO AO AMBIENTE NATURAL
AMA – ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES E AMIGOS DA AUXILIADORA DE PORTO ALEGRE
AMBI – ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DO BAIRRO IPANEMA
ASCOMJIP – ASSOCIAÇÃO COMUNITÁRIA JARDIM ISABEL
AMOVITA – ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES DA VILA SÃO JUDAS TADEU
•ASSOCIAÇÃO DE MORADORES DO CENTRO DE PORTO ALEGRE
CCD – CENTRO COMUNITÁRIO DE DESENVOLVIMENTO DA TRISTEZA, PEDRA REDONDA, VILA CONCEIÇÃO E ASSUNÇÃO
•NÚCLEO AMIGOS DA TERRA/BRASIL
•ONG SOLIDARIEDADE
SIMPA – Sindicato Municipários de Porto Alegre
SINDIBANCÁRIOS – Sindicato dos Bancários
•SINDICATO DOS SOCIÓLOGOS DO RIO GRANDE DO SUL
•MOVIMENTO EM DEFESA DA ORLA DO RIO GUAÍBA (Integrantes: •AGAPAN – Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural •Amigos da Rua Gonçalo de CarvalhoAMABI – Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Independência •AMBI – Associação dos Moradores do Bairro Ipanema •ASCOMJIP – Associação Comunitária Jardim Isabel •AMOVITA – Associação dos Moradores da Vila São Judas Tadeu •Associação de Moradores do Centro •Movimento Viva Gasômetro •Associação Moinhos ViveCMVA – Conselho Gestor dos Moradores da Vila Assunção •Associação dos Moradores da Cidade BaixaAMOBELA – Associação dos Moradores da Bela Vista •Conselho Popular do Partenon •Conselho de Usuários do Parque FarroupilhaCCD – Centro Comunitário de Desenvolvimento da Tristeza, Pedra Redonda, Vila Conceição e Assunção •CEUCAB/RS – Conselho Estadual da Umbanda e dos Cultos Afro-Brasileiros do RS •AMSC – Associação dos Moradores do Sétimo Céu •AMATRÊS – Associação dos Moradores do Bairro Três Figueiras •AMA – Associação dos moradores da Auxiliadora •AMACHAP – Associação dos Moradores do Bairro Chácara das Pedras) •NAT/Brasil – Núcleo Amigos da Terra •ONG Solidariedade)
Apoios:
Casa de Cinema de Porto Alegre •NEJ/RS – Núcleo de Ecojornalistas do RS •Defender – Defesa Civil do Patrimônio Histórico •IAB/RS – Instituto de Arquitetos do Brasil/Departamento do RS •Grafar – Grafistas Associados do Rio Grande do Sul •Associação Profetas da Ecologia •Devoção Senhora das ÁguasPastoral da Ecologia •Associação Comunitária do Campo da TucaAMFA – Associação de Moradores Fim da Linha do Alameda – Bairro São José •Comissão de Moradores da Rua da Represa – Bairro São José •Associação Clube de Mães Batista Xavier – Bairro Partenon •Associação de Moradores Quinta do Portal – Bairro Lomba do Pinheiro •Associação de Moradores da Vila São Pedro – Bairro Partenon •Associação de Moradores Estrela Cristalina – Bairro Partenon •Associação de Moradores Paulino Azurenha – Bairro Partenon •Pequena Casa da Criança – Vila Maria da Conceição •MEP – Movimento Ecológico Popular

25 agosto 2009

RESISTIR é preciso!

Quem perdeu com a vitória da cidadania de Porto Alegre?

Apenas 2% da população foi às urnas para votar na “consulta pública” do Pontal do Estaleiro, mas dos 22 mil votantes 80,7% votaram NÃO para a alteração de regime urbanístico daquela área.
Foi um feito realmente memorável, histórico para a cidadania, não apenas da cidade mas do país.
Nós, cidadãos de Porto Alegre, vencemos os falaciosos discursos de “progresso” feitos apenas de aço e cimento.
Entidades ambientalistas, associações e movimentos de moradores, ativistas sociais, sindicatos, pessoas ligadas à arte e cultura infligiram uma fragorosa derrota ao pensamento retrógrado, atrasado do “progresso” a qualquer custo, que degrada não apenas o Meio Ambiente, mas a cidadania.
Todos sabem que a lucrativa indústria da construção civil manda, faz muito tempo, em nossas cidades. Financiam campanhas de candidatos de praticamente TODOS os partidos políticos, gastam verdadeiras fortunas na grande mídia ofertando suas obras, atualmente devem ser os maiores anunciantes em jornais e televisões e isso tem um preço, procuram calar a voz dos que ousam enfrentá-los. Ficamos praticamente invisíveis...
Por isso, apenas 2% dos votantes compareceram para votar, houve muito pouca divulgação pelos grandes meios de comunicação e raramente nos davam espaços para tentar esclarecer a população da importância do que estava para ocorrer. Imaginem se a população estivesse bem informada do que se iria votar, do que tinha acontecido na Câmara Municipal. A prefeitura não facilitou em nada para os cidadãos encontrarem os locais de votação, pois eram apenas 330 urnas espalhadas pela cidade e o fone 156, que auxiliaria a encontrar os locais de votação, ficou fora do ar depois do meio-dia do sábado, logo na véspera da “consulta”.
Nossa campanha foi feita apenas por conversas, e-mails, apenas poucos blogs na internet, duas centenas de adesivos e panfletos que nós mesmos distribuímos pelas ruas da cidade. E nem eram muitos, foram pouco mais de 10 mil panfletos lembrando que aconteceria a consulta e os nossos motivos para pedir o voto no NÃO.
No início de agosto recebemos um apoio importante da Casa de Cinema de Porto Alegre e eles colaboraram com um vídeo que foi visto 14 mil vezes no YouTube até o dia da votação.
Nossa Câmara de Representantes, em sua grande maioria, esqueceu-se que foi eleita por votos de cidadãos e não simplesmente por polpudas verbas de campanha. Votaram tudo o que favorecia os interesses da indústria da construção civil e faziam ouvidos moucos, até debochando, dos reclamos dos cidadãos que discordavam disso. Nosso executivo municipal lavava as mãos, como Pilatos. A maioria dos vereadores dá apoio ao governo e seu próprio líder rebaixou o referendo proposto pelo prefeito, sr. José Fogaça, para “consulta pública”, voluntária e sem espaços iguais na mídia para que pudéssemos destroçar com argumentação racional as falácias do progresso feito apenas com aço e cimento. Um referendo seria de responsabilidade da Justiça Eleitoral, fiscalizado por ela e com divisão de tempos de publicidade para ambos os lados, isso era muito perigoso... Para a bancada do concreto.
A indústria da construção civil falava em empregos, como se apenas na orla de nosso rio eles pudessem ser criados. Será que na orla os salários são mais elevados? Nem os empregados da construção civil acreditaram nisso...
A grande mídia tentava induzir a população a não votar – e teve um relativo sucesso nisso – quando alguns comunicadores diziam que não serviria para nada a consulta, pois já estavam autorizadas obras comerciais no local. Alguns ingênuos ambientalistas e alguns adversários políticos do governo municipal acreditaram nisso e fizeram até campanha para “Não Votar” na consulta, pois ela era uma “farsa”. Perdemos muitos votos por esse motivo também.
Tivemos endereços de e-mails denunciados como fontes de SPAM, porque eram constantes nossos apelos para informar o que a grande mídia não falava. No dia 23, após a consulta, o Blog Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho foi bloqueado, após um post que tratava da vitória nas urnas, mas antes que o texto sobre a votação, no mesmo post, fosse colocado, Ficou apenas uma frase e uma foto na postagem. Motivo? O Blog seria um Splog, blog de SPAM. Coincidência? Até pode ser, mas é muito estranho. Já no dia 25 ele estava liberado após denunciarmos a possível tentativa de silenciar um Blog que foi decisivo para o tombamento da primeira rua declarada Patrimônio Ambiental de uma cidade na América Latina. No blog nem comentários existem, só textos, vídeos e fotos.
Apesar de todos os dissabores, nós vencemos “eles”. A cidadania e o Meio Ambiente de Porto Alegre disse NÃO a toda essa gente que hoje, depois de algumas reuniões, decidiu usar a estratégia de desqualificar a “consulta” criada por eles mesmos. Com isso tentam minimizar sua fragorosa derrota!
Nós VENCEMOS “eles”!
Foi apenas uma batalha, mas ela é emblemática. Mostra que “Todos Juntos Somos Fortes”, como diz uma faixa na sede da Associação de Moradores da Vila São Judas Tadeu.
A “guerra” está longe de terminar, sabemos bem. Nossos adversários estão reagrupando suas forças para reagirem da “surra” de votos que levaram. Mas eles que tomem tenência, pois aqui em Porto Alegre há resistência!
Aos que se omitiram, aos que acompanharam de longe, por acharem que isso é apenas uma questão local, mas que pensam como nós, um apelo: somem-se a nós, pois não temos o direito de sermos irresponsáveis com as gerações que ainda nem nasceram.

TODOS JUNTOS SOMOS FORTES! 
Cesar Cardia
Integrante do "Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho"
Associado da AMABI
Participante do "Movimento em Defesa da Orla do Rio Guaíba"

13 agosto 2009

Esse é o "progresso" que querem para Porto Alegre?



Pealo de Sangue

Compositor: Raul Ellwanger

Que mistérios trago no peito
Que tristezas guardo comigo
Se meu sangue é colono, é gaúcho
Lá no campo é que tenho abrigo
O cheirinho da chuva na mata
Me peala, me puxa pra lá

Quero só um pedaço de terra
Um ranchinho de santa fé
Milho verde, feijão, laranjeira
Lambari cutucando no pé
Noite alta o luzeiro alumiando
Um gaúcho sonhando de pé

Quando será
Este meu sonho
Sei que um dia será novo dia
Porém não cairá lá do céu
Quem viver saberá que é possível
Quem lutar ganhará seu quinhão

Velho Rio Grande
Velho Guaíba
Sei que um dia será novo dia
Brotando em teu coração
Quem viver saberá que é possível
Quem lutar ganhará seu quinhão