24 agosto 2010

Área do Estaleiro Só segue sem destinação definida

Matéria no Jornal do Comércio - 24 de agosto de 2010 - página 8:
Área do Estaleiro Só segue sem destinação definida

Há um ano, população decidiu que local não pode ter uso residencial
Atualmente, terreno serve de apoio à obra de saneamento que está em execução na orla do Guaíba

Através de consulta popular, no dia 23 de agosto do ano passado, os porto-alegrenses decidiram que não seriam permitidas construções residenciais no terreno do antigo Estaleiro Só, zona Sul da Capital gaúcha. Passado um ano da definição, a proprietária da área, a BMPar Empreendimentos, ainda não tem um destino para o espaço.

Atualmente, conforme informações do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), a área foi alugada para a empresa que realizará a implementação do complexo Emissário Terrestre e Subaquático, para servir como uma espécie de canteiro de apoio às obras desse projeto. O emissário será responsável pela condução dos esgotos provenientes da área central de Porto Alegre, concentrados na futura Estação de Bombeamento de Esgoto na Ponta da Cadeia, região próxima ao Gasômetro, até a Estação de Bombeamento de Esgoto do bairro Cristal. De lá, seguem, via tubulação subaquática até a estação de tratamento de esgoto no bairro Serraria.

O secretário municipal de Planejamento, Márcio Bins Ely, confirma que não há nada protocolado na prefeitura quanto a um outro aproveitamento do espaço do antigo estaleiro. Quanto à utilização da orla do Guaíba, Ely sustenta que a questão deve ser debatida de maneira fragmentada, dividindo a extensão em trechos. “Temos 74 quilômetros de orla em Porto Alegre, é uma grande área”, argumenta o secretário.

Na época da consulta popular, com mais de 80% dos votos válidos (18.212), a Frente do Não venceu a discussão. Ao todo, 22.619 pessoas participaram do pleito, que era facultativo. A Frente do Sim recebeu 4.362 adesões.

A vereadora Sofia Cavedon (PT), que defendia o Não, afirma que o plebiscito foi uma vitória para a cidade. “Acho que conseguimos conciliar o desenvolvimento com a proteção ambiental”, aponta a vereadora. Para ela, ficou claro que a população quer manter o acesso à orla e descartou a realização de empreendimentos residenciais nas imediações do Estaleiro Só. Já o vereador Luiz Braz (PSDB) era a favor do Sim na ocasião. “O empreendedor adquiriu a área e depois não pôde fazer nada lá”, destaca o vereador. Ele lembra que a discussão foi focada no uso misto do espaço, para unidades residenciais e comerciais. E o fato de ser inviável a construção residencial retirou a viabilidade econômica da execução de projetos no local.


Fonte: Jornal do Comércio RS