21 junho 2013

20 de junho: mais um dia de caos em Porto Alegre

Porto Alegre tem mais um dia de caos em meio a protesto
FELIPE BÄCHTOLD/Folha de São Paulo
20/06/2013 - 23h44
O protesto que se estendeu pela noite desta quinta-feira (20) em Porto Alegre novamente terminou em depredação e em confronto entre policiais e manifestantes.
A passeata começou no início da noite e percorreu de maneira pacífica ruas do centro da capital gaúcha. No entanto, por volta das 20h, a Brigada Militar (a PM gaúcha) tentou impedir os manifestantes de passar pela frente da sede do jornal "Zero Hora".
Bombas de gás lacrimogêneo foram jogadas contra a linha de frente da manifestação, o que precipitou um violento tumulto. A mesma situação já havia ocorrido na última segunda-feira (17), quando o protesto deixou um saldo de dezenas de presos e de depredações pela cidade.
Hoje, revoltados com a atuação da Brigada, parte dos manifestantes começou depredações em série pela região do bairro da Azenha. Uma agência do Itaú foi apedrejada e teve um princípio de incêndio. Pelo menos uma loja de autopeças e uma papelaria foram saqueadas.
Decididos a resistir à ação de dispersão da Brigada, os manifestantes se concentraram na avenida João Pessoa, a mesma onde ocorreu o principal conflito do início da semana.
Um shopping da via teve vidraças estilhaçadas e foi pichado. Uma agência do Banrisul (Banco do Estado do Rio Grande do Sul) atacada na segunda-feira foi novamente depredada hoje. Terminais de autoatendimento ficaram completamente destruídos. Contêineres de lixo e semáforos também foram danificados.
Após o recuo, os manifestantes voltaram a se aglomerar no centro, em frente à prefeitura, onde havia ocorrido a concentração para o ato. No caminho, houve novas ações de vândalos. Pelo menos duas agências bancárias e duas lojas foram atacadas.
No fim da noite, os confrontos entre a cavalaria da Brigada e os manifestantes próximos à prefeitura continuavam. Os participantes do protesto jogam pedras nos policiais, que respondem com bombas de gás lacrimogêneo.
A Tropa de Choque cercou os acessos à praça da Matriz, onde ficam as sedes dos três Poderes do Estado.
FELICIANO
Entre os principais alvos de críticas dos manifestantes no início pacífico da passeata estavam o projeto de "cura gay" e o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP).
Mesmo sob forte chuva e um frio de 12ºC, milhares de pessoas compareceram ao ato. Antes do tumulto, a maioria dos participantes fazia coro por paz. Também criticavam partidos políticos.
Devido às ações violentas de segunda-feira, os porto-alegrenses mudaram suas rotinas e se prepararam para o protesto desta quinta.
Órgãos públicos e o comércio encerraram o expediente mais cedo para evitar a passeata. No bairro boêmio da Cidade Baixa, que teve estabelecimentos atacados no início da semana, a maioria dos bares e restaurantes não abriu as portas.
Alguns estabelecimentos da cidade montaram uma espécie de guarda conjunta para vigiar propriedades e evitar depredações e saques.
PELO PAÍS
As manifestações realizadas nesta quinta-feira levaram cerca de 1 milhão de pessoas às ruas em 25 capitais do país. Em ao menos 13 delas foram registrados confrontos. O Rio de Janeiro foi a capital com maior número de pessoas, 300.000.
Em nove das capitais com confronto, houve também ataques ou tentativas de destruição de prédios públicos, como sedes de prefeituras e de governo e prédios da Assembleia Legislativa e do Tribunal de Justiça.
Os protestos contra o aumento das tarifas do transporte público começaram no início do mês e foram ganhando força em todo o país, sendo registrados vários casos de confrontos e vandalismo. Com isso, 14 capitais e diversas outras cidades anunciaram entre ontem e hoje a redução das passagens.
Em Brasília, um grupo de manifestantes forçou a barreira policial montada na entrada do Congresso Nacional, iniciando um confronto com a Polícia Militar, que revidou com bombas de gás lacrimogêneo.
No Rio, o protesto ficou tenso no início da noite. O problema ocorreu com chegada dos manifestantes em frente à prefeitura, no centro da cidade, ponto final da passeata.
Por volta das 18h50, morteiros foram disparados pelos manifestantes. Em resposta, a polícia disparou bombas de efeito moral. A cavalaria da PM avançou para dispersar pessoas que tentavam invadir a sede da administração municipal.


Noite com chuva, vento, frio e muita confusão em Porto Alegre.
Mesmo assim cerca de 20 mil pessoas saíram às ruas para protestar.
Ambientalistas também protestaram contra o corte de árvores que a prefeitura está fazendo,
com a "desculpa" da Copa do Mundo de 2014. - Foto: Cesar Cardia