Quem mora em Porto Alegre com certeza conhece ou pelo menos ouviu falar da rua Gonçalo de Carvalho, no limite entre os bairros Independência e Floresta.
Rua tranqüila, de classe média, que apesar de já sofrer com o fenômeno da verticalização - há cada vez mais prédios altos na rua - ainda têm mantidas e conservadas algumas belas casas antigas. E o que mais encanta: é um verdadeiro túnel verde, a menos de um quilômetro do Centro.
Porém, um fantasma ronda esta rua. Há um projeto de se construir, no terreno do Shopping Total (ao fundo do qual passa a Gonçalo de Carvalho) o novo teatro da OSPA - Orquestra Sinfônica de Porto Alegre.
Nada contra a OSPA. Esta instituição merece um teatro à altura de sua importância para Porto Alegre. O problema é outro.
Junto com o teatro, será construído um edifício-garagem com sete andares, sendo dois deles no subsolo. O local é uma pedreira, ou seja, para a escavação do subsolo com certeza será necessário o emprego de dinamite, o que pode ocasionar danos às estruturas dos edifícios vizinhos. Talvez possa ser até pior, pois durante a construção do shopping, em 2002-2003, já se empregou dinamite, o que fazia a região tremer.
Além disso, aumentará - e muito - a poluição atmosférica na área. Os prédios que têm fundos para o terreno do shopping - onde será construído o edifício-garagem - sofrerão com a emissão de gases tóxicos pelos escapamentos dos carros. Sofrerá tambem a rua, com a poluição atmosférica e sonora proporcionada pelo movimento de veículos. E vale lembrar que o edifício-garagem funcionará todos os dias, ininterruptamente, não apenas quando houverem espetáculos no Teatro. Ou seja, os sete andares do estacionamento servirão aos freqüentadores do Teatro, ou para que se possa ampliar o estacionamento do shopping?
Um detalhe importante: originalmente o Teatro seria construído no Cais do Porto, uma zona abandonada do Centro de Porto Alegre. Seria uma bela maneira de revitalizar a região, pois o Teatro levaria movimentação àquele ponto da cidade que é hoje mais freqüentado por assaltantes. Tornaria a região um centro cultural, como se fez para revitalizar as zonas portuárias de outras cidades do mundo. Quando ouço falar em Sydney logo lembro da Opera House, construída na região do porto - aliás, quando falam em Austrália lembro da Opera House antes dos cangurus ou das praias.
Hoje em dia, muitas pessoas ao ouvirem falar de Porto Alegre, lembram do pôr-do-sol do Guaíba. Imaginem como seria mais bela esta lembrança se o Teatro da OSPA fosse construído no Cais do Porto!
Por que hospedar a OSPA naquele acanhado espaço ao lado de um shopping center?
Para anotar na agenda: na próxima terça-feira, dia 20/12, às 19h e 30min, tem consulta pública para decidir sobre a aprovação - ou não - da obra. Será no Salão Paroquial da Igreja Batista, na av. Cristóvão Colombo, 616.
Vamos todos dizer NÃO!
Quem não mora aqui, sinta-se a vontade para mandar suas palavras de apoio!
Para mais informações, acessem os blogs: Amigos da Gonçalo de Carvalho e AMABI (Associação de Moradores e Amigos do Bairro Independência).
Postada no blog: Kárdia (http://blogkardia.blogspot.com/)