17 março 2013

Audiência Pública na Câmara Municipal

Segunda-feira, 18 de março - 19h
Audiência Pública para debater a duplicação da Edvaldo Pereira Paiva e alargamento da Av. João Goulart (Centro Histórico) com a retirada de mais de uma centena de árvores adultas.
A SMAM diz que "compensará" esses cortes com o plantio de 410 mudas de árvores.
Isso não é compensação é MITIGAÇÃO*.
Ainda por cima pretendem plantar apenas 14 mudas no Centro Histórico, as demais serão plantadas em outras regiões mais distantes do local onde já cortaram 14 árvores e pretendem cortar mais 101.

Pretendem poluir ainda mais o ar de nossa cidade com o aumento do trânsito na João Goulart e retirar as árvores que sabidamente filtram a poluição gerada pelos carros, além de muitos outros benefícios ao ambiente.

Confira os locais que receberão os plantios "compensatórios"

- Avenida Oswaldo Aranha – 100 mudas
- Rua da República – 08 mudas
- Parque Farroupilha – 80 mudas
- Rua Lopo Gonçalves – 08 mudas
- Avenida Jerônimo de Ornellas – 10 mudas
- Parque Maurício Sirotsky Sobrinho – 60 mudas
- Avenida Independência - 20 mudas
- Rua Washington Luiz – 10 mudas
- Rua Garibaldi – 05 mudas
- Rua Santo Antônio – 60 mudas
- Viaduto Otávio Rocha – 26 mudas
- Centro Histórico – 14 mudas em substituição a espécies secas


 *Mitigação - s.f. Ato, desenvolvimento ou consequência de mitigar e/ou atenuar; aliviamento: mitigação dos efeitos da fome.
Diminuição do mal; alívio; consolação; lenitivo.
pl. mitigações.
(Etm. do latim: mitigatio.onis)
fonte: Dicionário Online de Português 



Atualização em 18/3/2013 - 10h:

Árvores tombadas e clichês em queda livre
(Juremir Machado da Silva - jornal Correio do Povo - em 18 de março de 2013)

– Os ecochatos tentam frear o progresso.

Ainda é comum se ouvir esse clichê na boca de quem imagina combater todos os lugares-comuns deste mundo.

– Por causa de um coruja não se pode tocar uma obra.

Os “progremalas”, xiitas do lucro a qualquer custo, odeiam ser atrapalhados por considerações ecológicas. Continuam a achar que a natureza é um repositório infinito de bens a serem devastados sem qualquer limite.

– A vanguarda do atraso impede o país de crescer.

Essa afirmação é feita em tom solene e, ao mesmo tempo, jocoso por homens que jamais se questionam diante do espelho. É um pessoal que parou no tempo. Uma turma que ainda pratica o capitalismo do século XIX. Se for para crescer economicamente, pode poluir à vontade. Se for para ganhar muito dinheiro, pode desmatar sem constrangimento. Se for para os carros andarem mais rápido, pode derrubar quanto árvores se fizer necessário. A vida desses amantes da motosserra está cada vez mais difícil. O cerco em torno deles não para de se fechar.

Hoje tem audiência pública na Câmara de Vereadores sobre a derrubada das árvores da avenida Edvaldo Pereira Paiva, em Porto Alegre. Por mais algum centímetros de pista para os bólidos dos nossos apressados motoristas, de acordo com o plano de mobilidade para a Copa do Mundo de 2014, mais de cem árvores devem cair. Elas estão marcadas para morrer. Todas assinalada com um “c”. Os comedores de concreto estão dispostos a tudo pelo “progresso”. O que são cem árvores para eles? Árvores, segundo o prefeito, “que ninguém usa”. O importante é ter asfalto novinho para mostrar na próxima visita da Fifa.

– Florestas, bosques, matas, árvores abatidas – diz um personagem, intérprete de “O pato selvagem”, de Ibsen, no clássico “Árvores abatidas” do genial Thomas Bernhard.

Quando os atuais comedores de concreto eram crianças, implicar com os outros, especialmente com os mais fracos, era normal; molestar meninos e meninas era comum e morria no silêncio dos lares com seus segredos letais; não deixar negros entrarem em clubes social fazia parte dos costumes na maioria das nossas cidades; fumar na cara dos outros era charmoso; destruir a natureza era uma obrigação de homens empreendedores, sérios e comprometidos com o futuro. Agora, isso tudo é chamado por seus nomes: bullying, pedofilia, racismo, tabagismo, burrice antiecológica, etc. Há quem sofra terrivelmente com essa nova realidade limitadora dos seus movimentos.

– O politicamente correto nos deixa de mãos amarradas.

Precisamos de mais asfalto ou de mais árvores? Entre mais asfalto e preservação das árvores, o que deve ser prioridade? Um comedor de concreto supostamente com senso de humor, deixando escapar seu racismo, saiu-se com esta:

– Para que tantas árvores se temos poucos macacos.