17 junho 2012

Rio+20: Após 20 anos, não temos muito a celebrar.

Charge de Aroeira

Após 20 anos, não temos muito a celebrar, diz secretário da Eco92

Vinte anos após a realização da Eco92, completados nesta sexta-feira, o secretário-geral da conferência, Maurice Strong, criticou a falta de empenho dos governos em promover o desenvolvimento sustentável. Durante um evento que reuniu representantes de diversos países durante a programação oficial da Rio+20, no Rio de Janeiro, Strong disse que não há motivos para celebrar. "Chamamos esse evento de celebração, mas na verdade não temos muito o que comemorar hoje", afirmou.

Segundo o canadense que comandou a conferência da ONU há 20 anos, existe atualmente uma enorme lacuna entre a ciência e as decisões políticas. "Os cientistas nos alertam todos os dias que estamos muito perto do colapso, mas pouco fazemos", disse ao destacar que a Rio+20, que acontece até o dia 22 de junho, é uma oportunidade para repensar o futuro da civilização.

Para Strong, os líderes reunidos no Rio de Janeiro em 1992 foram muito além do esperado, ao firmar acordos sobre biodiversidade, mudanças climáticas e desertificação. "Hoje estamos mais longe do caminho da ação do que há 20 anos, já que muitos países continuam negando a importância do desenvolvimento sustentável. Eu venho de um desses países, inclusive", disse ao citar a falta de empenho do Canadá em relação à proteção do ambiente.

Strong também citou o papel de algumas nações emergentes, como a China e o Brasil, que, segundo ele, têm se empenhado em promover as mudanças, unindo um elevado crescimento econômico com a preocupação ambiental e social. Ao falar do país-sede da conferência, ele ainda elogiou a capacidade dos brasileiros em organizar eventos desse porte e de liderar o debate rumo a uma economia sustentável.

Ao destacar que esse é um momento de mudança, ele cobrou que seja apresentado um sistema de responsabilização a todas as nações que não cumpriram com os acordos estipulados na Eco92. "Não quero que esta seja mais uma conferência, mas sim um marco importante na história pelos esforços visando assegurar uma forma de vida melhor para todos", completou.

Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

Fonte: Terra Brasil