Uma das casa "condenadas", em 07/12/2007 |
Texto da escritora Carol Bensimon no jornal Zero Hora de 14/9/2013:
Um conjunto de seis casas dos anos 1930 na Rua Luciana de Abreu, bairro Moinhos de Vento, pode ser demolido pela incorporadora Goldzstein. Essa foi a recente decisão da Justiça em um embate que já dura 10 anos. De um lado, a construtora. De outro, a Associação Moinhos Vive e o Ministério Público.
Manifestação do Moinhos Vive pela preservação das casas em 28/6/2008 |
Muita coisa aconteceu na última década em Porto Alegre. Se nos detivermos nas boas, que sempre parecem menos numerosas que as ruins, certamente acabaremos falando do renascimento do Moinhos de Vento como um bairro de múltiplos usos, cheio de cafés, restaurantes e lojas de rua, onde as pessoas se deslocam de um ponto a outro a pé porque há muito o que ser visto e é agradável caminhar por ali. Quando eu era criança, o único atrativo que havia na Padre Chagas era uma padaria, fornecedora oficial de pão de cachorro-quente para meus aniversários, assim como daquelas chupetas vermelhas puro açúcar, há muito desaparecidas dos caixas dos mercadinhos.
As casas fazem parte da paisagem do bairro. 07/12/2007 |
Moinhos Vive e MP estadual lutaram por dez anos pela preservação das casas. 28/6/2008 |
Quando classificamos o Moinhos de Vento como um bairro “charmoso”, o que a publicidade, inclusive a do ramo imobiliário, parece fazer o tempo todo, nós estamos falando justamente dessas construções antigas. Usar o argumento de que o bairro é agradável e pitoresco, e, ao mesmo tempo, contribuir para a descaracterização irreversível desse lugar, vai muito além da contradição: é maldade e demonstra um profundo desrespeito com a memória da cidade.
Até quando destruiremos a memória da cidade? Local das casas em 28/6/2008 |
Fotos: arquivo dos "Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho"
A notícia no Jornal do Comércio:
Justiça autoriza demolição de casarões no Moinhos
Liminar favorável ao MP impedia projeto da Goldsztein há dez anos; para TJRS, prefeitura seguiu critérios técnicos ao não inventariar área
Liminar favorável ao MP impedia projeto da Goldsztein há dez anos; para TJRS, prefeitura seguiu critérios técnicos ao não inventariar área