DIA NACIONAL
DA CONSERVAÇÃO DO SOLO
“O homem
branco deve ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos
avôs”.
Para que
respeitem a terra, deve ensinar a seus filhos que a terra foi enriquecida com a
vida de nossos antepassados, que ela é nossa mãe. Tudo aquilo que acontecer a
terra, acontecerá também aos filhos dela. Se os homens cospem no solo, estão
cuspindo neles mesmos. Sabemos que a terra não pertence aos homens.
O homem,
sim, é que pertence a terra.”
Trecho da
declaração do cacique Seattle ao presidente dos Estados Unidos, em 1854.
Esta data especial foi instituída pela Lei Nº
7.876/89, em homenagem ao nascimento do americano Hugh Hammond Bennet
(1881-1960), estudioso da conservação do solo.
A data não é conhecida pela maioria das pessoas;
isso porque não há uma popularização deste evento que é muito significativo,
uma vez que esse recurso natural, entre outros, é de fundamental importância
para nossas vidas, assim como é para os demais seres vivos que constituem os
ecossistemas de nosso planeta. Hoje, há uma grande preocupação por parte dos
governos e da sociedade pelo crescimento da população, escassez de recursos,
mas pouco se tem feito para a conservação dos solos e devemos salientar que as
atividades como agricultura e pecuária, que sustentam a sociedade em alimentos,
têm como base esse recurso.
Dia Nacional da Conservação do Solo foi
instituído no Brasil para servir de alerta à sociedade para a necessidade de
preservar um dos principais patrimônios nacionais que esta sendo degradado.
Dia de aprender um pouco sobre o chão em que
pisamos, construímos nossa casa e retiramos nossos alimentos, bem como pensar
em formas de preservá-lo.
Conceitualmente o solo é um corpo
natural, ocupando porções na superfície terrestre, suportando plantas e
edificações e que apresentam propriedades resultantes da atuação integrada do clima
e dos organismos atuando sobre o material de origem, condicionado pelo relevo
durante um período de tempo. Está em constante evolução e alteração. Esta
natureza dinâmica e evolucionária está englobada na definição do solo, como
sendo, material mineral inconsolidado na superfície da terra que tem estado
sujeito e influenciado por fatores ambientais e genéticos, tais como: clima,
material de origem, macro e microrganismos e topografia. Todos estes fatores
atuam no tempo e produzem um produto chamado solo que difere do material
originário em muitas propriedades e características físicas, químicas e
biológicas.
O solo
agrícola é
todo o solo que tenha aptidão para utilização agrossilvipastoril não localizado
em área de preservação permanente;
Os solos são um dos mais importantes
recursos do meio ambiente, uma entidade viva, e não apenas um substrato no qual
as plantas crescem. O solo é um recurso natural não renovável formado
lentamente, mas que pode ser perdido rapidamente. A degradação da terra é um
grave problema ambiental. O uso indiscriminado das terras na agricultura, sem
levar em conta suas propriedades físicas, químicas e microbiológicas, é uma das
principais causas da degradação do solo. Além disso, o desconhecimento do clima
onde a propriedade rural está inserida piora essa situação.
Várias são as funções do solo, a principal
talvez seja a de servir como recurso propício ao desenvolvimento de atividades
produtoras de alimentos, frutos, legumes, cereais, folhas, etc. Na agricultura
se perpetua a vida do homem, o solo lhe dá o alimento e o sustento do
dia-a-dia, o pão, a bebida, o vinho, até o leite, pois os rebanhos que produzem
o leite se alimentam de rações ou pastagens que se desenvolvem no solo.
Poderíamos enumerar outros exemplos como arroz, soja, feijão, milho, tantos que
poderíamos preencher algumas páginas. E muita coisa vem do solo.
Desde tempos remotos o homem, com a fixação dos
grupos humanos organizados e o surgimento das grandes civilizações, utiliza os
solos com a agricultura. O solo, comumente chamado de terra, chamado também de
chão, e muitas vezes dito como lugar, no sentido de terra natal, constitui tudo
isso e muito mais, significando ainda a possibilidade de prolongamento da vida.
No antigo testamento ele é a matéria para a vida, pois como está escrito Adão
foi criado do pó da terra, tendo Deus soprado nas narinas do primeiro homem
para lhe tornar um ser vivo.
Quando olhamos para o passado podemos perceber
exemplos de grande impacto no uso dos solos. O uso de tecnologias “novas”
também causa degradação de recursos naturais como o solo, gerando o declínio
das antigas civilizações. Um exemplo comumente usado é o da Mesopotâmia, situada
entre os rios Tigre e o Eufrates, hoje e o Iraque, onde há cerca de 5.000 anos
atrás, desenvolveu-se a civilização Persa, a qual dominou técnicas de irrigação
e desenvolveu a agricultura. Documentos dão testemunho de que a utilização mal
planejada da água trouxe degradação dos solos e das condições ambientais, tendo
como resultado a sanilização e erosão, tornando a região árida. Hoje, ela
continua na mesma situação de aridez e pouco produtiva.
Os grandes vilões do solo são a destruição da
cobertura vegetal, desmatamento, queimadas; o esgotamento, causado pela
interrupção constante do processo natural de reciclagem dos nutrientes; e a
contaminação (fertilizantes, agrotóxicos, lixo e resíduos industriais).
No Brasil a grande maioria dos solos está
sofrendo algum tipo de degradação. Ações como cultivos intensos e contínuos,
queimadas indiscriminadas, desmatamentos, urbanização sem planejamento, áreas
de terra desnudas e abandonadas estão livres para os agentes naturais como o
vento e a água, e assim, favorecendo a degradação desses solos.
O chamado processo de arenização, ou
seja, a transformação de um solo muito arenoso com uma cobertura vegetal fraca,
em uma área com areia sem nenhuma ou quase nenhuma cobertura vegetal, pode
ocorrer em poucos anos, dependendo da intensidade com que manejos inadequados
de agricultura ou pecuária são conduzidos sobre estas áreas.
Na
região da campanha gaúcha esse processo se acentua devido os solos da região
serem altamente arenosos, ter baixa coesão entre partículas, baixa fertilidade
natural e uma vegetação rala e esparsa fazendo a região sudoeste gaúcha
apresentar solos com altas taxas de erosão hídrica e eólica, deixando estes
entre os mais suscetíveis à degradação, chegando a apresentar peculiaridade de
deserto com vastas áreas com quase nenhuma vegetação.
Embora
algumas destas áreas sejam conhecidas há muito tempo, e sem interferência
conhecida, a maioria delas sofreu intensa atividade humana com manejos inadequados
que propiciaram uma degradação severa em áreas ainda sem processo de
arenização, com isso os areais se expandiram e atingiram grandes extensões.
A região de ocorrência dos solos que
apresentam areais está localizada no sudoeste do Rio Grande do Sul, em direção
oeste até a fronteira com a Argentina e Uruguai. A degradação do solo nesta
região se manifesta com vastas áreas apresentando a forma de areais. Estes
areais ocupam uma larga faixa onde se localizam os municípios de Alegrete,
Cacequi, Itaquí, Maçambará, Manuel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, São Borja,
São Francisco de Assis e Unistalda.
No dia da conservação deste relevante recurso
natural, chama-nos atenção à situação do Bioma Campos Sulinos ou Pampa. Grande
parte deste ecossistema está coberta predominantemente de gramíneas, compostas
e leguminosas, com porte e densidade suficiente para proteger os solos, isso
porque as áreas remanescentes são poucas e grande parte foi degradada e
incorporada aos cultivos ou pastagens. Com a redução da cobertura vegetal o
solo fica sujeito à erosão, pelas chuvas, pelos ventos e, assim, o capital
natural que representa é perdido e levado pelos rios, sangas e riachos no
período chuvoso, causando voçorocas e conseqüentemente o assoreamento, isso
também porque as práticas desenvolvidas na agricultura são ainda muito danosas
ao recurso.
A conservação do Pampa requer melhores práticas
de uso de seus recursos, principalmente dos solos, ou mesmo a redução na
intensidade do uso atual em áreas impróprias, pois a degradação vem ocorrendo
ao longo de séculos. Manter a sustentabilidade dos Campos Sulinos significa que
seu uso deve ser planejado, para que sejam utilizadas as áreas propícias ou
aptas para esse fim e permitir a possibilidade de regeneração dos recursos
naturais. Ou seja, os órgãos competentes da alçada municipal, estadual e
federal devem fazer campanhas de conservação dos solos, de florestamento, além
da conscientização para evitar queimadas, reduzir os processos erosivos e,
assim, lutar contra a arenização. Além disso, há necessidade de tornar efetivas
as unidades de conservação já existentes no bioma, além da criação de outras que
tenham como função conservar paisagens representativas dos diferentes tipos de
campo.
Atualmente o Pampa esta entre os biomas brasileiros
mais degradados, perdendo para a Mata Atlântica. Isso significa que a cada dia
os solos do Pampa perdem suas condições de sustentar nossa sociedade; a atual
degradação em curso não pode mais continuar, é necessário que se tomem
providências para a convivência harmônica com as possibilidades que os recursos
naturais podem fornecer. Assim, é responsabilidade de todos nós de zelar pelo
patrimônio natural que representa o solo nosso de cada dia.
Agentes como o vento, o sol e a chuva vão desgastando
a rocha e a transformando em um material mais macio. Com o passar do tempo,
esse material é misturado a restos de vegetais e de animais mortos, sempre em
contato com a água e o ar, e forma o solo, que é a terra na qual crescem as
plantas.
O solo tem camadas formadas por vários
elementos, mas ele não é igual em todos os lugares. Basta observar que cada
região do país produz determinados alimentos em vez de outros. Isto ocorre
porque cada tipo de solo é adequado para a sobrevivência determinadas plantas e
impróprio para outras.
O homem tem criado técnicas, equipamentos e
produtos químicos para aumentar a produtividade dos solos, mas muitas vezes sem
se preocupar com os danos que isso pode causar. Por outro lado, os
desmatamentos, as queimadas, o esgoto e a poluição em geral também têm agredido
a terra. Sabemos que tudo isso deve ser evitado. O importante é pensarmos em
como ajudar. Componente fundamental do ecossistema terrestre, o solo é um
sistema dinâmico e complexo. Sua formação, resultante de centenas de milhares
de anos, deve-se à interação entre elementos bióticos, bactérias e algas e
abióticos, chuva, gelo, vento e temperatura.
Do solo fértil e equilibrado dependem a produção
de alimentos, a sobrevivência de inúmeras espécies vegetais e animais, o ciclo
da água, a matéria-prima ou substrato para obras civis, casas, indústrias,
estradas e até a qualidade do ar.
É crescente a preocupação com as questões
ambientais e sua relação com a qualidade de vida no planeta, impondo, a cada
dia, barreiras mais rígidas ao comércio de produtos e serviços para as
diferentes cadeias produtivas. Dentro dessa perspectiva, é fundamental
reconhecer e assumir que “a conservação dos recursos naturais é uma
corresponsabilidade de todos os setores da sociedade, passado, presente e
futuro, na proporção em que consomem produtos originados desses recursos”.
Em
algumas regiões do país, a erosão vem causando significativos prejuízos
econômicos, sociais e ambientais. Algumas das consequências do mau uso e manejo
do solo podem ser identificadas pela poluição e assoreamento dos cursos d’água
e represas, perda de nutrientes e de matéria orgânica, enchentes avassaladoras
que, a cada ano, afetam milhares de pessoas, entre outras.
Os
recursos naturais ainda disponíveis no planeta Terra são suficientes para garantir
uma forma de vida adequada para todos, mas para isso é necessária à adoção de
medidas de recuperação, compensação e conservação dos recursos existentes. A
humanidade tem em suas mãos o destino do planeta, cabe a ela decidir os rumos a
serem tomados, mas uma certeza existe “se continuar como está estaremos
sujeitos ao fim”, precisamos fazer a nossa parte e tentar viabilizar a
conscientização sobre a importância da conservação e recuperação dos recursos
naturais existentes e oferecer formas alternativas e sustentáveis de manejo.
Por tudo isso é essencial evitarmos a degradação
do solo, por meio de práticas como a rotação de culturas, adubação orgânica,
drenagem, aragem, irrigação e manejo.
A política de uso racional do solo constitui-se
no conjunto de objetivos, normas, procedimentos e ações encetadas pelo poder
público, visando à manutenção e à melhoria do potencial produtivo do solo
agrícola.
O solo agrícola é um recurso natural,
parte integrante do patrimônio ambiental estadual e bem de interesse comum a
todos os cidadãos, devendo sua utilização sob qualquer forma, ser submetida às
limitações que a legislação geral, e especialmente esta lei, estabelecem.
A
utilização do solo no meio rural, para quaisquer fins, deve ser através da adoção
de práticas, técnicas, processos e métodos que visem a sua proteção, conservação,
melhoria e recuperação, observadas as características geo-morfológicas, físicas,
químicas, biológicas, ambientais, a capacidade e a aptidão de uso e as suas funções
socioeconômicas.
Devemos no mínimo observar, a aptidão
agrícola para uso da terra que é a adaptabilidade do solo para um tipo
específico de utilização agrossilvopastoril, segundo a avaliação das suas
potencialidades e limitações, pressupondo-se a adoção de um ou mais distintos
níveis de manejo, considerando o contexto socioeconômico; a capacidade
de uso da terra que é a adaptabilidade de um terreno para fins agrossilvopastoris,
sem degradação, por um longo período de tempo, segundo a avaliação de suas
potencialidades e limitações, especialmente quanto à declividade, pressupondo-se
a aplicação de um nível de manejo tecnológico desenvolvido; a conservação do solo que é o conjunto
de ações que visam à manutenção de suas características físicas, químicas e
biológicas, e conseqüentemente, à sua capacidade produtiva continuada.
A perda do equilíbrio das propriedades físicas,
químicas e biológicas do solo com redução significativa ou perda da
produtividade biológica ou econômica em decorrência da utilização da terra por
um processo ou uma combinação de processos, incluídos os resultantes de
atividades humana, causadas por efeito físico, erosão hídrica ou eólica,
compactação e outras formas de alteração da estrutura do solo ou por efeito
químico, acidificação, salinização, poluição, associadas ou não à deterioração
das condições hidrológicas de superfície devido à perda da cobertura vegetal ou
das condições geohidrológicas (águas subterrâneas).
No uso
adequado do solo agrícola de ser sempre observada, a adoção de um
conjunto de práticas, técnicas e procedimentos que, de acordo com a sua capacidade de
uso e aptidão agrícola, contribuem para a recuperação, conservação e
melhoramento do solo agrícola, atendendo a função sócio-econômica e ambiental
de estabelecimentos rurais;
As terras agrícolas, em geral, estão
compartimentadas de formas diferentes, com vários tipos de solos e cada tipo
apresentando características e vocações próprias, necessitando para serem
utilizados, de um estudo ou levantamento sobre a capacidade potencial e de uso
dos mesmos, adequando os modelos de explorações às suas exigências naturais e
adotando medidas de manejo, conforme o tipo de solo, para dar sustentabilidade
a essas explorações sem causar nenhum prejuízo aos recursos naturais.
A Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação recomenda atenção para as técnicas que tornam a
produção sustentável e eficiente, modernizam as instituições e as políticas
nacionais. Ações coordenadas de instituições bem preparadas poderão responder
os desafios da gestão dos solos e da água.
Um novo paradigma da agricultura:
O
desafio: Para alimentar uma
população mundial crescente, não temos opção senão
intensificar a produção agrícola.
Mas os agricultores enfrentam restrições
sem precedentes. Para crescer, a
agricultura deve aprender a economizar.
Sistemas agrícolas: Intensificação da
produção de culturas será construída
em sistemas agrícolas que oferecem uma gama de produtividade, sócio-econômicos e ambientais benefícios aos
produtores e à sociedade em geral.
A
saúde do solo: Agricultura deve,
literalmente, voltar às suas raízes redescobrindo
a importância do solo saudável, com base em fontes naturais de nutrição de plantas, e usando adubo mineral sabiamente.
Culturas
e variedades: Os agricultores necessitam
de um conjunto geneticamente diverso
de variedades melhoradas que são
adequados para uma variedade de ecossistemas
agrícolas e as práticas agrícolas, e resistentes à mudança climática.
A gestão da água: Intensificação sustentável requer tecnologias mais inteligentes de precisão, para a irrigação e as práticas agrícolas que usam enfoques ecossistêmicos para conservar a água.
Fitofarmacêutico:
Os pesticidas matam as pragas, mas também inimigos naturais dos parasitas, e seu uso excessivo, podem
prejudicar agricultores, consumidores eo meio ambiente. A primeira linha de defesa é um saudável ecossistema
agrícola.
Políticas
e instituições: Para incentivar os
pequenos agricultores a adotar intensificação
da produção sustentável de
culturas, são necessárias mudanças fundamentais nas políticas de desenvolvimento agrícola
e instituições.
O Dia da Conservação do solo é uma advertência a
ser lembrada diariamente para os que derrubam os remanescentes florestais e
usam de outras práticas de agressão ao solo, conscientes ou inconscientemente.
“Protegerás o solo e o delegarás sadio às gerações futuras”.
Recebido por e-mail de Julio Cesar Rech Anhaia – Eng.º Agrº - 15 de Abril de 2012