16 abril 2012

Dia Nacional da Conservação do Solo



DIA NACIONAL DA CONSERVAÇÃO DO SOLO
“O homem branco deve ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avôs”.
Para que respeitem a terra, deve ensinar a seus filhos que a terra foi enriquecida com a vida de nossos antepassados, que ela é nossa mãe. Tudo aquilo que acontecer a terra, acontecerá também aos filhos dela. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo neles mesmos. Sabemos que a terra não pertence aos homens.
O homem, sim, é que pertence a terra.”
Trecho da declaração do cacique Seattle ao presidente dos Estados Unidos, em 1854.

Esta data especial foi instituída pela Lei Nº 7.876/89, em homenagem ao nascimento do americano Hugh Hammond Bennet (1881-1960), estudioso da conservação do solo.
A data não é conhecida pela maioria das pessoas; isso porque não há uma popularização deste evento que é muito significativo, uma vez que esse recurso natural, entre outros, é de fundamental importância para nossas vidas, assim como é para os demais seres vivos que constituem os ecossistemas de nosso planeta. Hoje, há uma grande preocupação por parte dos governos e da sociedade pelo crescimento da população, escassez de recursos, mas pouco se tem feito para a conservação dos solos e devemos salientar que as atividades como agricultura e pecuária, que sustentam a sociedade em alimentos, têm como base esse recurso.
Dia Nacional da Conservação do Solo foi instituído no Brasil para servir de alerta à sociedade para a necessidade de preservar um dos principais patrimônios nacionais que esta sendo degradado.
Dia de aprender um pouco sobre o chão em que pisamos, construímos nossa casa e retiramos nossos alimentos, bem como pensar em formas de preservá-lo.
       Conceitualmente o solo é um corpo natural, ocupando porções na superfície terrestre, suportando plantas e edificações e que apresentam propriedades resultantes da atuação integrada do clima e dos organismos atuando sobre o material de origem, condicionado pelo relevo durante um período de tempo. Está em constante evolução e alteração. Esta natureza dinâmica e evolucionária está englobada na definição do solo, como sendo, material mineral inconsolidado na superfície da terra que tem estado sujeito e influenciado por fatores ambientais e genéticos, tais como: clima, material de origem, macro e microrganismos e topografia. Todos estes fatores atuam no tempo e produzem um produto chamado solo que difere do material originário em muitas propriedades e características físicas, químicas e biológicas.

       O solo agrícola é todo o solo que tenha aptidão para utilização agrossilvipastoril não localizado em área de preservação permanente;

      Os solos são um dos mais importantes recursos do meio ambiente, uma entidade viva, e não apenas um substrato no qual as plantas crescem. O solo é um recurso natural não renovável formado lentamente, mas que pode ser perdido rapidamente. A degradação da terra é um grave problema ambiental. O uso indiscriminado das terras na agricultura, sem levar em conta suas propriedades físicas, químicas e microbiológicas, é uma das principais causas da degradação do solo. Além disso, o desconhecimento do clima onde a propriedade rural está inserida piora essa situação.

Várias são as funções do solo, a principal talvez seja a de servir como recurso propício ao desenvolvimento de atividades produtoras de alimentos, frutos, legumes, cereais, folhas, etc. Na agricultura se perpetua a vida do homem, o solo lhe dá o alimento e o sustento do dia-a-dia, o pão, a bebida, o vinho, até o leite, pois os rebanhos que produzem o leite se alimentam de rações ou pastagens que se desenvolvem no solo. Poderíamos enumerar outros exemplos como arroz, soja, feijão, milho, tantos que poderíamos preencher algumas páginas. E muita coisa vem do solo.
Desde tempos remotos o homem, com a fixação dos grupos humanos organizados e o surgimento das grandes civilizações, utiliza os solos com a agricultura. O solo, comumente chamado de terra, chamado também de chão, e muitas vezes dito como lugar, no sentido de terra natal, constitui tudo isso e muito mais, significando ainda a possibilidade de prolongamento da vida. No antigo testamento ele é a matéria para a vida, pois como está escrito Adão foi criado do pó da terra, tendo Deus soprado nas narinas do primeiro homem para lhe tornar um ser vivo.
Quando olhamos para o passado podemos perceber exemplos de grande impacto no uso dos solos. O uso de tecnologias “novas” também causa degradação de recursos naturais como o solo, gerando o declínio das antigas civilizações. Um exemplo comumente usado é o da Mesopotâmia, situada entre os rios Tigre e o Eufrates, hoje e o Iraque, onde há cerca de 5.000 anos atrás, desenvolveu-se a civilização Persa, a qual dominou técnicas de irrigação e desenvolveu a agricultura. Documentos dão testemunho de que a utilização mal planejada da água trouxe degradação dos solos e das condições ambientais, tendo como resultado a sanilização e erosão, tornando a região árida. Hoje, ela continua na mesma situação de aridez e pouco produtiva.
Os grandes vilões do solo são a destruição da cobertura vegetal, desmatamento, queimadas; o esgotamento, causado pela interrupção constante do processo natural de reciclagem dos nutrientes; e a contaminação (fertilizantes, agrotóxicos, lixo e resíduos industriais).
      No Brasil a grande maioria dos solos está sofrendo algum tipo de degradação. Ações como cultivos intensos e contínuos, queimadas indiscriminadas, desmatamentos, urbanização sem planejamento, áreas de terra desnudas e abandonadas estão livres para os agentes naturais como o vento e a água, e assim, favorecendo a degradação desses solos.

      O chamado processo de arenização, ou seja, a transformação de um solo muito arenoso com uma cobertura vegetal fraca, em uma área com areia sem nenhuma ou quase nenhuma cobertura vegetal, pode ocorrer em poucos anos, dependendo da intensidade com que manejos inadequados de agricultura ou pecuária são conduzidos sobre estas áreas.

      Na região da campanha gaúcha esse processo se acentua devido os solos da região serem altamente arenosos, ter baixa coesão entre partículas, baixa fertilidade natural e uma vegetação rala e esparsa fazendo a região sudoeste gaúcha apresentar solos com altas taxas de erosão hídrica e eólica, deixando estes entre os mais suscetíveis à degradação, chegando a apresentar peculiaridade de deserto com vastas áreas com quase nenhuma vegetação.

       Embora algumas destas áreas sejam conhecidas há muito tempo, e sem interferência conhecida, a maioria delas sofreu intensa atividade humana com manejos inadequados que propiciaram uma degradação severa em áreas ainda sem processo de arenização, com isso os areais se expandiram e atingiram grandes extensões.

       A região de ocorrência dos solos que apresentam areais está localizada no sudoeste do Rio Grande do Sul, em direção oeste até a fronteira com a Argentina e Uruguai. A degradação do solo nesta região se manifesta com vastas áreas apresentando a forma de areais. Estes areais ocupam uma larga faixa onde se localizam os municípios de Alegrete, Cacequi, Itaquí, Maçambará, Manuel Viana, Quaraí, Rosário do Sul, São Borja, São Francisco de Assis e Unistalda.

No dia da conservação deste relevante recurso natural, chama-nos atenção à situação do Bioma Campos Sulinos ou Pampa. Grande parte deste ecossistema está coberta predominantemente de gramíneas, compostas e leguminosas, com porte e densidade suficiente para proteger os solos, isso porque as áreas remanescentes são poucas e grande parte foi degradada e incorporada aos cultivos ou pastagens. Com a redução da cobertura vegetal o solo fica sujeito à erosão, pelas chuvas, pelos ventos e, assim, o capital natural que representa é perdido e levado pelos rios, sangas e riachos no período chuvoso, causando voçorocas e conseqüentemente o assoreamento, isso também porque as práticas desenvolvidas na agricultura são ainda muito danosas ao recurso.
A conservação do Pampa requer melhores práticas de uso de seus recursos, principalmente dos solos, ou mesmo a redução na intensidade do uso atual em áreas impróprias, pois a degradação vem ocorrendo ao longo de séculos. Manter a sustentabilidade dos Campos Sulinos significa que seu uso deve ser planejado, para que sejam utilizadas as áreas propícias ou aptas para esse fim e permitir a possibilidade de regeneração dos recursos naturais. Ou seja, os órgãos competentes da alçada municipal, estadual e federal devem fazer campanhas de conservação dos solos, de florestamento, além da conscientização para evitar queimadas, reduzir os processos erosivos e, assim, lutar contra a arenização. Além disso, há necessidade de tornar efetivas as unidades de conservação já existentes no bioma, além da criação de outras que tenham como função conservar paisagens representativas dos diferentes tipos de campo.
Atualmente o Pampa esta entre os biomas brasileiros mais degradados, perdendo para a Mata Atlântica. Isso significa que a cada dia os solos do Pampa perdem suas condições de sustentar nossa sociedade; a atual degradação em curso não pode mais continuar, é necessário que se tomem providências para a convivência harmônica com as possibilidades que os recursos naturais podem fornecer. Assim, é responsabilidade de todos nós de zelar pelo patrimônio natural que representa o solo nosso de cada dia.
Agentes como o vento, o sol e a chuva vão desgastando a rocha e a transformando em um material mais macio. Com o passar do tempo, esse material é misturado a restos de vegetais e de animais mortos, sempre em contato com a água e o ar, e forma o solo, que é a terra na qual crescem as plantas.
O solo tem camadas formadas por vários elementos, mas ele não é igual em todos os lugares. Basta observar que cada região do país produz determinados alimentos em vez de outros. Isto ocorre porque cada tipo de solo é adequado para a sobrevivência determinadas plantas e impróprio para outras.
O homem tem criado técnicas, equipamentos e produtos químicos para aumentar a produtividade dos solos, mas muitas vezes sem se preocupar com os danos que isso pode causar. Por outro lado, os desmatamentos, as queimadas, o esgoto e a poluição em geral também têm agredido a terra. Sabemos que tudo isso deve ser evitado. O importante é pensarmos em como ajudar. Componente fundamental do ecossistema terrestre, o solo é um sistema dinâmico e complexo. Sua formação, resultante de centenas de milhares de anos, deve-se à interação entre elementos bióticos, bactérias e algas e abióticos, chuva, gelo, vento e temperatura.
Do solo fértil e equilibrado dependem a produção de alimentos, a sobrevivência de inúmeras espécies vegetais e animais, o ciclo da água, a matéria-prima ou substrato para obras civis, casas, indústrias, estradas e até a qualidade do ar.
      É crescente a preocupação com as questões ambientais e sua relação com a qualidade de vida no planeta, impondo, a cada dia, barreiras mais rígidas ao comércio de produtos e serviços para as diferentes cadeias produtivas. Dentro dessa perspectiva, é fundamental reconhecer e assumir que “a conservação dos recursos naturais é uma corresponsabilidade de todos os setores da sociedade, passado, presente e futuro, na proporção em que consomem produtos originados desses recursos”.

      Em algumas regiões do país, a erosão vem causando significativos prejuízos econômicos, sociais e ambientais. Algumas das consequências do mau uso e manejo do solo podem ser identificadas pela poluição e assoreamento dos cursos d’água e represas, perda de nutrientes e de matéria orgânica, enchentes avassaladoras que, a cada ano, afetam milhares de pessoas, entre outras.

      Os recursos naturais ainda disponíveis no planeta Terra são suficientes para garantir uma forma de vida adequada para todos, mas para isso é necessária à adoção de medidas de recuperação, compensação e conservação dos recursos existentes. A humanidade tem em suas mãos o destino do planeta, cabe a ela decidir os rumos a serem tomados, mas uma certeza existe “se continuar como está estaremos sujeitos ao fim”, precisamos fazer a nossa parte e tentar viabilizar a conscientização sobre a importância da conservação e recuperação dos recursos naturais existentes e oferecer formas alternativas e sustentáveis de manejo.

Por tudo isso é essencial evitarmos a degradação do solo, por meio de práticas como a rotação de culturas, adubação orgânica, drenagem, aragem, irrigação e manejo.
A política de uso racional do solo constitui-se no conjunto de objetivos, normas, procedimentos e ações encetadas pelo poder público, visando à manutenção e à melhoria do potencial produtivo do solo agrícola.
      O solo agrícola é um recurso natural, parte integrante do patrimônio ambiental estadual e bem de interesse comum a todos os cidadãos, devendo sua utilização sob qualquer forma, ser submetida às limitações que a legislação geral, e especialmente esta lei, estabelecem.

       A utilização do solo no meio rural, para quaisquer fins, deve ser através da adoção de práticas, técnicas, processos e métodos que visem a sua proteção, conservação, melhoria e recuperação, observadas as características geo-morfológicas, físicas, químicas, biológicas, ambientais, a capacidade e a aptidão de uso e as suas funções socioeconômicas.

      Devemos no mínimo observar, a aptidão agrícola para uso da terra que é a adaptabilidade do solo para um tipo específico de utilização agrossilvopastoril, segundo a avaliação das suas potencialidades e limitações, pressupondo-se a adoção de um ou mais distintos níveis de manejo, considerando o contexto socioeconômico; a      capacidade de uso da terra que é a adaptabilidade de um terreno para fins agrossilvopastoris, sem degradação, por um longo período de tempo, segundo a avaliação de suas potencialidades e limitações, especialmente quanto à declividade, pressupondo-se a aplicação de um nível de manejo tecnológico desenvolvido; a conservação do solo que é o conjunto de ações que visam à manutenção de suas características físicas, químicas e biológicas, e conseqüentemente, à sua capacidade produtiva continuada.

      A perda do equilíbrio das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo com redução significativa ou perda da produtividade biológica ou econômica em decorrência da utilização da terra por um processo ou uma combinação de processos, incluídos os resultantes de atividades humana, causadas por efeito físico, erosão hídrica ou eólica, compactação e outras formas de alteração da estrutura do solo ou por efeito químico, acidificação, salinização, poluição, associadas ou não à deterioração das condições hidrológicas de superfície devido à perda da cobertura vegetal ou das condições geohidrológicas (águas subterrâneas).

      No uso adequado do solo agrícola de ser sempre observada, a adoção de um conjunto de práticas, técnicas e procedimentos que, de acordo com a sua capacidade de uso e aptidão agrícola, contribuem para a recuperação, conservação e melhoramento do solo agrícola, atendendo a função sócio-econômica e ambiental de estabelecimentos rurais;

     As terras agrícolas, em geral, estão compartimentadas de formas diferentes, com vários tipos de solos e cada tipo apresentando características e vocações próprias, necessitando para serem utilizados, de um estudo ou levantamento sobre a capacidade potencial e de uso dos mesmos, adequando os modelos de explorações às suas exigências naturais e adotando medidas de manejo, conforme o tipo de solo, para dar sustentabilidade a essas explorações sem causar nenhum prejuízo aos recursos naturais.

     A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação recomenda atenção para as técnicas que tornam a produção sustentável e eficiente, modernizam as instituições e as políticas nacionais. Ações coordenadas de instituições bem preparadas poderão responder os desafios da gestão dos solos e da água.

     Um novo paradigma da agricultura:

     O desafio: Para alimentar uma população mundial crescente, não temos opção senão intensificar a produção agrícola. Mas os agricultores enfrentam restrições sem precedentes. Para crescer, a agricultura deve aprender a economizar.
     Sistemas agrícolas: Intensificação da produção de culturas será construída em sistemas agrícolas que oferecem uma gama de produtividade, sócio-econômicos e ambientais benefícios aos produtores e à sociedade em geral.

     A saúde do solo: Agricultura deve, literalmente, voltar às suas raízes redescobrindo a importância do solo saudável, com base em fontes naturais de nutrição de plantas, e usando adubo mineral sabiamente.

     Culturas e variedades: Os agricultores necessitam de um conjunto geneticamente diverso de variedades melhoradas que são adequados para uma variedade de ecossistemas agrícolas e as práticas agrícolas, e resistentes à mudança climática.

     A gestão da água: Intensificação sustentável requer tecnologias mais inteligentes de precisão, para a irrigação e as práticas agrícolas que usam enfoques ecossistêmicos para conservar a água.

     Fitofarmacêutico: Os pesticidas matam as pragas, mas também inimigos naturais dos parasitas, e seu uso excessivo, podem prejudicar agricultores, consumidores eo meio ambiente. A primeira linha de defesa é um saudável ecossistema agrícola.

     Políticas e instituições: Para incentivar os pequenos agricultores a adotar intensificação da produção sustentável de culturas, são necessárias mudanças fundamentais nas políticas de desenvolvimento agrícola e instituições.

O Dia da Conservação do solo é uma advertência a ser lembrada diariamente para os que derrubam os remanescentes florestais e usam de outras práticas de agressão ao solo, conscientes ou inconscientemente. 

“Protegerás o solo e o delegarás sadio às gerações futuras”.
Recebido por e-mail de Julio Cesar Rech Anhaia – Eng.º Agrº - 15 de Abril de 2012