Celulose Riograndense começa obra de R$ 4,9 bilhões em 2013
Não disse que ia dar um presente de Natal aos gaúchos? A ampliação vai sair”, declarou aliviado nesta quinta, antes de detalhar cronograma ou projeto, o diretor-presidente da Celulose Riograndense, pertencente à chilena CMPC, Walter Lídio Nunes. Com a palavra empenhada, o executivo fez questão de percorrer de carro os 380 quilômetros entre Panambi e Guaíba, para comunicar, em primeira mão, ao governador Tarso Genro, que a novela chegara ao fim. As obras que elevarão a capacidade da planta de celulose das atuais 450 mil toneladas ao ano para 1,75 milhão de toneladas começam em janeiro. Será a largada de um investimento de mais de R$ 5 bilhões, que será finalizado em 2015 e deve entrar para a história como um dos maiores da economia gaúcha.
O aporte privado direto da companhia deve ficar um pouco abaixo da cifra global, esclareceu Nunes. “Serão quase R$ 5 bilhões, mas temos de contabilizar aplicações em obras públicas e outras iniciativas, o que ultrapassará esta cifra”, calculou o executivo. O desafio da direção da empresa agora é garantir mão de obra para a execução civil e depois para as instalações. A Rio-grandense colocou em marcha em novembro uma campanha de mobilização, com gasto de R$ 1 milhão, para arregimentar mais de 3 mil candidatos a cursos de formação em construção civil. No primeiro semestre de 2013, a segunda etapa de treinamento somará mais de 2 mil vagas para obras mecânicas. A previsão é de geração de 8 mil empregos ao longo da implantação, gerados diretamente pela ampliação. Somado ao cálculo de vagas indiretas, o volume ultrapassará 20 mil postos.
A decisão do conselho de administração da CMPC foi tomada em reunião na manhã desta quinta-feira, em Santiago. A divulgação só pôde ser feita, explicou Nunes, após a abertura da bolsa de valores chilena. “Como o grupo é de capital aberto, precisava aguardar o comunicado ao mercado”, justificou o coordenador do empreendimento. Segundo o diretor-presidente da unidade gaúcha, as últimas informações dos estudos e da análise econômico-financeira foram complementadas por e-mail, para a sede no país latino-americano, há cerca de 15 dias. “Tinha expectativa da aprovação hoje (quinta). Mas os acionistas poderiam querer mais detalhes. Fui para Panambi, mas sabia que era um contrato de risco, podia dar em água, mas não deu”, descreveu o executivo. Por volta de 13h, horário de Brasília, o veredicto foi transmitido pelo celular a Nunes, que 30 minutos depois encontraria Tarso para dar ótima notícia em meio a um ano que poderá amargar um Produto Interno Bruto (PIB) negativo e as previsões para 2013 apontam para crescimento que vai correr atrás do prejuízo, caso confirmado. “Estamos preparados para crescer, produzir e gerar emprego e renda”, indicou o governador, que inseriu o projeto como um estandarte de sua política de desenvolvimento.
De Brasília, onde participava de um encontro de dirigentes industriais, o presidente da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), Heitor José Müller, adianta que as previsões de desempenho da economia gaúcha a serem divulgadas na segunda-feira pela entidade poderão ter de ser recalculadas. “Não deu para fazer a conta, mas teremos impacto já em 2013”, acredita o líder industrial. Mais do que refazer contas, Müller vê na confirmação uma janela para reativar a importância do Estado no cenário de atração de investimentos. “A indústria parou este ano”, diagnostica o industrial. Para o presidente da Fiergs, o projeto resgata o setor de celulose na matriz econômica.
Aumento de produção de dioxinas merece ser comemorado?
O que não aparece na notícia é que fábricas de celulose produzem dioxinas, logo ampliar a planta da Celulose Riograndense das atuais 450 mil toneladas ao ano para 1,75 milhão de toneladas aumentará terrivelmente a produção de dioxinas.A dioxina surgiu como arma química usada pelos americanos na II Guerra Mundial. A intenção dos americanos era liberar essa substância nas lavouras dos japoneses. Entretanto, eles optaram pelo lançamento de bombas atômicas, em 1945.
A dioxina é uma das substâncias químicas mais estudadas no planeta. É encontrada tanto no ambiente como em nossos suprimentos alimentares. É causadora de uma série de adversidades na saúde, incluindo câncer, deformidades de nascimento, diabetes, agressão ao processo de desenvolvimento e do aprendizado, endometriose e anormalidades no sistema imunológico. É o carcinogênico animal mais potente jamais testado anteriormente.
Sobre a DIOXINA
P. O que é a dioxina
e como é gerada ?
R. A dioxina é uma família
de substâncias químicas que contém carbono, hidrogênio e cloro. Existem
75 (setenta e cinco) diferentes formas de dioxinas, sendo a mais tóxica
a 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina ou TCDD. Esta molécula é mais
conhecida comumente como a substância tóxica presente no Agente Laranja*,
em Love Canal/New York** e em Times Beach/ Missouri**. A dioxina não
é produzida deliberadamente. Entretanto é um subproduto não intencional
de processos industriais em que se utiliza ou queima gás cloro na presença
de materiais orgânicos. De acordo com a EPA/USA (nt.:
Environmental Protection Agency/Agência de Proteção Ambiental dos USA),
as fontes primevas da geração de dioxinas são os incineradores de lixo
hospitalar e doméstico, além de queimas desregradas. Fontes adicionais
incluem processos industriais que empregam cloro para fabricar produtos
de consumo como a resina plástica PVC (polivinil cloreto), agrotóxicos
e fábricas de celulose que utilizam cloro para branquear a polpa para
o processo de produção de papel branco.
* (nt.: arma química,teria sido a alternativa química à bomba atômica empregada
para o término da guerra no Japão. Após a guerra, passa a ser utilizada como herbicida – um de seus
nomes comerciais era Tordon. No Vietnam de herbicida retorna
à origem, ser arma de guerra).
**(nt.: vazamento ou utilização de
óleos contaminados com produtos clorados, na década de setenta. As cidades
tiveram que ser evacuadas e “desintoxicadas”).
P. Como as dioxinas afetam nossa saúde?
R. A exposição à dioxina pode levar a uma série de
efeitos danosos à nossa saúde incluindo câncer, defeito de nascimento,
diabetes, retardamento no desenvolvimento e na aprendizagem, endometriose
e anormalidades no sistema imunológico.
A dioxina é um conhecido carcinogênico. A IARC
- International Agency for Research on Cancer/Agência Internacional
de Pesquisas em Câncer -, uma das filiadas à Organização Mundial da
Saúde, classificou-a, em 1977, como um notório carcinogênico humano.
Em janeiro de 2001, o Department of Healthy and Human Services’ National
Toxicology Program-USA/Programa Nacional de Toxicologia do Departamento
de Saúde e Serviços Humanos dos USA classificou-a como carcinogênico
humano. O mesmo também fez, em setembro de 2000, o Setor de Saúde da
EPA. Neste seu documento, projeta um risco efetivo de câncer de um para
cem, para a maioria das pessoas sensíveis que utilizam uma dieta rica
em gorduras animais. Em outras palavras, o risco de se ter câncer, acima
ou além dos riscos de outras fontes, é de um para cem para algumas pessoas.
Este é um cenário profundamente dramático. Isto em relação às pessoas
mais sensíveis, em torno de cinco por cento da população que consome
dioxina. Para um cidadão médio a EPA estima um nível de risco de um
para mil o que é também é um sério risco. O nível geral que considera
como “aceitável” é de um para um milhão.
A dioxina causa também uma série de efeitos negativos
além do câncer. Estão entre eles, os danos aos sistemas reprodutivo,
imunológico, endócrino e ao desenvolvimento tanto de humanos como de
outros animais. Estudos em animais mostraram que exposições à dioxina
estão associadas com a endometriose, à diminuição da fertilidade, inabilidade
de levar a gestação a termo, abaixamento nos níveis de testosterona,
decréscimo na contagem de espermatozóides, defeitos de nascimento e
inabilidade na aprendizagem. Em crianças, a exposição à dioxina poderá
gerar déficit em seus QI’s, efeitos negativos sobre a psicomotricidade
e ao neurodesenvolvimento além de alterações comportamentais incluindo-se
a hiperatividade. Pesquisas feitas com trabalhadores foram detectados
baixos níveis de testosterona, diminuição no tamanho dos testículos
e defeitos de nascimento nas proles dos veteranos norte-americanos do
Vietnam expostos ao Agente Laranja.
Efeitos sobre o sistema imunológico parecem ser um
dos tópicos finais mais sensíveis pesquisados. Estudos com animais mostraram
que há um decréscimo nas respostas imunológicas e o incremento na suscetibilidade
a doenças infecciosas. Em estudos com humanos a dioxina estava associada
com a depressão do sistema imunológico e alterações no status imunológico
favorecendo ao crescimento de infecções. A dioxina também causa disfunções
nas atividades normais dos hormônios, mensageiros químicos que o organismo
se utiliza para crescer e manter o equilíbrio orgânico. A dioxina interfere
com os níveis dos hormônios da tireóide tanto em crianças como em adultos,
alterando a tolerância à glicose e está sendo associada à diabetes.
Fonte do texto sobre a Dioxina: http://www.nossofuturoroubado.com.br/old/dioxinacaso.htm traduzido de http://www.chemicalbodyburden.org/cs_dioxin.htm (para ler o texto completo, clicar nos links)
Além do grande aumento na produção de dioxinas, quantos "desertos verdes" serão necessários para abastecer de madeira a nova planta industrial da Celulose Riograndense?
Leia e veja o vídeo: "Os desertos verdes e as injustiças sociais"